Mostrando postagens com marcador LYA LUFT. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador LYA LUFT. Mostrar todas as postagens

segunda-feira, 1 de setembro de 2014

A CIDADANIA, O CICLO DA VIDA E O SERVIÇO À POLÍTICA (1/23)

(Setembro = mês 1; faltam 23 meses para a Olimpíada de 2016)

“O ciclo da vida
        
         Recorro à minha profissão de tradutora, que exerci intensamente por longo tempo, para apresentar aqui versos da poetisa americana Edna St. Vincent Millay, falecida, sobre a morte: “Não me resigno quando depositam corações amorosos na terra dura. / É assim, assim será para sempre: / entram na escuridão os sábios e os encantadores. Coroados / de lírios e louros, lá se vão: mas eu não me conformo. / Na treva da tumba lá se vão, com seu olhar sincero, o riso, o amor; / vão docemente os belos, os ternos, os bondosos; / vão-se tranquilamente os inteligentes, os engraçados, os bravos. / Eu sei. Mas não aprovo. E não me conformo”.
         Conformados ou não, a morte é algo que precisaríamos aceitar, com mais ou menos dor, mais ou menos resistência, mais ou menos inconformidade. E esse processo, mais ou menos demorado, mais ou menos cruel, depende da estrutura emocional e das crenças de cada um. Podemos escolher a teoria que nos conforta mais: quem morreu se reintegrou na natureza; preserva-se por seus genes em filhos e netos; faz parte de uma energia maior; enveredou por outra dimensão; é uma alma imortal.
         A vida inevitavelmente flui: nós somos isso. Ela é um ciclo: ciclos se abrem e se fecham, isso é viver. O fim de cada ciclo nos ajuda a pensar nas vezes em que fomos egoístas, grosseiros, fúteis, infiéis, ou quando não estivemos nem aí. Mas também lembramos os momentos em que fizemos o melhor que podíamos. Essas águas do fluir da vida não se interrompem quando dormimos ou comemos ou jogamos no iPad ou nos entediamos na fila do banco ou comemos o hambúrger ou choramos sozinhos no escuro de noite. Tudo isso é natural: mas a nós, sobretudo em mortes brutais ou trágicas, a perda não parece nada natural.
         O ciclo da vida e morte é um duro aprendizado. Nós, maus alunos.
         Não escrevo sobre o tema pela morte de um ou outro, em acidentes, por doença dolorosa, ou mesmo dormindo, morte abençoada. Morrem mais pessoas aqui de morte violenta do que em guerras atuais. A banalização da morte, portanto, a desvalorização da vida, é espantosa. Escrevo porque ela, a Senhora Morte, é cotidiana e estranha, ao menos para a maioria de nós. Há alguns anos, menininha ainda, uma de minhas netas me perguntou com a perturbadora simplicidade das crianças: “Por que eu não tenho vovô?”. Respondi, como costumo, da maneira mais natural possível, que o vovô tinha morrido antes de ela nascer, que estava em outro lugar, e, acreditava eu, ainda sabendo da gente, sempre cuidando de nós – também dela. Continuei dizendo que a vida das pessoas é como a das plantas e dos animais. Nascem, crescem, umas morrem muito cedo, outras ficam bem velhinhas, umas morrem por acidente, ou doença, ou simplesmente se acabam como uma vela se apaga.
         Falar é fácil, eu dizia a mim mesma enquanto comentava isso com a criança. O drama da vida não se encerra com o baque da morte, mas começa, nesse instante, outra grande indagação. Se a primeira se referia a “o que é a vida, o que estou fazendo aqui, o que significa tudo isso, os encontros, desencontros, realizações, frustrações, a luta constante”, o que indagamos diante da morte é: “E agora, o que significa isso, a morte, o fim, a perda, o ignorado? E quando chegar a minha vez?”. Então, em geral, temos mais ou menos medo, segundo, ainda uma vez, a nossa crença.
         Recordo a frase atribuída a Sócrates na hora em que bebia cicuta, condenado pelos cidadãos de Atenas a se matar: “Se a morte for um sono sem sonhos, será bom; se for um reencontro com pessoas que amei e se foram, será bom também. Então, não se desesperem tanto”. Precisamos de tempo para integrar a morte na vida. Talvez os mortos vivam enquanto lembrarmos suas ações, seu rosto, a voz, o gesto, a risada, a melancolia, os belos momentos e os difíceis. Enquanto eles se repetirem no milagre genético, em filhos, e netos, ou se perpetuarem em fotografias e filmes. Enquanto alguém os retiver no pensamento, os mortos estarão de certa forma vivos? Porque morrer é natural, deveria ser simples: mas para quase todos nós, é um grande e grave enigma.”

(Lya Luft. Escritora, em artigo publicado na revista VEJA, edição2388 – ano 47 – nº 35, de 27 de agosto de 2014, página 22).

Mais uma importante e oportuna contribuição para o nosso trabalho de Mobilização para a Cidadania e Qualidade vem de artigo publicado no jornal ESTADO DE MINAS, edição de 29 de agosto de 2014, caderno OPINIÃO, página 9, de autoria de DOM WALMOR OLIVEIRA DE AZEVEDO, arcebispo metropolitano de Belo Horizonte, e que merece igualmente integral transcrição:

“Serviço à política
        
         Enquanto vai se desenhando o cenário político-partidário no horizonte das eleições 2014, os cristãos devem assumir o seu lugar próprio no enfrentamento desse desafio cidadão. Nesse caminho, devem ser iluminados com os valores do evangelho, que proporcionam uma leitura mais adequada da realidade complexa, contribuem para discernimentos e podem dar rumos novos às escolhas políticas. Há um momento primeiro que não pode ficar fora da pauta do cidadão que se orienta pela indissociável relação entre fé e vida. Trata-se de uma discussão ética, ampla e fundamentada a respeito de candidaturas, programas de governo e representatividade.
         Esse momento primeiro é indispensável durante a preparação para as eleições e a protege da influência de certa espetacularização, por vezes cômica, presente na apresentação de nomes, propostas e compromissos. A incidência da propaganda eleitoral não pode ser – por muitas vezes não ter a qualidade para tal – o meio determinante para juízos sobre nomes e propostas. É indispensável uma movimentação por parte de igrejas, escolas, associações de diferentes identidades, meios de comunicação e outros para formatar uma linguagem capaz de contribuir com um avanço na qualidade do exercício político na cidadania brasileira. Aqui reside um sério desafio ético para não deixar  que o deboche, a exposição caricata de pessoas e outros ruídos roubem a cena desse serviço importante.
         A vivência e o testemunho da fé têm muito a contribuir para a transformação da vida, com incidências próprias no âmbito político e partidário. A complexidade do processo eleitoral exige empenhos educativos, abertura ao diálogo, debates éticos. Pede também o deixar-se impactar pela gravidade da escolha de nomes para composição de quadros que vão influenciar os rumos da história do país. A oportunidade é de uma participação qualificada de todos. A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), em interconexão com sua rede de regionais, paróquias e comunidades, instituições educacionais e de cuidado social, está em cena para contribuir com a qualidade da vivência deste momento decisivo para o país. Espera-se uma resposta comprometida de todos. O caminho oposto configura omissão e indiferença, contramão do que é exigência intrínseca da fé cristã, a defesa e a promoção da dignidade da pessoa humana.
         Cada instância da sociedade, portanto, precisa assumir a tarefa de qualificar a política, consciente da importância de sua contribuição e da possibilidade de mudar rumos, nomes e configurações partidárias que não raramente debilitam a cidadania e se apropriam do que pertence ao bem comum. A Arquidiocese de Belo Horizonte intensifica agora o seu trabalho, assessorada por seu Núcleo de Estudos Sociopolíticos, em ação estratégica do seu Vicariato Episcopal para a Ação Social e Política, contando com o empenho de cada paróquia , comunidade, escolas, associações e movimentos. Vale-se de um rico material, que abrange vídeos educativos e tradicional cartilha, em preparação para as eleições; promove debates e intercâmbios, tudo para que no jogo pela vida não se tome goleada.
         Outros jogos, no âmbito do esporte, podem ser vencidos mais tarde. Neles, as derrotas podem se tornar oportunidade de lição e retomadas. Mas o jogo eleitoral, se for perdido, resultará em consequências sérias para a vida de cada brasileiro. Escolhas que configurem derrota nesse campo são prejuízo que incide sobre décadas da história futura e, de modo ainda mais perverso, no presente, sobre a vida dos mais pobres. Cada um é convidado a compreender a política, conforme ensina o papa Francisco, como um das formas mais altas da caridade, porque busca o bem comum. As eleições de 2014 nos dão a oportunidade de aperfeiçoar a democracia a partir de reflexões, reuniões, voto consciente contra a corrupção e a favor da honestidade, construindo a cultura da vida e da paz. Essa participação pode garantir à sociedade o seu direito de exercer democraticamente o poder político, melhorando a representação. Agora é a hora privilegiada de grandes contribuições e de qualificado serviço à política.”

Eis, portanto, mais páginas contendo importantes, incisivas e oportunas abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança de nossa história – que é de ética, de moral, de princípios, de valores –, para a imperiosa e urgente necessidade de profundas mudanças em nossas estruturas educacionais, governamentais, jurídicas, políticas, sociais, culturais, econômicas, financeiras e ambientais, de modo a  promovermos a inserção do País no concerto das potências mundiais livres, civilizadas, soberanas, democráticas e sustentavelmente desenvolvidas...

Assim, urge ainda a efetiva problematização de questões deveras cruciais como:

     a)     a educação – universal e de qualidade –, desde a educação infantil (0 a 3 anos de idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo da modernidade de matricularmos nossas crianças de 6 anos de idade na primeira série do ensino fundamental, independentemente do mês de seu nascimento –,  até a pós-graduação (especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade absoluta de nossas políticas públicas;

     b)    o combate, implacável e sem trégua, aos três dos nossos maiores e mais devastadores inimigos que são: I – a inflação, a exigir permanente, competente e diuturna vigilância, de forma a manter-se em patamares civilizados, ou seja, próximos de zero; II – a corrupção, como um câncer a se espalhar por todas as esferas da vida nacional, gerando incalculáveis prejuízos e comprometimentos de variada ordem (a propósito, trecho do editorial do Jornal do Brasil, edição de 1º de agosto de 1994: “A corrupção dilapida anualmente no Brasil algo próximo a 20% do Produto Interno Bruto, o equivalente a US$ 73 bilhões, que se perdem nas malhas das licitações viciadas, do superfaturamento de obras e bens contratados pelo Estado, das comissões embutidas nos projetos públicos e do tráfico de influência dos atravessadores...” ; III – o desperdício, também a ocasionar inestimáveis perdas e danos, inexoravelmente irreparáveis;

     c)     a dívida pública brasileira, com projeção para 2014, segundo o Orçamento Geral da União, de astronômico e insuportável desembolso de cerca de R$ 1 trilhão, a título de juros, encargos, amortização e refinanciamentos (apenas com esta rubrica, previsão de R$ 654 bilhões), a exigir igualmente uma imediata, abrangente, qualificada e eficaz auditoria...

