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domingo, 28 de junho de 2020

A EXCELÊNCIA EDUCACIONAL, AS LUZES DA ESTATÍSTICA NA TRAVESSIA DAS PANDEMIAS E A TRANSCENDÊNCIA DAS NOVAS CONFIGURAÇÕES DO LAR E TRABALHO NA SUSTENTABILIDADE


“Estatísticas importam; entendê-las, também
        Quem poderia imaginar que, em três, meses, a população mundial se familiarizaria tanto com curvas epidemiológicas e taxas de mortalidade? Assim que a pandemia do coronavírus chegou, nos vimos envolvidos por uma nova forma de olhar a realidade; por meio da evolução no número de mortes por coronavírus e o que estas representam para a sociedade.
         Mas, nesse contexto, será que realmente entendemos esses números? O que vemos na prática são muitos erros no entendimento de atores públicos, de parta da imprensa e do público em geral, em relação à importância da coleta de estatísticas fiáveis, assim como da interpretação dos números da pandemia. No início do mês, Andreas Backhaus, economista e pesquisador do Instituo Federal de Pesquisas Populacionais da Alemanha (BiB), publicou um artigo resumindo os erros mais comuns que se observam nesse campo, em escala mundial. Entre vários, dois merecem destaque especial: a contagem de óbitos e o mau uso dos diferentes indicadores de mortalidade.
         Em geral, os países utilizam classificações bem diferentes para o registro de óbitos pela Covid-19; além disso, há polêmica sobre como diferenciar uma morte por Covid-19 daquelas nas quais há outras doenças concomitantes. Por isso, as estatísticas de mortes publicadas de forma comparativa não refletem com exatidão o impacto da pandemia no planeta.
         Os conceitos que refletem a mortalidade durante a pandemia, frequentemente interpretados de forma incorreta, são basicamente: taxa de letalidade de casos (case fatality rate – CFR), a taxa de letalidade de infecções (infection fatality rate – IFR) e a taxa de mortalidade (mortality rate – MR). Em resumo, o CFR divide as mortes confirmadas por Covid-19 pelos casos confirmados de infecções pelo vírus; o IFR, por sua vez, divide as mesmas mortes confirmadas pelo número total de infecções, independemente de estas terem sito confirmadas por testes. Dado que muitas infecções são assintomáticas e permanecem não confirmadas, o IFR é muito menor em comparação com o CFR. A taxa de mortalidade, por sua vez, divide as mortes confirmadas por Covid-19 pelo total da população, resultando em valores ainda menores.
         O CFR é fortemente influenciado por políticas de teste praticadas em cada país, assim como pelas diferentes capacidades de testagem. O IFR é menos afetado por tais problemas, mas requer estimativas confiáveis do número total de infecções. Por último, a MR proporciona um olhar retrospectivo, uma vez que a nova doença tenha se disseminado. São, portanto, cálculos diferentes, voltados para finalidades distintas.
         O Brasil conta com grandes sistemas de dados e centros de pesquisa, dedicados a gerar dados confiáveis e comparáveis. Devemos exigir neste momento, como sociedade, que a coleta e a publicação do número de óbitos por Covid-19 sejam feitas de forma séria e transparente, e o número de pessoas testadas seja o mais alto possível. Só assim será possível entender os efeitos da pandemia sobre a população e prevenir erros futuros.”.

(Daniela Vono de Vilhena. Pesquisadora do Instituto Max Planck para Pesquisas Demográficas (Alemanha) e doutora em demografia, em artigo publicado no jornal O TEMPO Belo Horizonte, edição de 26 de junho de 2020, caderno OPINIÃO, página 15).

Mais uma importante e oportuna contribuição para o nosso trabalho de Mobilização para a Excelência Educacional vem de artigo publicado no site www.domtotal.com, mesma edição, de autoria de DOM WALMOR OLIVEIRA DE AZEVEDO, arcebispo metropolitano de Belo Horizonte e presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), e que merece igualmente integral transcrição:

“Casa e rua: outro lugar
        ‘Fique em casa’ é o mais interpelante apelo desses últimos meses ante o necessário e indispensável isolamento social. Esse apelo remete ao ambiente mais significativo e referencial da vida de cada pessoa, a casa, o lugar sagrado da família. A orientação “fique em casa” tem força no combate efetivo à pandemia da Covid-19, evitando a disseminação do vírus que é letal para muitas vítimas, submetendo famílias ao luto. Uma pandemia que gera ainda colapsos na saúde e incidências na economia. Não é fácil a obediência ao imperativo de ficar em casa, evitando aglomerações e contatos desnecessários. E esse imperativo estampa, ainda mais, o grave problema do déficit e das más condições habitacionais do Brasil, uma vergonha.
         A realidade de vilas e favelas reflete a acentuada desigualdade social que caracteriza o país. Para os que não têm habitação adequada, como ficar em casa? E como se não bastasse, há ainda uma questão que torna mais cruel essa situação: no outro extremo, entre os que têm casa, a orientação para permanecer no lar é tratada com escárnio. Há, inclusive, os que incitam a população a ir para as ruas, obviamente aumentando os riscos de contaminação. Pessoas insensíveis a uma realidade óbvia: a saúde requer moradia digna e sustentável. O equilíbrio na natureza, fundamental para prevenir pandemias, não é alcançado apenas com o bem-estar de pequena parcela da população. A exclusão de muitos gera adoecimentos que ameaçam toda a sociedade.
         Especificamente sobre a segregação sofrida pelos que não têm casa, a referência alcança também aqueles que até possuem um endereço, mas destituído de mínimas condições para a habitação. Esse cenário revela a fragilidade social que não isenta, inclusive, os que se acham protegidos da contaminação por um vírus. A saúde do planeta, de uma sociedade, depende de condições menos desiguais no campo da moradia – cada um tem direito a uma casa digna para viver. Assim, a orientação “fique em casa” deve também representar um clamor que leva a um novo significado relacionado à rua – fortalecendo o seu sentido de agregação das diferenças, da cooperação, do encontro, de intercâmbios e serviços ao próximo, que é irmão, para gerar inclusão e vencer abismos sociais que adoecem.
         Mas sempre se reconheça: a força social e política da rua nunca substituirá a importância da casa, com seu sentido mais forte e fundamental – é a primeira escola do amor, da fé, dos ensinamentos indispensáveis à civilidade, do desenvolvimento da competência em gerar e cultivar vínculos. A casa tem uma sacralidade que ultrapassa os limites estreitos de relacionamentos. É, para além de sua configuração natural, sagrada sustentação do viver e do aprender a viver. Apesar disso, movimentos civilizatórios levaram à relativização do valor pedagógico e existencial da casa que, para muitos, tornou-se apenas um alojamento noturno, um “point” para atendimento de algumas necessidades muito básicas, a exemplo do repouso, sem considerar tantas outras, igualmente essenciais. As pessoas desaprenderam, assim, por exemplo, sobre a importância da convivência possibilitada pela casa. Há dificuldade para se relacionar qualificadamente com quem se partilha o mesmo ambiente. Paradoxalmente, por estar desabituado a ficar no próprio lar, o ser humano também é incapaz de lidar com a solidão. Até se deprime. Percebe-se uma dificuldade para cultivar a interioridade. Ficar em casa torna-se, neste contexto, desafiador, e revela carências humanísticas que levam a esgotamentos psíquicos e aqueles inerentes à própria natureza.
         Casa e rua devem ser consideradas a partir do renovado significado, compreendidas como outro lugar, diferente do que até então se imaginava. Sem a casa, as instituições se enfraquecem e há despersonalização do ser humano. A Igreja de Cristo, por exemplo, nasce nos lares e, de casa em casa, fortalece a sua presença servidora no coração do mundo. Ao perdurar a exigente e indispensável convocação “fique em casa”, a sociedade aproveite para cultivar e enriquecer a compreensão a respeito da casa e da rua. Nesses espaços, sejam adotados estilos de vida renovados para superar fragilidades e enfermidades.”.

