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quinta-feira, 2 de janeiro de 2020

A EXCELÊNCIA EDUCACIONAL, A FORÇA DA AUTONOMIA NA QUALIFICAÇÃO DO ENSINO E A PRIMAZIA DAS PESSOAS NA SUSTENTABILIDADE (39/131)


(Janeiro = mês 39; faltam 131 meses para a Primavera Brasileira)

“Direito à educação
        O artigo 205 da Constituição Federal dispõe que a educação é direito de todos e dever do Estado e da família, promovida com a coparticipação da sociedade. O Estado, portanto, necessita estruturar-se para prover serviços educacionais a todos, exercendo o regime de colaboração entre os entes federados e a divisão de recursos determinada pela Constituição da República.
         O direito à educação estabelecido na Constituição busca o integral desenvolvimento da pessoa, preparando-a para o exercício da cidadania e qualificando-a para o mundo do trabalho. É evidente a necessidade de o processo educativo estabelecer relações com o contexto dos alunos, promovendo a construção do conhecimento de forma democrática, crítica e permeável, pois, sem essa exigência pedagógica, a educação se faz para cumprir o dispositivo legal da obrigatoriedade de oferta, sem suporte na realidade.
         Eis aqui uma dificuldade que se faz amplamente administrativa, a oferta de educação pelo Estado estar atrelada a moldes, finalidades e princípios nem sempre pautados no aluno. Em muitos casos, atribui-se mais importância às metas do que ao processo educativo. O foco acaba concentrado em questões políticas, e não no aprendizado de cada educando.
         O Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) foi instituído como uma tentativa de mensurar a qualidade de cada escola e de cada rede de ensino. A partir do Ideb, os sistemas municipais, estaduais e federal de ensino passam a ter metas a serem atingidas. Excelente iniciativa. Entretanto, apenas a obtenção de boa nota não deve ser objetivo principal do Estado, uma vez que a grande inquietação da administração pública necessita ser o aprendizado regulado pelas finalidades previstas na Constituição, que contempla, no direito à educação, a qualidade pedagógica que permita ao aluno aprender, enfrentar situações-problema e identificar-se com a realidade.
         A inoperância ou omissão da administração pública diante do que é e como é lecionado caracteriza retrocesso desse direito fundamental, ao passo que, assim, jamais se permitirá atingir a essência do direito à educação. Para que o sistema educacional logre êxito, o Estado precisa ir além da mera oferta – é fundamental o rigor quanto à qualidade desse ensino, buscando desenvolver cidadãos capazes de tomar as suas próprias decisões e de admitir as responsabilidades resultantes delas, ampliando competências e habilidades do sujeito, a ponto de torná-lo um ser autônomo.

(Milena Kendrick Fiuza. Gerente pedagógica do Sistema Positivo de Ensino, em artigo publicado no jornal O TEMPO Belo Horizonte, edição de 30 de dezembro de 2019, caderno OPINIÃO, página 13).

Mais uma importante e oportuna contribuição para o nosso trabalho de Mobilização para a Excelência Educacional vem de artigo publicado no jornal ESTADO DE MINAS, edição de 12 de setembro de 2018, mesmo caderno, página 9, de autoria de RONALDO CAVALHERI, engenheiro, especialista em educação e CEO do Centro Europeu, primeira escola de economia criativa do Brasil, e que merece igualmente integral transcrição:

“O futuro das pessoas
        Como formar as pessoas o futuro? Como as mudanças no mundo afetam esse processo? Saiba de uma coisa, as mudanças que acompanhamos nos últimos anos foram apenas a ponta do iceberg. Ainda não vimos nada. Seremos impactados ainda mais pela tecnologia, com uma velocidade jamais vista. E como nos preparar para tudo isso? Qual será o papel das escolas nessa transformação? Nós seremos engolidos pelas máquinas?
          A Revolução Industrial trouxe a necessidade de formação em massa, como em uma linha de produção. O modelo de ensino ainda visto na maioria das escolas, independentemente de faixa etária, infelizmente, segue esse modelo fabril. Professor na frente da sala de aula como detentor do conhecimento e dezenas de alunos enfileirados em um papel passivo receptivo. Um formato com baixíssima atividade neural. E aí se inicia o processo produtivo: entram alunos e saem o quê?.
         Não estou falando de formar robôs. Estou falando de formar seres humanos, cada qual com seus objetivos, necessidades e habilidades diferentes. Hoje, boa parte dos pais matriculam seus filhos na educação infantil já preocupados com o vestibular. Ou seja, colocam crianças no processo fabril de longos anos para garantir que seja atingido um score. Será que uma criança que hoje tem 3 anos vai passar por um processo seletivo de vestibular daqui a mais de uma década? Não sei exatamente qual será o formato, mas acredito que teremos grandes mudanças.
         Na sequência, o aluno cursa uma faculdade de quatro ou cinco anos para se tornar um profissional. Infelizmente, na maioria das situações, esse aluno é formado tecnicamente em um modelo engessado e que em pouco tempo está desatualizado. Pior, ainda, é esse aluno não saber como aplicar a teoria aprendida, pois o mercado de trabalho exige a prática e, mais do que isso, desenvoltura comportamental. E como mudar esse cenário? Como olhar para o futuro incerto e formar pessoas que tenham maiores oportunidades de sucesso?
         A resposta parece complexa, mas não é. Temos que passar por um processo trabalhoso que muitas escolas não sabem como começar. Em vez de formar apenas no aspecto técnico e cognitivo, medido com uma nota objetiva, é preciso capacitar para uma vida mutante em questões totalmente subjetivas. A escola tem que se preocupar em preparar seus alunos com uma visão global, possibilitando experiências transformadoras. Para falar de formação do futuro é inconcebível que qualquer plano de aula deixe de considerar o desenvolvimento de novas habilidades e competências indispensáveis para o século 21. Independentemente do objetivo profissional, tudo que é proposto em uma sala precisa considerar uma formação mais ampla, que envolva colaboração, resolução de problemas, criatividade, comunicação, visão empreendedora, relacionamento interpessoal, pensamento crítico, entre muitas outras habilidades indispensáveis para a vida.
         Aliás, a vida passa a ser um recurso indispensável para qualquer aula produtiva. É necessário levar a realidade para dentro da sala de aula. Os alunos precisam vivenciar e encontrar aplicação prática em tudo que fazem. Vivemos em um mundo cada vez mais conectado e a pluralidade de conhecimentos se faz necessária. Hoje, todos têm acesso à informação, mas precisam desenvolver melhor sua curiosidade investigativa e construir um ponto de vista mais sólido. Com isso, temos uma mudança no papel da escola e, também, do professor. A presença pedagógica se faz necessária em um modelo diferente, não como ditador, mas sim como orientador e mediador, direcionando cada aluno para o caminho mais adequado. Culturalmente, é um desafio, pois a responsabilidade do aluno aumenta. Ele passa a ser o grande protagonista do processo de aprendizagem.
         Sinceramente, não sei o que vai acontecer com essa ou com aquela profissão, mas posso dizer, com bastante convicção, que quem tiver habilidades comportamentais afloradas terá o mundo nas mãos. A educação transformadora precisa focar nas pessoas, independentemente do cenário tecnológico e do seu impacto. Só assim os alunos serão preparados para se encaixar em uma nova realidade.”.