Destarte, torna-se absolutamente inútil lamentarmos a falta de recursos diante de tão descomunal sangria que dilapida o nosso já combalido dinheiro público, mina a nossa capacidade de investimento e de poupança e, mais contundente ainda, afeta a credibilidade de nossas instituições, negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à pátria, ao lado de abissais desigualdades sociais e regionais e de extremas e sempre crescentes necessidades de ampliação e modernização de setores como: a gestão pública; a infraestrutura (rodovias, ferrovias, hidrovias, portos, aeroportos); a educação; a saúde; o saneamento ambiental (água tratada, esgoto tratado, resíduos sólidos tratados, macrodrenagem urbana, logística reversa); meio ambiente; habitação; mobilidade urbana (trânsito, transporte, acessibilidade); minas e energia; emprego, trabalho e renda; agregação de valor às commodities; sistema financeiro nacional; assistência social; previdência social; segurança alimentar e nutricional; segurança pública; forças armadas; polícia federal; defesa civil; logística; pesquisa e desenvolvimento; ciência, tecnologia e inovação; cultura, esporte e lazer; turismo; comunicações; qualidade (planejamento – estratégico, tático e operacional –, transparência, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade, criatividade, produtividade, competitividade); entre outros...

São, e bem o sabemos, gigantescos desafios mas que, de maneira alguma, abatem o nosso ânimo nem arrefecem o nosso entusiasmo e otimismo nesta grande cruzada nacional pela cidadania e qualidade, visando à construção de uma Nação verdadeiramente participativa, justa, ética, educada, civilizada, qualificada, livre, soberana, democrática, desenvolvida e solidária, que possa partilhar suas extraordinárias e generosas riquezas, oportunidades e potencialidades com todas as brasileiras e com todos os brasileiros. Ainda mais especialmente no horizonte de investimentos bilionários previstos e que contemplam eventos como a Olimpíada de 2016; as obras do PAC e os projetos do pré-sal, à luz das exigências do século 21, da era da globalização, da internacionalização das empresas, da informação, do conhecimento, da inovação, das novas tecnologias, da sustentabilidade e de um possível e novo mundo da justiça, da liberdade, da paz, da igualdade – e com equidade –, e da fraternidade universal...

Este é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a nossa fé, a nossa esperança... e perseverança!...

O BRASIL TEM JEITO!...
        

         

quarta-feira, 3 de julho de 2013

A CIDADANIA, A CORRUPÇÃO, A FALÊNCIA MÚLTIPLA E OS NOVOS HORIZONTES

“O problema da corrupção
        
         Convivemos hoje com grandes manifestações populares de descontentamento e revolta com a classe política e administrativa do país. Quais os motivos do atual transe? Ora, já dizia o barão de Montesquieu que somente a observância do “espírito nacional” – leia-se, entre outras interpretações, uma melhor distribuição da riqueza – pode gerar e conservar a grandeza de um Estado. A lição do grande escritor e filósofo francês de longa data é ignorada por nossos mandatários.
         Uma estrutura sociopolítica foi montada para atender os interesses da elite governante e de uma classe de privilegiados, e nada disso mudou com a ascensão do PT ao poder. Como muito bem externou recentemente o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Joaquim Barbosa, “O Brasil é o país dos privilégios, que são internalizados como se fosse a coisa mais natural do mundo. Parece ser um direito constitucional ao privilégio”.
         A que privilégios se refere o ministro? A um política viciada vigente no país, que abriga um número exorbitante de ministérios e secretarias, de facilidades decorrentes de apadrinhamentos partidários, supersalários ultrapassando o recebido pelo próprio ministro do STF, nepotismo, cartões corporativos pagos por nós, tudo isso e muito mais sob as asas do mal maior: a corrupção.
         Privilégio e corrupção formam um casal inseparável, um não vive sem o outro. Ações protagonizadas por agentes políticos buscam a todo custo manter essa estrutura de poder perversa e covarde. Como exemplo, cito a famigerada, que vem de ser derrotada na Câmara dos Deputados. Ela pretendia conceder poder exclusivo às polícias Federal e civis de conduzir investigações criminais, retirando tal prerrogativa do Ministério Público para deleite dos corruptos instalados na administração pública e no Poder Legislativo.
         No Brasil, em especial no tocante às classes menos favorecidas, ou seja, a maioria, a escassez de cidadania dá lugar à percepção e um sentimento indolente de dependência, como se fossem clientes do Estado. Interessa a esse Estado, detentor do poder, manter o tripé esmola, ignorância e circo (novela e futebol).
         Todavia, parece que o esquema dá sinais de desgaste e tudo o que temos visto e sentido desse grito indica uma luz no fim do túnel. Entretanto, é preciso perseverar, pois essa gente somente cede quando se sente acuada e a força do povo unido e consciente é a única capaz de intimidá-los.
         Por fim, lembre-se o lamento do saudoso criminalista Nelson Hungria (em Comentários ao Código Penal), referindo-se à deplorável prática da corrupção nos poderes estatais brasileiros: “O afarismo, o crescente arrojo das especulações, a voracidade dos apetites, o aliciamento do fausto, a febre do ganho, a steeplechase dos interesses financeiros sistematizam, por assim dizer, o tráfico da função pública. A corrupção campeia em todos os setores: desde o contínuo que não move um papel sem a percepção de propina, até a alta esfera administrativa, onde todos misteriosamente enriquecem da noite para o dia. De quando em vez rebenta um escândalo, em que se ceva o sensacionalismo jornalístico. A opinião pública vozeia indignada e Têmis ensaia o seu gládio; mas os processos penais, iniciados com estrépito, resultam,  no mais das vezes, num completo fracasso, quando não na iniquidade da condenação de uma meia dúzia de intermediários deixados à sua própria sorte. São raras as moscas que caem na teia de Aracne. O ‘estado maior’ da corrupção quase sempre fica resguardado, menos pela dificuldade de provas do que pela razão de Estado, pois a revelação de certas cumplicidades poderia afetar as próprias instituições.”

GLAUCO NAVES CORRÊA, que é advogado, em artigo publicado no jornal ESTADO DE MINAS, edição de 1º de julho de 2013, caderno OPINIÃO, página 9).

Mais uma importante e oportuna contribuição para o nosso trabalho de Mobilização para a Cidadania e Qualidade vem de artigo publicado na revista VEJA, edição 2328 – ano 46 – nº 27, de 3 de julho de 2013, página 24, de autoria de LYA LUFT, que é escritora, e que merece igualmente integral transcrição:

“Falência múltipla
        
         Um jornalista comentou recentemente num programa de televisão que pediu a um médico seu amigo um diagnóstico do que está acontecendo no Brasil: infecção, virose? A resposta foi perfeita: “Falência múltipla de órgãos”. Nada mais acertado. Há quase dez anos realizo aqui na coluna minhas passeatas: estas páginas são minha avenida, as palavras são cartazes. Falo em relações humanas e seus dramas, porém mais frequentemente nas coisas inaceitáveis na nossa vida pública. Esgotei a paciência dos leitores reclamando da péssima educação – milhares de alunos sem escolas ou abrigados em galpões e salinhas de fundo de igrejas, para chegarem aos 9, 10 anos sem saber ler nem escrever. Professores despreparados tentando ensinar sem material básico, sem estrutura, salários vergonhosos, estímulo nenhum. Universidades cujo nível é seguidamente rebaixado: em lugar de darem boas escolas a todas as crianças e jovens para que possam entrar em excelentes universidades por mérito e esforço, oferecem-lhes favorecimentos prejudiciais.
         Tenho clamado contra o horror da saúde pública, mulheres parindo e velhos morrendo em colchonetes no corredor, consultas para doenças graves marcadas para vários meses depois, médicos exaustos trabalhando além dos seus limites, tentando salvar vidas e confortar os pacientes, sem condições mínimas de higiene, sem aparelhamento e com salário humilhante. Em lugar de importarmos não sei quantos mil médicos estrangeiros, quem sabe vamos ser sensatos e oferecer condições e salários decentes aos médicos brasileiros que querem cuidar de nós?
         Tenho reclamado das condições de transporte, como no recente artigo “Três senhoras sentadas”: transporte caro para o calamitoso serviço oferecido. “Nos tratam como animais”, reclamou um usuário já idoso. A segurança inexiste, somos mortos ao acaso em nossas ruas, e se procuramos não sair à noite somos fuzilados por um bando na frente de casa às 10 da manhã.
         E, quando nossa tolerância ou resignação chegou ao limite, brota essa onda de busca de dignidade para todos. Não se trata apenas de centavos em passagens, mas de respeito.
         As vozes dizem NÃO: não aos ônibus sujos e estragados, impontuais, motoristas sobrecarregados; não às escolas fechadas ou em ruínas; não aos professores e médicos impotentes, estradas intransitáveis, medo dentro e fora de casa. Não a um ensino em que a palavra “excelência” chega a parecer abuso ou ironia. Não ao mercado persa de favores e cargos em que transformam nossa política, não aos corruptos às vezes condenados ocupando altos cargos, não ao absurdo número de partidos confusos.
         As reclamações da multidão nas ruas são tão variadas quanto nossas mazelas: por onde começar? Talvez pelo prático, e imediato, sem planos mirabolantes. Algo que há de se poder fazer: não creio que políticos e governo tenham sido apanhados desprevenidos, por mais que estivessem alienados em torres de marfim.
         Infelizmente todo movimento de massas provoca e abriga sem querer grupos violentos e anárquicos: que isso não nos prejudique nem invalide nossas reivindicações.
         Não sei como isso vai acabar: espero que transformando o Brasil num lugar melhor para viver. Quase com atraso, a voz das ruas quer lisura, ética, ações, cumprimento de deveres, realização dos mais básicos conceitos de decência e responsabilidade cívica, que andavam trocados por ganância monetária ou ânsia eleitoreira. Que sobrevenham ordem e paz.
         Que depois desse chamado não se absolvam os mensaleiros, não se deixem pessoas medíocres ou de ética duvidosa em altos cargos, acabem as gigantescas negociatas meio secretas, e se apliquem decentemente somas que poderão salvar vidas, educar jovens, abrir horizontes.
         Sou totalmente contrária a qualquer violência, mas este povo chegou ao extremo de sua tolerância, percebeu que tem poder, não quer mais ser enganado e explorado: que não se destrua nada, mas se abram horizontes reais de melhoria e contentamento.”

