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segunda-feira, 23 de dezembro de 2019

A EXCELÊNCIA EDUCACIONAL, AS URGÊNCIAS E EXIGÊNCIAS DA QUALIFICAÇÃO DA ESCOLA E AS LUZES E DESAFIOS DE UMA NOVA SOCIEDADE NA SUSTENTABILIDADE


“Ainda é tempo
        Nas últimas semanas, o Brasil ficou envergonhado diante do mundo por causa de sete letras. A educação de base, conforme o Pisa, está entre as piores do planeta; segundo o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), temos a maior concentração de renda, pobreza persistente e saúde deprimente.
         Esses dois indicadores mostram as mazelas de cinco séculos e 130 anos de República e, sobretudo, o fracasso da democracia nos últimos 33 anos. Demonstra que nós, democratas-progressistas, falhamos, não fomos capazes de reorientar o país na direção de um novo futuro. Deixamos 12 milhões de adultos analfabetos e 100 milhões sem saneamento.
         Nós falhamos porque não criamos estratégias para que, em poucas décadas, o Pisa e o IDH estivessem entre os melhores do mundo. Ao lado da imagem da corrupção, esta é a nossa maior falha: não deixar uma bandeira fincada de como o Brasil seria um dia campeão em qualidade de vida.
         Não fizemos isso porque estamos presos a ideias do passado; não percebemos que, nestes tempos de “economia pelo conhecimento”, a dinâmica econômica vem da formação dos trabalhadores e que a justiça social bem da igualdade no acesso à qualidade escolar. O caminho para a riqueza e para o IDH de seu país é não deixar qualquer criança para trás na sua educação.
         Isso decorre de dois conceitos que nos amarram. O primeiro é que nós, brasileiros, não nos consideramos vocacionados para sermos campeões em educação. Somos um país com vocação para ganhar “bolas de ouro” com o melhor jogador do ano, não ganhar o Nobel com o melhor cientista do ano. Em segundo lugar, porque 350 anos de escravidão e 130 de desigualdade no inconsciente coletivo dos brasileiros e a ideia de que escola com qualidade é privilégio de ricos, com raras exceções conquistadas e aceitas.
         Nossa parcela rica se apega a esse privilégio como um direito seu. Nossa população pobre aceita mais a desigualdade na educação que sacrifica seus filhos do que a desigualdade no transporte público. Ela se incomoda mais quando olha de um ônibus cheio para um carro bacana ao lado do que ao passar em frente a uma escola de ricos sem ao menos compará-la com a pobre escola de seus filhos.
         A tragédia do Pisa e do IDH será esquecida muito mais rapidamente do que o 2x1 que lembramos do Uruguai, em 1950, e do 7x1 da Alemanha, em 2014. Vamos esquecer e não vamos entender que o IDH baixo é produto da educação ruim e desigual refletida no Pisa.
         Ainda é tempo. Daqui a dois anos completaremos 200 anos de independência. Ao longo do nosso terceiro centenário, se perdermos o complexo de inferioridade intelectual e oferecermos escola de qualidade para todos, ainda poderemos ser uma das grandes nações do mundo.”.

(Cristovam Buarque. Professor emérito da Universidade de Brasília (UnB), em artigo publicado no jornal O TEMPO Belo Horizonte, edição de 20 de dezembro de 2019, caderno OPINIÃO, página 15).

Mais uma importante e oportuna contribuição para o nosso trabalho de Mobilização para a Excelência Educacional vem de artigo publicado no site www.domtotal.com, mesma edição, de autoria de DOM WALMOR OLIVEIRA DE AZEVEDO, arcebispo metropolitano de Belo Horizonte e presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), e que merece igualmente integral transcrição:

“Sociedade de extermínios?
        Às vésperas do Natal do Salvador, uma estrela brilha no horizonte. Essa mesma estrela já guiou os reis do Oriente e deu-lhes o rumo para encontrar a fonte do amor. Dissipou a escuridão das arbitrariedades de Herodes, alicerçadas no medo que nasce de todo tipo de ganância e de idolatrias perigosas. Agora, mais uma vez, a estrela brilha no horizonte. Reaviva a chama que aquece os corações para iluminar os rumos da humanidade, possibilitando-a encontrar o caminho do amor que transforma e faz brotar no coração a sabedoria necessária para se viver com alegria, na doçura da fraternidade solidária. O amor que é a única lógica capaz de consertar o mundo, a partir da configuração de um novo tecido cultural e, consequentemente, um renovado ciclo civilizatório. Amor que cria ambiente propício para que avanços tecnológicos e científicos surpreendentes, alcançados com extraordinária rapidez, contracenem com um genuíno humanismo, capaz de dar fim aos extermínios que ocorrem diante dos cidadãos e das autoridades investidas da obrigação de zelar pelo bem, de promover a justiça.
         A estrela reluzente que iluminou o itinerário dos magos vindos do Oriente até brilhar mais forte sobre a manjedoura onde estava o menino Emanuel – Deus conosco – está brilhando novamente para que a humanidade encontre a referência maior: Jesus Cristo. Acolher o convite de seguir essa luz possibilitará ao mundo encontrar nova lógica capaz de salvá-lo de ser uma sociedade marcada pelos extermínios, com a corresponsabilidade de cada pessoa. Um chamado a ser acolhido por todos os brasileiros, cidadãos de uma nação que vem se tornando esse tipo de sociedade, com graves crimes contra indígenas, negros, pessoas que vivem nas ruas, mulheres, nascituros, vítimas das estradas, excluídos da participação cidadã, do direito à saúde, à educação e ao trabalho. Merecem também ser lembrados os extermínios provocados pelo crime organizado, pelo ódio e preconceito, por agressões nascidas de intolerâncias que comprovam pouca paciência, respeito, compreensão e disponibilidade para o perdão.
         Há progressiva banalização do mal, sombra a ser combatida pela luz da estrela que brilha mais forte neste tempo. Essa luz adverte todos de que é preciso mudar de rumo, com urgência e velocidade, para que não se perpetue, especialmente na sociedade brasileira, um cenário infernal. É necessário consolidar nova realidade a partir das dinâmicas da fraternidade, de uma alegria que nasce do exercício da solidariedade, do orgulho santo de pertencer a um mesmo povo, de viver em um país com riquezas culturais e naturais diversas, com potencial para ser uma sociedade exemplar. Nesse sentido, um raio de luz da estrela deste tempo aponta para as responsabilidades que precisam ser assumidas por governantes, legisladores, autoridades da justiça, formadores de opinião, construtores da sociedade pluralista e cidadãos. Todos são instados a exercer suas responsabilidades com coerência para impedir a consolidação de uma sociedade pontuada por extermínios.
         As estatísticas de morte são alarmantes, e os governantes não podem alimentar a violência com a adoção de posturas que, a partir do pretexto de se buscar a defesa de valores, apenas iludem e ainda alimentam descompassos sociais e políticos. Também o contexto jurídico está desafiado a contribuir mais significativamente, com adequada interpretação das leis, no estabelecimento da ordem democrática, para evitar que se consolide, cada vez mais, um cenário caótico na sociedade brasileira.
         Vencer o processo que pode levar a uma sociedade de extermínios exige de todos investir em novas atitudes balizadas por uma linguagem adequada, que não incite mais desgovernos e perdas, e pelo altruísmo de cada pessoa, particularmente, para vencer as idolatrias geradas pela sedução patológica do dinheiro. Há uma cega ambição que leva à busca sem limites pelo acúmulo de bens, com lógicas que justificam um desenvolvimento econômico em benefício de pequenos grupos, enquanto empobrece grande parte da população. É perigoso permanecer neste caminho e esta advertência não é agouro, mas convite para mirar-se na estrela deste tempo do Natal, deixar-se guiar por ela, até a fonte da verdadeira humanidade.
         Participar do Natal do Senhor, o único capaz de promover um “novo Natal” para a sociedade, permite livrar-se do mal que leva não somente indefesos e pobres ao sofrimento, mas também aqueles que detêm muito dinheiro e poder. É oportunidade para enfrentar a indiferença e a banalização do mal, que colocam sob risco o patrimônio natural, por falta de conversão ecológica, e a cultura, partir de perversas relativizações, hábitos, práticas e escolhas. Enfrentar males que também provocam a deterioração religiosa, particularmente por uma proposta de cristianismo “torto”, por pretensões políticas incabíveis e pela perda do sentido de pertencimento que gera respeito solidário, compaixão pelos enfraquecidos e pobres. Uma religiosidade que não indica o caminho para o bem viver – fundamentado na simplicidade e no reconhecimento da vida como dom. A estrela luzente do Natal conclama providências e adotá-las é uma urgência, pois, definitivamente, não há como viver em uma sociedade de extermínios.”.