Eis, portanto, mais páginas contendo importantes, incisivas e oportunas abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança de nossa história – que é de ética, de moral, de princípios, de valores –, para a imperiosa e urgente necessidade de profundas mudanças em nossas estruturas educacionais, governamentais, jurídicas, políticas, sociais, culturais, econômicas, financeiras e ambientais, de modo a promovermos a inserção do País no concerto das potências mundiais livres, justas, educadas, qualificadas, civilizadas, soberanas, democráticas, republicanas, solidárias e sustentavelmente desenvolvidas...

Assim, urge ainda a efetiva problematização de questões deveras cruciais como:
a)     a excelência educacional – pleno desenvolvimento da pessoa, da cidadania e da qualificação profissional –, desde a educação infantil (0 a 3 anos de idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo da modernidade de matricularmos nossas crianças de 6 anos de idade na primeira série do ensino fundamental, independentemente do mês de seu nascimento –, até a pós-graduação (especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade absoluta de nossas políticas públicas, gerando o pleno desenvolvimento da pessoa, da cidadania e da qualificação profissional (enfim, 130 anos depois, a República proclama o que esperamos seja verdadeiramente o início de uma revolução educacional, mobilizando de maneira incondicional todas as forças vivas do país, para a realização da nova pátria; a pátria da educação, da ética, da justiça, da liberdade, da civilidade, da democracia, da participação, da solidariedade, da sustentabilidade...);
b)    o combate implacável, sem eufemismos e sem tréguas, aos três dos nossos maiores e mais devastadores inimigos que são: I – a inflação, a exigir permanente, competente e diuturna vigilância, de forma a manter-se em patamares civilizados, ou seja, próximos de zero (segundo dados do Banco Central, a taxa de juros do cartão de crédito atingiu em novembro a ainda estratosférica marca de 318,3% nos últimos  doze meses, e a taxa de juros do cheque especial chegou em históricos 306,6%; e já o IPCA, também no acumulado dos últimos doze meses, chegou a 3,27%); II – a corrupção, há séculos, na mais perversa promiscuidade    “dinheiro público versus interesses privados” –, como um câncer a se espalhar por todas as esferas da vida nacional, gerando incalculáveis e irreversíveis prejuízos, perdas e comprometimentos de vária ordem (a propósito, a lúcida observação do procurador chefe da força-tarefa da Operação Lava Jato, Deltan Dallagnol: “A Lava Jato ela trata hoje de um tumor, de um caso específico de corrupção, mas o problema é que o sistema é cancerígeno...” – e que vem mostrando também o seu caráter transnacional;  eis, portanto, que todos os valores que vão sendo apresentados aos borbotões, são apenas simbólicos, pois em nossos 518 anos já se formou um verdadeiro oceano de suborno, propina, fraudes, desvios, malversação, saque, rapina e dilapidação do nosso patrimônio... Então, a corrupção mata, e, assim, é crime...); III – o desperdício, em todas as suas modalidades, também a ocasionar inestimáveis perdas e danos, indubitavelmente irreparáveis (por exemplo, segundo Lucas Massari, no artigo ‘O Desperdício na Logística Brasileira’, a “... Desconfiança das empresas e das famílias é grande. Todos os anos, cerca de R$ 1 trilhão, é desperdiçado no Brasil. Quase nada está imune à perda. Uma lista sem fim de problemas tem levado esses recursos e muito mais. De cada R$ 100 produzidos, quase R$ 25 somem em meio à ineficiência do Estado e do setor privado, à falhas de logística e de infraestrutura, ao excesso de burocracia, ao descaso, à corrupção e à falta de planejamento...”;
c)     a dívida pública brasileira - (interna e externa; federal, estadual, distrital e municipal) –, com previsão para 2020, apenas segundo o Orçamento Geral da União – Anexo II – Despesa dos Orçamentos Fiscal e da Seguridade Social – Órgão Orçamentário, de exorbitante e insuportável desembolso de cerca de R$ 1,651 trilhão (44,79%), a título de juros, encargos, amortização e refinanciamentos (ao menos com esta rubrica, previsão de R$ 1,004 trilhão), a exigir alguns fundamentos da sabedoria grega, do direito e da justiça:
- pagar, sim, até o último centavo;
- rigorosamente, não pagar com o pão do povo;
- realizar uma IMEDIATA, abrangente, qualificada, independente, competente e eficaz auditoria... (ver também www.auditoriacidada.org.br)
(e ainda a propósito, no artigo Melancolia, Vinicius Torres Freire, diz: “... Não será possível conter a presente degradação econômica sem pelo menos, mínimo do mínimo, controle da ruína das contas do governo: o aumento sem limite da dívida pública...”).