Eis, portanto, mais páginas contendo importantes, severas e oportunas abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior crise de nossa história – que é de ética, de moral, de princípios, de valores –, para a imperiosa e urgente necessidade de profundas mudanças em nossas estruturas educacionais, governamentais, jurídicas, políticas, sociais, culturais, econômicas, financeiras e ambientais, de modo a promovermos a inserção do País no concerto das potências mundiais livres, civilizadas, soberanas, democráticas e sustentavelmente desenvolvidas...

Assim, urge ainda a efetiva problematização de questões deveras cruciais como:
a    
     a)     a educação – universal e de qualidade, desde a educação infantil (0 a 3 anos de idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo da modernidade de matricularmos nossas crianças de 6 anos de idade na primeira série do ensino fundamental, independentemente do mês de seu nascimento –, até a pós-graduação (especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade absoluta de nossas políticas públicas;

     b)    o combate, implacável e sem trégua, aos três dos nossos maiores e mais devastadores inimigos que são: I – a inflação, a exigir permanente, competente e diuturna vigilância, de forma a manter-se em patamares civilizados, ou seja, próximos de zero; II – a corrupção, como um câncer a se espalhar por todas as esferas da via nacional, gerando incalculáveis prejuízos e comprometimentos de variada ordem; III – o desperdício, em todas as suas modalidades, também a ocasionar inestimáveis perdas e danos, inexoravelmente irreparáveis;
     
     c)     a dívida pública brasileira, com projeção para 2013, segundo o Orçamento Geral da União, de exorbitante e intolerável desembolso de cerca de R$ 1 trilhão, a título de juros, encargos, amortização e refinanciamentos (apenas com esta rubrica, previsão de R$ 610 bilhões), a exigir igualmente uma imediata, abrangente, qualificada e eficaz auditoria...

Isto posto, torna-se absolutamente inútil lamentarmos a falta de recursos diante de tão descomunal sangria que dilapida o nosso já combalido dinheiro público, mina a nossa capacidade de investimento e de poupança e, mais contundente ainda, afeta a credibilidade de nossas instituições, negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à pátria, ao lado de abissais desigualdades sociais e regionais e de extremas e sempre crescentes necessidades de ampliação e modernização de setores como: a gestão pública; a infraestrutura (rodovias, ferrovias, hidrovias, portos, aeroportos); a educação; a saúde; saneamento ambiental (água tratada, esgoto tratado, resíduos sólidos tratados, macrodrenagem urbana, logística reversa); meio ambiente; habitação; mobilidade urbana (trânsito, transporte, acessibilidade); minas e energia; emprego, trabalho e renda; agregação de valor às commodities; logística; pesquisa e desenvolvimento; ciência, tecnologia e inovação; assistência social; previdência social; segurança alimentar e nutricional; segurança pública; forças armadas; polícia federal; defesa civil; turismo; esporte, cultura e lazer; comunicações; sistema financeiro nacional; qualidade (planejamento – estratégico, tático e operacional, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade, criatividade, produtividade, competitividade); entre outros...

São, e bem o sabemos, gigantescos desafios mas que, de maneira alguma, abatem o nosso ânimo nem arrefecem o nosso entusiasmo e otimismo nesta grande cruzada nacional pela cidadania e qualidade, visando à construção de uma Nação verdadeiramente justa, ética, educada, civilizada, qualificada, livre, soberana, democrática, desenvolvida e solidária, que permita a partilha de suas extraordinárias e generosas riquezas, oportunidades e potencialidades com todas as brasileiras e com todos os brasileiros, especialmente no horizonte de investimentos bilionários previstos e que contemplam eventos como a 27ª Jornada Mundial da Juventude no Rio de Janeiro; a Copa do Mundo de 2014; a Olimpíada de 2016; as obras do PAC e os projetos do pré-sal, à luz das exigências do século 21, da era da globalização, da internacionalização das organizações, da informação, do conhecimento, da inovação, das novas tecnologias, da sustentabilidade e de um possível e novo mundo da justiça, da liberdade, da paz, da igualdade – e com equidade –, e da fraternidade universal...

Este é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a nossa fé, a nossa esperança... e perseverança!...


O BRASIL TEM JEITO!...  

quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013

A CIDADANIA, A BOA ESCOLA E A NOVA GESTÃO DAS CIDADES


“A boa escola
        
         Meu brilhante colega Gustavo Ioschpe, uma das mais lúcidas vozes no que diz respeito à educação, escreveu o que e um bom professor. Eu já começava este artigo sobre o que acho que deva ser uma boa escola, então aqui vai.
         Primeiro, a escola tem de existir. No Brasil há incrivelmente poucas escolas em relação à necessidade real. Têm de existir escolas para todas as crianças, em todas as comunidades, as mais remotas, com qualidades básicas: não ultrapassar o número de alunos bem acomodados, e que eles não tenham de se locomover para muito longe; instalações dignas, que vão das mesas às paredes, telhado, pátio para diversão e recreio, lugar para exercício físico e esportes; instalações sanitárias decentes, cozinha para alimentar os que não comem suficientemente em casa; alguém com experiência médica ou de enfermagem para atender os que precisarem. Em cada sala de aula, naturalmente, uma boa prateleira com livros sem dúvida doados pelos governos federal, estadual, municipal. E que ali se ensine bem o essencial: aritmética, bom uso da linguagem, noções de história e geografia para que saibam quem são e onde no mundo se situam. Falei até aqui apenas de ensino elementar em escolas menos privilegiadas economicamente. Em comunidades mais resolvidas nesse sentido, tudo isso não será apenas bom, mas excelente, desde a parte material até professores muito bem preparados que sejam bem exigidos e bem pagos.
         No chamado 2º grau, além de livros, quem sabe computadores, mas – ainda que escandalizando alguns – creio que esses objetos maravilhosos, que eu mesma uso constantemente, não substituem um bom professor. E que, nesse degrau da vida, todos sejam preparados para a universidade, desde que queiram e possam. Pois nem todos querem uma carreira universitária, nem todos têm capacidade para isso: para eles, excelentes escolas técnicas, depois das quais podem ter mais ganho do que a maioria dos profissionais liberais. Professores com mestrado e se possível doutorado, diretores que conheçam administração, psicólogos que conheçam  psicologia, todos com saber e postura que os alunos respeitem a fim de que possam aprender.
         Finalmente a universidade, que enganosamente se julga ser o único destino digno de todo mundo (já mencionei acima os cursos técnicos cada dia melhores e mais especializados). Universidade precisa existir, mas não na abundância das escolas elementares. É incompreensível e desastrosa a multiplicação de faculdades de medicina, por exemplo, cujas falhas terão efeitos dramáticos sobre vidas humanas. Tempos pelo país muitas onde alunos não estudam anatomia, pois não há biotério, não têm aulas práticas, pois não há hospital-escola. Essa é uma realidade assustadora, mas bastante comum, que, parece, se tenta corrigir. Dessas pseudofaculdades sairão alunos reprovados nas essenciais provas do CRM, mas que eventualmente vão trabalhar sem condição de atender pacientes. Faculdades de direito pululam pelo país, sem professores habilitados, sem boas bibliotecas, formando advogados que nem escrever razoavelmente conseguem, além de desconhecer as leis – e reprovados aos magotes nas importantíssimas provas da OAB. Coisa semelhante aconteceria com faculdades de engenharia mal preparadas, se existirem, de onde precisam sair profissionais que garantam segurança em obras diversas, de edifícios, casas, estradas, pontes. Vejam que aqui comentei apenas alguns dos inúmeros cursos existentes, muitos com excelente nível, mas não se ignorem os que não têm condições de funcionar, e mesmo assim... existem. Em todas essas fases, segundo cada nível, incluam-se professores bem preparados, muito dedicados, e decentemente pagos – professor não e sacerdote nem faquir.
         O que escrevo aqui é mero, simples, bom-senso. Todos têm direito de receber a educação que os coloque no mundo sabendo ler, escrever, pensar, calcular, tendo ideia do que são e onde se encontram, e podendo aspirar a crescer mais. Isso é dever de todos os governos. E é nosso dever esperar isso deles.”
(LYA LUFT, que é escritora, em artigo publicado na revista VEJA, edição 2310 – ano 46 – nº 9, de 27 de fevereiro de 2013, página 22).

Mais uma importante e oportuna contribuição para o nosso trabalho de Mobilização para a Cidadania e Qualidade vem de artigo publicado no jornal ESTADO DE MINAS, edição de 21 de fevereiro de 2013, caderno OPINIÃO, página 7, de autoria de EDUARDO ATHAYDE, que é diretor do Worldwatch Institute no Brasil (WWI), e que merece igualmente integral transcrição:

“Nova gestão das cidades
        
         O Fórum Econômico Mundial realizado em Davos, na Suíça, de 23 a 27 de janeiro deste ano, mostrou que o conceito de gestão verde está deixando de ser símbolo do ambientalismo e passando a significar eficiência na gestão pública e privada. Reunindo mais de 50 chefes de Estado, 1,5 mil líderes empresariais, além de políticos e acadêmicos para discutir agendas locais, regionais e globais, mais de 2,5 mil participantes de diversos países formavam uma espécie de aldeia tecnológica global, usando tablets e celulares (tecnologias de informação e comunicação – TICs) para ajudar nos agendamentos e deslocamentos internos, no acesso virtual a palestras e, ao mesmo tempo, para gestão remota dos seus países, estados, cidades e empresas.
         Confundir sustentabilidade apenas com preservação ambiental é o mais comum entre os mitos que precisa ser desfeito – sustentabilidade é sinônimo de equilíbrio. Globalmente, as oportunidades de mercado para as “Cidades verdes e inteligentes”, que investem na melhoria da qualidade dos serviços para a população, estão estimadas em US$ 34 bilhões/ano. Com o aumento da renda e da qualidade de vida, a classe média mundial, que hoje é de 2,5 bilhões de pessoas, será de 5 bilhões de habitantes/consumidores em 2030.
         A internet expandiu de 0,1% da população global em 2002, para 33% em 2012 (é estimada para 55% da população em 2020. Nas últimas décadas, cidades no mundo foram conectadas por uma poderosa rede invisível de TICs, mudando a dinâmica do poder urbano, ajudando cidadãos a exercer legitimamente a sua parcela do poder. Como todos usam celulares, as operadoras têm condições de identificar, em tempo real, os fluxos das pessoas nas cidades, as tendências de estrangulamentos no tráfego, a concentração em eventos, os deslocamentos de massas e ajudar no planejamento e nas intervenções pontuais.
         O Brasil, com 194 milhões de habitantes, 84% urbanos, já tem mais de 260 milhões de celulares, dos quais 60 milhões são terminais com acesso à internet via banda larga. A tecnologia que salva vidas e emociona pessoas encurta distâncias e abranda saudades, também ajuda a sociedade a ser cada vez mais sustentável.
         Enquanto nos EUA os engarrafamentos de trânsito geram – por ano – um desperdício de 10,6 bilhões de litros de combustíveis, prejuízo de 4,2 bilhões de horas de trabalho e uma perda econômica de US$ 87,2 bilhões, o sistema de bicicletas comunitárias de Paris tornou-se possível por meio de uma parceria público-privada (PPP) com a gigante da publicidade JCDecaux, que, via TICs, fornece e mantém o sistema em troca de uma parcela do espaço publicitário da cidade.
         Usando TICs, várias cidades do Canadá não fazem mais coleta do lixo. Uma máquina separa automaticamente os recicláveis colocando em sacolas biodegradáveis para virar adubo vendido pelo preço de mercado. Os caminhões de lixo são movidos a gás produzido pelo próprio lixo que retiram das ruas. Empresas como a Smart + Connected Communities, da Cisco, Cities, da GE, e Sustainable Cities, da Siemens, por exemplo, têm usado suas avançadas tecnologias para ajudar cidades ao redor do mundo.
         As TICs ajudam a inovar na gestão e dão suporte aos princípios estabelecidos pela Política Nacional de Mobilidade Urbana – Lei 12.587/12. Diante da falência dos modelos de gestão pública e a elevada burocracia, as TICs facilitam a gestão, o acompanhamento das parcerias público-privadas, a auditoria e o controle social, impondo transparência nas ações de infraestrutura, transporte, educação, saúde, entretenimento, áreas públicas de lazer, ajudando a promover sustentabilidade na vida urbana.”

Eis, portanto, mais páginas contendo importantes, adequadas e oportunas abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança de nossa história – que é de ética, de moral, de princípios, de  valores –, para a imperiosa e urgente necessidade de profundas mudanças em nossas estruturas educacionais, governamentais, jurídicas, políticas, sociais, culturais, econômicas, financeiras e ambientais, de modo a promovermos a inserção do País no concerto das potências mundiais livres, civilizadas, soberanas, democráticas e sustentavelmente desenvolvidas...

Assim, urge ainda a efetiva problematização de questões deveras cruciais como:    
a   
           a) a educação – universal e de qualidade, desde a educação infantil (0 a 3 anos de idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo da modernidade de matricularmos nossas crianças de 6 anos de idade na primeira série do ensino fundamental, independentemente do mês de seu nascimento –, até a pós-graduação (especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade absoluta de nossas políticas públicas;
     b)    o combate, implacável e sem trégua, aos três dos nossos maiores e mais devastadores inimigos que são: I – a inflação, a exigir permanente e diuturna vigilância, de forma a manter-se em patamares civilizados; II – a corrupção, como um câncer a se espalhar por todas as esferas da vida nacional, gerando incalculáveis prejuízos e comprometimentos de variada ordem; III – o desperdício, em todas as suas modalidades, também a ocasionar inestimáveis perdas e danos, inexoravelmente irreparáveis (por exemplo, o contundente caso dos engarrafamentos de trânsito nos EUA, que geram, por ano, prejuízos e perdas econômicas da ordem de US$ 87,2 bilhões);
     c)      a dívida pública brasileira, com projeção para 2013, segundo o Orçamento Geral da União, de astronômico e intolerável desembolso de cerca de R$ 1 trilhão, a título de juros, encargos, amortização e refinanciamentos (apenas com esta rubrica, previsão de R$ 610 bilhões), a exigir igualmente uma imediata, abrangente, qualificada e eficaz auditoria...

Isto posto, torna-se absolutamente inútil lamentarmos a falta de recursos diante de tanta sangria que dilapida o nosso já combalido dinheiro público, mina a nossa capacidade de investimento e de poupança e, mais grave ainda, afeta a credibilidade de nossas instituições, negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à pátria, ao lado de extremas e sempre crescentes necessidades de ampliação e modernização de setores como: a gestão pública; a infraestrutura (rodovias, ferrovias, hidrovias, portos, aeroportos); educação;saúde; saneamento ambiental (água tratada, esgoto tratado, resíduos sólidos tratados; macrodrenagem urbana, logística reversa); meio ambiente; mobilidade urbana (trânsito, transporte, acessibilidade); habitação; emprego, trabalho e renda; assistência social; previdência social; segurança alimentar e nutricional; segurança pública; forças armadas; polícia federal; defesa civil; agregação de valor às commodities; minas e energia; logística; pesquisa e desenvolvimento; ciência, tecnologia e inovação; turismo; esporte, cultura e lazer; comunicações; qualidade (planejamento, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade, criatividade, produtividade, competitividade), entre outros...

São, e bem o sabemos, gigantescos desafios mas que, de maneira alguma, abatem o nosso ânimo nem arrefecem nosso entusiasmo e otimismo nesta grande cruzada nacional pela cidadania e qualidade, visando à construção de uma Nação verdadeiramente justa, ética, educada, civilizada, qualificada, livre, soberana, democrática, desenvolvida e solidária, que possa partilhar suas extraordinárias riquezas, oportunidades e potencialidades com todas as brasileiras e com todos os brasileiros, especialmente no horizonte  de investimentos bilionários previstos e que contemplam eventos como a 27ª Jornada Mundial da Juventude no Rio de Janeiro em julho; a Copa das Confederações em junho; a Copa do Mundo de 2014; a Olimpíada de 2016; as obras do PAC e os projetos do pré-sal, segundo as exigências do século 21, da era da globalização, da internacionalização das empresas, da informação, do conhecimento, da inovação, das novas tecnologias, da sustentabilidade e de um possível e novo mundo da justiça, da liberdade, da paz, da igualdade – e com equidade –, e da fraternidade universal...

Este é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a nossa fé, a nossa esperança... e perseverança!...

O BRASIL TEM JEITO!...     

segunda-feira, 14 de janeiro de 2013

A CIDADANIA, A SUPERAÇÂO DA MEDIOCRIDADE E AS LIÇÕES DA CHINA

“Medíocres distraídos

Leio com tristeza sobre quanto países como Coreia do Sul e outros estimulam o ensino básico, conseguem excelência em professores e escolas, ótimas universidades, num crescimento real, aquele no qual tudo se fundamenta: a educação, a informação, a formação de cada um. Comparados a isso, parecemos treinar para ser medíocres. Como indivíduos, habitantes desde Brasil, estamos conscientes disso, e queremos – ou vivemos sem saber quase nada? Não vale, para um povo, a desculpa do menino levado que tem a resposta pronta: “Eu não sabia”, “Não foi por querer”. Pois, mesmo com a educação – isto é, a informação – tão fraquinha e atrasada, temos a imprensa para nos informar. A televisão não traz só telenovelas ou programas de auditório: documentários, reportagens, notícias, nos tornam mais gente; jornais não têm só coluna policial ou fofocas sobre celebridades, mas nos deixam a par e nos integram no que se passa no mundo, no país, na cidade.

Alienação é falta grave; omissão traz burrice, futilidade é um mal. Por omissos votamos errado ou nem votamos, por desinformados não conhecemos os nossos direitos, por fúteis não queremos lucidez, não sabemos da qualidade na escola do filho, da saúde de todo mundo, da segurança em nossas ruas. O real crescimento do país e o bem da população passam ao largo de nossos interesses. Certa vez escrevi um artigo que deu título a um livro: “Pensar é transgredir”. Inevitavelmente me perguntam: “Transgredir o quê?”. Transgredir a ordem da mediocridade, o deixa pra lá, o nem quero saber nem me conte, que nos dá a ilusão de sermos livres e leves como na beira do mar, pensamento flutuando, isso é que é vida. Será? Penso que não, porque todos, todos sem exceção, somos prejudicados pelo nosso próprio desinteresse.

Nosso país tem tamanhos problemas que não dá para fingir que está tudo bem, que somos os tais, que somos modelo para os bobos europeus e americanos, que aqui está tudo funcionando bem, e que até crescemos. Na realidade, estamos parados, continuamos burros, doentes, desamparados, ou muito menos burros e doentes e desamparados do que poderíamos estar. Já estivemos em situação pior? Claro que sim. Já tivemos escravidão, a mortalidade infantil era assustadora, os pobres sem assistência, nas ruas reinava a imundície, não havia atendimento algum aos necessitados (hoje há menos do que deveria, mas existe). Então, de certa forma, muita coisa melhorou. Mas poderíamos estar melhores, só que não parecemos interessados. Queremos, aceitamos, pão e circo, a Copa, a Olimpíada, a balada, o joguinho, o desconto, o prazo maior para nossas dívidas, o não saber de nada sério: a gente não que se incomodar. Ou pior: nós temos a sensação de que não adianta mesmo.

Mas na verdade temos medo de sair às ruas, nossas casas e edifícios têm porteiro, guarda, alarmes e medo. Nossas escolas são fraquíssimas, as universidades péssimas e o propósito parece ser o de que isso ainda piore. Pois, em lugar de estimularmos os professores e melhorarmos imensamente a qualidade de ensino de nossas crianças, baixamos o nível das universidades, forçando por vários recursos a entrada dos mais despreparados, que naturalmente vão sofrer ao cair na realidade. Ma a esses mais sem base, porque fizeram uma escola péssima ou ruim, dizem que terão tutores no curso superior para poder se equilibrar e participar com todos. Porque nós não lhes demos condições positivas de fazer uma boa escola, para que pudessem chegar ao ensino superior pela própria capacidade, queremos band-aids ineficientes para fingir que está tudo bem.

Não se deve baixar o nível em coisa alguma, mas elevar o nível em tudo. Todos, de qualquer origem, cor, nível cultural e econômico ou ambiente familiar, têm direito à excelência que não lhes oferecemos, num dos maiores enganos da nossa história. Não precisamos viver sob o melancólico império da mediocridade que parece fácil e inocente, mas trava nossas capacidades, abafa a lucidez, e nos deixa tão agradavelmente distraídos.”

