“A
dimensão humana
O período da epidemia
Covid-19 é algo absolutamente desafiador. Vivemos todos numa expectativa de
adoecer, um pânico generalizado. O distanciamento social, até pelo nome, já
demonstra que é uma medida alienadora e cada vez mais alimentada pelas
manchetes diárias – aterrorizantes.
Em
verdade, apesar de ser uma doença potencialmente grave, a mortalidade não é
muito elevada e não há motivo para pânico. A morte é destino certo para todos.
Algumas de suas causas são tão banais que nos acostumamos a elas: mortes no
trânsito (mais de 40 mil ao ano) ou por dengue, zika e outros flagelos
esquecidos e massificados.
O que
diferencia a atual epidemia é sua globalização, são as manchetes nos diversos
cantos do mundo. Não nos esqueçamos de que no Brasil, por sua dimensão
continental, estamos em situação relativamente boa em comparação com países
superdesenvolvidos e com estrutura hospitalar maior.
Não
podemos desconsiderar o risco, mas é preciso que todos eles sejam considerados.
A sociedade funciona ao modo de um organismo vivo. A divisão de tarefas é sua
base e, qual uma engrenagem complexa e integrada, ela precisa girar, senão
perece. A interdependência é a norma, não a exceção. Embora muitos saibam, é
preciso lembrar que a economia, apesar de lidar com números, é uma ciência
humana, e não há motivo de vergonha de, nesse contexto, considerarmos os
impactos de todas as medidas adotadas na saúde da economia.
O
isolamento acaba por gerar a paralisação de um sem-número de atividades e se
torna um motivo de extrema privação para aqueles que trabalham por produção,
sem vínculos estabelecidos, ou mesmo para aquelas empresas que se inserem no
universo mais afetado. A repercussão disso nas pessoas é grave – para se ter
uma ideia, nos últimos 45 dias o cartório de Venda Nova, em Belo Horizonte,
registrou apenas quatro mortes por Covid, e, no mesmo período, oito suicídios.
As
formas de transmissão da doença são conhecidas. Uso de máscara e a correta
higiene pessoal – posto que o vírus também habita o trato gastrointestinal –
são as armas que temos. Cada um tem que se responsabilizar por sua segurança e
saber que, se não aderir aos cuidados, se expõe ao risco de morrer.
Os
municípios tiveram tempo para se preparar, adequando suas estruturas de saúde.
Assim, é preciso que o retorno ao trabalho ocorra, de forma planejada,
impedindo principalmente que nos meios de transporte ocorra superlotação. Que
possamos todos superar o momento e entender que a dignidade não se encontra na
reclusão em nossas casas; está na coragem de enfrentar mais uma doença, dando a
ela o devido peso específico e usando as armas preventivas de que dispomos.”.
(Luiz Antônio
F. Paulino. Médico, em artigo publicado no jornal O TEMPO Belo Horizonte, edição de 20 de maio de 2020, caderno OPINIÃO, página 15).
Mais uma importante e oportuna contribuição para o
nosso trabalho de Mobilização para a
Excelência Educacional vem de artigo publicado no site www.domtotal.com,
edição de 22 de maio de 2020, de autoria de DOM WALMOR OLIVEIRA DE AZEVEDO, arcebispo metropolitano de Belo
Horizonte e presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), e
que merece igualmente integral transcrição:
“Dom
precioso de Francisco
A Igreja Católica no
Brasil promove uma semana pela ecologia integral, interpelando a sociedade,
adoecida, com feridas expostas, a encontrar novo modo de viver. É a celebração
pelos cinco anos da carta encíclica Laudato
si’ – sobre o cuidado com a Casa Comum, publicada pelo papa Francisco, no
dia 24 de maio de 2015. Esta Semana busca ecoar o que pede a carta encíclica do
papa sobre o cuidado com a Casa Comum, a partir da exemplaridade inigualável de
São Francisco de Assis, considerado o pai da ecologia, respeitado pelos que
são, ou não, cristãos, em razão da universalidade de seus ensinamentos.
Passados mais de outo séculos, os sentimentos, escolhas e hábitos de São
Francisco permanecem como sinal luminoso, oferecendo aprendizados
indispensáveis. O papa Francisco, assim, revisita o “pobrezinho de Assis”,
contribuindo para que a civilização contemporânea redesenhe seus funcionamentos,
faça novas escolhas e se afaste do caminho que pode levá-la a diferentes
extermínios e a graves pandemias.