Isto posto, torna-se absolutamente inútil lamentarmos a falta de recursos diante de tão descomunal sangria que dilapida o nosso já combalido dinheiro público, mina a nossa capacidade de investimento e de poupança e, mais grave ainda, afeta a credibilidade de nossas instituições, negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à pátria, ao lado de abissais desigualdades sociais e regionais e de extremas e sempre crescentes necessidades de ampliação e modernização de setores como: a gestão pública; a infraestrutura (rodovias, ferrovias, hidrovias, portos, aeroportos); a educação; a saúde; o saneamento ambiental (água tratada, esgoto tratado, resíduos sólidos tratados, macrodrenagem urbana, logística reversa); meio ambiente; habitação; mobilidade urbana (trânsito, transporte, acessibilidade); minas e energia; emprego, trabalho e renda; agregação de valor às commodities; sistema financeiro nacional; assistência social; previdência social; segurança alimentar e nutricional; segurança pública; forças armadas; polícia federal; defesa civil; logística; pesquisa e desenvolvimento; ciência, tecnologia e inovação; cultura, esporte e lazer; turismo; comunicações; qualidade (planejamento – estratégico, tático e operacional –, transparência, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade – “fazer mais e melhor, com menos” –, criatividade, produtividade, competitividade); entre outros...

São, e bem o sabemos, gigantescos desafios mas que, de maneira alguma, abatem o nosso ânimo e nem arrefecem o nosso entusiasmo e otimismo nesta grande cruzada nacional pela excelência educacional, visando à construção de uma Nação verdadeiramente participativa, justa, ética, educada, civilizada, qualificada, livre, soberana, democrática, solidária e desenvolvida, que possa partilhar suas extraordinárias e generosas riquezas, oportunidades e potencialidades com todas as brasileiras e com todos os brasileiros. Ainda mais especialmente no horizonte de investimentos bilionários previstos em inadiáveis e fundamentais empreendimentos de infraestrutura, além de projetos do Pré-Sal e de novas fontes energéticas, à luz das exigências do século 21, da era da globalização, da internacionalização das organizações, da informação, do conhecimento, da inovação, das novas tecnologias, da sustentabilidade e de um possível e novo mundo do direito, da justiça, da verdade, do diálogo, da liberdade, da paz, da solidariedade, da igualdade – e com equidade –, e da fraternidade universal...
Este é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a nossa fé, a nossa esperança... e perseverança!

“VI, OUVI E VIVI: O BRASIL TEM JEITO!”
58 anos de testemunho de um servidor público (1961 – 2019)

- Estamos nos descobrindo através da Excelência Educacional ...
- ANTICORRUPÇÃO: Prevenir e vencer, usando nossas defesas democráticas ...
- Por uma Nova Política Brasileira ...
- Pela excelência na Gestão Pública ...
- Pelo fortalecimento da cultura da sustentabilidade, em suas três dimensões nucleares do desenvolvimento integral: econômico; social, com promoção humana, e, ambiental, com proteção e preservação dos nossos recursos naturais ...
- A alegria da vocação ...  

Afinal, o Brasil é uma águia pequena que já ganhou asas e, para voar, precisa tão somente de visão olímpica e de coragem! ...        

E P Í L O G O

CLAMOR E SÚPLICA DO POVO BRASILEIRO

“Oh! Deus, Criador, Legislador e Libertador, fonte de infinita misericórdia!
Senhor, que não fique, e não está ficando, pedra sobre pedra
Dos impérios edificados com os ganhos espúrios, ilegais, injustos e
Frutos da corrupção, do saque, da rapina e da dilapidação do
Nosso patrimônio público.
Patrimônio esse construído com o
Sangue, suor e lágrima,
Trabalho, honra e dignidade do povo brasileiro!
Senhor, que seja assim! Eternamente!”.
  

segunda-feira, 4 de novembro de 2019

A EXCELÊNCIA EDUCACIONAL, A URGÊNCIA E EXIGÊNCIAS DO DEBATE PLURAL E AS LUZES DA VERDADE E SABEDORIA NA ESCUTA AMOROSA DA HUMANIDADE NA SUSTENTABILIDADE (37/133)

