quarta-feira, 7 de dezembro de 2016

A EXCELÊNCIA EDUCACIONAL, OS DESAFIOS DA FORMAÇÃO DE LÍDERES E A FAMÍLIA NA SUSTENTABILIDADE

“Por onde andam nossos heróis?
        O índice de abstenção, votos brancos e nulos foi recorde nas eleições municipais deste ano. Da mesma forma, o plebiscito ocorrido na Colômbia no mesmo dia teve uma pequena participação popular: o referendo que definiria o fim do conflito entre o governo e as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc), instaurando um período de paz no país, contou com aproximadamente um terço da população. Em junho, também com uma tímida participação de eleitores, o Reino Unido decidiu sair da União Europeia.
         Esses fatos podem nos levar à seguinte reflexão: ao contrário do senso comum, não seríamos somente nós, brasileiros, que não sabemos ou não queremos votar? Poderíamos pensar em uma descrença globalizada em relação aos ideais de governança, modelos políticos e econômicos?
         As manifestações populares que tomaram as ruas do país, em 2013, já apresentavam uma característica em comum: a falta de liderança. Vários grupos de pessoas, com interesses diversos, denunciavam problemas e demandavam soluções imediatas, porém sem a convergência de seus anseios para um único endereço.
         O declínio de ideais de liderança promoveu um movimento reverso na opinião pública: gritar o que não se quer, de certa forma, desobrigou aquilo que se pensava quase impossível na atualidade: a escolha de uma representação ideológica. Parece que se tornou mais fácil destituir do que instituir.
         Diferentemente de tempos atrás, quando os ídolos eram muitos e o amor a eles incondicional, quase cego, percebe-se hoje uma certa volatilidade nas relações dos indivíduos com os referenciais por eles escolhidos e que, de um dia para o outro, perdem esse lugar.
         Contudo, apesar desse desencantamento ocasionado pela perda da representatividade política, um fato me chama a atenção: todos os anos, no mês de outubro, as manifestações de carinho aos professores são bastante expressivas. Alunos, pais, amigos e profissionais de outras áreas apresentam seu reconhecimento à profissão do docente.
         Afinal, ainda que o atual cenário não seja receptivo a representantes políticos de quaisquer classes sociais, o professor permanecerá como uma grande referência, mesmo em tempos de individualismos e autossuficiências?
         A educação mudou muito no decorrer dos anos, o papel do professor também. Por mais irônico que pareça, talvez o ato heroico dos profissionais da educação seja sobreviver a tamanha transformação das relações sociais. Essa sobrevivência revela a crença na profissão e uma insistência do professor em sua profissão e na transformação do homem e do mundo e, por parte de quem ainda o reconhece, a necessidade da legitimação de laços de admiração.
         Acredito que estamos atravessando um momento de reflexão e revisão de valores com um olhar menos romântico e voltado para o sentido mais profissional das questões políticas e econômicas.
         Enquanto caminhamos para o amadurecimento político, carentes por não ter quem admirar, torço para que os olhares se voltem para a educação, principalmente para as pessoas que nos ensinam e aprendem conosco.
         Provavelmente, estamos iniciando um tempo de desmistificação, de perceber que ídolos e heróis não têm superpoderes, não estão distantes, intocáveis e nem irão resolver todos os nossos problemas. Os verdadeiros são aqueles em que se fundamentam nossas referências de formação de valores e ética, e que, ao fazermos um exercício de olhar o nosso entorno, podem ser encontrados em casa, na escola, no trabalho, nos grupos de amigos e, quem sabe, dentro de nós mesmos.”.

(SÉRGIO PORFÍRIO. Diretor de ensino do Colégio Magnum Buritis, especialista em educação e em psicanálise, em artigo publicado no jornal ESTADO DE MINAS, edição de 5 de novembro de 2016, caderno OPINIÃO, página 7).

Mais uma importante e oportuna contribuição para o nosso trabalho de Mobilização para a Excelência Educacional vem de artigo publicado no mesmo veículo, edição de 29 de julho de 2016, mesmo caderno e página, de autoria de DOM WALMOR OLIVEIRA DE AZEVEDO, arcebispo metropolitano de Belo Horizonte, e que merece igualmente integral transcrição:

“Vida familiar, uma escola
        Há uma perigosa, progressiva e ameaçadora perda do sentido da vida como dom precioso. São muitos os cenários que comprovam a maneira relativista com que se vem tratando a vida: o resultado é a crescente perda de seu valor sagrado. Assim, torna-se urgente compreender e investir sempre mais em processos educativos que permitam o enfrentamento dessa realidade problemática e ameaçadora. Isso porque a dinâmica da delinquência, incentivada pela impunidade, entra sorrateiramente no tecido da cultura urbana, moldando o comportamento de pessoas e grupos.
         Nesse cenário gravíssimo é constatar o quanto está corroído o núcleo da consciência individual pelas escolhas subjetivistas, voluntaristas, norteadas por conveniências que relevam até mesmo preconceitos e ódios. Desse modo, esses adiantados processos de delinquência surgem na contramão de tudo o que se pode presumir. Há um pisca alerta em último grau indicando a urgência de programas educativos mais efetivos para enfrentar esse caos. Os altos preços já pagos e os prejuízos evidentes alertam para o agravamento dos mais diversos tipos de violência, desde o terrorismo de estado até aquelas que se escondem no silêncio dos lares, a exemplo das abomináveis agressões às mulheres.
         Não bastam, porém, apenas intervenções pontuais nessas situações todas. É preciso completa reorganização nos funcionamentos da sociedade, considerando, sobretudo, o apreço sagrado pelo dom da vida. Inclui-se aí o enorme desafio de articular a complexidade e a diversidade das linguagens e das simbologias em meio às velozes transformações socioeconômicas, religiosas, políticas, culturais e ambientais. Também não bastam as intervenções estruturais na organização externa das realidades urbanas. É preciso investir em contextos com impactos estruturantes. No cenário amplo dos investimentos educativos, os governos, as igrejas, as academias, e os demais segmentos devem priorizar a família, sempre mais.
         Mesmo considerando-se superada a fase vivida recentemente, de relativização da família e até mesmo da preconização do seu fim, ainda não necessários ajustes na compreensão do que ela realmente representa. É essencial ter-se a clareza da importância de se constituir o núcleo familiar para ser qualificado no contexto educativo e, assim, ser capaz de questionar as realidades. Antes e acima do ensino formal está a família. Escola indispensável, nela se configuram os elementos estruturantes do caráter, da socialização, do exercício da liberdade, da cidadania e da capacidade de amar. Tudo isso mantém acesa a chama do respeito à sacralidade da vida, força capaz de reconfigurar os cenários que a ameaçam.
         É na família que nasce o novo caminho no enfrentamento daquilo que esgarça o tecido da cultura urbana, ao formar cidadãos capazes de oferecer a força do testemunho imprescindível a toda transformação, fundamentado na justiça, na verdade e na paz. Essa competência para intervir positivamente na realidade estrutura-se primeiramente a partir das relações familiares. Com a preponderância das figuras parentais é que se dá o aprendizado da indispensável dinâmica da reciprocidade, do sentido do outro, de sua dignidade e, sobretudo, do gosto por amparar e promover a vida.
         A primeira e mais importante escola da vida não pode, contudo, caminhar sozinha. Esses desafios todos exigem políticas públicas adequadas, espiritualidade qualificada, sentido social e político da cidadania, que resultem em práticas capazes de fecundar o respeito incondicional à vida.
         Âmbito da socialização primária, a família oferece os meios insubstituíveis de produção de um tecido urbano mais civilizatório, constituindo-se em lugar privilegiado para se repensarem hábitos, relacionar-se com os outros, respeitar, ouvir e dialogar. Se não se aprendem as boas maneiras de convivência em casa, comprometido estará o modo de se habitar em meio à comunidade, empurrando, mais aceleradamente, a sociedade para o caos.
         A abordagem desta questão emoldurada pela complexidade da cultura urbana contemporânea e pela realidade desafiadora própria da família, convida a refletir, debater e investir em novos cenários para fazer da vida familiar uma verdadeira escola. Todos somos sempre aprendizes.”.

Eis, portanto, mais páginas contendo importantes, incisivas e oportunas abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança de nossa história – que é de ética, de moral, de princípios, de valores –, para a imperiosa e urgente necessidade de profundas mudanças em nossas estruturas educacionais, governamentais, jurídicas, políticas, sociais, culturais, econômicas, financeiras e ambientais, de modo a promovermos a inserção do País no concerto das potências mundiais livres, civilizadas, soberanas, democráticas e sustentavelmente desenvolvidas...

