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quarta-feira, 6 de novembro de 2013

A CIDADANIA, A ARTE DA AMIZADE E DO AMOR E OS GRUPOS DE FÉ E POLÍTICA

As experiências da amizade e do amor e os cuidados que exigem
         
         A amizade e o amor constituem as relações maiores e mais realizadoras que o ser humano, homem e mulher, pode experimentar e desfrutar.
         A amizade é aquela relação que nasce de uma ignota afinidade, de uma simpatia de todo inexplicável, de uma proximidade afetuosa para com a outra pessoa. A amizade possui raízes tão profundas que, mesmo passados muitos anos, ao se reencontrarem os amigos e amigas, os tempos se anulam e se reatam os laços e até se recordam da última conversa havida há muito tempo.
         A relação mais profunda é a experiência do amor. Ela traz as mais felizes realizações ou as mais dolorosas frustrações. Nada é mais misterioso do que o amor. Ele vive do encontro entre duas pessoas que um dia cruzaram seus caminhos, se descobriram no olhar e na presença, e viram nascer um sentimento de enamoramento, de atração, de vontade de estar junto até resolverem fundir as vidas. Nada é comparável à felicidade de amar e de ser amado. E nada há de mais desolador, nas palavras do poeta Ferreira Gullar, do que não poder dar amor a quem se ama.
         A experiência do amor serviu de base para entender a natureza de Deus: Ele é amor essencial e incondicional.
         Mas o amor sozinho não basta. Por isso, são Paulo, em seu famoso hino ao amor, elenca os acólitos do amor, sem os quais ele não consegue subsistir e irradiar. O amor tem que ser paciente, benigno, não ser ciumento, nem gabar-se, nem ensoberbecer-se, não procurar seus interesses, não se ressentir do mal (...) o amor tudo sofre, tudo crê, tudo espera e tudo suporta (...) o amor nunca se acaba (1Cor 13, 4-7). Cuidar desses acompanhantes do amor é fornecer o húmus necessário para que o amor seja sempre vivo e não morra de indiferença. O que se opõe ao amor não é o ódio, mas a indiferença.
         Quanto mais alguém é capaz de uma entrega total, maior e mais forte é o amor. Tal entrega supõe extrema coragem, uma experiência de morte, pois não retém nada para si e mergulha totalmente no outro. O homem possui especial dificuldade para essa atitude extrema, talvez pela herança de machismo, patriarcalismo e racionalismo de séculos que carrega dentro de si e que lhe limitam a capacidade dessa confiança extrema.
         O segredo maior para cuidar do amor reside no singelo cuidado da ternura. A ternura vive de gentileza, de pequenos gestos que revelam o carinho, de sacramentos tangíveis, como recolher uma concha na praia e levá-la à pessoa amada e dizer-lhe que, naquele momento, pensou carinhosamente nela.
         Amor e cuidado formam um casal inseparável. Se houver um divórcio entre eles, ou um ou outro morre de solidão. O amor e o cuidado constituem uma arte. Tudo o que cuidamos também amamos. E tudo o que amamos também cuidamos.
         Tudo o que vive tem que ser alimentado e sustentado. O mesmo vale para o amor e para o cuidado. O amor e o cuidado se alimentam da afetuosa preocupação de um para com o outro. A dor e a alegria de um é a alegria e a dor do outro.
         Para fortalecer a fragilidade natural do amor, precisamos de Algo maior, suave a amoroso, a quem sempre podemos invocar. Daí a importância dos que se amam reservar algum tempo de abertura e de comunhão com esse Maior, cuja natureza é de amor, aquele amor que, segundo Dante Alighieri, da “Divina Comédia”, move o céu e as outras estrelas”, e nós acrescentamos: que comove os nossos corações.”

(LEONARDO BOFF. Filósofo e teólogo em artigo publicado no jornal O TEMPO Belo Horizonte, edição de 1 de novembro de 2013, caderno O.PINIÃO, página 20).