(Novembro = mês 37; faltam 133 meses para a Primavera Brasileira)
“Hora do debate plural
        É possível aferir avanços da civilização por meio de diversos elementos: tecnologia, expansão do conhecimento, média de vida do ser humano, conscientização da sociedade etc. Nas democracias, um dos aspectos mais evidentes é a racionalidade. Com boa pontuação nesse capítulo, um povo mostra que seu sistema de decisão é lógico, denso e justo. É quando o voto sai do coração e sobe à cabeça. O eleitor evita a síndrome do touro: pensa com o coração e arremete com a cabeça.
         Esse introito convida-nos a imaginar o grau civilizatório da atualidade brasileira. Evidentemente não somos uma sociedade racional, com nossa cultura banhada pela emoção. Somos uma gente calorosa, vibrante, que toma partido de tudo e decide mais pelo coração do que pela cabeça.
         Porém, expande-se o conceito de autogestão usado, particularmente, pela cultura anglo-saxã. Seu lema: a pessoa define metas e objetivos e escolhe meios e formas para atingi-los.
         Do fim dos anos 80, sob uma Constituição garantidora de direitos individuais e sociais, avançamos na trilha da pressão sobre os Poderes até oestágio da mobilização de 2013. Entidades intermediárias – gênero, minorias, defesa corporativa e categorias profissionais – mostraram força nas ruas. Chegamos ao momento em que o país, dividido e polarizado, quebra paradigmas e elege dirigentes fora do velho jogo, enquanto contingentes agem de forma autônoma. Assim o país avança na direção da racionalidade. Por isso, não dá mais para aceitar negociatas por baixo do pano, projetos e portas trancadas, burocratas plasmando reformas em círculo fechado. É hora do debate plural, sem redomas. O Brasil de hoje exige transparência.
         Grupos nomeados por ministros ou secretários de pastas, que não debatem seus projetos com a sociedade organizada, estarão sujeitos à execração social e condenados por desconexão com a realidade. O Brasil requer o jogo aberto de ideias, ponto e contraponto.
         Reformas estão em gestação no governo e no Congresso. Entre elas a da Previdência, que não merece ser partilhada nas barganhas dos congressistas. Há também a reforma tributária, e todos os setores devem ser ouvidos, não apenas a indústria. Vejam o que diz o economista Raul Velloso: “A reforma tributária mexe com a tributação de setores da economia, aumentando a de uns e reduzindo a de outros... mas é uma reforma em favor da indústria e contra o setor de serviços”.
         Prepara-se a reforma sindical: montou-se um conselhão do trabalho composto por tradicionais lideranças, sem participação de representantes de novos segmentos da empregabilidade.
         Esperemos também pelas reformas administrativa e política. A primeira só será eficaz se for racional, enxugando estruturas, treinando quadros, reduzindo a burocracia.
         Já a reforma política, pelo menos em relação ao voto, precisa encarnar melhor a vontade popular, o que não ocorrerá sem o crivo do cidadão, o verdadeiro dono do mandato. Todo poder emana do povo e em seu nome deve ser exercido.”.
(Gaudêncio Torquato. Jornalista, professor (USP) e consultor político, em artigo publicado no jornal O TEMPO Belo Horizonte, edição de 20 de outubro de 2019, caderno O.PINIÃO, página 19).
Mais uma importante e oportuna contribuição para o nosso trabalho de Mobilização para a Excelência Educacional vem de artigo publicado no site www.domtotal.com, edição de 01 de novembro de 2019, de autoria de DOM WALMOR OLIVEIRA DE AZEVEDO, arcebispo metropolitano de Belo Horizonte e presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), e que merece igualmente integral transcrição:
“Ouve, Israel
Essa evocação, presente na tradição bíblica, é uma convocação na vida do povo de Israel e torna-se referência a um princípio vital para enfrentar o processo destrutivo que se abate sobre a humanidade na atual virada antropológica, responsável por mudar cenários em todo o mundo. Trata-se de um chamado para que o povo se aproxime mais de Deus e, assim, seja reconfigurada a vida em seus diferentes aspectos – culturais, políticos, religiosos e ambientais. Sabe-se que as dinâmicas das grandes transformações antropológico-culturais, como a que ocorre na contemporaneidade, desafiam as sociedades, incidem sobre identidades institucionais, abalam convicções. Nesse contexto, corre-se o risco de se negociar o inegociável, de se adotar práticas que desorientam e levam à perda de rumos, obscurecendo metas importantes para a salvaguarda do bem comum, da verdade, do amor e, consequentemente, da justiça. O desafio é continuar, como um caçador, a buscar a verdade nos seus princípios, com humildade e esperança.
Buscar permanentemente a verdade é desafio constante, mas não se pode apegar à ilusão de ser possuidor dela. Considerar-se “dono da verdade” é postura que gera equívocos, fundamentalismos e polarizações. “Ouve, Israel” é, pois, referência que ensina: só um caminho de profunda escuta permitirá não perder a direção da verdade e do amor. Seja, assim, assumido o desafio humano e existencial de exercitar a competência para escutar. A escuta de Deus e de si mesmo alarga os espaços interiores para que os outros sejam escutados – particularmente, gera sensibilidade para reconhecer os clamores dos pobres e sofredores. De modo contrário, o comprometimento da capacidade para escutar é desastroso, pois alimenta a dureza de coração, obscurece até a razão, ou a direciona para gestos de indiferença, ameaçando a paz, por prejudicar a justiça e o inegociável princípio ético-moral de salvaguardar sempre o bem comum.
O exercício da escuta, no horizonte da convocação feita por Deus ao seu povo – “Ouve, Israel” –, constitui caminho único para encontrar sabedoria e recompor o tecido sociopolítico, para se conquistar o equilíbrio, a solidariedade e o sentido de viver. É muito fácil detectar os efeitos nocivos e demolidores advindos da incompetência para o exercício humano de escutar. Quem não escuta fala sempre, muito, de modo visivelmente desconectado da adequada interpretação da realidade. Produz, assim, resultados que pesam, atrasam processos e impedem o alcance de novas respostas exigidas em cada etapa da história. “Ouve, Israel” é princípio ético-pedagógico, convocação, determinação, correção e advertência.
O “rolo compressor” da viragem antropológico-cultural em curso, que causa angústias, multiplica depressões, revela destemperos humanos e exige novo humanismo só pode ser adequadamente enfrentado pelo exercício qualificador da capacidade para escutar. Caso contrário, as percepções serão equivocadas ou superficiais e não serão encontradas soluções até para os problemas mais simples. Comprometido estará o sentimento indispensável de que viver é dom precioso e vale lutar pelo bem, compromisso irrenunciável – até quando são exigidos sacrifícios e renúncias, na contramão da mesquinhez suicida que contamina a atualidade. “Ouve, Israel”. Todos acolham essa convocação para quebrar os terríveis e danificadores grilhões da autorreferencialidade, mal que cega a razão e os corações, inviabiliza percepções fundamentais, alimenta o carreirismo, o doentio apego ao dinheiro, a dominação pela dinâmica da disputa fratricida, e o mais grave: a perda da serenidade e da alegria de viver.
“Ouve, Israel” é a prioritária indicação de um exercício diário a ser feito por todos, para uma capacitação espiritual e humanística. Sem o exercício da escuta, os erros se multiplicarão, a fonte da compaixão secará, a teimosia será o leme e a mesquinhez, os trilhos.  Desenvolver a aptidão para escuta é fundamental na recuperação do esgarçado tecido sociocultural e religioso da contemporaneidade, de modo a evitar o caos, a superar os desequilíbrios ambientais, os descompassos políticos, os fundamentalismos e conservadorismos religiosos que levam à humanidade sem humanismo, à religiosidade sem Deus, ao mundo sem vida, a homens e mulheres sem alma.
Fale menos, ouça primeiro. Em busca de qualificar a capacidade para escutar, vale acolher, dentre tantas e preciosas indicações, o conselho de Santo Ambrósio, bispo no século quarto, explicitando o alcance da convocação “Ouve, Israel”: "Vossa palavra, Senhor, é estável como o céu (Sl 118,89). Vês que ela deve permanecer também em ti, pelo fato de permanecer estável no céu. Guarda, pois, a palavra de Deus e conserva-a em teu coração, de tal modo que não a esqueças. A meditação da lei nos dá a possibilidade de suportar serenamente os períodos de sofrimento, de humilhação e de qualquer adversidade, de modo a não sermos oprimidos nem pelo excesso de tribulação nem pela falta de coragem. Em uma palavra, o Senhor não quer que sejamos abatidos pelo sofrimento até o desespero, mas até a correção." Ecoe nos corações de aprendizes e peregrinos: “Ouve, Israel”!”.
Eis, portanto, mais páginas contendo importantes, incisivas e oportunas abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança de nossa história – que é de ética, de moral, de princípios, de valores –, para a imperiosa e urgente necessidade de profundas mudanças em nossas estruturas educacionais, governamentais, jurídicas, políticas, sociais, culturais, econômicas, financeiras e ambientais, de modo a promovermos a inserção do País no concerto das potências mundiais livres, justas, educadas, qualificadas, civilizadas, soberanas, democráticas, republicanas, solidárias e sustentavelmente desenvolvidas...