No
horizonte da carta encíclica Laudato si’
está a adoção inteligente e imediata dos parâmetros da ecologia integral, com
suas dinâmicas que podem garantir dois bens fundamentais, procurados a todo
custo: alegria e autenticidade. Uma alegria que dura e sem a qual não se
consegue viver adequadamente. Sem essa alegria, a vida perde sentido, torna-se
dolorosamente pesada. Já a autenticidade, outro bem necessário, refere-se à
capacidade bonita de se exercer a liberdade sem jamais perder o horizonte da
própria identidade. A autenticidade gera razões e iluminações condizentes com o
grande dom da vida. O ponto de partida inteligente para alcançar alegria e
autenticidade parece ingênuo e, por isso, é irracionalmente desconsiderado:
dedicar amorosa reverência aos mais pobres da Terra e atenção particular à
Criação de Deus.
Esse
olhar sensível dedicado à Criação e aos pobres faz abrir o coração, leva à alma
valores nobres, cultiva na interioridade humana bons sentimentos e modula cada
gesto na dinâmica inigualável da solidariedade. Quando o ser humano
verdadeiramente dedica atenção à Criação e aos pobres consegue perceber prioridades
que são indissociáveis: a busca pela paz interior, o respeito à natureza e a
consciência do dever de trabalhar na edificação de uma sociedade justa e
fraterna, com a defesa dos mais pobres. Essas prioridades precisam nortear a
conduta social, política, econômica, religiosa, cultura e cidadã. A paz
interior, que todos buscam, exige a vivência das lições de uma ecologia
integral, para livrar o ser humano do domínio das idolatrias do lucro e do
dinheiro, da indiferença ante os clamores dos empobrecidos. Esse domínio do
lucro e da indiferença é raiz do uso desenfreado, extrativista e criminoso dos
bens da Casa Comum, da adesão à lógica dos privilegiados que é condescendente
com o colapso da vida dos vulneráveis.
Parecerá
romântico às mentes teleguiadas pelos endurecimentos que alicerçam as pandemias
evocar a atitude de São Francisco de Assis. Ao olhar, enamorado, o sol, a lua,
minúsculos animais, ele cantava e, consequentemente, envolvia o seu coração com
uma sabedoria solidária e uma reverência nobre dedicada a todos – entendia que
todos os seres e elementos do universo são irmãos uns dos outros. Assim, ensina
o caráter essencial da simplicidade, frequentemente desconsiderada no mundo
contemporâneo, dominado por uma irracionalidade fundamentada na desmedida
ambição por dinheiro. Em vez da opção pela simplicidade, prioriza-se o acúmulo
de bens que compromete a qualidade de vida, gerando distanciamento de toda
gratuidade, o que produz massacres e pandemias.
A carta
encíclica do papa, inspirada nas lições de São Francisco de Assis, está para
além de uma avaliação intelectual ou de um cálculo econômico. Oferece à
sociedade contribuições para que se viva novo ciclo, alicerçado em sabedoria
que se desdobra em compromisso: é preciso cuidar de tudo e de todos. Eis o
apelo do papa Francisco, dever inadiável que deve unir a família humana em
busca de um desenvolvimento sustentável. O dom precioso é reconhecer e adotar a
inteligência criativa fundamentada nos parâmetros da ecologia integral, para
superar a indiferença em relação a graves problemas.
A
ecologia integral é o caminho mais adequado a ser seguido pela humanidade no
seu desafio de repensar condições de vida e de sobrevivência em um mundo
adoecido, com sintomas evidentes nos descompassos políticos e sociais,
religiosos e econômicos. Há de prevalecer os parâmetros da ecologia integral,
em diferentes contextos. O ponto de partida, antes de se pensar nas cúpulas,
instâncias legislativas ou conferências, é a vida cotidiana, a atitude de cada
pessoa. Chegou a hora, e de agora não se pode passar, considerados os
esgotamentos do mundo e da civilização contemporânea, de novas lições a serem
aprendidas, necessárias para surgir um novo tempo, broto da esperança. Todos,
humildemente, possam assumir a condição de aprendizes, na vivência do que
ensina a carta encíclica Laudato si’,
um dom precioso de Francisco.”.
