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segunda-feira, 4 de setembro de 2017

A EXCELÊNCIA EDUCACIONAL, AS EXIGÊNCIAS DO DOMÍNIO DE LER, VER E OUVIR E A LUZ DA TRANSFIGURAÇÃO NA SUSTENTABILIDADE

“Sobra texto, falta entendimento!
        A convulsão no cenário político brasileiro e mundial, o questionamento sobre a assertividade das nossas escolhas e o atual sentimento de impotência são sintomas de uma sociedade ávida por acertar sem refletir, sem interpretar. Tenho escutado a recorrente afirmativa de que o brasileiro não sabe votar. Será que os problemas políticos são exclusivos dos brasileiros? Será que americanos, franceses, russos e outros povos também não estão passando por crises ideológicas e éticas? O que estamos assistindo revela que a falta de reflexão não é exclusividade de estudantes ou de brasileiros, mas sim um fenômeno mundial, em que as soluções ganham importância, em detrimento dos processos que as motivam. O mundo tem imposto que sejamos rápidos para julgar, que recorramos apenas às aparências, passando-nos uma frágil impressão de confiança em nossas habilidades e, assim, tentando só acertar, nunca erramos tanto!
         Recentemente, o governo publicou a Base Curricular Comum, indicando um conjunto de aprendizagens essenciais a ser considerado na definição dos currículos de cada ano da educação infantil e fundamental. Esse documento é pautado na construção de habilidades e competências, apresentando a necessidade de contextualização das situações cotidianas para dar sentido ao ensino e, ao mesmo tempo, conectá-lo à realidade. Com isso, o aluno mobiliza o conhecimento, aplicando-o na tomada de decisões pertinentes.
         É preocupante verificar que o avanço da proposta do ensino por competência, que aponta uma nova visão no processo educacional, já adotada por escolas modernas há mais de uma década, não tem contribuído o bastante para melhorar o desempenho dos alunos. Em alguns casos, tem inclusive aumentado o desafio, porque a nova proposta está focada na contextualização de conteúdos, exigindo maior esforço nas atividades de interpretação e compreensão textuais.
         A pressa por boas performances tem causado escolhas precoces e o atropelo de ações fundamentais para a evolução da consciência social – análise e entendimento de fatos relacionados à experiência humana. Os alunos fazem suas atividades escolares cada vez com mais rapidez, concentrados, unicamente, na busca de respostas.
         A sociedade atual prima pelo imediatismo dessas respostas. Em momentos em que se exigem breves soluções, nossas decisões está sendo tomadas urgentemente. Dessa forma, os processos são constituídos sem o devido amadurecimento de etapas e, por mais que educadores e família façam um trabalho com as crianças de incentivo à leitura, isso não tem bastado.
         É preciso entender que o que se ê, se ouve é fundamental para promover escolhas mais assertivas. Planejamento e estratégias não são perda de tempo, são exercício de maturação.
         Contudo, espero que o momento pelo qual atravessamos surta efeitos positivos, não apenas para as questões da política e da ética, mas também para a melhoria da qualidade das demandas direcionadas aos nossos jovens. Que sejam proporcionadas a eles experiências reais e tempos possíveis de construção do saber e de decisões baseadas na leitura de sua história e do mundo.
         Textos e contextos, temos de sobra, o que precisamos é interpretá-los! E, parafraseando um admirado tio: “Hoje em dia, a compreensão está valendo mais a pena que o acerto!”.”.

(SÉRGIO PORFÍRIO. Diretor de ensino do Colégio Magnum Buritis, em artigo publicado no jornal ESTADO DE MINAS, edição de 8 de junho de 2017, caderno OPINIÃO, página 7).

Mais uma importante e oportuna contribuição para o nosso trabalho de Mobilização para a Excelência Educacional vem de artigo publicado no mesmo veículo, edição de 11 de agosto de 2017, mesmo caderno e página, de autoria de DOM WALMOR OLIVEIRA DE AZEVEDO, arcebispo metropolitano de Belo Horizonte, e que merece igualmente integral transcrição:

“Transfigurar e não desfigurar
        É crescente a ladainha de murmurações que aponta para o declínio ético-moral e suas terríveis consequências na sociedade brasileira. Constatar essas decadências, em um quadro de análises pertinente, com o propósito de buscar saídas e soluções, é uma necessidade urgente. Mas isso pouco ajuda quando os lamentos colorem de modo cinzento e triste a marcha cotidiana da sociedade. A chama da esperança se apaga, mata-se a vida, a baixa autoestima toma conta do povo, que perde a capacidade de reagir, importante fator para sair da crise.
         Um processo avassalador que compromete a cidadania e atrasa ainda mais a indicação de soluções e novas respostas. O que se vê, infelizmente, é o deprimente jogo da compra de influências com dinheiro de origem duvidosa, tornando ainda mais submissos aqueles que já não têm credibilidade e força moral. Os projetos e as propostas, até as que tratam das inadiáveis reformas, quando pensados sob a lógica estreita da mesquinharia surgem acompanhados de suspeitas, pois parecem manter a mesma dinâmica: desconsiderar os mais pobres e manter privilégios. Assim, perdem a força para sustentar uma sociedade justa e fraterna.
         Aqueles que deveriam representar o povo se deixam seduzir pelo dinheiro, submetendo-se cegamente a esquemas e propósitos contrários ao bem comum. Negociam os interesses de uma nação inteira, a exemplo da passagem bíblica sobre a venda de José do Egito, como escravo, por seus irmãos. Sem piedade, defendem, votam e adotam procedimentos e legislações que não corrigem os descompassos. Contrariam o que deveria ser o compromisso de quem representa o povo, inviabilizando as dinâmicas de uma cultura que possibilite a construção de um Brasil novo e diferente. Somente uma nação que preze a civilidade, o equilíbrio e seja capaz de superar os descalabros da corrupção e a violência, absurdamente crescente.
         Mas o processo vicioso é que vem conduzindo a sociedade à interminável ladainha de lamentos e a reações inconsistentes, sem a força inventiva e sem o altruísmo necessários ao surgimento de iniciativas grandes e pequenas, nos âmbitos privados e públicos, com força para dar novos rumos ao Brasil. Desse modo, instala-se um clima do “salve-se quem puder”, que alimenta conflitos, exercícios governamentais medíocres, desempenhos norteados exclusivamente por interesses próprios.
         A reação necessária com força para deter os abusos de poder, os golpes, o cala-boca imposto à sociedade por medidas e funcionamentos inadequados à necessária correção de rumos, é muito mais exigente do que apenas garantir eleições. As respostas e saídas para as estruturantes correções que precisam ser feitas estão muito além de quaisquer índices da economia e sua desejada retomada, ou da simples substituição de nomes e cadeiras nos governos e nas casas legislativas. Nada disso tem a força transformadora que a sociedade brasileira precisa.
         As soluções apontadas até agora, as saídas encaminhadas, as prospecções realizadas não apresentarão os resultados desejados enquanto cada cidadão não compreender que as grandes modificações e transformações devem começar na consciência de cada um. As pessoas pedem mudanças, mas não querem mudar. É preciso recordar a fonte de referência anterior aos interesses e seduções que submetem a pessoa ao dinheiro, ao egoísmo e à ganância. Urge chamar a atenção de todos para que compreendam o sentido profundo de sua origem e de seu destino, ou seja: o coração de Deus. Do Criador, o ser humano é imagem e semelhança. A semente de cada indivíduo é divina, de Deus se recebe o dom de viver.
         Por Deus se entra na experiência humana da vida com o desafio de transfigurar o humano, adquirindo as feições amorosas e ternas do Deus da vida. Vive-se para transfigurar o humano, dando a ele, nos gestos, palavras e atitudes, a expressão própria do glorioso e luminoso que está no Divino, de onde se vem e para onde se vai. Um entendimento na contramão da desfiguração crescente e decadente do humano, que reflete no rol das violências, dos roubos, das indiferenças, das incompetências configuradas na administração de processos, em que medíocres comandam, mesquinhos se agarram a lugares, obscurecidos continuam acomodados em sua nulidade, interesseiros e amigos do dinheiro não enxergam novos caminhos.
         Assim, a clareza da própria origem divina, com o exercício permanente da consciência afetiva de que Deus é a referência insubstituível para a modulação ético-moral do próprio coração, configurando atitudes cidadãs, é o único ponto de partida possível, caminho e horizonte para transfigurar o ser humano. Quaisquer outras opções resultarão na perda da única fonte inesgotável do amor verdadeiro, no distanciamento do sustento que, em graça e consciência, garante o cumprimento, pelo ser humano, da tarefa de divinizar-se no amor de Deus. Esse é o único caminho para se transfigurar e não se desfigurar.”.

Eis, portanto, mais páginas contendo importantes, incisivas e oportunas abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança de nossa história – que é de ética, de moral, de princípios, de valores –, para a imperiosa e urgente necessidade de profundas mudanças em nossas estruturas educacionais, governamentais, jurídicas, políticas, sociais, culturais, econômicas, financeiras e ambientais, de modo a promovermos a inserção do País no concerto das potências mundiais livres, civilizadas, soberanas, democráticas e sustentavelmente desenvolvidas...

Assim, urge ainda a efetiva problematização de questões deveras cruciais como:
a)     a excelência educacional – pleno desenvolvimento da pessoa, da cidadania e da qualificação profissional –, desde a educação infantil (0 a 3 anos de idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo da modernidade de matricularmos nossas crianças de 6 anos de idade na primeira série do ensino fundamental, independentemente do mês de seu nascimento –, até a pós-graduação (especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade absoluta de nossas políticas públicas, gerando o pleno desenvolvimento da pessoa, da cidadania e da qualificação profissional (enfim, 125 anos depois, a República proclama o que esperamos seja verdadeiramente o início de uma revolução educacional, mobilizando de maneira incondicional todas as forças vivas do país, para a realização da nova pátria; a pátria da educação, da ética, da justiça, da liberdade, da civilidade, da democracia, da participação, da solidariedade, da sustentabilidade...);
b)    o combate implacável, sem eufemismos e sem tréguas, aos três dos nossos maiores e mais devastadores inimigos que são: I – a inflação, a exigir permanente, competente e diuturna vigilância, de forma a manter-se em patamares civilizados, ou seja, próximos de zero (segundo dados do Banco Central, a taxa de juros do cartão de crédito atingiu em julho/2017 a ainda estratosférica marca de 399,05% nos últimos  doze meses, e a taxa de juros do cheque especial registrou históricos 321,30%; e já o IPCA também no acumulado dos últimos doze meses chegou a 2,71%); II – a corrupção, há séculos, na mais perversa promiscuidade  –  “dinheiro público versus interesses privados” –, como um câncer a se espalhar por todas as esferas da vida nacional, gerando incalculáveis e irreversíveis prejuízos, perdas e comprometimentos de vária ordem (a propósito, a lúcida observação do procurador chefe da força-tarefa da Operação Lava Jato, Deltan Dallagnol: “A Lava Jato ela trata hoje de um tumor, de um caso específico de corrupção, mas o problema é que o sistema é cancerígeno...” – e que vem mostrando também o seu caráter transnacional;  eis, portanto, que todos os valores que vão sendo apresentados aos borbotões, são apenas simbólicos, pois em nossos 516 anos já se formou um verdadeiro oceano de suborno, propina, fraudes, desvios, malversação, saque, rapina e dilapidação do nosso patrimônio... Então, a corrupção mata, e, assim, é crime...); III – o desperdício, em todas as suas modalidades, também a ocasionar inestimáveis perdas e danos, indubitavelmente irreparáveis (por exemplo, segundo Lucas Massari, no artigo ‘O Desperdício na Logística Brasileira’, a “... Desconfiança das empresas e das famílias é grande. Todos os anos, cerca de R$ 1 trilhão, é desperdiçado no Brasil. Quase nada está imune à perda. Uma lista sem fim de problemas tem levado esses recursos e muito mais. De cada R$ 100 produzidos, quase R$ 25 somem em meio à ineficiência do Estado e do setor privado, a falhas de logística e de infraestrutura, ao excesso de burocracia, ao descaso, à corrupção e à falta de planejamento...”;
c)     a dívida pública brasileira - (interna e externa; federal, estadual, distrital e municipal) –, com previsão para 2017, apenas segundo o Orçamento Geral da União, de exorbitante e insuportável desembolso de cerca de R$ 1,722 trilhão, a título de juros, encargos, amortização e refinanciamentos (ao menos com esta rubrica, previsão de R$ 946,4 bilhões), a exigir alguns fundamentos da sabedoria grega:
- pagar, sim, até o último centavo;
- rigorosamente, não pagar com o pão do povo;
- realizar uma IMEDIATA, abrangente, qualificada, independente e eficaz auditoria... (ver também www.auditoriacidada.org.br)
(e ainda a propósito, no artigo Melancolia, Vinicius Torres Freire, diz: “... Não será possível conter a presente degradação econômica sem pelo menos, mínimo do mínimo, controle da ruína das contas do governo: o aumento sem limite da dívida pública...”).