Assim, urge ainda a efetiva problematização de questões deveras cruciais como:
a)     a excelência educacional – pleno desenvolvimento da pessoa, da cidadania e da qualificação profissional –, desde a educação infantil (0 a 3 anos de idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo da modernidade de matricularmos nossas crianças de 6 anos de idade na primeira série do ensino fundamental, independentemente do mês de seu nascimento –, até a pós-graduação (especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade absoluta de nossas políticas públicas, gerando o pleno desenvolvimento da pessoa, da cidadania e da qualificação profissional (enfim, 129 anos depois, a República proclama o que esperamos seja verdadeiramente o início de uma revolução educacional, mobilizando de maneira incondicional todas as forças vivas do país, para a realização da nova pátria; a pátria da educação, da ética, da justiça, da liberdade, da civilidade, da democracia, da participação, da solidariedade, da sustentabilidade...);
b)    o combate implacável, sem eufemismos e sem tréguas, aos três dos nossos maiores e mais devastadores inimigos que são: I – a inflação, a exigir permanente, competente e diuturna vigilância, de forma a manter-se em patamares civilizados, ou seja, próximos de zero (segundo dados do Banco Central, a taxa de juros do cartão de crédito atingiu em setembro a ainda estratosférica marca de 307,82% nos últimos  doze meses, e a taxa de juros do cheque especial chegou em históricos 307,58%; e já o IPCA, também no acumulado dos últimos doze meses, chegou a 2,89%); II – a corrupção, há séculos, na mais perversa promiscuidade    “dinheiro público versus interesses privados” –, como um câncer a se espalhar por todas as esferas da vida nacional, gerando incalculáveis e irreversíveis prejuízos, perdas e comprometimentos de vária ordem (a propósito, a lúcida observação do procurador chefe da força-tarefa da Operação Lava Jato, Deltan Dallagnol: “A Lava Jato ela trata hoje de um tumor, de um caso específico de corrupção, mas o problema é que o sistema é cancerígeno...” – e que vem mostrando também o seu caráter transnacional;  eis, portanto, que todos os valores que vão sendo apresentados aos borbotões, são apenas simbólicos, pois em nossos 518 anos já se formou um verdadeiro oceano de suborno, propina, fraudes, desvios, malversação, saque, rapina e dilapidação do nosso patrimônio... Então, a corrupção mata, e, assim, é crime...); III – o desperdício, em todas as suas modalidades, também a ocasionar inestimáveis perdas e danos, indubitavelmente irreparáveis (por exemplo, segundo Lucas Massari, no artigo ‘O Desperdício na Logística Brasileira’, a “... Desconfiança das empresas e das famílias é grande. Todos os anos, cerca de R$ 1 trilhão, é desperdiçado no Brasil. Quase nada está imune à perda. Uma lista sem fim de problemas tem levado esses recursos e muito mais. De cada R$ 100 produzidos, quase R$ 25 somem em meio à ineficiência do Estado e do setor privado, à falhas de logística e de infraestrutura, ao excesso de burocracia, ao descaso, à corrupção e à falta de planejamento...”;
c)     a dívida pública brasileira - (interna e externa; federal, estadual, distrital e municipal) –, com previsão para 2019, apenas segundo o Orçamento Geral da União – Anexo II – Despesa dos Orçamentos Fiscal e da Seguridade Social – Órgão Orçamentário, de exorbitante e insuportável desembolso de cerca de R$ 1,422 trilhão (43,6%), a título de juros, encargos, amortização e refinanciamentos (ao menos com esta rubrica, previsão de R$ 758,672 bilhões), a exigir alguns fundamentos da sabedoria grega, do direito e da justiça:
- pagar, sim, até o último centavo;
- rigorosamente, não pagar com o pão do povo;
- realizar uma IMEDIATA, abrangente, qualificada, independente, competente e eficaz auditoria... (ver também www.auditoriacidada.org.br)
(e ainda a propósito, no artigo Melancolia, Vinicius Torres Freire, diz: “... Não será possível conter a presente degradação econômica sem pelo menos, mínimo do mínimo, controle da ruína das contas do governo: o aumento sem limite da dívida pública...”).

Isto posto, torna-se absolutamente inútil lamentarmos a falta de recursos diante de tão descomunal sangria que dilapida o nosso já combalido dinheiro público, mina a nossa capacidade de investimento e de poupança e, mais grave ainda, afeta a credibilidade de nossas instituições, negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à pátria, ao lado de abissais desigualdades sociais e regionais e de extremas e sempre crescentes necessidades de ampliação e modernização de setores como: a gestão pública; a infraestrutura (rodovias, ferrovias, hidrovias, portos, aeroportos); a educação; a saúde; o saneamento ambiental (água tratada, esgoto tratado, resíduos sólidos tratados, macrodrenagem urbana, logística reversa); meio ambiente; habitação; mobilidade urbana (trânsito, transporte, acessibilidade); minas e energia; emprego, trabalho e renda; agregação de valor às commodities; sistema financeiro nacional; assistência social; previdência social; segurança alimentar e nutricional; segurança pública; forças armadas; polícia federal; defesa civil; logística; pesquisa e desenvolvimento; ciência, tecnologia e inovação; cultura, esporte e lazer; turismo; comunicações; qualidade (planejamento – estratégico, tático e operacional –, transparência, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade – “fazer mais e melhor, com menos” –, criatividade, produtividade, competitividade); entre outros...