Eis, portanto, mais páginas contendo importantes, incisivas e oportunas abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança de nossa história – que é de ética, de moral, de princípios, de valores –, para a imperiosa e urgente necessidade de profundas mudanças em nossas estruturas educacionais, governamentais, jurídicas, políticas, sociais, culturais, econômicas, financeiras e ambientais, de modo a promovermos a inserção do País no concerto das potências mundiais livres, justas, educadas, qualificadas, civilizadas, soberanas, democráticas, republicanas, solidárias e sustentavelmente desenvolvidas...

Assim, urge ainda a efetiva problematização de questões deveras cruciais como:
a)     a excelência educacional – pleno desenvolvimento da pessoa, da cidadania e da qualificação profissional –, desde a educação infantil (0 a 3 anos de idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo da modernidade de matricularmos nossas crianças de 6 anos de idade na primeira série do ensino fundamental, independentemente do mês de seu nascimento –, até a pós-graduação (especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade absoluta de nossas políticas públicas, gerando o pleno desenvolvimento da pessoa, da cidadania e da qualificação profissional (enfim, 130 anos depois, a República proclama o que esperamos seja verdadeiramente o início de uma revolução educacional, mobilizando de maneira incondicional todas as forças vivas do país, para a realização da nova pátria; a pátria da educação, da ética, da justiça, da liberdade, da civilidade, da democracia, da participação, da solidariedade, da sustentabilidade...);
b)    o combate implacável, sem eufemismos e sem tréguas, aos três dos nossos maiores e mais devastadores inimigos que são: I – a inflação, a exigir permanente, competente e diuturna vigilância, de forma a manter-se em patamares civilizados, ou seja, próximos de zero (segundo dados do Banco Central, a taxa de juros do cartão de crédito atingiu em abril a estratosférica marca de 313,43% nos últimos  doze meses, e a taxa de juros do cheque especial chegou ainda em históricos 119,32%; e já o IPCA, em maio, também no acumulado dos últimos doze meses, chegou a 1,88%); II – a corrupção, há séculos, na mais perversa promiscuidade    “dinheiro público versus interesses privados” –, como um câncer a se espalhar por todas as esferas da vida nacional, gerando incalculáveis e irreversíveis prejuízos, perdas e comprometimentos de vária ordem (a propósito, a lúcida observação do procurador chefe da força-tarefa da Operação Lava Jato, Deltan Dallagnol: “A Lava Jato ela trata hoje de um tumor, de um caso específico de corrupção, mas o problema é que o sistema é cancerígeno...” – e que vem mostrando também o seu caráter transnacional;  eis, portanto, que todos os valores que vão sendo apresentados aos borbotões, são apenas simbólicos, pois em nossos 518 anos já se formou um verdadeiro oceano de suborno, propina, fraudes, desvios, malversação, saque, rapina e dilapidação do nosso patrimônio... Então, a corrupção mata, e, assim, é crime...); III – o desperdício, em todas as suas modalidades, também a ocasionar inestimáveis perdas e danos, indubitavelmente irreparáveis (por exemplo, segundo Lucas Massari, no artigo ‘O Desperdício na Logística Brasileira’, a “... Desconfiança das empresas e das famílias é grande. Todos os anos, cerca de R$ 1 trilhão, é desperdiçado no Brasil. Quase nada está imune à perda. Uma lista sem fim de problemas tem levado esses recursos e muito mais. De cada R$ 100 produzidos, quase R$ 25 somem em meio à ineficiência do Estado e do setor privado, à falhas de logística e de infraestrutura, ao excesso de burocracia, ao descaso, à corrupção e à falta de planejamento...”;
c)     a dívida pública brasileira - (interna e externa; federal, estadual, distrital e municipal) –, com previsão para 2020, apenas segundo o Orçamento Geral da União – Anexo II – Despesa dos Orçamentos Fiscal e da Seguridade Social – Órgão Orçamentário, de exorbitante e insuportável desembolso de cerca de R$ 1,651 trilhão (44,79%), a título de juros, encargos, amortização e refinanciamentos (ao menos com esta rubrica, previsão de R$ 1,004 trilhão), a exigir alguns fundamentos da sabedoria grega, do direito e da justiça:
- pagar, sim, até o último centavo;
- rigorosamente, não pagar com o pão do povo;
- realizar uma IMEDIATA, abrangente, qualificada, independente, competente e eficaz auditoria... (ver também www.auditoriacidada.org.br)
(e ainda a propósito, no artigo Melancolia, Vinicius Torres Freire, diz: “... Não será possível conter a presente degradação econômica sem pelo menos, mínimo do mínimo, controle da ruína das contas do governo: o aumento sem limite da dívida pública...”).