Assim, urge ainda a efetiva problematização de questões deveras cruciais como:
a)     a excelência educacional – pleno desenvolvimento da pessoa, da cidadania e da qualificação profissional –, desde a educação infantil (0 a 3 anos de idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo da modernidade de matricularmos nossas crianças de 6 anos de idade na primeira série do ensino fundamental, independentemente do mês de seu nascimento –, até a pós-graduação (especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade absoluta de nossas políticas públicas, gerando o pleno desenvolvimento da pessoa, da cidadania e da qualificação profissional (enfim, 125 anos depois, a República proclama o que esperamos seja verdadeiramente o início de uma revolução educacional, mobilizando de maneira incondicional todas as forças vivas do país, para a realização da nova pátria; a pátria da educação, da ética, da justiça, da civilidade, da democracia, da participação, da sustentabilidade...);
b)    o combate implacável, sem eufemismos e sem tréguas, aos três dos nossos maiores e mais devastadores inimigos que são: I – a inflação, a exigir permanente, competente e diuturna vigilância, de forma a manter-se em patamares civilizados, ou seja, próximos de zero (segundo dados do Banco Central, a taxa de juros do cartão de crédito atingiu em outubro a ainda estratosférica marca de 475,8% nos últimos  doze meses, e a taxa de juros do cheque especial  registrou históricos 328,9%; e também no mesmo período, o IPCA acumulado  chegou a 7,87%); II – a corrupção, há séculos, na mais perversa promiscuidade  –  “dinheiro público versus interesses privados” –, como um câncer a se espalhar por todas as esferas da vida nacional, gerando incalculáveis prejuízos e comprometimentos de vária ordem (a propósito, a lúcida observação do procurador chefe da força-tarefa da Operação Lava Jato, Deltan Dallagnol: “A Lava Jato ela trata hoje de um tumor, de um caso específico de corrupção, mas o problema é que o sistema é cancerígeno...” – e que vem mostrando também o seu caráter transnacional;  eis, portanto, que todos os valores que vão sendo apresentados aos borbotões, são apenas simbólicos, pois em nossos 516 anos já se formou um verdadeiro oceano de suborno, propina, fraudes, desvios, malversação, saque, rapina e dilapidação do nosso patrimônio... Então, a corrupção mata, e, assim, é crime...); III – o desperdício, em todas as suas modalidades, também a ocasionar inestimáveis perdas e danos, indubitavelmente irreparáveis (por exemplo, segundo Lucas Massari, no artigo ‘O Desperdício na Logística Brasileira’, a “... Desconfiança das empresas e das famílias é grande. Todos os anos, cerca de R$ 1 trilhão, é desperdiçado no Brasil. Quase nada está imune à perda. Uma lista sem fim de problemas tem levado esses recursos e muito mais. De cada R$ 100 produzidos, quase R$ 25 somem em meio à ineficiência do Estado e do setor privado, a falhas de logística e de infraestrutura, ao excesso de burocracia, ao descaso, à corrupção e à falta de planejamento...”;
c)     a dívida pública brasileira - (interna e externa; federal, estadual, distrital e municipal) –, com projeção para 2016, apenas segundo a proposta do Orçamento Geral da União, de exorbitante e insuportável desembolso de cerca de R$ 1,348 trilhão, a título de juros, encargos, amortização e refinanciamentos (ao menos com esta rubrica, previsão de R$ 1,044 trilhão), a exigir alguns fundamentos da sabedoria grega:
- pagar, sim, até o último centavo;
- rigorosamente, não pagar com o pão do povo;
- realizar uma IMEDIATA, abrangente, qualificada, independente e eficaz auditoria... (ver também www.auditoriacidada.org.br)
(e ainda a propósito, no artigo Melancolia, Vinicius Torres Freire, diz: “... Não será possível conter a presente degradação econômica sem pelo menos, mínimo do mínimo, controle da ruína das contas do governo: o aumento sem limite da dívida pública...”);

Destarte, torna-se absolutamente inútil lamentarmos a falta de recursos diante de tão descomunal sangria que dilapida o nosso já combalido dinheiro público, mina a nossa capacidade de investimento e de poupança e, mais grave ainda, afeta a credibilidade de nossas instituições, negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à pátria, ao lado de abissais desigualdades sociais e regionais e de extremas e sempre crescentes necessidades de ampliação e modernização de setores como: a gestão pública; a infraestrutura (rodovias, ferrovias, hidrovias, portos, aeroportos); a educação; a saúde; o saneamento ambiental (água tratada, esgoto tratado, resíduos sólidos tratados, macrodrenagem urbana, logística reversa); meio ambiente; habitação; mobilidade urbana (trânsito, transporte, acessibilidade); minas e energia; emprego, trabalho e renda; agregação de valor às commodities; sistema financeiro nacional; assistência social; previdência social; segurança alimentar e nutricional; segurança pública; forças armadas; polícia federal; defesa civil; logística; pesquisa e desenvolvimento; ciência, tecnologia e inovação; cultura, esporte e lazer; turismo; comunicações; qualidade (planejamento – estratégico, tático e operacional –, transparência, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade – “fazer mais e melhor, com menos” –, criatividade, produtividade, competitividade); entre outros...

São, e bem o sabemos, gigantescos desafios mas que, de maneira alguma, abatem o nosso ânimo e nem arrefecem o nosso entusiasmo e otimismo nesta grande cruzada nacional pela excelência educacional, visando à construção de uma Nação verdadeiramente participativa, justa, ética, educada, civilizada, qualificada, livre, soberana, democrática e desenvolvida, que possa partilhar suas extraordinárias e generosas riquezas, oportunidades e potencialidades com todas as brasileiras e com todos os brasileiros. Ainda mais especialmente no horizonte de investimentos bilionários previstos em inadiáveis e fundamentais empreendimentos de infraestrutura, além de projetos do Pré-Sal e de novas fontes energéticas, à luz das exigências do século 21, da era da globalização, da internacionalização das organizações, da informação, do conhecimento, da inovação, das novas tecnologias, da sustentabilidade e de um possível e novo mundo da justiça, da liberdade, da paz, da igualdade – e com equidade –, e da fraternidade universal...

Este é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a nossa fé, a nossa esperança... e perseverança!

“VI, OUVI E VIVI: O BRASIL TEM JEITO!”

- 55 anos de testemunho de um servidor público (1961 – 2016) ...

- Estamos nos descobrindo através da Excelência Educacional ...
- ANTICORRUPÇÃO: Prevenir e vencer, usando nossas defesas democráticas...
- Por uma Nova Política Brasileira...  
        
 
 

          
  
          
   

         

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