Eis, portanto, mais páginas contendo importantes, incisivas e oportunas abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança de nossa história – que é de ética, de moral, de princípios, de valores –, para a imperiosa e urgente necessidade de profundas mudanças em nossas estruturas educacionais, governamentais, jurídicas, políticas, sociais, culturais, econômicas, financeiras e ambientais, de modo a promovermos a inserção do País no concerto das potências mundiais livres, justas, educadas, qualificadas, civilizadas, soberanas, democráticas, republicanas, solidárias e sustentavelmente desenvolvidas...

Assim, urge ainda a efetiva problematização de questões deveras cruciais como:
a)     a excelência educacional – pleno desenvolvimento da pessoa, da cidadania e da qualificação profissional –, desde a educação infantil (0 a 3 anos de idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo da modernidade de matricularmos nossas crianças de 6 anos de idade na primeira série do ensino fundamental, independentemente do mês de seu nascimento –, até a pós-graduação (especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade absoluta de nossas políticas públicas, gerando o pleno desenvolvimento da pessoa, da cidadania e da qualificação profissional (enfim, 130 anos depois, a República proclama o que esperamos seja verdadeiramente o início de uma revolução educacional, mobilizando de maneira incondicional todas as forças vivas do país, para a realização da nova pátria; a pátria da educação, da ética, da justiça, da liberdade, da civilidade, da democracia, da participação, da solidariedade, da sustentabilidade...);
b)    o combate implacável, sem eufemismos e sem tréguas, aos três dos nossos maiores e mais devastadores inimigos que são: I – a inflação, a exigir permanente, competente e diuturna vigilância, de forma a manter-se em patamares civilizados, ou seja, próximos de zero (segundo dados do Banco Central, a taxa de juros do cartão de crédito atingiu em outubro a ainda estratosférica marca de 317,24% nos últimos  doze meses, e a taxa de juros do cheque especial chegou em históricos 305,89%; e já o IPCA, em novembro, também no acumulado dos últimos doze meses, chegou a 3,27%); II – a corrupção, há séculos, na mais perversa promiscuidade    “dinheiro público versus interesses privados” –, como um câncer a se espalhar por todas as esferas da vida nacional, gerando incalculáveis e irreversíveis prejuízos, perdas e comprometimentos de vária ordem (a propósito, a lúcida observação do procurador chefe da força-tarefa da Operação Lava Jato, Deltan Dallagnol: “A Lava Jato ela trata hoje de um tumor, de um caso específico de corrupção, mas o problema é que o sistema é cancerígeno...” – e que vem mostrando também o seu caráter transnacional;  eis, portanto, que todos os valores que vão sendo apresentados aos borbotões, são apenas simbólicos, pois em nossos 518 anos já se formou um verdadeiro oceano de suborno, propina, fraudes, desvios, malversação, saque, rapina e dilapidação do nosso patrimônio... Então, a corrupção mata, e, assim, é crime...); III – o desperdício, em todas as suas modalidades, também a ocasionar inestimáveis perdas e danos, indubitavelmente irreparáveis (por exemplo, segundo Lucas Massari, no artigo ‘O Desperdício na Logística Brasileira’, a “... Desconfiança das empresas e das famílias é grande. Todos os anos, cerca de R$ 1 trilhão, é desperdiçado no Brasil. Quase nada está imune à perda. Uma lista sem fim de problemas tem levado esses recursos e muito mais. De cada R$ 100 produzidos, quase R$ 25 somem em meio à ineficiência do Estado e do setor privado, à falhas de logística e de infraestrutura, ao excesso de burocracia, ao descaso, à corrupção e à falta de planejamento...”;
c)     a dívida pública brasileira - (interna e externa; federal, estadual, distrital e municipal) –, com previsão para 2019, apenas segundo o Orçamento Geral da União – Anexo II – Despesa dos Orçamentos Fiscal e da Seguridade Social – Órgão Orçamentário, de exorbitante e insuportável desembolso de cerca de R$ 1,422 trilhão (43,6%), a título de juros, encargos, amortização e refinanciamentos (ao menos com esta rubrica, previsão de R$ 758,672 bilhões), a exigir alguns fundamentos da sabedoria grega, do direito e da justiça:
- pagar, sim, até o último centavo;
- rigorosamente, não pagar com o pão do povo;
- realizar uma IMEDIATA, abrangente, qualificada, independente, competente e eficaz auditoria... (ver também www.auditoriacidada.org.br)
(e ainda a propósito, no artigo Melancolia, Vinicius Torres Freire, diz: “... Não será possível conter a presente degradação econômica sem pelo menos, mínimo do mínimo, controle da ruína das contas do governo: o aumento sem limite da dívida pública...”).