Isto posto, torna-se absolutamente inútil lamentarmos a falta de recursos diante de tão descomunal sangria que dilapida o nosso já combalido dinheiro público, mina a nossa capacidade de investimento e de poupança e, mais grave ainda, afeta a credibilidade de nossas instituições, negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à pátria, ao lado de abissais desigualdades sociais e regionais e de extremas e sempre crescentes necessidades de ampliação e modernização de setores como: a gestão pública; a infraestrutura (rodovias, ferrovias, hidrovias, portos, aeroportos); a educação; a saúde; o saneamento ambiental (água tratada, esgoto tratado, resíduos sólidos tratados, macrodrenagem urbana, logística reversa); meio ambiente; habitação; mobilidade urbana (trânsito, transporte, acessibilidade); minas e energia; emprego, trabalho e renda; agregação de valor às commodities; sistema financeiro nacional; assistência social; previdência social; segurança alimentar e nutricional; segurança pública; forças armadas; polícia federal; defesa civil; logística; pesquisa e desenvolvimento; ciência, tecnologia e inovação; cultura, esporte e lazer; turismo; comunicações; qualidade (planejamento – estratégico, tático e operacional –, transparência, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade – “fazer mais e melhor, com menos” –, criatividade, produtividade, competitividade); entre outros...

São, e bem o sabemos, gigantescos desafios mas que, de maneira alguma, abatem o nosso ânimo e nem arrefecem o nosso entusiasmo e otimismo nesta grande cruzada nacional pela excelência educacional, visando à construção de uma Nação verdadeiramente participativa, justa, ética, educada, civilizada, qualificada, livre, soberana, democrática, solidária e desenvolvida, que possa partilhar suas extraordinárias e generosas riquezas, oportunidades e potencialidades com todas as brasileiras e com todos os brasileiros. Ainda mais especialmente no horizonte de investimentos bilionários previstos em inadiáveis e fundamentais empreendimentos de infraestrutura, além de projetos do Pré-Sal e de novas fontes energéticas, à luz das exigências do século 21, da era da globalização, da internacionalização das organizações, da informação, do conhecimento, da inovação, das novas tecnologias, da sustentabilidade e de um possível e novo mundo do direito, da justiça, da verdade, do diálogo, da liberdade, da paz, da solidariedade, da igualdade – e com equidade –, e da fraternidade universal...

Este é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a nossa fé, a nossa esperança... e perseverança!

“VI, OUVI E VIVI: O BRASIL TEM JEITO!”

- 55 anos de testemunho de um servidor público (1961 – 2016) ...

- Estamos nos descobrindo através da Excelência Educacional ...
- ANTICORRUPÇÃO: Prevenir e vencer, usando nossas defesas democráticas...
- Por uma Nova Política Brasileira...  
        


        

  