Mais uma importante e oportuna contribuição para o nosso trabalho de Mobilização para a Cidadania e Qualidade vem de artigo publicado no jornal ESTADO DE MINAS, edição de 25 de outubro de 2013, caderno OPINIÃO, página 7, de autoria de DOM WALMOR OLIVEIRA DE AZEVEDO, arcebispo metropolitano de Belo Horizonte, e que merece igualmente integral transcrição:

“Grupos de fé e política
        
         A Igreja Católica, à luz da consciência de sua missão de anunciar o Evangelho da vida, assume o compromisso essencial com a caridade e a justiça. A caridade, coração da experiência da fé, não pode jamais ser dissociada da justiça. Sua autenticidade se comprova pelo permanente respeito e empenho para a efetivação de tudo o que é justo. Óbvio se torna que todos os que professam a sua fé em Cristo Jesus, cultivando a sua condição cidadã, têm responsabilidades e compromissos com a política. A arte da política é instrumento de busca e efetivação da justiça.
         O compromisso cidadão de participar na política agrega ao horizonte dos que creem os parâmetros e princípios da fé. Na vivência dos valores do Evangelho de Jesus Cristo, brota uma moralidade indispensável na prática política que tem força para correção de rumos e propriedade para importantes contribuições. Qualifica, assim, todos os ordenamentos – a área econômica, social, legislativa, administrativa e cultural – na busca pelo bem comum. A participação na política é, portanto, um direito e um dever. E esse compromisso de participar se fortalece na fé.
         O bem comum se alcança quando a justiça é assumida como virtude, gerando uma força moral sustentadora que impede a perda de rumos e promove o respeito a cada pessoa e a toda a sociedade, particularmente ao que se configura como patrimônio público. A Constituição Gaudium et Spes nº 76 do Concílio Vaticano II, iluminando o caminho da sociedade e a participação cidadã e de fé dos discípulos de Jesus Cristo, faz uma preciosa indicação para clarear entendimentos: “É de grande importância, sobretudo onde existe uma sociedade pluralista, que se tenha uma compreensão exata das relações entre a comunidade política e a Igreja, e ainda que se distingam as atividades que os fiéis, isoladamente ou em grupo, desempenham em próprio nome, como cidadãos guiados pela consciência de cristãos, e aquelas que eles exercem em nome da Igreja, que em razão de sua missão e competência de modo algum se confunde com a sociedade nem está ligada a qualquer sistema político determinado, é, ao mesmo tempo, o sinal e salvaguarda da transcendência da pessoa humana”.
         As devidas distinções são importantes para se tecer adequadamente a dinâmica da vivência da fé na comunidade eclesial e o exercício da própria cidadania sem jamais perder o horizonte largo e límpido que o Evangelho desenha. O entendimento lúcido da experiência da fé e o nobre sentido do que é a política, conforme indicado no Concílio Vaticano II, impulsionaram a formação dos grupos de fé e política. Trata-se de uma rede com a desafiadora meta de ajudar os cristãos na vivência de sua cidadania civil e de sua cidadania eclesial, marcadas pelos valores do Evangelho e pelos compromissos daí decorrentes. Isso significa um olhar sobre a realidade capaz de promover o sentido da solidariedade e sua vivência, fazendo diferença nas dinâmicas que configuram os rumos da sociedade contemporânea.
         Os grupos de fé e política cumprem uma imprescindível tarefa educativa e prestam um serviço qualificado, acima de simples interesse partidário. Exercem a cidadania à luz do Evangelho. Eles são uma efetiva possibilidade de corrigir descompassos notados na sociedade quando se confunde a relação entre fé, religião e política, especialmente no que diz respeito a instituições e eleições. É lamentável quando se fala de bancada confessional. Um parlamento se configura por razões políticas nobres e cidadãs. Jamais por interesses cartoriais de grupos religiosos.
         Os que exercem cargos importantes  em instituições, têm responsabilidades e participam da vida cidadã devem fazer do seu testemunho de fé um raio luminoso. Grupos de fé e política não são reforço partidário e ideológico. Constituem-se em espaços educativos que animam a cidadania à luz da fé, oferecendo contribuição indispensável à sociedade. Em comunhão com outras comunidades eclesiais pelo Brasil afora, a Arquidiocese de Belo Horizonte já tem tradição em investir na formação desses grupos, por meio de seu Núcleo de Estudos Sociopolíticos (Nesp), da PUC Minas e do Vicariato Episcopal para a Ação Social e Política. Vivencia assim, como compromisso de fé, a qualificação no exercício da política.”