Isto posto, torna-se absolutamente inútil lamentarmos a falta de recursos diante de tão descomunal sangria que dilapida o nosso já combalido dinheiro público, mina a nossa capacidade de investimento e de poupança e, mais grave ainda, afeta a credibilidade de nossas instituições, negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à pátria, ao lado de abissais desigualdades sociais e regionais e de extremas e sempre crescentes necessidades de ampliação e modernização de setores como: a gestão pública; a infraestrutura (rodovias, ferrovias, hidrovias, portos, aeroportos); a educação; a saúde; o saneamento ambiental (água tratada, esgoto tratado, resíduos sólidos tratados, macrodrenagem urbana, logística reversa); meio ambiente; habitação; mobilidade urbana (trânsito, transporte, acessibilidade); minas e energia; emprego, trabalho e renda; agregação de valor às commodities; sistema financeiro nacional; assistência social; previdência social; segurança alimentar e nutricional; segurança pública; forças armadas; polícia federal; defesa civil; logística; pesquisa e desenvolvimento; ciência, tecnologia e inovação; cultura, esporte e lazer; turismo; comunicações; qualidade (planejamento – estratégico, tático e operacional –, transparência, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade – “fazer mais e melhor, com menos” –, criatividade, produtividade, competitividade); entre outros...

São, e bem o sabemos, gigantescos desafios mas que, de maneira alguma, abatem o nosso ânimo e nem arrefecem o nosso entusiasmo e otimismo nesta grande cruzada nacional pela excelência educacional, visando à construção de uma Nação verdadeiramente participativa, justa, ética, educada, civilizada, qualificada, livre, soberana, democrática, solidária e desenvolvida, que possa partilhar suas extraordinárias e generosas riquezas, oportunidades e potencialidades com todas as brasileiras e com todos os brasileiros. Ainda mais especialmente no horizonte de investimentos bilionários previstos em inadiáveis e fundamentais empreendimentos de infraestrutura, além de projetos do Pré-Sal e de novas fontes energéticas, à luz das exigências do século 21, da era da globalização, da internacionalização das organizações, da informação, do conhecimento, da inovação, das novas tecnologias, da sustentabilidade e de um possível e novo mundo do direito, da justiça, da verdade, do diálogo, da liberdade, da paz, da solidariedade, da igualdade – e com equidade –, e da fraternidade universal...
Este é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a nossa fé, a nossa esperança... e perseverança!

“VI, OUVI E VIVI: O BRASIL TEM JEITO!”
58 anos de testemunho de um servidor público (1961 – 2019)

- Estamos nos descobrindo através da Excelência Educacional ...
- ANTICORRUPÇÃO: Prevenir e vencer, usando nossas defesas democráticas ...
- Por uma Nova Política Brasileira ...
- Pela excelência na Gestão Pública ...
- Pelo fortalecimento da cultura da sustentabilidade, em suas três dimensões nucleares do desenvolvimento integral: econômico; social, com promoção humana, e, ambiental, com proteção e preservação dos nossos recursos naturais ...
- A alegria da vocação ...  