segunda-feira, 31 de julho de 2017

A EXCELÊNCIA EDUCACIONAL, OS FUNDAMENTOS DOS VALORES HUMANOS E OS DESAFIOS DA MATRIZ ENERGÉTICA NA SUSTENTABILIDADE

“Os valores para crescer
        Ao passar pelo pátio do colégio, quando algumas crianças lanchavam descontraídas no período do intervalo, fui pego de surpresa pela fala de um aluno. Ele veio em minha direção e disse: “Sérgio, sabe o que eu vou ser quando crescer?”. Antes que eu falasse algo, prosseguiu: “Um político honesto para acabar com a corrupção”. Não aguardando nenhuma aprovação ou reação, saiu em disparada voltando para o grupo de colegas que organizava uma brincadeira.
         Esta cena não me abandonou! Recordei que muitas vezes eu e alguns colegas éramos indagados sobre o que seríamos quando nos tornássemos adultos. Indagação que, para mim, sempre foi invasiva, quase uma intimação. Lembro-me de alguns respondendo que queriam ser advogados, outros, professores, médicos e até caixas de banco para ter muito dinheiro – coisas de crianças. Ideais que perpassam pela fantasia infantil e pelos desejos de autorrealização do pai ou mãe ou espelhados por alguém de referência. Só não me recordo se havia alguém que queria ser político, não nesses termos, muito menos para acabar com a corrupção. Talvez, naquele tempo, para a maioria das pessoas e, principalmente para as crianças, a política era algo distante e difícil de compreender e os políticos seres intocáveis, que conheciam tudo e sabiam o que fazer.
         Com o passar do tempo, evoluem-se os conceitos e com eles as atitudes. Nessa esteira, as experiências e vivências escolares devem privilegiar a descoberta de talentos e criar condições para o aluno construir seu próprio caminho. Os projetos de orientação profissional, desenvolvidos para os adolescentes em algumas instituições de ensino, contribuem para uma visão da dinâmica de mercado referente à oferta e demanda de mão de obra. Porém, importante lembrar que, há 20 anos, mais da metade das profissões e especialidades atuais não existiam, o que sugere que estamos educando sujeitos para exercerem também algumas profissões que existirão somente num futuro distante, preparando-os para solução de problemas dos quais não temos a mínima ideia. Dessa forma, o adjetivo “honesto” atrelado pelo aluno ao cargo de político é o grande sinalizador do trabalho a desenvolver e do cuidado que devemos ter com nossas crianças. Profissões, cargos e funções se modificam e se extinguem, apenas não nos podem escapar os valores humanos e éticos.
         Torna-se necessário, a cada dia, avançar na relação com os educandos. Muita coisa mudou nesses últimos anos e uma que merece atenção é o abandono da concepção que subestimava a capacidade intelectual das crianças, sendo substituída pela certeza de que elas são dotadas de conhecimento, de sabedoria, e que esse saber infantil precisa ser escutado e respeitado. Diferentemente dos discursos morais ou acadêmicos usados por nós adultos, a criança, por muito tempo tratada como uma tela em branco à espera de uma pintura por parte de quem educa, carrega consigo uma visão pura e fecunda do mundo.
         Por mais que tracemos caminhos, não temos plena governabilidade sobre nosso destino. Para todo objetivo almejado, é preciso levar em conta as variações dos percursos, os encontros e desencontros. Assim, acredito que a escolha precoce daquele aluno foi pautada na precariedade do cenário atual da política brasileira e no excesso de informações desoladoras divulgadas pela mídia e, paradoxalmente, pode fazer parte de uma fantasia. Porém, o desejo de honestidade manifestado sobressai à profissão eleita, não cabendo a nós o desserviço de eliminá-lo.”.

(SÉRGIO PORFÍRIO. Diretor do Colégio Magnum Buritis, em artigo publicado no jornal ESTADO DE MINAS, edição de 26 de julho de 2017, caderno OPINIÃO, página 7).

Mais uma importante e oportuna contribuição para o nosso trabalho de Mobilização para a Excelência Educacional vem de artigo publicado no mesmo veículo, edição de 27 de julho de 2017, mesmo caderno e página, de autoria de SÉRGIO MALTA, presidente do Sindicato Interestadual das Indústrias de Energia Elétrica, e que merece igualmente integral transcrição:

“Desafios para a energia nuclear
        A demanda por energia elétrica aumenta de forma contínua para atender às necessidades do mundo moderno e garantir qualidade de vida a uma sociedade cada vez mais exigente. Este processo impõe às autoridades governamentais de todos os países o desafio de formular políticas e executar planejamento energético para assegurar a oferta de energia elétrica, uma busca contínua pelo equilíbrio entre a oferta e demanda deste insumo fundamental.
         Este desafio vem se tornando cada vez mais complexo e difícil em função das crescentes restrições ambientais impostas à construção de novas plantas de geração elétrica. Como não há condições econômicas e energéticas para atender à demanda de energia elétrica somente com renováveis, como eólica e solar, por serem fontes interruptíveis, destaca-se a necessidade de buscar fontes que garantam, simultaneamente, segurança no suprimento da demanda; redução de emissão de gases de efeito estufa; e competitividade econômica. Entre as que atendem aos três requisitos, a energia nuclear é uma alternativa que merece ser estudada.
         Apesar do desenvolvimento e avanço das energias renováveis, impulsionadas pelos incertezas do preço e da oferta do petróleo, a matriz elétrica mundial continua baseada em combustíveis fósseis. A térmica (carvão, gás e óleo) representa 68% da geração do total no mundo, seguida pela hídrica, com 15,8%; nuclear, com 11,7%; e outras fontes renováveis com 4,5%, dados relativos a 2012. Nas previsões da International Energy (IEA), a geração elétrica vai crescer mais do que todas as outras formas de energia, com um aumento estimado em 67% até 2035; Para atender a tal incremento, a geração térmica terá sua participação reduzida para 57%, a hidrelétrica deverá se manter estável em 16%, e as renováveis devem atingir 15,6% da geração total no período.
         Do ponto de vista ambiental, destacam-se dois problemas relacionados à geração de energia elétrica. O primeiro está vinculado às emissões de CO2 pela geração térmica, pois o setor elétrico foi responsável por 28% das emissões totais no mundo, em 2012. Não por acaso, as maiores nações do mundo assinaram o Acordo de Paris em 2015 que, apesar da desistência dos Estados Unidos em lhe aderir, foi reafirmado recentemente na reunião do G20 em Hamburgo. E reafirmado pela decisão do estado da Califórnia em respeitar seus termos e pelas grandes multinacionais, como ExxonMobil e Apple, para citar algumas, de manter seus projetos de adoção de fontes alternativas de energia elétrica. O segundo problema está relacionado à ampliação da geração de energia hidrelétrica por interferir em ecossistemas que abrigam imensa diversidade de formas de vida estreitamente ligadas ao livre pulsar dos rios.
         Para atender ao aumento da demanda por energia elétrica, sem comprometer ambientalmente o desenvolvimento econômico e social, a geração nuclear tende a se tornar uma alternativa. Este processo já está em curso, pois entre 1971 e 2012, a participação da energia nuclear na geração mundial de energia elétrica passou de 2% para 11,7%, apesar de o acidente de Fukushima, em março de 2011, voltar a colocar as centrais nucleares sob forte desconfiança e provocar a interrupção de programa de usinas nucleares e o adiamento nos investimentos em escala mundial.
         No mundo, existem atualmente cerca de 440 reatores nucleares em operação localizados em 30 países, com uma potência instalada total de cerca de 380GW. A IEA constata que estão em construção cerca de 70 usinas nucleares, concentrando-se principalmente na China. O insumo da energia nuclear é o urânio, que tem uma densidade energética muito superior aos recursos fósseis, e as reservas disponíveis permitem que sua exploração ocorra por um horizonte temporal mais amplo do que o óleo e o gás.
         Além disso, a geopolítica mundial das reservas de urânio é diferente e bem menos problemática do que a do petróleo, constituindo-se em um fator estratégico em termos de segurança energética. Outra vantagem: uma usina nuclear apresenta o menor impacto ambiental em termos de emissões de CO2. Levando-se em conta o ciclo de vida da energia nuclear, ela é, ao lado da eólica e da hidrelétrica, a de menor emissão. Cabe destacar que as centrais nucleares geram energia elétrica sem interrupção, operando 24 horas por dia, 11 meses por ano, tornando-se apta a dar segurança para a operação dos sistemas elétricos.
         As incertezas sobre a energia nuclear estão relacionadas à questão vital da segurança. Embora o reduzido número de acidentes nucleares possa ser interpretado como um indicador de segurança, os impactos sobre o meio ambiente e as populações permanecem como um problema a ser enfrentado. Esse conjunto de questões está exigindo muito esforço, recursos e pesquisas para o desenvolvimento de tecnologias que garantam mais segurança, dado que a energia nuclear terá, cada vez mais, um papel estratégico: garantir a oferta de energia elétrica para um mundo cada vez mais dependente desse insumo e que precisa reduzir dramaticamente o aquecimento global, como nos alerta o recente desprendimento de um iceberg de um trilhão de toneladas da plataforma de gelo na Antártida.”.