Destarte, torna-se absolutamente inútil lamentarmos a falta de recursos diante de tão descomunal sangria que dilapida o nosso já combalido dinheiro público, mina a nossa capacidade de investimento e de poupança e, mais grave ainda, afeta a credibilidade de nossas instituições, negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à pátria, ao lado de abissais desigualdades sociais e regionais e de extremas e sempre crescentes necessidades de ampliação e modernização de setores como: a gestão pública; a infraestrutura (rodovias, ferrovias, hidrovias, portos, aeroportos); a educação; a saúde; o saneamento ambiental (água tratada, esgoto tratado, resíduos sólidos tratados, macrodrenagem urbana, logística reversa); meio ambiente; habitação; mobilidade urbana (trânsito, transporte, acessibilidade); minas e energia; emprego, trabalho e renda; agregação de valor às commodities; sistema financeiro nacional; assistência social; previdência social; segurança alimentar e nutricional; segurança pública; forças armadas; polícia federal; defesa civil; logística; pesquisa e desenvolvimento; ciência, tecnologia e inovação; cultura, esporte e lazer; turismo; comunicações; qualidade (planejamento – estratégico, tático e operacional –, transparência, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade – “fazer mais e melhor, com menos” –, criatividade, produtividade, competitividade); entre outros...

São, e bem o sabemos, gigantescos desafios mas que, de maneira alguma, abatem o nosso ânimo e nem arrefecem o nosso entusiasmo e otimismo nesta grande cruzada nacional pela excelência educacional, visando à construção de uma Nação verdadeiramente participativa, justa, ética, educada, civilizada, qualificada, livre, soberana, democrática, solidária e desenvolvida, que possa partilhar suas extraordinárias e generosas riquezas, oportunidades e potencialidades com todas as brasileiras e com todos os brasileiros. Ainda mais especialmente no horizonte de investimentos bilionários previstos em inadiáveis e fundamentais empreendimentos de infraestrutura, além de projetos do Pré-Sal e de novas fontes energéticas, à luz das exigências do século 21, da era da globalização, da internacionalização das organizações, da informação, do conhecimento, da inovação, das novas tecnologias, da sustentabilidade e de um possível e novo mundo do direito, da justiça, da verdade, do diálogo, da liberdade, da paz, da solidariedade, da igualdade – e com equidade –, e da fraternidade universal...

Este é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a nossa fé, a nossa esperança... e perseverança!

“VI, OUVI E VIVI: O BRASIL TEM JEITO!”
58 anos de testemunho de um servidor público (1961 – 2019)

- Estamos nos descobrindo através da Excelência Educacional ...
- ANTICORRUPÇÃO: Prevenir e vencer, usando nossas defesas democráticas ...
- Por uma Nova Política Brasileira ...
- Pela excelência na Gestão Pública ...
- Pelo fortalecimento da cultura da sustentabilidade, em suas três dimensões nucleares do desenvolvimento integral: econômico; social, com promoção humana, e, ambiental, com proteção e preservação dos nossos recursos naturais ...
- A alegria da vocação ...  

Afinal, o Brasil é uma águia pequena que já ganhou asas e, para voar, precisa tão somente de visão olímpica e de coragem! ...        

E P Í L O G O

CLAMOR E SÚPLICA DO POVO BRASILEIRO

“Oh! Deus, Criador, Legislador e Libertador, fonte de infinita misericórdia!
Senhor, que não fique, e não está ficando, pedra sobre pedra
Dos impérios edificados com os ganhos espúrios, ilegais, injustos e
Frutos da corrupção, do saque, da rapina e da dilapidação do
Nosso patrimônio público.
Patrimônio esse construído com o
Sangue, suor e lágrima,
Trabalho, honra e dignidade do povo brasileiro!
Senhor, que seja assim! Eternamente!”.


  

segunda-feira, 15 de junho de 2020

A EXCELÊNCIA EDUCACIONAL, A URGÊNCIA DE PROFUNDAS TRANSFORMAÇÕES NO ENSINO SUPERIOR E A TRANSCENDÊNCIA DA COMUNICAÇÃO NA TRAVESSIA DAS PANDEMIAS NA SUSTENTABILIDADE


“Ensino superior privado em tempos de pandemia
        De repente o mundo foi surpreendido por uma doença que nos obrigou ao recolhimento e, ao mesmo tempo, a uma revisão de nossos hábitos, valores e certezas. Toda essa reviravolta trazida pela pandemia da Covid-19 no obriga a pensar como fomos, como estamos sendo e como seremos daqui para a frente.
         Atividades triviais passaram a ter importância muito grande e se tornaram motivo de recordações saudosistas e memórias doloridas. Óbvio que todos os setores foram afetados: empresas, comércios, indústrias, bares, restaurantes, escolas, entre outros, tendem a passar por muitas transformações.
         As escolas, em especial as faculdades privadas, nas quais me incluo, foram brutalmente atingidas em suas convicções pedagógicas e certezas acadêmicas. Do dia para a noite teorias educacionais de interação, trocas e convívio em sala de aula tiveram que passar pelo filtro das telas de computadores, tablets, celulares e outras mídias.
         Os alunos acostumados à rotina das salas de aula, às conversas nos intervalos e aos abraços e “zueiras” próprios do convívio escolar viram-se confinados nas incertezas de professores tão assustados quanto eles com o cenário que surgia: aulas remotas, contatos por e-mails, grupos de WhatsApp e sistemas acadêmicos.
         Nesse contexto de completo caos, enquanto as universidades federais, em sua maioria, permanecem fechadas, as faculdades privadas se reinventam. Em menos de uma semana, professores aderem às tecnologias; o que era considerado um luxo ou hobby passa a ser o único e essencial instrumento para o trabalho. Os conteúdos ministrados fluem com mais rapidez e, por consequência, exigem melhor performance dos educadores e mais tempo para preparação.
         Por outro lado, nesse processo de interação, adaptação e solidão temos um aluno acostumado aos moldes tradicionais que, em alguns casos, não se vê como protagonista no processo de ensino-aprendizagem, por estar acostumado a receber passivamente instruções e reproduzi-las. Destaca-se, ainda, a falta de recursos tecnológicos, que prejudica a transmissão das aulas.
         O resultado disso é, entre outros, aquele que faz parte da pesquisa Cenário Econômico Atual das Instituições de Ensino Superior (IES Privadas, do Instituo Semesp, divulgados no dia25 de maio, de que a “inadimplência no ensino superior privado do Brasil cresceu 72% em abril de 2020, se comparado ao mesmo mês do ano passado. No mesmo período, a evasão também teve aumento de 32,5%.
         Ainda de acordo com o Semesp, a inadimplência e a evasão são motivadas pela pandemia do coronavírus, que trouxe desemprego, redução de renda e incerteza sobre o cenário político-econômico do país.
         Percebeu-se na pesquisa que as instituições que mais sofreram com a evasão e inadimplência foram as que não se prepararam para a revolução tecnológica vivida pela humanidade na última década.
         Instituições privadas que anteciparam a introdução de meios tecnológicos em suas práticas pedagógicas e grades curriculares modernas tendem a sentir os efeitos da pandemia, porém com menor intensidade que aquelas que insistem em preterir as tecnologias como instrumento essencial para suas práticas educacionais.
         Neste momento, as faculdades precisam adotar estratégias para a continuidade de suas atividades e manutenção de seus alunos, evitam assim a evasão e, por consequência, a inadimplência. Em sentido diverso, o aluno deve compreender que a suspensão das atividades essenciais não encerra ou interrompe, necessariamente, seu projeto de formação superior. Como educadores de instituições privadas, temos o compromisso de buscar opções que sejam eficazes e viáveis, cientes de que após tudo isso teremos nos reinventado.”.