Eis, portanto, mais páginas contendo importantes, incisivas e
oportunas abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança
de nossa história – que é de ética, de
moral, de princípios, de valores –, para
a imperiosa e urgente necessidade de profundas
mudanças em nossas estruturas educacionais,
governamentais, jurídicas, políticas, sociais, culturais, econômicas,
financeiras e ambientais, de modo a promovermos a inserção do País no
concerto das potências mundiais livres, justas, educadas, qualificadas,
civilizadas, soberanas, democráticas, republicanas, solidárias e
sustentavelmente desenvolvidas...
Assim, urge ainda a efetiva problematização de questões deveras cruciais
como:
a) a excelência educacional – pleno
desenvolvimento da pessoa, da cidadania e da qualificação profissional –, desde
a educação infantil (0 a 3 anos de
idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo
da modernidade de matricularmos nossas crianças de 6 anos de idade na primeira
série do ensino fundamental, independentemente
do mês de seu nascimento –, até a pós-graduação
(especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade absoluta de nossas políticas
públicas, gerando o pleno
desenvolvimento da pessoa, da cidadania e da qualificação profissional
(enfim, 130 anos depois, a República proclama o que esperamos seja
verdadeiramente o início de uma revolução educacional, mobilizando de maneira
incondicional todas as forças vivas do país, para a realização da nova pátria;
a pátria da educação, da ética, da justiça, da liberdade, da civilidade, da
democracia, da participação, da solidariedade, da sustentabilidade...);
b) o combate implacável, sem eufemismos e
sem tréguas, aos três dos nossos maiores e mais devastadores inimigos que são:
I – a inflação, a exigir permanente,
competente e diuturna vigilância, de forma a manter-se em patamares
civilizados, ou seja, próximos de zero (segundo dados do Banco Central, a taxa
de juros do cartão de crédito atingiu em março a estratosférica marca de 326,4%
nos últimos doze meses, e a taxa de
juros do cheque especial chegou ainda em históricos 130,0%; e já o IPCA, em
abril, também no acumulado dos últimos doze meses, chegou a 2,40%); II – a corrupção, há séculos, na mais perversa
promiscuidade – “dinheiro público versus interesses privados”
–, como um câncer a se espalhar por todas as esferas da vida nacional, gerando
incalculáveis e irreversíveis prejuízos, perdas e comprometimentos de vária
ordem (a propósito, a lúcida observação do procurador chefe da força-tarefa da
Operação Lava Jato, Deltan Dallagnol: “A Lava Jato ela trata hoje de um tumor,
de um caso específico de corrupção, mas o problema é que o sistema é cancerígeno...”
– e que vem mostrando também o seu caráter transnacional; eis, portanto, que todos os valores que vão
sendo apresentados aos borbotões, são apenas simbólicos, pois em nossos 518
anos já se formou um verdadeiro oceano de suborno, propina, fraudes, desvios,
malversação, saque, rapina e dilapidação do nosso patrimônio... Então, a
corrupção mata, e, assim, é crime...); III – o desperdício, em todas as suas modalidades, também a ocasionar
inestimáveis perdas e danos, indubitavelmente irreparáveis (por exemplo,
segundo Lucas Massari, no artigo ‘O Desperdício na Logística Brasileira’, a
“... Desconfiança das empresas e das famílias é
grande. Todos os anos, cerca de R$ 1 trilhão, é desperdiçado no Brasil. Quase
nada está imune à perda. Uma lista sem fim de problemas tem levado esses
recursos e muito mais. De cada R$ 100 produzidos, quase R$ 25 somem em meio à
ineficiência do Estado e do setor privado, à falhas de logística e de
infraestrutura, ao excesso de burocracia, ao descaso, à corrupção e à falta de
planejamento...”;
c) a dívida pública brasileira - (interna e
externa; federal, estadual, distrital e municipal) –, com previsão para
2020, apenas segundo o Orçamento Geral da União – Anexo II – Despesa dos
Orçamentos Fiscal e da Seguridade Social – Órgão Orçamentário, de exorbitante e
insuportável desembolso de cerca de R$
1,651 trilhão (44,79%), a título de juros, encargos, amortização e
refinanciamentos (ao menos com esta rubrica, previsão de R$ 1,004 trilhão), a exigir alguns fundamentos da sabedoria grega,
do direito e da justiça:
- pagar,
sim, até o último centavo;
-
rigorosamente, não pagar com o pão do povo;
- realizar
uma IMEDIATA, abrangente,
qualificada, independente, competente e eficaz auditoria... (ver também www.auditoriacidada.org.br)
(e ainda
a propósito, no artigo Melancolia,
Vinicius Torres Freire, diz: “... Não será possível conter a presente
degradação econômica sem pelo menos, mínimo do mínimo, controle da ruína das
contas do governo: o aumento sem limite da dívida pública...”).