São, e bem o sabemos, gigantescos desafios mas que, de maneira alguma, abatem o nosso ânimo e nem arrefecem o nosso entusiasmo e otimismo nesta grande cruzada nacional pela excelência educacional, visando à construção de uma Nação verdadeiramente participativa, justa, ética, educada, civilizada, qualificada, livre, soberana, democrática, solidária e desenvolvida, que possa partilhar suas extraordinárias e generosas riquezas, oportunidades e potencialidades com todas as brasileiras e com todos os brasileiros. Ainda mais especialmente no horizonte de investimentos bilionários previstos em inadiáveis e fundamentais empreendimentos de infraestrutura, além de projetos do Pré-Sal e de novas fontes energéticas, à luz das exigências do século 21, da era da globalização, da internacionalização das organizações, da informação, do conhecimento, da inovação, das novas tecnologias, da sustentabilidade e de um possível e novo mundo do direito, da justiça, da verdade, do diálogo, da liberdade, da paz, da solidariedade, da igualdade – e com equidade –, e da fraternidade universal...
Este é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a nossa fé, a nossa esperança... e perseverança!

“VI, OUVI E VIVI: O BRASIL TEM JEITO!”
58 anos de testemunho de um servidor público (1961 – 2019)

- Estamos nos descobrindo através da Excelência Educacional ...
- ANTICORRUPÇÃO: Prevenir e vencer, usando nossas defesas democráticas ...
- Por uma Nova Política Brasileira ...
- Pela excelência na Gestão Pública ...
- Pelo fortalecimento da cultura da sustentabilidade, em suas três dimensões nucleares do desenvolvimento integral: econômico; social, com promoção humana, e, ambiental, com proteção e preservação dos nossos recursos naturais ...
- A alegria da vocação ...  

Afinal, o Brasil é uma águia pequena que já ganhou asas e, para voar, precisa tão somente de visão olímpica e de coragem! ...        

E P Í L O G O

CLAMOR E SÚPLICA DO POVO BRASILEIRO

“Oh! Deus, Criador, Legislador e Libertador, fonte de infinita misericórdia!
Senhor, que não fique, e não está ficando, pedra sobre pedra
Dos impérios edificados com os ganhos espúrios, ilegais, injustos e
Frutos da corrupção, do saque, da rapina e da dilapidação do
Nosso patrimônio público.
Patrimônio esse construído com o
Sangue, suor e lágrima,
Trabalho, honra e dignidade do povo brasileiro!
Senhor, que seja assim! Eternamente!”.


        

 




terça-feira, 17 de setembro de 2019

A EXCELÊNCIA EDUCACIONAL, AS LUZES CONSTITUCIONAIS DO ENSINO E AUTONOMIA E AS URGÊNCIAS E DESAFIOS DA INFRAESTRUTURA NA SUSTENTABILIDADE


“Efetividade no direito à educação
        O artigo 205 da Constituição Federal dispõe que a educação é direito de todos e dever do Estado e da família, promovida com a coparticipação da sociedade. O Estado, portanto, necessita estruturar-se para prover serviços educacionais a todos, exercendo o regime de colaboração entre os entes federados e a divisão de recursos determinada pela Constituição da República.
         O direito à educação estabelecido na Constituição busca o integral desenvolvimento da pessoa, preparando-a para o exercício da cidadania e qualificando-a para o mundo do trabalho. É evidente a necessidade de o processo educativo estabelecer relações com o contexto dos alunos, promovendo a construção do conhecimento de forma democrática, crítica e permeável, pois, sem essa exigência pedagógica, a educação se faz apenas para cumprir o dispositivo legal da obrigatoriedade de oferta, sem supor na realidade.
         Eis aqui uma dificuldade que se faz amplamente administrativa, a oferta de educação pelo Estado estar atrelada a moldes, finalidades e princípios nem sempre pautados no aluno. Em muitos casos, atribui-se mais importância às metas do que ao processo educativo. O foco acaba concentrado em questões políticas, e não no aprendizado de cada educando.
         O Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) foi instituído como uma tentativa de mensurar a qualidade de cada escola e de cada rede de ensino. A partir do Ideb, os sistemas municipais, estaduais e federal de ensino passam a ter metas a serem atingidas. Excelente iniciativa. Entretanto, apenas a obtenção de boa nota não deve ser objetivo principal do Estado, uma vez que a grande inquietação da administração pública necessita ser o aprendizado regulado pelas finalidades previstas na Constituição, que contempla, no direito à educação, a qualidade pedagógica que permita ao aluno aprender a aprender, enfrentar situações problemas e identificar-se com a realidade.
         A inoperância ou omissão da administração pública diante do que é e como é lecionado caracteriza retrocesso desse direito fundamental, ao passo que, assim, jamais se permitirá atingir a essência do direito à educação. Para que o sistema educacional logre êxito, o Estado precisa ir além da mera oferta – é fundamental o rigor quanto à qualidade desse ensino, buscando desenvolver cidadãos capazes de tomar as suas próprias decisões e de admitir as responsabilidades resultantes delas, ampliando competências e habilidades do sujeito, a ponto de torna-lo um ser autônomo.”.

(MILENA KENDRICK FIUZA. Gerente pedagógica do Sistema Positivo de Ensino, em artigo publicado no jornal ESTADO DE MINAS, edição de 9 de setembro de 2019, caderno OPINIÃO, página 7).