Eis, portanto, mais páginas contendo importantes, incisivas e oportunas abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança de nossa história – que é de ética, de moral, de princípios, de valores –, para a imperiosa e urgente necessidade de profundas mudanças em nossas estruturas educacionais, governamentais, jurídicas, políticas, sociais, culturais, econômicas, financeiras e ambientais, de modo a promovermos a inserção do País no concerto das potências mundiais livres, civilizadas, soberanas, democráticas e sustentavelmente desenvolvidas...

Assim, urge ainda a efetiva problematização de questões deveras cruciais como:
a)     a excelência educacional – pleno desenvolvimento da pessoa, da cidadania e da qualificação profissional –, desde a educação infantil (0 a 3 anos de idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo da modernidade de matricularmos nossas crianças de 6 anos de idade na primeira série do ensino fundamental, independentemente do mês de seu nascimento –, até a pós-graduação (especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade absoluta de nossas políticas públicas, gerando o pleno desenvolvimento da pessoa, da cidadania e da qualificação profissional (enfim, 125 anos depois, a República proclama o que esperamos seja verdadeiramente o início de uma revolução educacional, mobilizando de maneira incondicional todas as forças vivas do país, para a realização da nova pátria; a pátria da educação, da ética, da justiça, da liberdade, da civilidade, da democracia, da participação, da solidariedade, da sustentabilidade...);
b)    o combate implacável, sem eufemismos e sem tréguas, aos três dos nossos maiores e mais devastadores inimigos que são: I – a inflação, a exigir permanente, competente e diuturna vigilância, de forma a manter-se em patamares civilizados, ou seja, próximos de zero (segundo dados do Banco Central, a taxa de juros do cartão de crédito atingiu em junho/2017 a ainda estratosférica marca de 378,30% nos últimos  doze meses, e a taxa de juros do cheque especial registrou históricos 322,60%; e já o IPCA também no acumulado dos últimos doze meses chegou a 3,00%); II – a corrupção, há séculos, na mais perversa promiscuidade  –  “dinheiro público versus interesses privados” –, como um câncer a se espalhar por todas as esferas da vida nacional, gerando incalculáveis e irreversíveis prejuízos, perdas e comprometimentos de vária ordem (a propósito, a lúcida observação do procurador chefe da força-tarefa da Operação Lava Jato, Deltan Dallagnol: “A Lava Jato ela trata hoje de um tumor, de um caso específico de corrupção, mas o problema é que o sistema é cancerígeno...” – e que vem mostrando também o seu caráter transnacional;  eis, portanto, que todos os valores que vão sendo apresentados aos borbotões, são apenas simbólicos, pois em nossos 516 anos já se formou um verdadeiro oceano de suborno, propina, fraudes, desvios, malversação, saque, rapina e dilapidação do nosso patrimônio... Então, a corrupção mata, e, assim, é crime...); III – o desperdício, em todas as suas modalidades, também a ocasionar inestimáveis perdas e danos, indubitavelmente irreparáveis (por exemplo, segundo Lucas Massari, no artigo ‘O Desperdício na Logística Brasileira’, a “... Desconfiança das empresas e das famílias é grande. Todos os anos, cerca de R$ 1 trilhão, é desperdiçado no Brasil. Quase nada está imune à perda. Uma lista sem fim de problemas tem levado esses recursos e muito mais. De cada R$ 100 produzidos, quase R$ 25 somem em meio à ineficiência do Estado e do setor privado, a falhas de logística e de infraestrutura, ao excesso de burocracia, ao descaso, à corrupção e à falta de planejamento...”;
c)     a dívida pública brasileira - (interna e externa; federal, estadual, distrital e municipal) –, com previsão para 2017, apenas segundo o Orçamento Geral da União, de exorbitante e insuportável desembolso de cerca de R$ 1,722 trilhão, a título de juros, encargos, amortização e refinanciamentos (ao menos com esta rubrica, previsão de R$ 946,4 bilhões), a exigir alguns fundamentos da sabedoria grega:
- pagar, sim, até o último centavo;
- rigorosamente, não pagar com o pão do povo;
- realizar uma IMEDIATA, abrangente, qualificada, independente e eficaz auditoria... (ver também www.auditoriacidada.org.br)
(e ainda a propósito, no artigo Melancolia, Vinicius Torres Freire, diz: “... Não será possível conter a presente degradação econômica sem pelo menos, mínimo do mínimo, controle da ruína das contas do governo: o aumento sem limite da dívida pública...”).