(LYA FUFT, que é escritora, em artigo publicado na revista VEJA – edição 2298 – ano 45 –nº 49, de 5 de dezembro de 2012, página 26).

Mais uma importante e oportuna contribuição para o nosso trabalho de Mobilização para a Cidadania e Qualidade vem de artigo publicado no jornal ESTADO DE MINAS, edição de 12 de janeiro de 2013, caderno OPINIÃO, página 9, de autoria de JOÃO CAMILO PENNA, Engenheiro, ex-ministro de Indústria e Comércio, ex-presidente de Furnas e da Cemig, e que merece igualmente integral transcrição:

“Lições da China para competir

A China, grande e profunda, em 4 mil anos de história registrada, passou por invasões, fomes, humilhações e retomadas. Com bambus, os chineses vergam e voltam. Em 18 dos últimos 20 séculos, foi a maior economia do mundo, logo voltará a ser a primeira em PIB, mas não em poder. Hoje, é a segunda, com 12% do PIB e 20% da população mundial em território da grandeza dos EUA e nas mesma faixa de latitudes.

Não buscam os chineses colônias, contentam-se com comércio mundial e investimento externo. Seguem os ensinamentos de Aprendizado e harmonia, de Confúcio, e da constatação de que o poder baseia-se em recursos econômicos e científico-tecnológico. Crescem com visão milenar e esperança sem ânsia. Realizam trabalhos coletivos superando tempos de vida individual. O Partido Comunista pratica socialismo chinês, um quase capitalismo. Planejam ir de uma economia de baixos salários para uma de alta tecnologia.

Presente no Conselho de Segurança da ONU e na Organização Mundial do Comércio (OMC), a China tem o maior comércio, US$ 3 trilhões. Cresceu de 7% na indústria mundial em 2000 para 17% em 2011, enquanto o Brasil ficou parado em 1,7%.

São características da China: um governo autocrático; ampla mão de obra; escala de produção, inovação, ciência e tecnologia; atração de capitais estrangeiros; boa infraestrutura, grande crescimento, excesso de Estado, má distribuição de renda; desemprego, um filho por casal; corrupção, poluição. Desvaloriza a moeda em até 25%, atrai capitais, inclusive pela busca de salário baixo. Investiu fora US$ 250 bilhões e recebeu US$ 150 bilhões. Falta água. Investe muito com sua mão de obra na África, onde o Brasil emprega africanos e leva a Embrapa.

Em 2011, exportamos-lhe US$ 44 bilhões, 88% em minérios e produtos básicos; enquanto importamos US$ 30 bilhões, sendo 60% de manufaturados. O preço médio da exportação à China é de US$ 120/tonelada, e aos EUA é US$ 800/tonelada. Colonialismo chinês! A China investiu no Brasil cerca de US$ 49 bilhões.

São característica do Brasil: democracia, legislação não competitiva e sem atenção à ciência e tecnologia. Enquanto a China é unipartidária, tem legislação competitiva, inovação, desenvolvimento científico. A China crescia mais de 10% ao ano, hoje, entre 6% e 7%. O Brasil, de 1900 a 1980, teve um dos melhores crescimentos do mundo e a China vivia em revoluções. Em 1981 o Brasil entrar em baixo crescimento e a China acelerar. De 1994 a 2002, o Brasil crescia à média da América Latina, 2,3% ao ano. De 2003 a 2010, a 3,8% ao ano; a AL, a 4,8%. Em 2012, o Brasil a 1%, e a AL, a 3,2%.

O Brasil tem 8,550 mil km2, 195 milhões de habitantes, 1,6 engenheiros por 10 mil habitantes. PIB de US$ 2,5 trilhões. Tributos, 37% do PIB. Poupança, 18% do PIB, PIB per capita US$ 12.800, e 38 ministros, nomeados por indicações políticas. A China tem 9,6 mil km2, 1,33 bilhão de habitantes, 4,6 engenheiros por 10 mil habitantes. PIB de US$ 8,8 trilhões. Tributos representam 24% do PIB, a poupança é de 45% do PIB; e o PIB per capita, US$ 5.800. Tem 22 ministros, com cientistas e engenheiros. Frase do empresário Aguinaldo Diniz: “Queria ver preços de têxteis chineses, se produzidos no Brasil!”.

A China, com superávit em conta-corrente e reservas de US$ 3,2 trilhões, preocupa-se com o abismo fiscal dos EUA, que arrecada US$ 3 trilhões e gasta US$ 4,2 trilhões ao ano – déficit de 8% do PIB –, emite moeda e desvaloriza o dólar. A China investe reservas, compra ativos e commodities, agrega valor, exporta a baixo preço, sofre ações antidumping.

Indústrias daqui, sob impostos altos, moeda valorizada e o custo Brasil, ao competir com custos chineses e moeda desvalorizada, perdem mercado interno e em terceiros países, umas fecham ou vão para lá. Na China, a indústria de transformação atinge 40% do PIB. No Brasil, ela caiu, em tendência mundial, de 25% do PIB a 13% em 2011; a sua exportação caiu. Na expansão industrial entre 2011 e 2012, o Brasil é o 25% dos emergentes. Cabe ao governo desvalorizar o real, prestigiar a defesa comercial, reduzir a despesa pública e a tributação, com diminuição da pressão inflacionária; e prover mais infraestrutura. Cabe ao empresário a competitividade interna.

O governo chinês quer liderança, harmonia e poder brando. Espera-se que cuide do meio ambiente. Hoje, EUA e China, inebriados, apóiam-se mutuamente em um consumismo ameaçador. Já com grande reserva, a China volta ao mercado interno pobre. Investimentos caem de 48% do PIB para 34% em 2025, o consumo vai de 52% do PIB para 66%. Listou em 2012 produtos que poderá comprar aqui. Para competir no mundo, lembremo-nos de que o “conhecimento vem da práxis”. Dialoguemos e negociemos com a China e outros países, com o FMI e a OMC, sobre desvalorizações e distorções no comércio exterior. Façamos o que nos cabe para maior produtividade e a competitividade que dela deriva.”

Eis, portanto, mais páginas contendo importantes e oportunas abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança de nossa história – que é de ética, de moral, de princípios, de valores –, para a imperiosa e urgente necessidade de profundas mudanças em nossas estruturas educacionais, governamentais, jurídicas, políticas, sociais, culturais, econômicas, financeiras e ambientais, de modo a promovermos a inserção do País no concerto das potências mundiais livres, soberanas, civilizadas, democráticas e sustentavelmente desenvolvidas...

Assim, urge ainda a efetiva problematização de questões deveras cruciais como:

a) a educação – universal e de qualidade, desde a educação infantil (0 a 3 anos de idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo da modernidade de matricularmos nossas crianças de 6 anos de idade na primeira série do ensino fundamental, independentemente do mês de seu nascimento –, até a pós-graduação (especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade absoluta de nossas políticas públicas;

b) o combate, implacável e sem trégua, aos três dos nossos maiores e mais devastadores inimigos que são: I – a inflação, a exigir permanente e diuturna vigilância, de forma a manter-se em patamares civilizados; II – a corrupção, como um câncer a se espalhar por todas as esferas da vida nacional, gerando incalculáveis prejuízos e comprometimentos de variada ordem; III – o desperdício, em todas as suas modalidades, também a ocasionar inestimáveis perdas e danos, inexoravelmente irreparáveis;

c) a dívida pública brasileira, com projeção para 2013, segundo o Orçamento Geral da União, de astronômico e intolerável desembolso da ordem de R$ 1 trilhão, a título de juros, encargos, amortização e refinanciamentos (apenas nesta rubrica, previsão de R$ 610 bilhões), a exigir igualmente uma imediata, abrangente, qualificada e eficaz auditoria...

Isto posto, torna-se absolutamente inútil lamentarmos a falta de recursos diante de tanta sangria que dilapida o nosso já combalido dinheiro público, mina a nossa capacidade de investimento e de poupança e, mais grave ainda, afeta a confiança em nossas instituições, negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à pátria, ao lado de extremas e sempre crescentes necessidades de ampliação e modernização de setores como: a gestão pública; infra-estrutura (rodovias, ferrovias, hidrovias, portos e aeroportos); educação; saúde; mobilidade urbana (trânsito, transporte, acessibilidade); saneamento ambiental (água tratada, esgoto tratado, resíduos sólidos tratados, macrodrenagem urbana, logística reversa); meio ambiente; moradia; emprego, trabalho e renda; assistência social; previdência social; segurança alimentar e nutricional; segurança pública; forças armadas; polícia federal; defesa civil; logística; ciência, tecnologia e inovação; pesquisa e desenvolvimento; agregação de valor às commodities; turismo; esporte, cultura e lazer; comunicações; minas e energia; sistema financeiro nacional; qualidade (planejamento, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade, criatividade, produtividade, competitividade), entre outros...

São, e bem o sabemos, gigantescos desafios mas que, de maneira alguma, abatem o nosso ânimo nem arrefecem o nosso entusiasmo e otimismo nesta grande cruzada nacional pela cidadania e qualidade, visando à construção de uma Nação verdadeiramente justa, ética, educada, civilizada, qualificada, livre, soberana, democrática, desenvolvida e solidária, que possa partilhar suas extraordinárias riquezas, oportunidades e potencialidades com todas as brasileiras e com todos os brasileiros, especialmente no horizonte de investimentos bilionários previstos e que contemplam eventos como a 27ª Jornada Mundial da Juventude no Rio de Janeiro em julho; a Copa das Confederações em junho; a Copa do Mundo de 2014; a Olimpíada de 2016; as obras do PAC e os projetos do pré-sal, segundo as exigências do século 21, da era da globalização, da informação, do conhecimento, da inovação, das novas tecnologias, da sustentabilidade e de um possível e novo mundo da justiça, da liberdade, da paz, da igualdade – e com equidade –, e da fraternidade universal...

Este é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a nossa fé, a nossa esperança... e perseverança!...

O BRASIL TEM JEITO!...

sexta-feira, 7 de dezembro de 2012

A CIDADANIA, A HUMANIDADE, AS RIQUEZAS E OS LIXÕES

“A riqueza do mundo

Já escrevi que, lendo ou ouvindo notícias sobre cifras de bilhões e trilhões, me recordo de tempos em que para mim tais números se referiam a estrelas. E pouco significavam para a menina sonhadora que achava que o irmãozinho morto ainda bebê, antes de ela nascer, espiava acomodado numa delas. Hoje, quase simultaneamente com notícias sobre a inimaginável riqueza do mundo, vejo reportagens também sobre a inimaginável desgraça humana em lugares como o Paquistão, devastado por enchentes – em lugares bem próximos de nós, também.