Mais uma importante e oportuna contribuição para o nosso trabalho de Mobilização para a Excelência Educacional vem de artigo publicado no mesmo veículo, edição de 10 de setembro de 2019, mesmo caderno e página, de autoria de PATRÍCIA SCHIPITOSKI MONTEIRO, engenheira civil e professora de infraestrutura de transportes do curso de engenharia civil da Universidade Positivo, e que merece igualmente integral transcrição:

“Os desafios da cabotagem
        A correlação da cabotagem com o transporte de cargas data da Idade Antiga, quando os fenícios, reconhecidos negociantes mesopotâmicos, estabeleceram entrepostos comerciais ao longo da costa mediterrânea e inovaram na navegação, desenvolvendo embarcações com maior capacidade de carga e independentes de condições de vento para o deslocamento em velocidade. Não à toa, dominaram o cenário econômico e ajudaram a moldar o posicionamento de importantes cidades mundiais.
         Paralelamente, ao avaliarmos a história da América do Norte, até o século 19, dada a importância da movimentação aquaviária e ferroviária de cargas, o desenvolvimento de infraestrutura rodoviária era restritos a fundos privados. Em 1956, quando pela primeira vez navios tanque são modificados para transportar contêineres, a modalidade do transporte marítimo ganha novo fôlego, impulsionada pelo sistema de comércio que passamos a denotar “globalização”. As primeiras embarcações de transporte de contêineres eram limitadas a 58 unidades padrão (TEU, twenty equivalent unit), ao passo que, atualmente, navios cargueiros podem carregar dezenas de milhares.
         Em contrapartida, no Brasil, a partir de uma série de políticas públicas e estratégias de estímulo econômico, optamos pelo desenvolvimento da modalidade rodoviária, tida então como tecnologia moderna e flexível de mobilidade. Há entendimento, agora, da inadequação deste sistema de transporte para longas distâncias: a modalidade hidroviária tem um custo de frete da ordem de três vezes menor que o transporte rodoviário. É, também, altamente econômico em relação ao consumo de combustível: a Antaq estima que o modal rodoviário consome um total de 96 litros de combustível por TKU (tonelada por quilómetro útil), enquanto o modal hidroviário consome cinco litros para o mesmo transporte. Assim, é menos poluente, com emissões de gás carbônico da ordem de 80% menores e emissões de monóxido de carbono da ordem de 94% menores que as do transporte rodoviário.
         Entretanto, as modalidades hidroviárias são mais impactadas por suas limitações física que seus modais concorrentes, aéreos ou terrestres, já que dependem de condições naturais (que podem ser adaptadas, mas não totalmente implantadas). Carecem, ainda, de infraestruturas portuárias compatíveis e caminhos de acesso que viabilizem sua utilização. Entre a movimentação de cargas nos portos nacionais (que por si só já amarguram péssimos indicadores de transporte, frente a portos de países com desenvolvimento econômico equivalente e até menores que o nosso), os percentuais relativos à movimentação de cabotagem totalizam menos que 20% do total de contêineres e menos que 15% da tonelagem de carga.
         A despeito da demanda urgente de diversificação das modalidades de transporte empregadas, estimular o transporte de cabotagem não pode ser medida única de desenvolvimento da infraestrutura de transporte de cargas. Pela restrição de circulação ao longo da costa, esse tipo de medida pode acabar desestabilizando as relações comerciais do interior do país, já que, indiretamente, favorece regiões historicamente privilegiadas. Não é à toa que a maioria das capitais – dos estados com frente litorânea – localizam-se próximas à costa. É essencial que programas de desenvolvimento de outras modalidades – tais como a ferroviária, por exemplo, também sinalizada como prioritária ao atual governo – sejam levadas à frente, para garantir serviços de atendimento logístico a regiões com baixos IDHs e estimular a cadeia produtiva destas regiões.”.

Eis, portanto, mais páginas contendo importantes, incisivas e oportunas abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança de nossa história – que é de ética, de moral, de princípios, de valores –, para a imperiosa e urgente necessidade de profundas mudanças em nossas estruturas educacionais, governamentais, jurídicas, políticas, sociais, culturais, econômicas, financeiras e ambientais, de modo a promovermos a inserção do País no concerto das potências mundiais livres, justas, educadas, qualificadas, civilizadas, soberanas, democráticas, republicanas, solidárias e sustentavelmente desenvolvidas...