Eis, portanto, mais páginas contendo importantes, adequadas e oportunas abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança de nossa história – que é de ética, de moral, de princípios, de valores –, para a imperiosa e urgente necessidade de profundas mudanças em nossas estruturas educacionais, governamentais, jurídicas, políticas, sociais, culturais, econômicas, financeiras e ambientais, de modo a promovermos a inserção do País no concerto das potências mundiais livres, civilizadas, soberanas, democráticas e sustentavelmente desenvolvidas...
         
Assim, urge ainda a efetiva problematização de questões deveras cruciais como:
   
     a)     a educação –  universal e de qualidade, desde a educação infantil (0 a 3 anos de idades, em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo da modernidade de matricularmos nossas crianças de 6 anos de idade na primeira série do ensino fundamental, independentemente do mês de seu nascimento –, até a pós-graduação (especialização,mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade absoluta de nossas políticas públicas;

     b)    o combate, implacável e sem trégua, aos três dos nossos maiores e mais avassaladores inimigos que são: I – a inflação, a exigir permanente, competente e diuturna vigilância, de forma a manter-se em patamares civilizados, ou seja, próximos de zero; II – a corrupção, como um câncer a se espalhar por todas as esferas da vida nacional, gerando incalculáveis prejuízos e comprometimentos de vária ordem; III – o desperdício, em todas as suas modalidades, também a ocasionar inestimáveis perdas e danos, inexoravelmente irreparáveis;

     c)     a dívida pública brasileira, com projeção para 2013, segundo o Orçamento Geral da União, de exorbitante e insuportável desembolso de cerca de R$ 1 trilhão, a título de juros, encargos, amortização e refinanciamentos (apenas com esta rubrica, previsão de R$ 610 bilhões), a exigir igualmente uma imediata, abrangente, qualificada e eficaz auditoria...

Isto posto, torna-se absolutamente inútil lamentarmos a falta de recursos diante de tão descomunal sangria que dilapida o nosso já combalido dinheiro público, mina a nossa capacidade de investimento e de poupança e, mais contundente ainda, afeta a credibilidade de nossas instituições, negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à pátria, ao lado de abissais desigualdades sociais e regionais e de extremas e sempre crescentes necessidades de ampliação e modernização de setores como: a gestão pública; a infraestrutura (rodovias, ferrovias, hidrovias, portos, aeroportos); a educação; a saúde; o saneamento ambiental (água tratada, esgoto tratado, resíduos sólidos tratados, macrodrenagem urbana, logística reversa); meio ambiente; habitação; mobilidade urbana (trânsito, transporte, acessibilidade); minas e energia; emprego, trabalho e renda; agregação de valor às commodities; sistema financeiro nacional; assistência social; previdência social; segurança alimentar e nutricional; segurança pública; forças armadas; polícia federal; defesa civil; logística; pesquisa e desenvolvimento; ciência, tecnologia e inovação; cultura, esporte e lazer; turismo; comunicações; qualidade (planejamento – estratégico, tático e operacional –, transparência, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade, criatividade, produtividade, competitividade); entre outros...