Milhares de pessoas morreram nas águas lamacentas. Milhares foram privadas de tudo – e não vão recuperar. Particularmente dramática é a visão de mulheres grávidas desalojadas, que perderam casa e parentes, não têm onde ficar, quase nada para comer, esqueléticas figuras amontoadas embaixo de tendas ou ao relento. Ventre crescido e olhos apáticos transbordam desamparo. No chão, muitas vezes sem sequer um pano sujo entre o rostinho e a terra, crianças deitadas, dormindo ou acordadas, algumas com a face voltada para o chão, cobertas de moscas. Instintivamente, quase estendi a mão para espantar uma delas, que rodeava a boca entreaberta de uma criança muito pequena, deitada inerte. Viva, parecia morta. Nem a mãe tentava espantar as moscas: a horrenda realidade me feriu. Insetos passeavam pelo rosto, cabecinha e corpo de todas as crianças, que nem piscavam. Que humanidade nós somos?

Entidades internacionais mais uma vez apelam para a ajuda do planeta. Mas precisa-se pedir ajuda? Como não se reparte naturalmente, imediatamente, algo dos bilhões e trilhões para evitar, ou socorrer, tamanho infortúnio? No Haiti, pouca ajuda internacional chegou, se chegou não foi o bastante: o caos lá continua, grassando depois do não tão recente terremoto. E os rugidos da Mãe Terra vão banalizando cataclismos.

Mas não precisamos atravessar oceanos: lixões a céu aberto alimentam entre nós legiões de adultos e crianças, boa parcela da população não tem esgoto nem água tratada (significando doença e sofrimento). Depois das enchentes no Nordeste do país, também lá se buscavam voluntários: os governos estão empobrecidos? As grandes quantias sumiram dos tesouros, têm outra destinação que não seja a urgente necessidade do povo? Se quem ama cuida – e eu creio nisso como em poucas coisas –, não estaremos amando de menos nossa gente? Não seria a melhor propaganda de bons políticos, cuidar naturalmente de seu povo, onde quer que seja? Atender aos afligidos não seria a melhor atitude?

Fui criada acreditando (em termos) no ser humano, que, como alguém já escreveu, é trapalhão mas não inteiramente burro; sabe ser cruel ou corre atrás de mitos idiotas, mas cria obras de arte incrivelmente belas; forma sua família, que em geral ama e protege. Busca sentido para sua atropelada existência, cria lá sua filosofia do homem comum, que todos têm, do morador de rua ao cientista. Essa parte de mim que acredita às vezes luta para não cair na descrença e no pessimismo, antecâmaras da verdadeira morte.

Não acredito que quem ama prejudique ou abandone. A conversa de “eu te deixei porque você é boa demais pra mim” é abominável mentira. Mas uma humanidade que conta seus bilhões e trilhões, seja com a alegria da cobiça saciada seja chorando perdas, toma seu bom café da manhã, enquanto tantos bebem água suja para acalmar o estômago, homens desesperados procuram as famílias dizimadas e milhares de grávidas apáticas aguardam de olhos fixos um futuro vazio.

Terminado o noticioso, desligo a televisão, mensageira de tanta agonia. Saio para caminhar ao sol na manhã clara, enquanto o mundo ávido manipula cifras astronômicas que dariam para salvar toda aquela parte da humanidade que nós fingimos que não existe. Uma dúvida continua zumbindo em torno de minha cabeça: será que a mosca afinal entrou na boca ressequida daquele bebê tão magro, cuja mãe, aniquilada, não tinha esperança bastante para estender a mão e proteger seu filho?”

(LYA LUFT, que é escritora, em artigo publicado na revista VEJA – edição 2180 – ano 43 – nº 35, de 1º de setembro de 2010, página 24).

Mais uma importante e oportuna contribuição para o nosso trabalho de MOBILIZAÇÃO PARA A CIDADANIA E QUALIDADE vem de artigo publicado no jornal ESTADO DE MINAS, edição de 9 de agosto de 2012, caderno OPINIÃO, página 7, de autoria de MÁRIO WILLIAM ESPER, Gerente de relações institucionais da Associação Brasileira de Cimento Portland (ABCP), e que merece igualmente integral transcrição:

“Solução para os lixões

Não há nada mais primitivo do que enterrar o lixo. Há muitos anos, países como Holanda, Noruega, Dinamarca e Alemanha têm programas de aterro zero. Todo o resíduo urbano é tratado com coleta seletiva, reciclagem e destinação ambientalmente adequada, sendo a maioria reaproveitada como recuperação energética, sem destinar resíduos a aterros. No Brasil, ainda estamos longe dessa situação, mas há avanços significativos nessa direção.

A Política Nacional de Resíduos Sólidos (Lei 12.305)estabelece diretrizes para minimizar os aterros e banir os lixões até 2014. Segundo cálculo da Confederação Nacional dos Municípios (CNM), existem aproximadamente 4,7 mil cidades brasileiras que utilizam apenas lixões como destinação dos resíduos urbanos. Cerca de 70% desses resíduos do país destinados a lixões e aterros controlados, a maneira inadequada de destinação. Há exemplos do impacto negativo dos aterros no Brasil. É o caso do Aquífero Guarani, considerado a maior reserva subterrânea de água doce do mundo.

Aproximadamente 70% do aqüífero, o equivalente a 1,2 milhão de quilômetros quadrados, está no subsolo do Brasil, nas regiões Centro-Oeste, Sudeste e Sul, ocupando desde Goiás até o Rio Grande do Sul, além de passar, pelo Paraguai, Uruguai e Argentina. A reserva do aqüífero é estimada em 45 mil quilômetros cúbicos de água. Quantos aterros inadequados existem sobre essa reserva de água? Qual é o grau de contaminação existente? Como minimizar os impactos dos aterros no Aquífero Guarani e nos grandes centros metropolitanos?

Existem alternativas que contribuem para a eliminação de grande quantidade de resíduos sólidos, principalmente os industriais, reduzindo consideravelmente o lixo destinado aos aterros. Além de oferecer ganhos para o meio ambiente, essas alternativas representam economia de gastos para o poder público e, portanto, para o contribuinte. A reciclagem de resíduos sólidos é necessária para reduzir o volume de resíduos para destinação e está contemplada no Plano de Ação para Produção e Consumo Sustentáveis, do Ministério do Meio Ambiente, em consonância com a Política Nacional de Resíduos Sólidos.

A recuperação energética, que utiliza resíduos após a reciclagem, constitui a maneira mais eficiente para a destinação ambientalmente adequada. O coprocessamento de resíduos urbanos em fornos de fabricação de cimento tem sido utilizado em larga escala em países desenvolvidos. No Brasil, a atividade é regulamentada e está contemplada na Política Nacional de Resíduos Sólidos como a alternativa promissora para contribuir para a melhor destinação, evitando enterrar o lixo, principalmente sobre o Aquífero Guarani, e impedindo o comprometimento e contaminação dessa reserva natural para nossas gerações futuras.

O coprocessamento consiste na destruição térmica de resíduos durante o processo de produção do cimento, com a substituição parcial da matéria-prima ou do combustível. Essa prática tem dado à indústria cimenteira um novo e relevante papel no âmbito da promoção da sustentabilidade e do equilíbrio ambiental. Adotado pela indústria no início da década de 1990, é, em muitos casos, a solução mais eficiente e econômica para a gestão de resíduos, sem representar risco à qualidade do cimento portland e ao meio ambiente.

Somente em 2011, foi coprocessado no Brasil, 1,16 milhão de toneladas de resíduos (industriais, pneus, solos contaminados, lama de tratamento, entre outros), por meio dessa tecnologia. No período de 1991 a 2011 foram coprocessados 8 milhões de toneladas de resíduos. Só no ano passado, 220 mil toneladas de pneus usados foram coprocessados em fornos de cimento, o equivalente a 45 milhões de unidades, que, enfileiradas, iriam do Rio de Janeiro a Tóquio. Um único forno, com capacidade de produção diária de mil toneladas de clínquer, pode consumir até cinco mil pneus por dia. Além de pneus, os fornos eliminam resíduos de diversas indústrias, principalmente dos setores químico, petroquímico, metalúrgico, de alumínio, automobilístico e de papel e celulose. Os produtos mais comuns são borrachas, solventes, tintas e óleos uados, borras de petróleo e de alumínio, e ainda solo contaminados e lodos de centrais de tratamento de esgoto.

Essa contribuição da indústria se torna mais significativa quando verifica-se que o Brasil descarta diariamente quase 200 mil toneladas de resíduos sólidos – menos de 2% desse volume é reciclado e quase 40% são lançados no ambiente de forma considerada inadequada. Portanto, o coprocessamento representa uma ferramenta de gestão ambiental na destinação de resíduos sólidos urbanos.”

Eis, portanto, mais páginas contendo importantes e oportunas abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança de nossa história – que é de ÉTICA, de MORAL, de PRINCÍPIOS, de VALORES –, para a imperiosa e urgente necessidade de profundas mudanças em nossas estruturas EDUCACIONAIS, GOV ERNAMENTAIS, JURÍDICAS, POLÍTICAS, SOCIAIS, CULTURAIS, ECONÔMICAS, FINANCEIRAS e AMBIENTAIS, de modo a promovermos a inserção do PAÍS no concerto das potências mundiais LIVRES, SOBERANAS, CIVILIZADAS, DEMOCRÁTICAS e SUSTENTAVELMENTE DESENVOLVIDAS...

Assim, urge ainda a efetiva problematização de questões deveras cruciais como:

a) a EDUCAÇÃO – UNIVERSAL e de QUALIDADE, desde a EDUCAÇÃO INFANTIL (0 a 3 anos de idade, em creches; 4 e 5 anos, em pré-escolas) – e mais o imperativo da modernidade de matricularmos nossas crianças de seis anos de idade na primeira série do ENSINO FUNDAMENTAL, independentemente no mês do seu nascimento) –, até a PÓS-GRADUAÇÃO (especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado);

b) o COMBATE, implacável e sem trégua, aos três dos nossos maiores e mais devastadores inimigos que são: I – a INFLAÇÃO, a exigir permanente e diuturna vigilância, de forma a manter-se em patamares civilizados; II – a CORRUPÇÃO, como um câncer a se espalhar por todas as esferas da vida nacional, gerando incalculáveis prejuízos e comprometimentos de variada ordem; III – o DESPERDÍCIO, em todas as suas modalidades, também a ocasionar inestimáveis perdas e danos, inexoravelmente irreparáveis;

c) a DÍVIDA PÚBLICA BRASILEIRA, com projeção para 2012, segundo o Orçamento Geral da União, de astronômico e intolerável desembolso da ordem de R$ 1 TRILHÃO, a título de juros, encargos, amortização e refinanciamentos, a exigir igualmente uma imediata, abrangente, qualificada e eficaz AUDITORIA...