Assim, urge ainda a efetiva problematização de questões deveras cruciais como:
a)     a excelência educacional – pleno desenvolvimento da pessoa, da cidadania e da qualificação profissional –, desde a educação infantil (0 a 3 anos de idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo da modernidade de matricularmos nossas crianças de 6 anos de idade na primeira série do ensino fundamental, independentemente do mês de seu nascimento –, até a pós-graduação (especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade absoluta de nossas políticas públicas, gerando o pleno desenvolvimento da pessoa, da cidadania e da qualificação profissional (enfim, 129 anos depois, a República proclama o que esperamos seja verdadeiramente o início de uma revolução educacional, mobilizando de maneira incondicional todas as forças vivas do país, para a realização da nova pátria; a pátria da educação, da ética, da justiça, da liberdade, da civilidade, da democracia, da participação, da solidariedade, da sustentabilidade...);
b)    o combate implacável, sem eufemismos e sem tréguas, aos três dos nossos maiores e mais devastadores inimigos que são: I – a inflação, a exigir permanente, competente e diuturna vigilância, de forma a manter-se em patamares civilizados, ou seja, próximos de zero (segundo dados do Banco Central, a taxa de juros do cartão de crédito atingiu em julho a ainda estratosférica marca de 300,29% nos últimos  doze meses, e a taxa de juros do cheque especial chegou em históricos 318,65%; e já o IPCA, em agosto, também no acumulado dos últimos doze meses, chegou a 3,43%); II – a corrupção, há séculos, na mais perversa promiscuidade    “dinheiro público versus interesses privados” –, como um câncer a se espalhar por todas as esferas da vida nacional, gerando incalculáveis e irreversíveis prejuízos, perdas e comprometimentos de vária ordem (a propósito, a lúcida observação do procurador chefe da força-tarefa da Operação Lava Jato, Deltan Dallagnol: “A Lava Jato ela trata hoje de um tumor, de um caso específico de corrupção, mas o problema é que o sistema é cancerígeno...” – e que vem mostrando também o seu caráter transnacional;  eis, portanto, que todos os valores que vão sendo apresentados aos borbotões, são apenas simbólicos, pois em nossos 518 anos já se formou um verdadeiro oceano de suborno, propina, fraudes, desvios, malversação, saque, rapina e dilapidação do nosso patrimônio... Então, a corrupção mata, e, assim, é crime...); III – o desperdício, em todas as suas modalidades, também a ocasionar inestimáveis perdas e danos, indubitavelmente irreparáveis (por exemplo, segundo Lucas Massari, no artigo ‘O Desperdício na Logística Brasileira’, a “... Desconfiança das empresas e das famílias é grande. Todos os anos, cerca de R$ 1 trilhão, é desperdiçado no Brasil. Quase nada está imune à perda. Uma lista sem fim de problemas tem levado esses recursos e muito mais. De cada R$ 100 produzidos, quase R$ 25 somem em meio à ineficiência do Estado e do setor privado, à falhas de logística e de infraestrutura, ao excesso de burocracia, ao descaso, à corrupção e à falta de planejamento...”;
c)     a dívida pública brasileira - (interna e externa; federal, estadual, distrital e municipal) –, com previsão para 2019, apenas segundo o Orçamento Geral da União – Anexo II – Despesa dos Orçamentos Fiscal e da Seguridade Social – Órgão Orçamentário, de exorbitante e insuportável desembolso de cerca de R$ 1,422 trilhão (43,6%), a título de juros, encargos, amortização e refinanciamentos (ao menos com esta rubrica, previsão de R$ 758,672 bilhões), a exigir alguns fundamentos da sabedoria grega, do direito e da justiça:
- pagar, sim, até o último centavo;
- rigorosamente, não pagar com o pão do povo;
- realizar uma IMEDIATA, abrangente, qualificada, independente, competente e eficaz auditoria... (ver também www.auditoriacidada.org.br)
(e ainda a propósito, no artigo Melancolia, Vinicius Torres Freire, diz: “... Não será possível conter a presente degradação econômica sem pelo menos, mínimo do mínimo, controle da ruína das contas do governo: o aumento sem limite da dívida pública...”).

Isto posto, torna-se absolutamente inútil lamentarmos a falta de recursos diante de tão descomunal sangria que dilapida o nosso já combalido dinheiro público, mina a nossa capacidade de investimento e de poupança e, mais grave ainda, afeta a credibilidade de nossas instituições, negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à pátria, ao lado de abissais desigualdades sociais e regionais e de extremas e sempre crescentes necessidades de ampliação e modernização de setores como: a gestão pública; a infraestrutura (rodovias, ferrovias, hidrovias, portos, aeroportos); a educação; a saúde; o saneamento ambiental (água tratada, esgoto tratado, resíduos sólidos tratados, macrodrenagem urbana, logística reversa); meio ambiente; habitação; mobilidade urbana (trânsito, transporte, acessibilidade); minas e energia; emprego, trabalho e renda; agregação de valor às commodities; sistema financeiro nacional; assistência social; previdência social; segurança alimentar e nutricional; segurança pública; forças armadas; polícia federal; defesa civil; logística; pesquisa e desenvolvimento; ciência, tecnologia e inovação; cultura, esporte e lazer; turismo; comunicações; qualidade (planejamento – estratégico, tático e operacional –, transparência, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade – “fazer mais e melhor, com menos” –, criatividade, produtividade, competitividade); entre outros...

São, e bem o sabemos, gigantescos desafios mas que, de maneira alguma, abatem o nosso ânimo e nem arrefecem o nosso entusiasmo e otimismo nesta grande cruzada nacional pela excelência educacional, visando à construção de uma Nação verdadeiramente participativa, justa, ética, educada, civilizada, qualificada, livre, soberana, democrática, solidária e desenvolvida, que possa partilhar suas extraordinárias e generosas riquezas, oportunidades e potencialidades com todas as brasileiras e com todos os brasileiros. Ainda mais especialmente no horizonte de investimentos bilionários previstos em inadiáveis e fundamentais empreendimentos de infraestrutura, além de projetos do Pré-Sal e de novas fontes energéticas, à luz das exigências do século 21, da era da globalização, da internacionalização das organizações, da informação, do conhecimento, da inovação, das novas tecnologias, da sustentabilidade e de um possível e novo mundo do direito, da justiça, da verdade, do diálogo, da liberdade, da paz, da solidariedade, da igualdade – e com equidade –, e da fraternidade universal...
Este é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a nossa fé, a nossa esperança... e perseverança!

“VI, OUVI E VIVI: O BRASIL TEM JEITO!”
58 anos de testemunho de um servidor público (1961 – 2019)

- Estamos nos descobrindo através da Excelência Educacional ...
- ANTICORRUPÇÃO: Prevenir e vencer, usando nossas defesas democráticas ...
- Por uma Nova Política Brasileira ...
- Pela excelência na Gestão Pública ...
- Pelo fortalecimento da cultura da sustentabilidade, em suas três dimensões nucleares do desenvolvimento integral: econômico; social, com promoção humana, e, ambiental, com proteção e preservação dos nossos recursos naturais ...
- A alegria da vocação ...  

Afinal, o Brasil é uma águia pequena que já ganhou asas e, para voar, precisa tão somente de visão olímpica e de coragem! ...        

E P Í L O G O

CLAMOR E SÚPLICA DO POVO BRASILEIRO

“Oh! Deus, Criador, Legislador e Libertador, fonte de infinita misericórdia!
Senhor, que não fique, e não está ficando, pedra sobre pedra
Dos impérios edificados com os ganhos espúrios, ilegais, injustos e
Frutos da corrupção, do saque, da rapina e da dilapidação do
Nosso patrimônio público.
Patrimônio esse construído com o
Sangue, suor e lágrima,
Trabalho, honra e dignidade do povo brasileiro!
Senhor, que seja assim! Eternamente!”.