Afinal, o Brasil é uma águia pequena que já ganhou asas e, para voar, precisa tão somente de visão olímpica e de coragem! ...        

E P Í L O G O

CLAMOR E SÚPLICA DO POVO BRASILEIRO

“Oh! Deus, Criador, Legislador e Libertador, fonte de infinita misericórdia!
Senhor, que não fique, e não está ficando, pedra sobre pedra
Dos impérios edificados com os ganhos espúrios, ilegais, injustos e
Frutos da corrupção, do saque, da rapina e da dilapidação do
Nosso patrimônio público.
Patrimônio esse construído com o
Sangue, suor e lágrima,
Trabalho, honra e dignidade do povo brasileiro!
Senhor, que seja assim! Eternamente!”.
   

quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

A CIDADANIA BUSCA COMO MELHORAR A EDUCAÇÃO BRASILEIRA – PARTE 2

EDUCAÇÃO: ELA NOS INTERESSA?

[...] Não vejo muitos governos, líderes de verdade querendo um povo educado, isto é, informado. Pois quem se informa, quem sabe das coisas, questiona a situação da sua comunidade, seu estado, seu país. Questiona sua própria condição. Não vai mais querer morar em cima de velhos lixões, mal disfarçados, ver seus filhos comendo restos, brincando com água de esgoto, morrendo por falta de cuidados essenciais.

Quem se educa, isto é, pode ler e entender melhor as coisas, não vai mais aguentar calado – distraído com alguns dinheirinhos a mais, estimulados até a comprar o que não poderia, pois não vai conseguir pagar a próxima prestação – que seus velhos não tenham assistência, que a aposentadoria, quando existe, seja de fome, que as crianças morram em corredores de hospital, ou precisem ser levadas horas a fio até o posto de saúde mais próximo – que pode estar fechado por falta de médicos ou até de remédios. Nós não somos assim. Não aceitamos morrer de sujeira, doença, fome, falta de assistência, de informação, de dignidade. Quem se informa e sabe das coisas não vai mais achar que a corrupção nos altos escalões é assim mesmo, a política é assim, não tem jeito, “a casa já caiu, temos de nos conformar”, como disse um resignado homem numa entrevista.

Um povo educado é como um filho positivamente rebelde que não aceita injustiças, gritos, brutalidade ou humilhações em casa. Um povo educado reclama. Um povo educado elege diferente. Um povo informado – que teve escola, lê jornal, conhece livros, assina sabendo o que está naquele papel, interpreta o que vê na televisão ou escuta no rádio – ambiciona para seus filhos algo mais do que viver na rua e morrer na esquina. A educação nos faz enxergar com outros olhos o que acontece no país e no exterior – sim, pois a gente sabe o que se passa em outros lugares – e sair da resignação mortal para o desejo ativo de que as coisas melhorem. E começa a colaborar para que elas mudem. E vai reclamar de quem mentiu, prometeu e não cumpriu, foi corrupto, ficou impune, pensou em mais poder, e não na sua gente. Assim, devagar, usando de firmeza e inteligência, sem violência, sem agressão, quem se educou vai começar a mudar seu país. E por isso não me importo de repetir, repetir e repetir: a gente pode ser mais feliz. A gente pode ser mais gente. A gente precisa, com urgência, de verdade, que a educação seja prioridade de todos para todos, nesta nossa terra.”
(LYA LUFT, em artigo publicado na Revista VEJA – edição 2196 – ano 43 – nº 51, de 22 de dezembro de 2010, página 26).

Mais uma IMPORTANTE e igualmente OPORTUNA contribuição para o nosso trabalho de MOBILIZAÇÃO PARA A CIDADANIA E QUALIDADE vem de artigo publicado no mesmo veículo e edição, páginas 88 e 89, de autoria de GUSTAVO IOSCHPE, que é economista, e que merece INTEGRAL transcrição:

“Como melhorar a educação brasileira – Parte 2

Conforme falamos aqui no mês passado, há muito que nossos professores podem fazer, em sala de aula, para melhorar a qualidade do ensino. Mas não nos iludamos: enquanto eles continuarem recebendo a formação que hoje obtém na universidade, seus alunos terão fraco desempenho.