São, e bem o sabemos, gigantescos desafios mas que, de maneira alguma, abatem o nosso ânimo nem arrefecem o nosso entusiasmo e otimismo nesta grande cruzada nacional pela cidadania e qualidade, visando à construção de uma Nação verdadeiramente justa, ética, educada, civilizada, qualificada, livre, soberana, democrática, desenvolvida e solidária, que possa partilhar suas extraordinárias e abundantes riquezas, oportunidades e potencialidades com todas as brasileiras e com todos os brasileiros, especialmente no horizonte de investimentos bilionários previstos e que contemplam eventos como a Copa do Mundo de 2014; a Olimpíada de 2016; as obras do PAC e os projetos do pré-sal, à luz das exigências do século 21, da era da globalização, da internacionalização das organizações, da informação, do conhecimento, da inovação,  das novas tecnologias, da sustentabilidade e de um possível e novo mundo da justiça, da liberdade, da paz, da igualdade – e com equidade –, e da fraternidade universal...

Este é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a nossa fé, a nossa esperança... e perseverança!...


O BRASIL TEM JEITO!...           

segunda-feira, 21 de maio de 2012

A CIDADANIA, A DIGNIDADE EXISTENCIAL E A CONSCIÊNCIA SAUDÁVEL

“O mínimo existencial

A Constituição Federal de 1988, apelidada pelo saudoso Ulisses Guimarães de Constituição cidadã, trouxe uma nova ordem jurídica ao Brasil, de característica teleológica, notadamente em relação aos direitos fundamentais dos brasileiros. Já no seu artigo 1º afirma ser a República Federativa do Brasil um “Estado democrático de direito”, cujos pilares são: I – a soberania; II – a cidadania; III – a dignidade da pessoa humana; IV – os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa; e V – o pluralismo político. Uma das diferenças entre as constituições do modelo liberal para as de cunho democrático de direito é que, nas primeiras, a função do Estado é de assegurar a cada cidadão a livre definição dos seus objetivos na vida. Não determina um ponto de chegada para cada um, mas simplesmente assegura a todos o mesmo ponto de partida, atendendo o princípio da isonomia.

Com as instituições de caráter teleológico, como é a brasileira, o Estado deixou de ser um mero editor de leis e passou a ditar políticas públicas ou programas de ação governamental em todos os setores. Com isso, passou a garantir a todo cidadão um mínimo existencial compreendendo tudo aquilo que é necessário para que uma pessoa possa viver com dignidade, como direito à moradia, direito à saúde, direito à educação.

Outra diferença marcante entre as constituições do modelo liberal e as do Estado democrático de direito é que, naquele, o Judiciário é neutralizado frente aos outros poderes. Já no segundo o Judiciário deve estar equiparado, alinhado com a figura do próprio Estado, não podendo nem devendo se furtar aos seus deveres, quando legalmente instado a manifestar-se.

A atuação do Judiciário, portanto, no modelo democrático de direito, o brasileiro, deve ser de exigir do Estado a implementação, adequação ou correção das políticas públicas para garantir ao cidadão condições de uma vida digna, dentro daquele mínimo existencial acima mencionado. Acontece que o Brasil é um país de dimensões continentais, o que faz existir vários brasis dentro de um só. Sendo assim, o mínimo existencial para um sulista não é o mesmo de um nortista e, assim, sucessivamente.

Como se não bastasse, o mínimo existencial varia de uma época para outra; de uma situação econômica desfavorável ou menos confortável para outra de plena expansão do país. Haveria, portanto, uma indefinição, na prática, daquilo que estaria dentro do mínimo existencial e, se assim podemos dizer, o que seria o não mínimo existencial, o que geraria para o Judiciário uma dificuldade para decidir quais políticas públicas devessem ser praticadas, ou quais ações devessem ser tomadas para garantir o mínimo existencial, levando-se em consideração as vicissitudes acima mencionadas.

O que não se pode permitir, em nenhuma hipótese, é o retrocesso dos direitos fundamentais já assegurados, ou seja, na impossibilidade de decidir o mérito de uma ação a favor de um cidadão que, por exemplo, pleiteie algo que naquele momento não possa ser atendido pelo Estado, que tal pedido fosse julgado improcedente. Ao contrário, deve o pedido ser julgado procedente, com o cumprimento da sentença diferido no tempo. Ou seja, seria determinado ao Estado que fizesse constar da próxima proposta orçamentária a pecúnia necessária à implementação da política pública que viesse atender aquela necessidade, que não pôde ser atendida naquele momento.