Isto
posto, torna-se absolutamente inútil lamentarmos
a falta de recursos diante de tão
descomunal sangria que dilapida o nosso já combalido dinheiro público, mina a
nossa capacidade de investimento e de poupança e, mais grave ainda, afeta a
credibilidade de nossas instituições, negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à pátria, ao lado de abissais desigualdades sociais e
regionais e de extremas e sempre crescentes necessidades de ampliação e modernização de setores
como: a gestão pública; a infraestrutura (rodovias, ferrovias,
hidrovias, portos, aeroportos); a educação;
a saúde; o saneamento ambiental (água tratada, esgoto tratado, resíduos
sólidos tratados, macrodrenagem urbana, logística reversa); meio ambiente; habitação; mobilidade urbana
(trânsito, transporte, acessibilidade); minas e energia; emprego, trabalho e renda; agregação de valor às
commodities; sistema financeiro nacional; assistência social; previdência
social; segurança alimentar e nutricional; segurança pública; forças armadas;
polícia federal; defesa civil; logística; pesquisa e desenvolvimento; ciência,
tecnologia e inovação; cultura, esporte e lazer; turismo; comunicações;
qualidade (planejamento – estratégico, tático e operacional –,
transparência, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade – “fazer mais e
melhor, com menos” –, criatividade, produtividade, competitividade); entre
outros...
São, e bem o sabemos, gigantescos desafios mas que, de maneira
alguma, abatem o nosso ânimo e nem
arrefecem o nosso entusiasmo e otimismo nesta
grande cruzada nacional pela excelência
educacional, visando à construção de uma Nação verdadeiramente participativa, justa, ética, educada,
civilizada, qualificada, livre, soberana, democrática, solidária e
desenvolvida, que possa partilhar suas extraordinárias e generosas
riquezas, oportunidades e potencialidades com todas as brasileiras e com todos
os brasileiros. Ainda mais especialmente no horizonte de investimentos
bilionários previstos em inadiáveis e fundamentais empreendimentos de
infraestrutura, além de projetos do Pré-Sal e de novas fontes energéticas, à
luz das exigências do século 21, da era da globalização, da internacionalização
das organizações, da informação, do conhecimento, da inovação, das novas
tecnologias, da sustentabilidade e de um possível e novo mundo do direito, da justiça, da verdade, do diálogo, da liberdade, da paz, da solidariedade, da igualdade – e com equidade –, e da fraternidade universal...
Este é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a nossa fé, a
nossa esperança... e perseverança!
“VI,
OUVI E VIVI: O BRASIL TEM JEITO!”
58 anos
de testemunho de um servidor público (1961 – 2019)
-
Estamos nos descobrindo através da Excelência Educacional ...
-
ANTICORRUPÇÃO: Prevenir e vencer, usando nossas defesas democráticas ...
- Por
uma Nova Política Brasileira ...
- Pela
excelência na Gestão Pública ...
- Pelo
fortalecimento da cultura da sustentabilidade, em suas três dimensões nucleares
do desenvolvimento integral: econômico; social, com promoção humana, e,
ambiental, com proteção e preservação dos nossos recursos naturais ...
- A
alegria da vocação ...
Afinal, o Brasil é uma águia pequena que já ganhou
asas e, para voar, precisa tão somente de visão olímpica e de coragem! ...
E
P Í L O G O
CLAMOR
E SÚPLICA DO POVO BRASILEIRO
“Oh! Deus, Criador, Legislador e Libertador, fonte de
infinita misericórdia!
Senhor, que não fique, e não está ficando, pedra sobre
pedra
Dos impérios edificados com os ganhos espúrios,
ilegais, injustos e
Frutos da corrupção, do saque, da rapina e da
dilapidação do
Nosso patrimônio público.
Patrimônio esse construído com o
Sangue, suor e lágrima,
Trabalho, honra e dignidade do povo brasileiro!
Senhor, que seja assim! Eternamente!”.