Atualmente, temos poucos dos chamados professores leigos – 93% dos nossos mestres do ensino básico nas grandes capitais têm diploma universitário. Mas a formação costuma errar na ênfase, no conteúdo e na prática.

A pesquisa mostra que os alunos se beneficiam quando o professor estudou a área que ensina. No Brasil, porém, há maior ênfase nos aspectos genéricos do ensino do que na formação em áreas específicas. Isso acaba provocando uma falta de professores qualificados em algumas áreas. O último censo escolar revelou que só um em cada quatro professores de física é formado na área. Em química, pouco mais de um terço.

Mesmo dentro dos cursos de matérias específicas, a situação é desalentadora. Estudo de equipe liderada por Bernardete Gatti analisou os cursos de formação de professores de centenas de faculdades. Cinco problemas chamam atenção. Em primeiro lugar, o caráter excessivamente teórico dos cursos. Nossa universidade, criada para ser formadora de pensadores de elite e pesquisadores, não está focada na capacitação de professores para encarar a realidade de uma sala de aula. Segundo, há uma desconexão entre os ensinamentos pedagógicos e os conteúdos específicos da matéria. Assim, quem cursa a área de matemática aprende bastante matemática e também pedagogia, mas não aprende a fazer a ponte entre ambas: como unir o conhecimento das duas áreas em uma técnica que resulte em ministrar aulas competentes. Outro problema importante é o viés ideológico de muitos desses cursos, que estão mais preocupados em formar os batalhadores de vanguarda da criação da nova sociedade, e não “reles” ensinadores de matéria. Esse não é apenas um fenômeno espontâneo – é também incentivado por nosso governo. Nas diretrizes do Enade de 2008, na área de formação em ciências, o futuro educador é incentivado a entender seu papel como “agente transformador da realidade, compreendendo a ciência como uma atividade social”.

O quarto problema de nossos cursos é o desdém com que é tratada uma parte absolutamente crucial da formação do professorado: o estágio. Esse é um período em que, por lei, o futuro professor deveria passar em escolas, aperfeiçoando sua prática junto a professores experientes. Não é o que acontece. Segundo Gatti e equipe, praticamente não há planos de estágio nem indicações claras de como seria sua supervisão. Parece ser tratado mais como algo destinado a “cumprir tabela” do que a aprimorar o ensino. Finalmente, a academia brasileira vê a área de formação de professores como algo de baixo prestígio e valor. Nossas grandes mentes estão engajadas no desafio de como criar cursos eficazes de formação de professores.

O resultado de tudo isso é que os professores saem das faculdades sem os instrumentos necessários para dar uma aula eficaz. Por isso é que deparamos com dados como estes, expostos na pesquisa que deu origem ao livro A Escola Vista por Dentro: mais de 80% dos professores alfabetizadores afirmam ter aprendido o ofício “na prática” ou “com a experiência”. Mas alfabetizar é algo que exige saberes que não se na prática, conforme demonstra o alunado: o mesmo estudo mostrou que só um em cada cinco matriculados na 1ª série teria condições efetivas de passar de ano.

O que fazer para alterar esse quadro? Basicamente, o oposto do que fazemos hoje. Precisamos direcionar nossos cursos de formação de professores para a realidade prática de sala de aula, dando menos ênfase à teoria. Devemos não apenas aprofundar o ensino de conteúdos de cada disciplina, como também melhorar a ligação entre o conteúdo e a didática, transformando o conhecimento em práticas de sala de aula. Temos de encarar o estágio como o elemento fundamental desse processo, em que esse ensino aplicado é testado, com supervisão rigorosa. Precisamos de uma campanha para elevar a importância dos cursos de formação de professores dentro das universidades brasileiras, dando status e reconhecimento aos que se dedicam a essa área. Devemos abolir o viés ideológico e ter certeza de que, antes de formar futuros revolucionários, nossos professores consigam ao menos formar gente que saiba ler, escrever e fazer as operações matemáticas básicas. Precisamos tornar os cursos de formação de professores mais exigentes, mais difíceis. Outra ferramenta importante, que vem sendo continuamente referendada pela literatura empírica, é a certificação de professores: exigir que todos os futuros professores passem por um teste que meça seus conhecimentos e preparos para a docência, garantindo que não teremos mais em sala de aula gente totalmente despreparada. Além de assegurar padrões mínimos de qualidade, a criação de um processo de certificação tem servido, em alguns países europeus, para permitir de modo mais simples a entrada na docência de profissionais formados em outras áreas. Alguns países vêm também aliando a certificação teórica com estágios probatórios: o futuro professor precisa demonstrar suas aptidões no estágio em sala de aula para receber seu diploma.