(Cida Vidigal. Coordenadora do curso de direito da Faculdade Batista de Minas Gerais, em artigo publicado no jornal O TEMPO Belo Horizonte, edição de 10 de junho de 2020, caderno OPINIÃO, página 15).

Mais uma importante e oportuna contribuição para o nosso trabalho de Mobilização para a Excelência Educacional vem de artigo publicado no site www.domtotal.com, edição de 12 de junho de 2020, de autoria de DOM WALMOR OLIVEIRA DE AZEVEDO, arcebispo metropolitano de Belo Horizonte e presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), e que merece igualmente integral transcrição:

“Comunicação na Igreja
        Valorizar a comunicação é fundamental na missão evangelizadora da Igreja Católica. Isto não significa investir em um empreendimento privado, menos ainda constituir um negócio rentável. Essa valorização deve sempre reger-se no horizonte evangelizador que norteia o caminho missionário da Igreja, o que inclui balizar conteúdos e práticas comunicacionais a partir de princípios inegociáveis. Assim, a Igreja, a partir da comunicação, anuncia o Reino de Deus e, pela força desse anúncio, transforma vidas, ajudando na construção de sociedades justas e solidárias.
         O envolvimento de diferentes atores no processo comunicacional das mídias católicas, com as suas especificidades, nuances e impostações, não pode dispensar o alinhamento doutrinal com a Igreja e, consequentemente, o compromisso com a evangelização. A Igreja Católica é detentora de um horizonte que vem da inspiração de suas tradições, valores, experiências, documentos e, especialmente, da Palavra de Deus. Isto significa dizer que não são permitidas superficialidades ou invencionices na comunicação da Igreja que possam desfigurar a beleza e a inteireza da fé cristã católica. Arriscados personalismos, alimentos por desvarios religiosos nefastos, merecem adequado tratamento. O importante serviço da comunicação católica enfrenta desafios que são próprios do atual contexto social e político. Um contexto sociopolítico contaminado pelas disputas de poder, busca pela efetivação de domínios e acúmulo de dinheiro.
         É sabido que manter serviços de comunicação custa caro, exige investimento permanente em profissionais e no contínuo avanço tecnológico. O aspecto econômico impõe alguns revezes, mas a comunicação católica não pode afastar-se do compromisso de anunciar a Boa Nova. Deve oferecer significativa e qualificada prestação de serviços que gravitam ao redor dos pilares da evangelização, da cultura e da educação. A fonte inesgotável de conteúdo para a comunicação católica é o Evangelho de Jesus Cristo, firmando o histórico compromisso da Igreja de ajudar a tecer a cultura da vida e da paz.
         A comunicação da Igreja deve, pois, cultivar a convicção de que o Evangelho é o bem mais precioso a ser oferecido à humanidade, que carece de rumos novos capazes de levá-la à cura de suas feridas, à superação de seus estrangulamentos. Trata-se de enorme desafio, que inclui a diversificação em rede dos muitos modos de se fazer comunicação e a necessidade de revestir os processos comunicativos com uma força incidente nas dinâmicas sociais. A Igreja Católica, para se fortalecer a partir da comunicação, deve, cada vez mais, voltar-se aos princípios que norteiam a sua identidade e missão.
         A comunhão, que faz parte da vida da Igreja, é força com propriedade de amalgamar as diferenças, tornando-as uma grande riqueza, com elementos que corrigem descompassos e iluminam caminhos. A comunhão leva a novos passos corretivos que consolidam a comunicação católica como um bem indispensável e diferenciado para a vida social. A relevância da comunicação católica para a transformação da sociedade é que motiva cristãos católicos a apoiarem diferentes iniciativas da Igreja no campo comunicacional. Tudo para que não se cale a voz do Evangelho de Jesus Cristo em uma sociedade de vozes dissonantes e comprometedoras.
         A presença da Igreja, de modo mais efetivo, nos meios de comunicação, vem das lúcidas indicações do Concílio Vaticano II, em 1965. Já há 54 anos é promovido o Dia Mundial da Comunicação Social, para reafirmar a importância de diferentes práticas comunicativas no contexto da Igreja – das que exigem maior mobilização tecnológica e operacional às realizadas em âmbito mais comunitário, nas pastorais de comunicação. Trata-se de uma ampla rede a serviço da evangelização e, consequentemente, da edificação de uma cultura da paz. A Igreja Católica, com seus meios de comunicação – televisivos, radiofônicos, impressos, digitais, em redes – interage com os muitos fluxos relacionais da sociedade. Enfrenta batalhas, interesses e até embates desiguais.
         A Igreja enfrenta essa luta valendo-se de plataformas e mecanismos que ecoam a fé cristã. Um caminho desafiador que não pode ser trilhado isoladamente, compreendendo a comunicação católica como negócio particular, sob pena de se perder rumos, fazer escolhas equivocadas e, até por desespero, propor o que não condiz com as lições de Jesus Cristo. A Igreja Católica tem parâmetros e mesas de diálogo para fomentar a indispensável comunhão. Uma união cotidianamente renovada que faz o serviço evangelizador no âmbito da comunicação ganhar cada vez mais qualidade. A realidade atual, seus embates e até mesmo equívocos apontam lições nesse contexto que precisam ser aprendidas, para novas configurações estratégicas. Corações se abram e, com a dedicação de todos, avance, sempre mais, o serviço indispensável da comunicação na Igreja.”.

