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sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

A CIDADANIA E A DOR QUE NÃO ESPERA

“[...] 4. Subjetividade e projeto antropogenético

Para ser cidadão é preciso participar. E para participar é preciso que haja motivação. A grande motivação para participar da cidadania é a proposta de projeto histórico que responda às necessidades vitais da sociedade, como emprego, salário suficiente, moradia, educação, saúde, alimentação, segurança e dignidade. O projeto deve ser antropogenético para que a evolução ascendente do ser humano seja colocada como eixo da cidadania. Sacrificar as necessidades humanas para resguardar interesses econômicos e grupalistas é antiantropológico.”
(Pe. JUVENAL ARDUINI – In artigo O QUE É PRECISO PARA SER CIDADÃO? – Revista VIDA PASTORAL – Julho-Agosto de 1994, página 7).

Mais uma contribuição para o nosso trabalho de MOBILIZAÇÃO PARA A CIDADANIA E QUALIDADE vem de artigo publicado no Jornal ESTADO DE MINAS, edição de 25 de janeiro de 2010, Caderno AGROPECUÁRIO, página 2, de autoria de MARA LUIZA GONÇALVES FREITAS, Coordenadora e professora do curso de Administração da AJES – Faculdades de Ciências Contábeis e Administração do Vale do Juruena (MT), que merece INTEGRAL transcrição:

“Uma dor que não espera

Em tempos da 15ª Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas (COP-15), realizada em dezembro de 2009, na cidade de Copenhague (Dinamarca), é preciso discutir a mazela que conduz ao desequilíbrio ambiental: a fome.

Para quem tem fome, no seu estado crônico, não há razões muito fortes e consistentes para respeitar o meio ambiente e nem tampouco se preocupar com o aquecimento global. A dor da fome não espera e mata, frente aos anseios de longa data de nações de todo o mundo, que buscam medidas para reduzir gases e o efeito estufa na atmosfera, no médio prazo.

Todo dia, 1,020 bilhão de seres humanos, ou seja, um sexto da humanidade, ou seja, um sexto da humanidade, dorme com fome, conforme dados do ano passado da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO). Deste total, 53 milhões de pessoas vivem na América Latina e Caribe, sendo que o Índice Global de Fome elaborado pela FAO (dados de 2009) aponta o Brasil com 5% da sua população nessa condição. São números que crescem numa velocidade muito mais rápida do que a elevação da temperatura do planeta.

A questão ambiental é uma pauta relevante e que depende de uma esforço coletivo dos governos, porque se a temperatura do planeta aumentar demais, a raça humana, assim como todo o resto, estará comprometida. Contudo, é preciso compreender que na dinâmica das relações internacionais, o que importa é a sobrevivência do Estado, portanto, no curtíssimo prazo, a questão do meio ambiente não passará de um foro diplomático, que demanda articulação institucional e muito esforço de negociação para a construção de um consenso.

A cúpula de Copenhague (COP-15) falhou, infelizmente, sinal de que as costuras em prol da mitigação do efeito estufa podem demorar tanto quanto as negociações da Rodada de Doha ou ainda, poderão não sair do papel. O Brasil, desde que sediou a ECO-92, já vem cumprindo o seu dever de casa na área ambiental: temos uma das melhores legislações do mundo nesse campo e, de forma gradativa, ampliamos o cumprimento da Agenda 21. Nesse sentido, pode-se dizer que o país tem condições, no curtíssimo prazo, de zelar pelo atendimento das necessidades básicas de seus cidadãos, cumprindo o disposto na Constituição Federal.

Os 5% da população brasileira que dormem com fome diariamente representam 9,195 milhões de cidadãos, que não têm acesso a um prato e comida, ao menos, por dia. Isso é desesperador, considerando-se que o Brasil detém a maior capacidade de produção de alimentos no mundo.

Enquanto essa vergonhosa mazela fizer parte do nosso cotidiano, o meio ambiente estará em xeque, por a sustentabilidade ambiental não se faz sem levar em conta o bem-estar humano. Sustentabilidade, de acordo com Organização das Nações Unidas (ONU) é um conceito sistêmico que reúne as vertentes econômica, social, ambiental, cultural e político-institucional. Logo, se uma delas estiver fragilizada, o conceito inexiste, na prática. A fome é uma decorrência da fragilidade das vertentes econômica e social e que gera na sua retaguarda a prostituição, especialmente a infantil, o tráfico de drogas, de armas, de seres humanos e de animais, a depredação ambiental e conflitos armados.

Quem não tem acesso a alimentos, todos os dias, não tem dignidade, nem, tampouco, “cabeça” para imaginar se as calotas polares da Antártica vão derreter, se preocupar com quantas espécies de pinguins serão extintas ou quantos países vão desaparecer por causa da elevação do nível do mar. Quem tem fome, todo dia, caminha em doses homeopáticas para os braços da morte. Este é um retrato triste que o Brasil precisava parar de pintar na sua história cotidiana, porque compromete qualquer ideal de desenvolvimento no médio e longo prazos. Acabar com a fome em nosso território é fundamental para o crescimento do país e para o maior comprometimento da nossa nação com as questões do meio ambiente. É uma condição sine qua non.

É preciso, finalizando, ponderarmos sobre um modelo de desenvolvimento que privilegie a liberdade e que garanta o atendimento real dos dispositivos constitucionais, entre eles, e, sobretudo, o acesso cotidiano à alimentos. Dizendo um não em caráter sumário a fome, o país poderia respirar a real liberdade proporcionada pela sustentabilidade, que faz de cada homem, mulher e criança, seres mais dignos e felizes. Quem está saciado, tem energia para o trabalho e para a geração de riquezas e prosperidade. Provaríamos da real democracia, já que todos os cidadãos do país poderiam ser realmente chamados de cidadãos. Esta deveria ser a ambição do Estado Brasileiro a partir da nova década que chega.”

Mais do que objetivo fundamental previsto na Constituição Federal, erradicar essa “dor que não espera” constitui MISSÃO que está entranhada nessa grande CRUZADA NACIONAL pela CIDADANIA e QUALIDADE que visa, com todo ARDOR, a construção de uma NAÇÃO verdadeiramente JUSTA, ÉTICA, LIVRE, SUSTENTAVELMENTE DESENVOLVIDA e SOLIDÁRIA, que possa PARTILHAR as suas EXTRAORDINÁRIAS RIQUEZAS com TODOS os BRASILEIROS e com TODAS as BRASILEIRAS, em conformidade com as exigências do SÉCULO XXI, da era da INFORMAÇÃO, do CONHECIMENTO, das NOVAS TECNOLOGIAS e da FRATERNIDADE MUNDIAL.

Este é o nosso SONHO, a nossa LUTA, a nossa ESPERNÇA ...

O BRASIL TEM JEITO!...