Por que não se faz na disso no Brasil? Por que permitimos que os responsáveis por nossos filhos tenham formação pior do que médicos, advogados e engenheiros? Os coordenadores desses cursos vão lhe dizer que o problema está com os próprios alunos: que só escolhem o magistério por falta de alternativa e que, portanto, não têm dedicação ou interesse por aquilo que estudam. É mentira. Pesquisa do Instituto Paulo Montenegro mostra que apenas 8% dos professores das grandes capitais brasileiras entraram por acaso na profissão. Só 2% dizem ter ido dar aula por não encontrar outro emprego; 78% dizem ter orgulho de ser professor; e 72% se dizem apaixonados pela profissão.

O verdadeiro problema somos nós, a sociedade civil. Para haver uma mudança real na formação de professores, é necessário que a sociedade respalde as lideranças políticas empenhadas na reforma, porque essa reforma significa que os governantes precisarão intervir forçosa e radicalmente nesses cursos nas universidades públicas, alterando-os de cima a baixo. É curioso: nossos governantes criaram coragem para invadir o Morro do Alemão, mas as universidades públicas continuam sendo consideradas território perigoso demais para a ação saneadora do estado. Esculachar bandido armado de metralhadora é mais fácil do que peitar os doutores da academia, que permanecem livres para perpetrar seus delitos intelectuais. Enquanto não houver demanda social por mudanças efetivas, as reformas serão cosméticas. É possível criar uma certificação de professores e posar de moderno e preocupado, mas colocando a exigência em patamar tão baixo que não estimulará ninguém. Nossas elites continuam desconsiderando o problema da educação, achando que ele se restringe à escola pública. É a mesma ilusão do morador de Ipanema que acreditava que a violência do Alemão não o afetaria. Afinal, onde você acha que o professor que dá aula em escola particular se formou? Na Suíça?”

Eis, pois, mais abordagens que nos indicam, com CLAREZA, a URGENTE e IMPERIOSA necessidade de PROBLEMATIZARMOS a questão da EDUCAÇÃO, colocando-a, em DEFINITIVO, como PRIORIDADE ABSOLUTA, e isto nos MOTIVA e nos FORTALECE nesta grande CRUZADA NACIONAL pela CIDADANIA E QUALIDADE, visando à construção de uma NAÇÃO verdadeiramente JUSTA, ÉTICA, EDUCADA, QUALIFICADA, LIVRE, DESENVOLVIDA e SOLIDÁRIA, que possa permitir a PARTILHA de suas EXTRAORDINÁRIAS RIQUEZAS e POTENCIALIDADES com TODOS os BRASILEIROS e com TODAS as BRASILEIRAS, especialmente no horizonte de INVESTIMENTOS BILIONÁRIOS previstos para eventos como a COPA DO MUNDO DE 2014, a OLIMPÍADA DE 2016 e os projetos do PRÉ-SAL, segundo as exigências do SÉCULO XXI, da era da GLOBALIZAÇÃO, do CONHECIMENTO, da INFORMAÇÃO, das NOVAS TECNOLOGIAS, da SUSTENTABILIDADE e de um mundo da PAZ e FRATERNIDADE UNIVERSAL...

Este é o nosso SONHO, o nosso AMOR, a nossa LUTA, a nossa FÉ e a nossa ESPERANÇA!...

O BRASIL TEM JEITO!...