Eis, portanto, mais páginas contendo importantes, incisivas e oportunas abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança de nossa história – que é de ética, de moral, de princípios, de valores –, para a imperiosa e urgente necessidade de profundas mudanças em nossas estruturas educacionais, governamentais, jurídicas, políticas, sociais, culturais, econômicas, financeiras e ambientais, de modo a promovermos a inserção do País no concerto das potências mundiais livres, justas, educadas, qualificadas, civilizadas, soberanas, democráticas, republicanas, solidárias e sustentavelmente desenvolvidas...

Assim, urge ainda a efetiva problematização de questões deveras cruciais como:
a)     a excelência educacional – pleno desenvolvimento da pessoa, da cidadania e da qualificação profissional –, desde a educação infantil (0 a 3 anos de idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo da modernidade de matricularmos nossas crianças de 6 anos de idade na primeira série do ensino fundamental, independentemente do mês de seu nascimento –, até a pós-graduação (especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade absoluta de nossas políticas públicas, gerando o pleno desenvolvimento da pessoa, da cidadania e da qualificação profissional (enfim, 130 anos depois, a República proclama o que esperamos seja verdadeiramente o início de uma revolução educacional, mobilizando de maneira incondicional todas as forças vivas do país, para a realização da nova pátria; a pátria da educação, da ética, da justiça, da liberdade, da civilidade, da democracia, da participação, da solidariedade, da sustentabilidade...);
b)    o combate implacável, sem eufemismos e sem tréguas, aos três dos nossos maiores e mais devastadores inimigos que são: I – a inflação, a exigir permanente, competente e diuturna vigilância, de forma a manter-se em patamares civilizados, ou seja, próximos de zero (segundo dados do Banco Central, a taxa de juros do cartão de crédito atingiu em abril a estratosférica marca de 313,43% nos últimos  doze meses, e a taxa de juros do cheque especial chegou ainda em históricos 119,32%; e já o IPCA, também no acumulado dos últimos doze meses, chegou a 2,40%); II – a corrupção, há séculos, na mais perversa promiscuidade    “dinheiro público versus interesses privados” –, como um câncer a se espalhar por todas as esferas da vida nacional, gerando incalculáveis e irreversíveis prejuízos, perdas e comprometimentos de vária ordem (a propósito, a lúcida observação do procurador chefe da força-tarefa da Operação Lava Jato, Deltan Dallagnol: “A Lava Jato ela trata hoje de um tumor, de um caso específico de corrupção, mas o problema é que o sistema é cancerígeno...” – e que vem mostrando também o seu caráter transnacional;  eis, portanto, que todos os valores que vão sendo apresentados aos borbotões, são apenas simbólicos, pois em nossos 518 anos já se formou um verdadeiro oceano de suborno, propina, fraudes, desvios, malversação, saque, rapina e dilapidação do nosso patrimônio... Então, a corrupção mata, e, assim, é crime...); III – o desperdício, em todas as suas modalidades, também a ocasionar inestimáveis perdas e danos, indubitavelmente irreparáveis (por exemplo, segundo Lucas Massari, no artigo ‘O Desperdício na Logística Brasileira’, a “... Desconfiança das empresas e das famílias é grande. Todos os anos, cerca de R$ 1 trilhão, é desperdiçado no Brasil. Quase nada está imune à perda. Uma lista sem fim de problemas tem levado esses recursos e muito mais. De cada R$ 100 produzidos, quase R$ 25 somem em meio à ineficiência do Estado e do setor privado, à falhas de logística e de infraestrutura, ao excesso de burocracia, ao descaso, à corrupção e à falta de planejamento...”;
c)     a dívida pública brasileira - (interna e externa; federal, estadual, distrital e municipal) –, com previsão para 2020, apenas segundo o Orçamento Geral da União – Anexo II – Despesa dos Orçamentos Fiscal e da Seguridade Social – Órgão Orçamentário, de exorbitante e insuportável desembolso de cerca de R$ 1,651 trilhão (44,79%), a título de juros, encargos, amortização e refinanciamentos (ao menos com esta rubrica, previsão de R$ 1,004 trilhão), a exigir alguns fundamentos da sabedoria grega, do direito e da justiça:
- pagar, sim, até o último centavo;
- rigorosamente, não pagar com o pão do povo;
- realizar uma IMEDIATA, abrangente, qualificada, independente, competente e eficaz auditoria... (ver também www.auditoriacidada.org.br)
(e ainda a propósito, no artigo Melancolia, Vinicius Torres Freire, diz: “... Não será possível conter a presente degradação econômica sem pelo menos, mínimo do mínimo, controle da ruína das contas do governo: o aumento sem limite da dívida pública...”).

Destarte, torna-se absolutamente inútil lamentarmos a falta de recursos diante de tão descomunal sangria que dilapida o nosso já combalido dinheiro público, mina a nossa capacidade de investimento e de poupança e, mais grave ainda, afeta a credibilidade de nossas instituições, negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à pátria, ao lado de abissais desigualdades sociais e regionais e de extremas e sempre crescentes necessidades de ampliação e modernização de setores como: a gestão pública; a infraestrutura (rodovias, ferrovias, hidrovias, portos, aeroportos); a educação; a saúde; o saneamento ambiental (água tratada, esgoto tratado, resíduos sólidos tratados, macrodrenagem urbana, logística reversa); meio ambiente; habitação; mobilidade urbana (trânsito, transporte, acessibilidade); minas e energia; emprego, trabalho e renda; agregação de valor às commodities; sistema financeiro nacional; assistência social; previdência social; segurança alimentar e nutricional; segurança pública; forças armadas; polícia federal; defesa civil; logística; pesquisa e desenvolvimento; ciência, tecnologia e inovação; cultura, esporte e lazer; turismo; comunicações; qualidade (planejamento – estratégico, tático e operacional –, transparência, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade – “fazer mais e melhor, com menos” –, criatividade, produtividade, competitividade); entre outros...