Isto posto, torna-se absolutamente INÚTIL lamentarmos a FALTA de RECURSOS diante de tanta sangria, que dilapida o nosso já combalido dinheiro público, mina a nossa capacidade de investimento e de poupança e, mais grave ainda, afeta a confiança em nossas instituições, negligenciando a JUSTIÇA, a VERDADE, a HONESTIDADE e o AMOR da PÁTRIA, ao lado de extremas e sempre crescentes necessidades de AMPLIAÇÃO e MODERNIZAÇÃO de setores como: a GESTÃO PÚBLICA; a INFRAESTRUTURA (rodovias, ferrovias, hidrovias, portos, aeroportos); a EDUCAÇÃO; a SAÚDE; o SANEAMENTO AMBIENTAL (água tratada, esgoto tratado, resíduos sólidos tratados, macrodrenagem urbana, logística reversa); o MEIO AMBIENTE; a ASSISTÊNCIA SOCIAL; a PREVIDÊNCIA SOCIAL; a MORADIA; a MOBILIDADE URBANA (trânsito, transporte, acessibilidade); EMPREGO, TRABALHO e RENDA; SEGURANÇA ALIMENTAR e NUTRICIONAL; SEGURANÇA PÚBLICA; FORÇAS ARMADAS; POLÍCIA FEDERAL; DEFESA CIVIL; MINAS e ENERGIA; COMUNICAÇÕES; TURISMO; LOGÍSTICA; AGREGAÇÃO de VALOR às COMMODITIES; SISTEMA FINANCEIRO NACIONAL; CULTURA, ESPORTE e LAZER; PESQUISA e DESENVOLVIMENTO; CIÊNCIA, TECNOLOGIA e INOVAÇÃO; QUALIDADE (planejamento, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade, criatividade, produtividade, competitividade), entre outros...

São, e bem o sabemos, gigantescos desafios mas que, de maneira alguma, abatem o nosso ÂNIMO nem arrefecem o nosso ENTUSIASMO e OTIMISMO nesta grande cruzada nacional pela CIDADANIA E QUALIDADE, visando à construção de uma NAÇÃO verdadeiramente JUSTA, ÉTICA, EDUCADA, CIVILIZADA, QUALIFICADA, LIVRE, SOBERANA, DESENVOLVIDA e SOLIDÁRIA, que possa partilhar suas extraordinárias RIQUEZAS, OPORTUNIDADES e POTENCIALIDADES com TODAS as brasileiras e com TODOS os brasileiros, especialmente no horizonte de investimentos bilionários previstos e que contemplam eventos como a 27ª Jornada Mundial da Juventude no Rio de Janeiro em 2013; a Copa das Confederações de 2013; a Copa do Mundo de 2014; a Olimpíada de 2016; as obras do PAC e os projetos do PRÉ-SAL, segundo as exigências do século 21, da era da GLOBALIZAÇÃO, da INTERNACIONALIZAÇÃO das empresas, da INFORMAÇÃO, do CONHECIMENTO, da INOVAÇÃO, das NOVAS TECNOLOGIAS, da SUSTENTABILIDADE e de um possível e novo mundo da JUSTIÇA, da LIBERDADE, da IGUALDADE – e com EQUIDADE –, e da FRATERNIDADE universal...

Este é o nosso SONHO, o nosso AMOR, a nossa LUTA, a nossa FÉ, a nossa ESPERANÇA... e PERSEVERANÇA!...

O BRASIL TEM JEITO!...



quarta-feira, 1 de agosto de 2012

A CIDADANIA, A EDUCAÇÃO E UM TESOURO PARA NOSSOS FILHOS

(Agosto = Mês 38; Faltam 22 meses para a COPA DO MUNDO de 2014)

“O instinto animal

Alguns traduzem por “instinto animal” o que o economista inglês John Maynard Keynes na década de 30 descreveu como “animal spirit”, isto é, espírito animal. A tradução do termo original não importa muito, importa o que significa, e significa várias coisas: o gosto ou a capacidade pelo risco ao investir, por exemplo, quando se fala em empresários e economia. Neste artigo tomo a expressão como nossa capacidade geral de sentir, pressentir algo, e agir conforme. Isso se refere não só a indivíduos, mas a grupos, instituições, estados, governos. Sendo intuição e audácia, ele melhora se misturado com alguma prudência e sabedoria, para que o bolo não desande.

Não me parece muito apurado o espírito animal que, nas palavras de uma autoridade, declara que empregar 7% do PIB em educação (e 10% em mais alguns anos) vai “quebrar o país”. Educação não quebra nada: só constrói. Sendo bom esse instinto ou espírito, o fator educação terá de ser visto como o mais importante de todos. Aquele, sólido e ótimo, sem o qual não há crescimento, não há economia saudável, não há felicidade. Uso sem medo o termo “felicidade”, pois não me refiro a uma cômoda alienação e ignorância dos problemas, mas ao mínimo de harmonia interna pessoal, e com o mundo que nos rodeia. Não precisar ter angústias extremas com relação ao essencial para a nossa dignidade: moradia, alimentação, saúde, trabalho. Como base para tudo isso, educação. Educação pode consumir bem mais do que 7% do PIB sem quebrar coisa alguma, exceto a nossa miséria nascida da ignorância; nossas escolhas erradas nascida da desinformação; nossa má qualidade de vida; e a falta de visão quanto àquilo que temos direito de receber ou de conquistar, com a plena consciência que nasce da educação.

A verdadeira democracia só floresce no terreno da boa educação e ótima informação de seu povo. Pois não será governo de todos o comando dos poucos que estudam bem, os informados, levando pela argola do nariz de bicho domesticado milhões e milhões de seres humanos cegos, aflitos ou alienados, que não sabem, e que, se quiserem boa educação desde as bases na infância, correm o risco de ser acusados de querer quebrar o país.

Precisamos medir nossas palavras: cuidar do que dizemos, do que escrevemos, e também do que pensamos e não dizemos. Podem acusar quanto quiserem os empresários, os louros dos olhos azuis, as elites, os ricos, os intelectuais, não importa: mas não acusem de querer mal da nação aqueles que batalham pela mera sobrevivência ou por uma vida melhor, num orçamento que tenha a educação como prioridade. Pois não é certo que da treva sempre nasce a luz: dela brotam como flores fatídicas o sofrimento, a miséria, a subserviência. Na treva da ignorância nasce o atraso, de suas raízes se alimenta a pobreza em todos os sentidos, financeira, moral, intelectual. Uma educação bem cuidada e fomentada, com professores bem pagos, boas escolas desde a creche até a universidade, com orientação sadia e não ideológica, mas realmente cultural, aberta ao mundo e não isolacionista, grande e não rasa, promove crescimento, nos insere no chamado concerto das nações, e nos torna respeitados – nos faz incluídos, consultados, procurados.

Dirão que continuo repetitiva com esse tema: sou, e serei, porque acredito nisso. Precisamos ter cuidados pelos que nos governam: se nas relações pessoais amar é cuidar, na vida do país cuidar é nutrir não só o corpo e fortalecer condições materiais de vida, mas iluminar a mente. Para que a gente possa ter esperanças fundamentadas, emprego digno, salário compensador, morando e trabalhando num ambiente saudável, aprendendo a administrar nossos ganhos, poucos ou abundantes. Para não estarmos entre os últimos nas listas de povos mais ou menos educados e saudáveis, mas plenamente inseridos no mundo civilizado.

Parece utopia, aceito isso. Mas batalharei, com muitos outros, para que ela se transforme se transforme na nossa mais fundamental realidade: simples assim.”

(LYA LUFT, que é escritora, em artigo publicado na revista VEJA, edição 2278 – ano – nº 29, de 18 de julho de 2012, página 20).

Mais uma IMPORTANTE, PEDAGÓGICA e OPORTUNA contribuição para o nosso trabalho de MOBILIZAÇÃO PARA A CIDADANIA E QUALIDADE vem de artigo publicado no mesmo veículo, edição, ano, número e data, páginas 92 e 93, de autoria de GUSTAVO IOSCHPE, que é economista, e merece igualmente INTEGRAL transcrição:

“O que você faria pelos seus filhos?

Em um experimento que virou clássico, o psicólogo Walter Mischel criou o seguinte cenário na Universidade Stanford no fim dos anos 60: crianças de 4 anos de idade foram colocadas em uma sala pequena, que continha um marshmallow em uma mesa. O pesquisador explicava à criança que ele teria de sair, deixando-a sozinha na sala. Se, quando ele voltasse, a criança tivesse resistido à tentação de comer o doce, ela ganharia mais um marshmallow. Se capitulasse e o comesse, não ganharia mais nada. Anos depois do experimento, Mischel foi acompanhando informalmente o progresso daquelas crianças e notou que havia uma correlação entre o tempo que elas conseguiram esperar antes de comer o marshmallow e vários indicadores de bem-estar. Quase vinte anos depois do estudo original, Mischel e colegas mediram objetiva e cuidadosamente suas características, e os resultados foram surpreendentes: vários dos atributos mais importantes para seu sucesso podiam ser previstos pelo tempo a que resistiram ao marshmallow aos 4 anos de idade. Uso de drogas, peso corporal e até os resultados no SAT, o vestibular americano, estavam significativamente associados ao autocontrole demonstrado diante das guloseimas. A capacidade de sacrificar um pequeno ganho presente (comer um doce) pela possibilidade de um ganho maior no futuro (dois doces) se relacionava com o bem-estar em dimensões bem mais sérias ao longo de toda a vida.

Países são mais complexos que pessoas, e o estado de um país não é igual a uma simples soma dos atributos de seus habitantes. Mas creio que a diferença entre o todo e a soma de suas partes também não pode ser muito diferente, especialmente se esse país é uma democracia. E quero postular aqui que grande parte dos problemas que o Brasil enfrenta se deve à nossa incapacidade de fazer essas trocas intertemporais, de aceitar sacrifícios presentes para colher ganhos futuros. A tese não é original – Eduardo Giannetti já a traçou com mais brilhantismo e sutileza em seu livro O Valor do Amanhã –, mas me parece merecer mais atenção do que a que lhe é costumeiramente devotada.