Com isso, estaria sendo criada para o Estado uma obrigação de fazer perfeitamente exigível do ponto de vista jurídico, como toda e qualquer sentença condenatória. Evidentemente que, nesses casos, estamos falando daquelas necessidades que não estão incluídas no mínimo existencial e que não correspondem ao núcleo básico da dignidade humana. Do contrário, quando o que for pleiteado em juízo estiver enquadrado no mínimo existencial, não pode o Judiciário aceitar a alegação do Estado de que não há verba suficiente para atender a demanda que vise assegurar o mínimo existencial, pois a chamada cláusula de reserva do possível não pode ser oponível quando se está de frente daquilo que é o mínimo para uma existência digna de qualquer cidadão brasileiro. Dinheiro há de aparecer, seja minimizando a corrupção (já que é impossível a sua extinção), diminuindo as mordomias (aposentadorias para ex-governantes, etc.) ou aplicando melhor o dinheiro público.”
(WELINGTON LUZIA TEIXEIRA, Advogado, diretor do Instituto dos Advogados de Minas Gerais, em artigo publicado no jornal ESTADO DE MINAS, edição de 10 de setembro de 2011, Caderno OPINIÃO, página 11).

Mais uma IMPORTANTE e OPORTUNA contribuição para o nosso trabalho de MOBILIZAÇÃO PARA A CIDADANIA E QUALIDADE vem de artigo publicado no mesmo veículo, edição de 18 de maio de 2012, Caderno OPINIÃO, página 7, de autoria de DOM WALMOR OLIVEIRA DE AZEVEDO, Arcebispo metropolitano de Belo Horizonte, e que merece igualmente INTEGRAL transcrição:

“Que devo fazer de bom?

Essa interrogação, simples na sua formulação, tem uma profunda raiz de significação na vida de cada pessoa. Em consequência, uma função determinante na configuração do tecido social e político que sustenta a vida da sociedade. Interrogação que direciona a consciência, núcleo recôndito e alicerce de toda conduta, ao esplendor da verdade. A verdade é que ilumina a inteligência e modela a liberdade de cada pessoa. E a luz da verdade tem que ser a da consciência.

Este questionamento – “que devo fazer de bom? – é parte importante do diálogo de Jesus com o jovem rico, como narra o evangelista Mateus no capítulo 19. A resposta de Jesus compartilha de modo vivo e incisivo o seu ensinamento moral. Jesus reage à interpelação do jovem com uma pergunta: “Por que me interrogas sobre o que é bom?” Depois faz uma indicação essencial dizendo que “um só é bom”. O mestre completa apontando o cumprimento dos mandamentos para lograr a conquista eterna.

Esse diálogo não trata apenas de normas e regras. Em questão está a plenitude do significado para a vida. Na sua carta encíclica Splendor veritatis, de agosto de 1993, o papa João Paulo II afirma que “esta é definitivamente a aspiração que está no âmago de cada decisão e de cada ação humana, a inquietude secreta e o impulso íntimo que move a liberdade”. O papa sublinha um aspecto essencial que precisa ser adequadamente considerado quando analisamos a deterioração moral e suas consequências nefastas na vida da sociedade contemporânea.

Trata-se da intuição que o jovem interlocutor de Jesus percebe no nexo existente entre o bem moral e a plena realização do próprio destino. A ausência desta percepção é um risco e pode causar grandes prejuízos. É indispensável cultivar o bem e mover-se por um forte fascínio por ele. Sem dúvida, nesse diálogo, foi a pessoa de Jesus que suscitou no jovem o fascínio pelo bem moral. Por isso mesmo, essas interrogações tornam-se saudáveis e indispensáveis. Caso contrário, se transitará por meio das “mentirinhas”, também moralmente condenáveis, passando por enganações graves, pelas capas de conduta ilibada cobrindo na verdade, atos espúrios, até o habituar-se a viver por trás dos espectros do egoísmo e da incapacidade de fazer o bem.