São, e bem o sabemos, gigantescos desafios mas que, de maneira alguma, abatem o nosso ânimo e nem arrefecem o nosso entusiasmo e otimismo nesta grande cruzada nacional pela excelência educacional, visando à construção de uma Nação verdadeiramente participativa, justa, ética, educada, civilizada, qualificada, livre, soberana, democrática, solidária e desenvolvida, que possa partilhar suas extraordinárias e generosas riquezas, oportunidades e potencialidades com todas as brasileiras e com todos os brasileiros. Ainda mais especialmente no horizonte de investimentos bilionários previstos em inadiáveis e fundamentais empreendimentos de infraestrutura, além de projetos do Pré-Sal e de novas fontes energéticas, à luz das exigências do século 21, da era da globalização, da internacionalização das organizações, da informação, do conhecimento, da inovação, das novas tecnologias, da sustentabilidade e de um possível e novo mundo do direito, da justiça, da verdade, do diálogo, da liberdade, da paz, da solidariedade, da igualdade – e com equidade –, e da fraternidade universal...

Este é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a nossa fé, a nossa esperança... e perseverança!

“VI, OUVI E VIVI: O BRASIL TEM JEITO!”
58 anos de testemunho de um servidor público (1961 – 2019)

- Estamos nos descobrindo através da Excelência Educacional ...
- ANTICORRUPÇÃO: Prevenir e vencer, usando nossas defesas democráticas ...
- Por uma Nova Política Brasileira ...
- Pela excelência na Gestão Pública ...
- Pelo fortalecimento da cultura da sustentabilidade, em suas três dimensões nucleares do desenvolvimento integral: econômico; social, com promoção humana, e, ambiental, com proteção e preservação dos nossos recursos naturais ...
- A alegria da vocação ...  

Afinal, o Brasil é uma águia pequena que já ganhou asas e, para voar, precisa tão somente de visão olímpica e de coragem! ...        

E P Í L O G O

CLAMOR E SÚPLICA DO POVO BRASILEIRO

“Oh! Deus, Criador, Legislador e Libertador, fonte de infinita misericórdia!
Senhor, que não fique, e não está ficando, pedra sobre pedra
Dos impérios edificados com os ganhos espúrios, ilegais, injustos e
Frutos da corrupção, do saque, da rapina e da dilapidação do
Nosso patrimônio público.
Patrimônio esse construído com o
Sangue, suor e lágrima,
Trabalho, honra e dignidade do povo brasileiro!
Senhor, que seja assim! Eternamente!”.


 

segunda-feira, 25 de maio de 2020

A EXCELÊNCIA EDUCACIONAL, A LUZ DA DIMENSÃO HUMANA NA TRAVESSIA DAS PANDEMIAS E A TRANSCENDÊNCIA DA ALEGRIA E AUTENTICIDADE DA ECOLOGIA INTEGRAL NA SUSTENTABILIDADE


“A dimensão humana
        O período da epidemia Covid-19 é algo absolutamente desafiador. Vivemos todos numa expectativa de adoecer, um pânico generalizado. O distanciamento social, até pelo nome, já demonstra que é uma medida alienadora e cada vez mais alimentada pelas manchetes diárias – aterrorizantes.
         Em verdade, apesar de ser uma doença potencialmente grave, a mortalidade não é muito elevada e não há motivo para pânico. A morte é destino certo para todos. Algumas de suas causas são tão banais que nos acostumamos a elas: mortes no trânsito (mais de 40 mil ao ano) ou por dengue, zika e outros flagelos esquecidos e massificados.
         O que diferencia a atual epidemia é sua globalização, são as manchetes nos diversos cantos do mundo. Não nos esqueçamos de que no Brasil, por sua dimensão continental, estamos em situação relativamente boa em comparação com países superdesenvolvidos e com estrutura hospitalar maior.
         Não podemos desconsiderar o risco, mas é preciso que todos eles sejam considerados. A sociedade funciona ao modo de um organismo vivo. A divisão de tarefas é sua base e, qual uma engrenagem complexa e integrada, ela precisa girar, senão perece. A interdependência é a norma, não a exceção. Embora muitos saibam, é preciso lembrar que a economia, apesar de lidar com números, é uma ciência humana, e não há motivo de vergonha de, nesse contexto, considerarmos os impactos de todas as medidas adotadas na saúde da economia.
         O isolamento acaba por gerar a paralisação de um sem-número de atividades e se torna um motivo de extrema privação para aqueles que trabalham por produção, sem vínculos estabelecidos, ou mesmo para aquelas empresas que se inserem no universo mais afetado. A repercussão disso nas pessoas é grave – para se ter uma ideia, nos últimos 45 dias o cartório de Venda Nova, em Belo Horizonte, registrou apenas quatro mortes por Covid, e, no mesmo período, oito suicídios.
         As formas de transmissão da doença são conhecidas. Uso de máscara e a correta higiene pessoal – posto que o vírus também habita o trato gastrointestinal – são as armas que temos. Cada um tem que se responsabilizar por sua segurança e saber que, se não aderir aos cuidados, se expõe ao risco de morrer.
         Os municípios tiveram tempo para se preparar, adequando suas estruturas de saúde. Assim, é preciso que o retorno ao trabalho ocorra, de forma planejada, impedindo principalmente que nos meios de transporte ocorra superlotação. Que possamos todos superar o momento e entender que a dignidade não se encontra na reclusão em nossas casas; está na coragem de enfrentar mais uma doença, dando a ela o devido peso específico e usando as armas preventivas de que dispomos.”.

(Luiz Antônio F. Paulino. Médico, em artigo publicado no jornal O TEMPO Belo Horizonte, edição de 20 de maio de 2020, caderno OPINIÃO, página 15).

Mais uma importante e oportuna contribuição para o nosso trabalho de Mobilização para a Excelência Educacional vem de artigo publicado no site www.domtotal.com, edição de 22 de maio de 2020, de autoria de DOM WALMOR OLIVEIRA DE AZEVEDO, arcebispo metropolitano de Belo Horizonte e presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), e que merece igualmente integral transcrição:

“Dom precioso de Francisco
        A Igreja Católica no Brasil promove uma semana pela ecologia integral, interpelando a sociedade, adoecida, com feridas expostas, a encontrar novo modo de viver. É a celebração pelos cinco anos da carta encíclica Laudato si’ – sobre o cuidado com a Casa Comum, publicada pelo papa Francisco, no dia 24 de maio de 2015. Esta Semana busca ecoar o que pede a carta encíclica do papa sobre o cuidado com a Casa Comum, a partir da exemplaridade inigualável de São Francisco de Assis, considerado o pai da ecologia, respeitado pelos que são, ou não, cristãos, em razão da universalidade de seus ensinamentos. Passados mais de outo séculos, os sentimentos, escolhas e hábitos de São Francisco permanecem como sinal luminoso, oferecendo aprendizados indispensáveis. O papa Francisco, assim, revisita o “pobrezinho de Assis”, contribuindo para que a civilização contemporânea redesenhe seus funcionamentos, faça novas escolhas e se afaste do caminho que pode levá-la a diferentes extermínios e a graves pandemias.
         No horizonte da carta encíclica Laudato si’ está a adoção inteligente e imediata dos parâmetros da ecologia integral, com suas dinâmicas que podem garantir dois bens fundamentais, procurados a todo custo: alegria e autenticidade. Uma alegria que dura e sem a qual não se consegue viver adequadamente. Sem essa alegria, a vida perde sentido, torna-se dolorosamente pesada. Já a autenticidade, outro bem necessário, refere-se à capacidade bonita de se exercer a liberdade sem jamais perder o horizonte da própria identidade. A autenticidade gera razões e iluminações condizentes com o grande dom da vida. O ponto de partida inteligente para alcançar alegria e autenticidade parece ingênuo e, por isso, é irracionalmente desconsiderado: dedicar amorosa reverência aos mais pobres da Terra e atenção particular à Criação de Deus.
         Esse olhar sensível dedicado à Criação e aos pobres faz abrir o coração, leva à alma valores nobres, cultiva na interioridade humana bons sentimentos e modula cada gesto na dinâmica inigualável da solidariedade. Quando o ser humano verdadeiramente dedica atenção à Criação e aos pobres consegue perceber prioridades que são indissociáveis: a busca pela paz interior, o respeito à natureza e a consciência do dever de trabalhar na edificação de uma sociedade justa e fraterna, com a defesa dos mais pobres. Essas prioridades precisam nortear a conduta social, política, econômica, religiosa, cultura e cidadã. A paz interior, que todos buscam, exige a vivência das lições de uma ecologia integral, para livrar o ser humano do domínio das idolatrias do lucro e do dinheiro, da indiferença ante os clamores dos empobrecidos. Esse domínio do lucro e da indiferença é raiz do uso desenfreado, extrativista e criminoso dos bens da Casa Comum, da adesão à lógica dos privilegiados que é condescendente com o colapso da vida dos vulneráveis.
         Parecerá romântico às mentes teleguiadas pelos endurecimentos que alicerçam as pandemias evocar a atitude de São Francisco de Assis. Ao olhar, enamorado, o sol, a lua, minúsculos animais, ele cantava e, consequentemente, envolvia o seu coração com uma sabedoria solidária e uma reverência nobre dedicada a todos – entendia que todos os seres e elementos do universo são irmãos uns dos outros. Assim, ensina o caráter essencial da simplicidade, frequentemente desconsiderada no mundo contemporâneo, dominado por uma irracionalidade fundamentada na desmedida ambição por dinheiro. Em vez da opção pela simplicidade, prioriza-se o acúmulo de bens que compromete a qualidade de vida, gerando distanciamento de toda gratuidade, o que produz massacres e pandemias.
         A carta encíclica do papa, inspirada nas lições de São Francisco de Assis, está para além de uma avaliação intelectual ou de um cálculo econômico. Oferece à sociedade contribuições para que se viva novo ciclo, alicerçado em sabedoria que se desdobra em compromisso: é preciso cuidar de tudo e de todos. Eis o apelo do papa Francisco, dever inadiável que deve unir a família humana em busca de um desenvolvimento sustentável. O dom precioso é reconhecer e adotar a inteligência criativa fundamentada nos parâmetros da ecologia integral, para superar a indiferença em relação a graves problemas.
         A ecologia integral é o caminho mais adequado a ser seguido pela humanidade no seu desafio de repensar condições de vida e de sobrevivência em um mundo adoecido, com sintomas evidentes nos descompassos políticos e sociais, religiosos e econômicos. Há de prevalecer os parâmetros da ecologia integral, em diferentes contextos. O ponto de partida, antes de se pensar nas cúpulas, instâncias legislativas ou conferências, é a vida cotidiana, a atitude de cada pessoa. Chegou a hora, e de agora não se pode passar, considerados os esgotamentos do mundo e da civilização contemporânea, de novas lições a serem aprendidas, necessárias para surgir um novo tempo, broto da esperança. Todos, humildemente, possam assumir a condição de aprendizes, na vivência do que ensina a carta encíclica Laudato si’, um dom precioso de Francisco.”.

Eis, portanto, mais páginas contendo importantes, incisivas e oportunas abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança de nossa história – que é de ética, de moral, de princípios, de valores –, para a imperiosa e urgente necessidade de profundas mudanças em nossas estruturas educacionais, governamentais, jurídicas, políticas, sociais, culturais, econômicas, financeiras e ambientais, de modo a promovermos a inserção do País no concerto das potências mundiais livres, justas, educadas, qualificadas, civilizadas, soberanas, democráticas, republicanas, solidárias e sustentavelmente desenvolvidas...