Se tivesse de fazer um resumo grosseiro do que é o processo de desenvolvimento econômico, diria que depende de pessoas, dinheiro e instituições. Quando falo de pessoas, quero dizer produtividade, já que as outras variáveis – como o número de horas trabalhadas ou a fatia de pessoas empregadas – podem rapidamente bater em um limite intransponível, enquanto a produtividade pode aumentar indefinidamente. E ela está relacionada diretamente relacionada à educação. No quesito dinheiro (capital), a variável mais importante é a taxa de poupança. Que, grosso modo, determina aquilo que os agentes econômicos poderão investir. Sem investimento não há crescimento. Por instituições, entenda-se o arcabouço jurídico que garante estabilidade e previsibilidade a empreendedores e trabalhadores, especialmente no que tange à proteção da propriedade. Desses três fatores, só as instituições não são, direta e indiretamente, fruto de trocas intergerenciais. Fazer poupança e criar um bom sistema educacional são atividades em que o sacrifício dos pais está umbilicalmente atrelado ao bem-estar dos filhos. E creio que não é por acaso que o Brasil fracassa em ambas. Temos não apenas um dos piores sistemas educacionais do planeta como também uma taxa de poupança historicamente baixa (de 18% do PIB em 2010, contra 52% na China, 32% na Índia, 34% na Indonésia, 32% na Coreia do Sul, 24% no México e uma média de 30% nos países de renda média, como o Brasil, segundo dados do Banco Mundial). Esqueça o pré-sal: não estamos conseguindo acumular o combustível que realmente importa para impulsionar nosso desenvolvimento.

Esses dados são costumeiramente expostos nas páginas de jornais e revistas, e a análise que sempre os acompanha, tanto no caso da poupança quanto do ensino, é que é tudo culpa do governo. Que não planeja o longo prazo, que não controla gastos, que é corrupto e perdulário. Tudo isso é verdade, mas nosso governo não é um ente exógeno que chegou do espaço sideral para meter a mãos em nossos impostos: nós o colocamos lá. E, apesar de ser doloroso reconhecê-lo, as ações dos políticos espelham as nossas.

Olhe para a nossa vida privada. Literalmente, desde o seu nascimento o brasileiro sai em desvantagem, pela impaciência de mães e médicos: nossa taxa de partos por cesariana (44% em 2011) é a mais alta do mundo, segundo a Unicef. A incapacidade de se controlar está chegando também à nossa cintura: logo que as famílias saíram da pobreza e passaram a poder consumir um pouco, o perfil nutricional do brasileiro passou de subnutrição diretamente para o sobrepeso. Entre 1989 e 2009, a obesidade infantil mais do que quadruplicou. Hoje, um de cada seis meninos de 5 a 9 anos de idade é obeso. Segundo o Ministério da Saúde, 49% dos brasileiros têm sobrepeso.

Quando falamos de escolas, a indisposição do brasileiro para sacrifícios é ainda mais aparente. Em Xangai, fui visitar a família de um aluno humilde escolhido aleatoriamente e vi algo que imagino ser raríssimo no Brasil: no modesto quatro e sala da família, os pais dormiam em um apertado sofá-cama na minúscula sala ao lado da cozinha, enquanto o filho tinha o quarto espaçoso para si. A prioridade era o estudo do filho.

Quando você leu o título deste artigo, provavelmente respondeu a si mesmo: “Eu faria de tudo pelo meu filho”. Mas, se você for um brasileiro normal, a resposta terá sido: “Tudo, desde que não atrapalhe o meu estilo de vida”. Você topa trabalhar duro para pagar uma boa escola, e acha que por isso mesmo é que a escola não deve exigir de você que se envolva com os estudos do filho quando chegar em casa cansado, à noite. Várias vezes eu vi pais carregando filhos pequenos chorosos em restaurantes em horários em que estes deveriam estar dormindo. Há dois meses, usando a mesma lógica do “não tinha com quem deixar a criança”, um sujeito levou o filho de 8 anos para explodir e roubar um caixa eletrônico. Já ouvi muito pai querendo colocar o filho em escola perto de casa – raramente encontro gente se mudando para deixar o filho mais próximo de escola boa. Entre poupar para dar uma segurança aos seus filhos e comprar uma geladeira nova, você opta pela geladeira. Mesmo que nem tenha o dinheiro e se comprometa com prestações a perder de vista. Entre renegociar uma Previdência impagável e empurrar o problema com a barriga, escolhemos o segundo. E, quando a nossa responsabilidade cobra a fatura, queremos que o governo segure nossas pontas. O livro A Cabeça do Brasileiro mostra que 83% de nós concordamos que o governo deve socorrer empresas falimentares. Inacreditáveis 70% gostariam que o governo controlasse os preços de todos os produtos do país. Queremos o retorno garantido, sem topar correr os riscos. Queremos desfrutar tudo aquilo que os países ricos têm, sem termos de trabalhar o que eles trabalharam para chegar lá. Queremos um futuro glorioso, desde que isso não signifique sacrificar nada do presente. Essa conta não fecha. Jamais fechará.

Antes de exigir dos outros que melhorem nossas escolas, hospitais ou estradas, vamos precisar olhar para nós mesmos e decidir se estamos dispostos a pagar, com sacrifícios no presente, o preço e ser o país do futuro. Ou se continuaremos a ser a eterna promessa, que comeu o doce da mesa assim que o adulto saiu da sala.”

Eis, portanto, mais IMPORTANTES, PEDAGÓGICAS e OPORTUNAS abordagens e REFLEXÕES que acenam, em meio à MAIOR crise de LIDERANÇA de nossa HISTÓRIA – que é de MORAL, de ÉTICA, de PRINCÍPIOS, de VALORES –, para a IMPERIOSA e URGENTE necessidade de PROFUNDAS MUDANÇAS em nossas estruturas EDUCACIONAIS, GOVERNAMENTAIS, JURÍDICAS, POLÍTICAS, SOCIAIS, CULTURAIS, ECONÔMICAS, FINANCEIRAS e AMBIENTAIS, de modo a promovermos a inserção do PAÍS no concerto das POTÊNCIAS mundiais CIVILIZADAS, LIVRES, SOBERANAS, DEMOCRÁTICAS e SUSTENTAVELMENTE DESENVOLDIDAS...

Assim, URGE ainda a efetiva PROBLEMATIZAÇÃO de questões deveras CRUCIAIS como:

a) a EDUCAÇÃO – UNIVERSAL e de QUALIDADE, desde a EDUCAÇÃO INFANTIL (0 a 3 anos, em creches; 4 e 5 anos, em pré-escolas) – e com o imperativo da modernidade de MATRICULARMOS nossas crianças de 6 anos na 1ª série do ENSINO FUNDAMENTAL, independentemente do mês de NASCIMENTO –, como PRIORIDADE ABSOLUTA de nossas POLÍTICAS PÚBLICAS;

b) o COMBATE, implacável e sem TRÉGUA, aos três dos nossos MAIORES e mais DEVASTADORES inimigos que são: I – a INFLAÇÃO, a exigir PERMANENTE e DIUTURNA vigilância, de forma a manter-se em patamares CIVILICADOS; II – a CORRUPÇÃO, como um CÂNCER a se espalhar por TODAS as esferas da vida NACIONAL, gerando INCALCULÁVEIS prejuízos e comprometimentos de variada ordem; III – o DESPERDÍCIO, em TODAS as suas MODALIDADES, também a ocasionar INESTIMÁVEIS perdas e danos, inexoravelmente IRREPARÁVEIS;

c) a DÍVIDA PÚBLICA BRASILEIRA, com projeção para 2012, segundo o ORÇAMENTO GERAL da UNIÃO, de ASTRÔMICO e INTOLERÁVEL desembolso da ordem de R$ 1 TRILHÃO, a título de JUROS, ENCARGOS, AMORTIZAÇÕES e REFINANCIAMENTO, a exigir igualmente uma IMEDIATA, ABRANGENTE, QUALIFICA e eficaz AUDITORIA...

Isto posto, torna-se absolutamente INÚTIL lamentarmos a FALTA de RECURSOS diante de tanta SANGRIA, que DILAPIDA nosso já frágil DINHEIRO PÚBLICO, MINA a nossa capacidade INVESTIMENTO e de POUPANÇA e, mais grave ainda, AFETA a confiança em nossas INSTITUIÇÕES, negligenciando a JUSTIÇA, a VERDADE, a HONESTIDADE e o AMOR da PÁTRIA, ao lado de extremas e sempre crescentes DEMANDAS, NECESSIDADES, CARÊNCIAS e DEFICIÊNCIAS, o que aumenta o colossal ABISMO das desigualdades SOCIAIS e REGIONAIS e nos afasta mais do seleto grupos dos SUSTENTAVELMENTE DESENVOLVIDOS...

Sabemos, e bem, que são GIGANTESCOS DESAFIOS mas que, de maneira alguma, ABATEM o nosso ÂNIMO nem ARREFECEM o nosso ENTUSIASMO e OTIMISMO nesta grande CRUZADA NACIONAL pela CIDADANIA E QUALIDADE, visando à construção de uma NAÇÃO verdadeiramente JUSTA, ÉTICA, EDUCADA, QUALIFICADA, CIVILIZADA, LIVRE, SOBERANA, DEMOCRÁTICA e SOLIDÁRIA, que possa PARTILHAR suas EXTRAORDINÁRIAS e abundantes RIQUEZAS, OPORTUNIDADES e POTENCIALIDADES com TODAS as BRASILEIRAS e com TODOS os BRASILEIROS, especialmente no horizonte de INVESTIMENTOS BILIONÁRIOS previstos e que contemplam EVENTOS como a 27ª JORNADA MUNDIAL DA JUVENTUDE no RIO DE JANEIRO em 2013; a COPA DAS CONFEDERAÇÕES de 2013; a COPA DO MUNDO de 2014; a OLIMPÍADA de 2016; as OBRAS do PAC e os projetos do PRÉ-SAL, segundo as exigências do SÉCULO 21, da era da GLOBALIZAÇÃO, da INTERNACIONALIZAÇÃO das empresas, da INFORMAÇÃO, do CONHECIMENTO, da INOVAÇÃO, da SUSTENTABILIDADE e de um POSSÍVEL e NOVO mundo da JUSTIÇA, da PAZ, da LIBERDADE, da IGUALDADE – e com EQUIDADE –, e da FRATERNIDADE UNIVERSAL...

Este é o nosso SONHO, o nosso AMOR, a nossa LUTA, a nossa FÉ, a nossa ESPERANÇA... e PERSEVERANÇA!...

O BRASIL TEM JEITO!...