Isto posto, torna-se absolutamente inútil lamentarmos a falta de recursos diante de tão descomunal sangria que dilapida o nosso já combalido dinheiro público, mina a nossa capacidade de investimento e de poupança e, mais grave ainda, afeta a credibilidade de nossas instituições, negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à pátria, ao lado de abissais desigualdades sociais e regionais e de extremas e sempre crescentes necessidades de ampliação e modernização de setores como: a gestão pública; a infraestrutura (rodovias, ferrovias, hidrovias, portos, aeroportos); a educação; a saúde; o saneamento ambiental (água tratada, esgoto tratado, resíduos sólidos tratados, macrodrenagem urbana, logística reversa); meio ambiente; habitação; mobilidade urbana (trânsito, transporte, acessibilidade); minas e energia; emprego, trabalho e renda; agregação de valor às commodities; sistema financeiro nacional; assistência social; previdência social; segurança alimentar e nutricional; segurança pública; forças armadas; polícia federal; defesa civil; logística; pesquisa e desenvolvimento; ciência, tecnologia e inovação; cultura, esporte e lazer; turismo; comunicações; qualidade (planejamento – estratégico, tático e operacional –, transparência, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade – “fazer mais e melhor, com menos” –, criatividade, produtividade, competitividade); entre outros...

São, e bem o sabemos, gigantescos desafios mas que, de maneira alguma, abatem o nosso ânimo e nem arrefecem o nosso entusiasmo e otimismo nesta grande cruzada nacional pela excelência educacional, visando à construção de uma Nação verdadeiramente participativa, justa, ética, educada, civilizada, qualificada, livre, soberana, democrática, solidária e desenvolvida, que possa partilhar suas extraordinárias e generosas riquezas, oportunidades e potencialidades com todas as brasileiras e com todos os brasileiros. Ainda mais especialmente no horizonte de investimentos bilionários previstos em inadiáveis e fundamentais empreendimentos de infraestrutura, além de projetos do Pré-Sal e de novas fontes energéticas, à luz das exigências do século 21, da era da globalização, da internacionalização das organizações, da informação, do conhecimento, da inovação, das novas tecnologias, da sustentabilidade e de um possível e novo mundo do direito, da justiça, da verdade, do diálogo, da liberdade, da paz, da solidariedade, da igualdade – e com equidade –, e da fraternidade universal...

Este é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a nossa fé, a nossa esperança... e perseverança!

“VI, OUVI E VIVI: O BRASIL TEM JEITO!”

- 55 anos de testemunho de um servidor público (1961 – 2016) ...

- Estamos nos descobrindo através da Excelência Educacional ...
- ANTICORRUPÇÃO: Prevenir e vencer, usando nossas defesas democráticas...
- Por uma Nova Política Brasileira...  
        


  

quarta-feira, 7 de dezembro de 2016

A EXCELÊNCIA EDUCACIONAL, OS DESAFIOS DA FORMAÇÃO DE LÍDERES E A FAMÍLIA NA SUSTENTABILIDADE

“Por onde andam nossos heróis?
        O índice de abstenção, votos brancos e nulos foi recorde nas eleições municipais deste ano. Da mesma forma, o plebiscito ocorrido na Colômbia no mesmo dia teve uma pequena participação popular: o referendo que definiria o fim do conflito entre o governo e as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc), instaurando um período de paz no país, contou com aproximadamente um terço da população. Em junho, também com uma tímida participação de eleitores, o Reino Unido decidiu sair da União Europeia.
         Esses fatos podem nos levar à seguinte reflexão: ao contrário do senso comum, não seríamos somente nós, brasileiros, que não sabemos ou não queremos votar? Poderíamos pensar em uma descrença globalizada em relação aos ideais de governança, modelos políticos e econômicos?
         As manifestações populares que tomaram as ruas do país, em 2013, já apresentavam uma característica em comum: a falta de liderança. Vários grupos de pessoas, com interesses diversos, denunciavam problemas e demandavam soluções imediatas, porém sem a convergência de seus anseios para um único endereço.
         O declínio de ideais de liderança promoveu um movimento reverso na opinião pública: gritar o que não se quer, de certa forma, desobrigou aquilo que se pensava quase impossível na atualidade: a escolha de uma representação ideológica. Parece que se tornou mais fácil destituir do que instituir.
         Diferentemente de tempos atrás, quando os ídolos eram muitos e o amor a eles incondicional, quase cego, percebe-se hoje uma certa volatilidade nas relações dos indivíduos com os referenciais por eles escolhidos e que, de um dia para o outro, perdem esse lugar.
         Contudo, apesar desse desencantamento ocasionado pela perda da representatividade política, um fato me chama a atenção: todos os anos, no mês de outubro, as manifestações de carinho aos professores são bastante expressivas. Alunos, pais, amigos e profissionais de outras áreas apresentam seu reconhecimento à profissão do docente.
         Afinal, ainda que o atual cenário não seja receptivo a representantes políticos de quaisquer classes sociais, o professor permanecerá como uma grande referência, mesmo em tempos de individualismos e autossuficiências?
         A educação mudou muito no decorrer dos anos, o papel do professor também. Por mais irônico que pareça, talvez o ato heroico dos profissionais da educação seja sobreviver a tamanha transformação das relações sociais. Essa sobrevivência revela a crença na profissão e uma insistência do professor em sua profissão e na transformação do homem e do mundo e, por parte de quem ainda o reconhece, a necessidade da legitimação de laços de admiração.
         Acredito que estamos atravessando um momento de reflexão e revisão de valores com um olhar menos romântico e voltado para o sentido mais profissional das questões políticas e econômicas.
         Enquanto caminhamos para o amadurecimento político, carentes por não ter quem admirar, torço para que os olhares se voltem para a educação, principalmente para as pessoas que nos ensinam e aprendem conosco.
         Provavelmente, estamos iniciando um tempo de desmistificação, de perceber que ídolos e heróis não têm superpoderes, não estão distantes, intocáveis e nem irão resolver todos os nossos problemas. Os verdadeiros são aqueles em que se fundamentam nossas referências de formação de valores e ética, e que, ao fazermos um exercício de olhar o nosso entorno, podem ser encontrados em casa, na escola, no trabalho, nos grupos de amigos e, quem sabe, dentro de nós mesmos.”.