Assim, urge ainda a efetiva problematização de questões deveras cruciais como:
a)     a excelência educacional – pleno desenvolvimento da pessoa, da cidadania e da qualificação profissional –, desde a educação infantil (0 a 3 anos de idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo da modernidade de matricularmos nossas crianças de 6 anos de idade na primeira série do ensino fundamental, independentemente do mês de seu nascimento –, até a pós-graduação (especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade absoluta de nossas políticas públicas, gerando o pleno desenvolvimento da pessoa, da cidadania e da qualificação profissional (enfim, 130 anos depois, a República proclama o que esperamos seja verdadeiramente o início de uma revolução educacional, mobilizando de maneira incondicional todas as forças vivas do país, para a realização da nova pátria; a pátria da educação, da ética, da justiça, da liberdade, da civilidade, da democracia, da participação, da solidariedade, da sustentabilidade...);
b)    o combate implacável, sem eufemismos e sem tréguas, aos três dos nossos maiores e mais devastadores inimigos que são: I – a inflação, a exigir permanente, competente e diuturna vigilância, de forma a manter-se em patamares civilizados, ou seja, próximos de zero (segundo dados do Banco Central, a taxa de juros do cartão de crédito atingiu em março a estratosférica marca de 326,4% nos últimos  doze meses, e a taxa de juros do cheque especial chegou ainda em históricos 130,0%; e já o IPCA, em abril, também no acumulado dos últimos doze meses, chegou a 2,40%); II – a corrupção, há séculos, na mais perversa promiscuidade    “dinheiro público versus interesses privados” –, como um câncer a se espalhar por todas as esferas da vida nacional, gerando incalculáveis e irreversíveis prejuízos, perdas e comprometimentos de vária ordem (a propósito, a lúcida observação do procurador chefe da força-tarefa da Operação Lava Jato, Deltan Dallagnol: “A Lava Jato ela trata hoje de um tumor, de um caso específico de corrupção, mas o problema é que o sistema é cancerígeno...” – e que vem mostrando também o seu caráter transnacional;  eis, portanto, que todos os valores que vão sendo apresentados aos borbotões, são apenas simbólicos, pois em nossos 518 anos já se formou um verdadeiro oceano de suborno, propina, fraudes, desvios, malversação, saque, rapina e dilapidação do nosso patrimônio... Então, a corrupção mata, e, assim, é crime...); III – o desperdício, em todas as suas modalidades, também a ocasionar inestimáveis perdas e danos, indubitavelmente irreparáveis (por exemplo, segundo Lucas Massari, no artigo ‘O Desperdício na Logística Brasileira’, a “... Desconfiança das empresas e das famílias é grande. Todos os anos, cerca de R$ 1 trilhão, é desperdiçado no Brasil. Quase nada está imune à perda. Uma lista sem fim de problemas tem levado esses recursos e muito mais. De cada R$ 100 produzidos, quase R$ 25 somem em meio à ineficiência do Estado e do setor privado, à falhas de logística e de infraestrutura, ao excesso de burocracia, ao descaso, à corrupção e à falta de planejamento...”;
c)     a dívida pública brasileira - (interna e externa; federal, estadual, distrital e municipal) –, com previsão para 2020, apenas segundo o Orçamento Geral da União – Anexo II – Despesa dos Orçamentos Fiscal e da Seguridade Social – Órgão Orçamentário, de exorbitante e insuportável desembolso de cerca de R$ 1,651 trilhão (44,79%), a título de juros, encargos, amortização e refinanciamentos (ao menos com esta rubrica, previsão de R$ 1,004 trilhão), a exigir alguns fundamentos da sabedoria grega, do direito e da justiça:
- pagar, sim, até o último centavo;
- rigorosamente, não pagar com o pão do povo;
- realizar uma IMEDIATA, abrangente, qualificada, independente, competente e eficaz auditoria... (ver também www.auditoriacidada.org.br)
(e ainda a propósito, no artigo Melancolia, Vinicius Torres Freire, diz: “... Não será possível conter a presente degradação econômica sem pelo menos, mínimo do mínimo, controle da ruína das contas do governo: o aumento sem limite da dívida pública...”).

Isto posto, torna-se absolutamente inútil lamentarmos a falta de recursos diante de tão descomunal sangria que dilapida o nosso já combalido dinheiro público, mina a nossa capacidade de investimento e de poupança e, mais grave ainda, afeta a credibilidade de nossas instituições, negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à pátria, ao lado de abissais desigualdades sociais e regionais e de extremas e sempre crescentes necessidades de ampliação e modernização de setores como: a gestão pública; a infraestrutura (rodovias, ferrovias, hidrovias, portos, aeroportos); a educação; a saúde; o saneamento ambiental (água tratada, esgoto tratado, resíduos sólidos tratados, macrodrenagem urbana, logística reversa); meio ambiente; habitação; mobilidade urbana (trânsito, transporte, acessibilidade); minas e energia; emprego, trabalho e renda; agregação de valor às commodities; sistema financeiro nacional; assistência social; previdência social; segurança alimentar e nutricional; segurança pública; forças armadas; polícia federal; defesa civil; logística; pesquisa e desenvolvimento; ciência, tecnologia e inovação; cultura, esporte e lazer; turismo; comunicações; qualidade (planejamento – estratégico, tático e operacional –, transparência, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade – “fazer mais e melhor, com menos” –, criatividade, produtividade, competitividade); entre outros...

São, e bem o sabemos, gigantescos desafios mas que, de maneira alguma, abatem o nosso ânimo e nem arrefecem o nosso entusiasmo e otimismo nesta grande cruzada nacional pela excelência educacional, visando à construção de uma Nação verdadeiramente participativa, justa, ética, educada, civilizada, qualificada, livre, soberana, democrática, solidária e desenvolvida, que possa partilhar suas extraordinárias e generosas riquezas, oportunidades e potencialidades com todas as brasileiras e com todos os brasileiros. Ainda mais especialmente no horizonte de investimentos bilionários previstos em inadiáveis e fundamentais empreendimentos de infraestrutura, além de projetos do Pré-Sal e de novas fontes energéticas, à luz das exigências do século 21, da era da globalização, da internacionalização das organizações, da informação, do conhecimento, da inovação, das novas tecnologias, da sustentabilidade e de um possível e novo mundo do direito, da justiça, da verdade, do diálogo, da liberdade, da paz, da solidariedade, da igualdade – e com equidade –, e da fraternidade universal...

Este é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a nossa fé, a nossa esperança... e perseverança!

“VI, OUVI E VIVI: O BRASIL TEM JEITO!”
58 anos de testemunho de um servidor público (1961 – 2019)

- Estamos nos descobrindo através da Excelência Educacional ...
- ANTICORRUPÇÃO: Prevenir e vencer, usando nossas defesas democráticas ...
- Por uma Nova Política Brasileira ...
- Pela excelência na Gestão Pública ...
- Pelo fortalecimento da cultura da sustentabilidade, em suas três dimensões nucleares do desenvolvimento integral: econômico; social, com promoção humana, e, ambiental, com proteção e preservação dos nossos recursos naturais ...
- A alegria da vocação ...  

Afinal, o Brasil é uma águia pequena que já ganhou asas e, para voar, precisa tão somente de visão olímpica e de coragem! ...        

E P Í L O G O

CLAMOR E SÚPLICA DO POVO BRASILEIRO

“Oh! Deus, Criador, Legislador e Libertador, fonte de infinita misericórdia!
Senhor, que não fique, e não está ficando, pedra sobre pedra
Dos impérios edificados com os ganhos espúrios, ilegais, injustos e
Frutos da corrupção, do saque, da rapina e da dilapidação do
Nosso patrimônio público.
Patrimônio esse construído com o
Sangue, suor e lágrima,
Trabalho, honra e dignidade do povo brasileiro!
Senhor, que seja assim! Eternamente!”.