Os múltiplos e diferentes âmbitos da vida humana devem reger-se por sólidos ensinamentos morais, que, à luz de valores consistentes, devem iluminar e incidir sobre as exigências morais nos âmbitos da sexualidade humana, da família, da vida social, econômica e política. Nesse sentido, a Igreja Católica tem uma tarefa missionária no usufruto do seu patrimônio moral, para ser indispensável contraponto junto a determinadas concepções antropológicas e éticas presentes em pensamentos que desarraigam a liberdade humana da sua relação essencial e constitutiva com a verdade, conforme adverte o papa João Paulo II.

Assim, é preciso estar na pauta existencial cotidiana o interrogar-se sobre o bem, especialmente sobre o que se deve fazer de bom. Em última análise, isso significa remeter-se a Deus, plenitude da bondade. Esse é o significado da indicação de Jesus ao jovem quando diz que um só é bom. A referência a Deus e a consideração da própria vida no dia a dia, suas exigências, necessidades de correções, anseios de compassos na dinâmica da justiça e da paz apontam a importância determinante da vida moral.

É necessário ter presente que, sem uma vida moral autêntica e qualificada, nenhuma pessoa pode progredir na sua verdadeira humanidade. A interrogação – “ que devo fazer de bom?” – é um rico caminho para configurar e cultivar a própria consciência moral.

Na Constituição Pastoral, Gaudium et Spes, do Concílio Vaticano II, encontra-se uma menção de grande importância quando diz: “No fundo da própria consciência o homem descobre uma lei que não se impôs a si mesmo, mas à qual deve obedecer; essa voz, que sempre o está chamando ao amor do bem e a fuga do mal, soa no momento oportuno, na intimidade do seu coração: faze isto, evita aquilo. O homem tem no coração uma lei escrita pelo próprio Deus: a sua dignidade está em obedecer-lhe, e por ela é que será julgado”.

É preciso cuidar para evitar e superar toda decomposição da consciência moral. Os prejuízos são enormes. O exercício simples e diário é dar voz à interrogação acerca do bem que se deve fazer. O exercício é simples. Complexo é o fenômeno da consciência quando se consideram a esfera psicológica e afetiva, os influxos sociais e culturais do ambiente. O santuário da consciência não pode perder sua sacralidade, configurada pelo gosto moral de ser bom. Essa é a condição para os avanços esperados e indispensáveis para sustentar os inteligentes avanços contemporâneos.”

Eis, portanto, mais páginas contendo IMPORTANTES, SÉRIAS e OPORTUNAS abordagens e REFLEXÕES que acenam, em meio à MAIOR crise de LIDERANÇA de nossa HISTÓRIA – que é de MORAL, de ÉTICA, de PRINCÍPIOS, de VALORES –, para a IMPERIOSA e URGENTE necessidade de PROFUNDAS MUDANÇAS em nossas estruturas EDUCACIONAIS, GOVERNAMENTAIS, JURÍDICAS, POLÍTICAS, SOCIAIS, CULTURAIS, ECONÔMICAS, FINANCEIRAS e AMBIENTAIS, de modo a promovermos a inserção do PAÍS no concerto das POTÊNCIAS mundiais LIVRES, EDUCADAS, CIVILIZADAS, SOBERANAS, DEMOCRÁTICAS e SUSTENTAVELMENTE DESENVOLVIDAS...