(SÉRGIO PORFÍRIO. Diretor de ensino do Colégio Magnum Buritis, especialista em educação e em psicanálise, em artigo publicado no jornal ESTADO DE MINAS, edição de 5 de novembro de 2016, caderno OPINIÃO, página 7).

Mais uma importante e oportuna contribuição para o nosso trabalho de Mobilização para a Excelência Educacional vem de artigo publicado no mesmo veículo, edição de 29 de julho de 2016, mesmo caderno e página, de autoria de DOM WALMOR OLIVEIRA DE AZEVEDO, arcebispo metropolitano de Belo Horizonte, e que merece igualmente integral transcrição:

“Vida familiar, uma escola
        Há uma perigosa, progressiva e ameaçadora perda do sentido da vida como dom precioso. São muitos os cenários que comprovam a maneira relativista com que se vem tratando a vida: o resultado é a crescente perda de seu valor sagrado. Assim, torna-se urgente compreender e investir sempre mais em processos educativos que permitam o enfrentamento dessa realidade problemática e ameaçadora. Isso porque a dinâmica da delinquência, incentivada pela impunidade, entra sorrateiramente no tecido da cultura urbana, moldando o comportamento de pessoas e grupos.
         Nesse cenário gravíssimo é constatar o quanto está corroído o núcleo da consciência individual pelas escolhas subjetivistas, voluntaristas, norteadas por conveniências que relevam até mesmo preconceitos e ódios. Desse modo, esses adiantados processos de delinquência surgem na contramão de tudo o que se pode presumir. Há um pisca alerta em último grau indicando a urgência de programas educativos mais efetivos para enfrentar esse caos. Os altos preços já pagos e os prejuízos evidentes alertam para o agravamento dos mais diversos tipos de violência, desde o terrorismo de estado até aquelas que se escondem no silêncio dos lares, a exemplo das abomináveis agressões às mulheres.
         Não bastam, porém, apenas intervenções pontuais nessas situações todas. É preciso completa reorganização nos funcionamentos da sociedade, considerando, sobretudo, o apreço sagrado pelo dom da vida. Inclui-se aí o enorme desafio de articular a complexidade e a diversidade das linguagens e das simbologias em meio às velozes transformações socioeconômicas, religiosas, políticas, culturais e ambientais. Também não bastam as intervenções estruturais na organização externa das realidades urbanas. É preciso investir em contextos com impactos estruturantes. No cenário amplo dos investimentos educativos, os governos, as igrejas, as academias, e os demais segmentos devem priorizar a família, sempre mais.
         Mesmo considerando-se superada a fase vivida recentemente, de relativização da família e até mesmo da preconização do seu fim, ainda não necessários ajustes na compreensão do que ela realmente representa. É essencial ter-se a clareza da importância de se constituir o núcleo familiar para ser qualificado no contexto educativo e, assim, ser capaz de questionar as realidades. Antes e acima do ensino formal está a família. Escola indispensável, nela se configuram os elementos estruturantes do caráter, da socialização, do exercício da liberdade, da cidadania e da capacidade de amar. Tudo isso mantém acesa a chama do respeito à sacralidade da vida, força capaz de reconfigurar os cenários que a ameaçam.
         É na família que nasce o novo caminho no enfrentamento daquilo que esgarça o tecido da cultura urbana, ao formar cidadãos capazes de oferecer a força do testemunho imprescindível a toda transformação, fundamentado na justiça, na verdade e na paz. Essa competência para intervir positivamente na realidade estrutura-se primeiramente a partir das relações familiares. Com a preponderância das figuras parentais é que se dá o aprendizado da indispensável dinâmica da reciprocidade, do sentido do outro, de sua dignidade e, sobretudo, do gosto por amparar e promover a vida.
         A primeira e mais importante escola da vida não pode, contudo, caminhar sozinha. Esses desafios todos exigem políticas públicas adequadas, espiritualidade qualificada, sentido social e político da cidadania, que resultem em práticas capazes de fecundar o respeito incondicional à vida.
         Âmbito da socialização primária, a família oferece os meios insubstituíveis de produção de um tecido urbano mais civilizatório, constituindo-se em lugar privilegiado para se repensarem hábitos, relacionar-se com os outros, respeitar, ouvir e dialogar. Se não se aprendem as boas maneiras de convivência em casa, comprometido estará o modo de se habitar em meio à comunidade, empurrando, mais aceleradamente, a sociedade para o caos.
         A abordagem desta questão emoldurada pela complexidade da cultura urbana contemporânea e pela realidade desafiadora própria da família, convida a refletir, debater e investir em novos cenários para fazer da vida familiar uma verdadeira escola. Todos somos sempre aprendizes.”.

Eis, portanto, mais páginas contendo importantes, incisivas e oportunas abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança de nossa história – que é de ética, de moral, de princípios, de valores –, para a imperiosa e urgente necessidade de profundas mudanças em nossas estruturas educacionais, governamentais, jurídicas, políticas, sociais, culturais, econômicas, financeiras e ambientais, de modo a promovermos a inserção do País no concerto das potências mundiais livres, civilizadas, soberanas, democráticas e sustentavelmente desenvolvidas...