Assim, URGE ainda a efetiva PROBLEMATIZAÇÃO de questões deveras CRUCIAIS como:

a) a EDUCAÇÃO – UNIVERSAL e de QUALIDADE, desde a EDUCAÇÃO INFANTIL (0 a 3 anos, em creches; 4 e 5 anos, em pré-escolas) até a PÓS-GRADUAÇÃO (especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como PRIORIDADE ABSOLUTA de nossas POLÍTICAS PÚBLICAS;

b) o COMBATE, implacável e sem TRÉGUA, aos três dos nossos MAIORES e mais AVASSALADORES inimigos que são: I – a INFLAÇÃO, a exigir PERMANENTE e DIUTURNA vigilância, de forma a manter-se em patamares CIVILIZADOS; II – a CORRUPÇÃO, como um CÂNCER a se espalhar por TODAS as esferas da vida NACIONAL, gerando INCALCULÁVEIS e INTOLERÁVEIS prejuízos e comprometimentos de variada ordem; III – o DESPERDÍCIO, em TODAS as suas MODALIDADES, também a ocasionar INESTIMÁVEIS perdas e danos, inexoravelmente IRREPARÁVEIS;

c) a DÍVIDA PÚBLICA BRASILEIRA, com projeção para 2012, segundo o ORÇAMENTO GERAL DA UNIÃO, de ASTRONÔMICO e INSUPORTÁVEL desembolso da ordem de R$ 1 TRILHÃO, a título de JUROS, ENCARGOS, AMORTIZAÇÕES e REFINANCIAMENTO, a exigir igualmente uma IMEDIATA, ABRANGENTE, QUALIFICADA e eficaz AUDITORIA...

Isto posto, torna-se absolutamente INÚTIL lamentarmos a FALTA de RECURSOS diante de tanta SANGRIA, que DILAPIDA o nosso já escasso DINHEIRO PÚBLICO, MINA a nossa ECONOMIA e a nossa capacidade de INVESTIMENTO e de POUPANÇA e, mais GRAVE ainda, AFETA a confiança em nossas INSTITUIÇÕES, negligenciando a JUSTIÇA, a VERDADE, a HONESTIDADE e o AMOR da PÁTRIA, ao lado de extremas e sempre crescentes DEMANDAS, NECESSIDADES, CARÊNCIAS e DEFICIÊNCIAS, o que aumenta mais o abismo das desigualdades SOCIAIS e REGIONAIS, também nos afastando num crescendo do seleto grupo dos DESENVOLVIDOS...

São, e bem o sabemos, GIGANTESCOS DESAFIOS mas que, de maneira alguma, nos ABATEM o ÂNIMO nem ARREFECEM o nosso ENTUSIASMO e OTIMISMO nesta grande CRUZADA NACIONAL pela CIDADANIA E QUALIDADE, visando à construção de uma NAÇÃO verdadeiramente JUSTA, ÉTICA, EDUCADA, QUALIFICADA, CIVILIZADA, LIVRE, SOBERANA, DEMOCRÁTICA e SOLIDÁRIA, que possa PARTILHAR suas EXTRAORDINÁRIAS e generosas RIQUEZAS, OPORTUNIDADES e POTENCIALIDADES com TODAS as BRASILEIRAS e com TODOS os BRASILEIROS, especialmente no horizonte de INVESTIMENTOS BILIONÁRIOS previstos e que contemplam EVENTOS como a CONFERÊNCIA DAS NAÇÕES UNIDAS SOBRE O DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL E MUDANÇAS CLIMÁTICAS (RIO+20) em junho; a 27ª JORNADA MUNDIAL DA JUVENTUDE no RIO DE JANEIRO em 2013; a COPA DAS CONFEDERAÇÕES de 2013; a COPA DO MUNDO de 2014; a OLIMPÍADA de 2016; as OBRAS do PAC e os projetos do PRÉ-SAL, segundo as exigências do SÉCULO 21, da era da GLOBALIZAÇÃO, da INTERNACIONALIZAÇÃO das EMPRESAS, da INFORMAÇÃO, do CONHECIMENTO, da INOVAÇÃO, das NOVAS TECNOLOGIAS, da SUSTENTABILIDADE e de um POSSÍVEL e NOVO mundo da JUSTIÇA, da PAZ, da IGUALDADE – e com EQUIDADE –, e da FRATERNIDADE UNIVERSAL...

Este é o nosso SONHO, o nosso AMOR, a nossa LUTA, a nossa FÉ e a nossa ESPERANÇA... e PERSEVERANÇA!...

O BRASIL TEM JEITO!...