Assim, urge ainda a efetiva problematização de questões deveras cruciais como:
a)     a excelência educacional – pleno desenvolvimento da pessoa, da cidadania e da qualificação profissional –, desde a educação infantil (0 a 3 anos de idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo da modernidade de matricularmos nossas crianças de 6 anos de idade na primeira série do ensino fundamental, independentemente do mês de seu nascimento –, até a pós-graduação (especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade absoluta de nossas políticas públicas, gerando o pleno desenvolvimento da pessoa, da cidadania e da qualificação profissional (enfim, 125 anos depois, a República proclama o que esperamos seja verdadeiramente o início de uma revolução educacional, mobilizando de maneira incondicional todas as forças vivas do país, para a realização da nova pátria; a pátria da educação, da ética, da justiça, da civilidade, da democracia, da participação, da sustentabilidade...);
b)    o combate implacável, sem eufemismos e sem tréguas, aos três dos nossos maiores e mais devastadores inimigos que são: I – a inflação, a exigir permanente, competente e diuturna vigilância, de forma a manter-se em patamares civilizados, ou seja, próximos de zero (segundo dados do Banco Central, a taxa de juros do cartão de crédito atingiu em outubro a ainda estratosférica marca de 475,8% nos últimos  doze meses, e a taxa de juros do cheque especial  registrou históricos 328,9%; e também no mesmo período, o IPCA acumulado  chegou a 7,87%); II – a corrupção, há séculos, na mais perversa promiscuidade  –  “dinheiro público versus interesses privados” –, como um câncer a se espalhar por todas as esferas da vida nacional, gerando incalculáveis prejuízos e comprometimentos de vária ordem (a propósito, a lúcida observação do procurador chefe da força-tarefa da Operação Lava Jato, Deltan Dallagnol: “A Lava Jato ela trata hoje de um tumor, de um caso específico de corrupção, mas o problema é que o sistema é cancerígeno...” – e que vem mostrando também o seu caráter transnacional;  eis, portanto, que todos os valores que vão sendo apresentados aos borbotões, são apenas simbólicos, pois em nossos 516 anos já se formou um verdadeiro oceano de suborno, propina, fraudes, desvios, malversação, saque, rapina e dilapidação do nosso patrimônio... Então, a corrupção mata, e, assim, é crime...); III – o desperdício, em todas as suas modalidades, também a ocasionar inestimáveis perdas e danos, indubitavelmente irreparáveis (por exemplo, segundo Lucas Massari, no artigo ‘O Desperdício na Logística Brasileira’, a “... Desconfiança das empresas e das famílias é grande. Todos os anos, cerca de R$ 1 trilhão, é desperdiçado no Brasil. Quase nada está imune à perda. Uma lista sem fim de problemas tem levado esses recursos e muito mais. De cada R$ 100 produzidos, quase R$ 25 somem em meio à ineficiência do Estado e do setor privado, a falhas de logística e de infraestrutura, ao excesso de burocracia, ao descaso, à corrupção e à falta de planejamento...”;
c)     a dívida pública brasileira - (interna e externa; federal, estadual, distrital e municipal) –, com projeção para 2016, apenas segundo a proposta do Orçamento Geral da União, de exorbitante e insuportável desembolso de cerca de R$ 1,348 trilhão, a título de juros, encargos, amortização e refinanciamentos (ao menos com esta rubrica, previsão de R$ 1,044 trilhão), a exigir alguns fundamentos da sabedoria grega:
- pagar, sim, até o último centavo;
- rigorosamente, não pagar com o pão do povo;
- realizar uma IMEDIATA, abrangente, qualificada, independente e eficaz auditoria... (ver também www.auditoriacidada.org.br)
(e ainda a propósito, no artigo Melancolia, Vinicius Torres Freire, diz: “... Não será possível conter a presente degradação econômica sem pelo menos, mínimo do mínimo, controle da ruína das contas do governo: o aumento sem limite da dívida pública...”);

Destarte, torna-se absolutamente inútil lamentarmos a falta de recursos diante de tão descomunal sangria que dilapida o nosso já combalido dinheiro público, mina a nossa capacidade de investimento e de poupança e, mais grave ainda, afeta a credibilidade de nossas instituições, negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à pátria, ao lado de abissais desigualdades sociais e regionais e de extremas e sempre crescentes necessidades de ampliação e modernização de setores como: a gestão pública; a infraestrutura (rodovias, ferrovias, hidrovias, portos, aeroportos); a educação; a saúde; o saneamento ambiental (água tratada, esgoto tratado, resíduos sólidos tratados, macrodrenagem urbana, logística reversa); meio ambiente; habitação; mobilidade urbana (trânsito, transporte, acessibilidade); minas e energia; emprego, trabalho e renda; agregação de valor às commodities; sistema financeiro nacional; assistência social; previdência social; segurança alimentar e nutricional; segurança pública; forças armadas; polícia federal; defesa civil; logística; pesquisa e desenvolvimento; ciência, tecnologia e inovação; cultura, esporte e lazer; turismo; comunicações; qualidade (planejamento – estratégico, tático e operacional –, transparência, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade – “fazer mais e melhor, com menos” –, criatividade, produtividade, competitividade); entre outros...

São, e bem o sabemos, gigantescos desafios mas que, de maneira alguma, abatem o nosso ânimo e nem arrefecem o nosso entusiasmo e otimismo nesta grande cruzada nacional pela excelência educacional, visando à construção de uma Nação verdadeiramente participativa, justa, ética, educada, civilizada, qualificada, livre, soberana, democrática e desenvolvida, que possa partilhar suas extraordinárias e generosas riquezas, oportunidades e potencialidades com todas as brasileiras e com todos os brasileiros. Ainda mais especialmente no horizonte de investimentos bilionários previstos em inadiáveis e fundamentais empreendimentos de infraestrutura, além de projetos do Pré-Sal e de novas fontes energéticas, à luz das exigências do século 21, da era da globalização, da internacionalização das organizações, da informação, do conhecimento, da inovação, das novas tecnologias, da sustentabilidade e de um possível e novo mundo da justiça, da liberdade, da paz, da igualdade – e com equidade –, e da fraternidade universal...

Este é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a nossa fé, a nossa esperança... e perseverança!

“VI, OUVI E VIVI: O BRASIL TEM JEITO!”

- 55 anos de testemunho de um servidor público (1961 – 2016) ...

- Estamos nos descobrindo através da Excelência Educacional ...
- ANTICORRUPÇÃO: Prevenir e vencer, usando nossas defesas democráticas...
- Por uma Nova Política Brasileira...