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segunda-feira, 30 de agosto de 2010

A CIDADANIA E AS ESCOLHAS E OS LÍDERES

“[...] I. Fenomenologia da nova linguagem

As palavras do título parecem solenes: cidadania, lógica da exclusão.Mas evidentemente não é questão de apegar-nos demais a esses termos. Seu significado sempre depende do seu uso, e não adianta querer atribuir-lhes um sentido imutável. Vejamos rapidamente algo a respeito da circulação e da serventia desse tipo de linguagem.

1. Cidadania é palavra de muito e diferenciado emprego. Desde a Constituinte (1987-1988), passando pelo acúmulo de frustrações com a “Constituição Cidadã” (como alguns a quiseram batizar), até o incipiente desvendamento do lamaçal de corrupções que encharca o país, sempre de novo a linguagem sobre a cidadania voltou ao centro dos reclamos éticos. É bom saber que o fenômeno adquiriu características bastante peculiares no Brasil.

O fascínio e a manipulação da linguagem sobre a cidadania faz com que ninguém mostre querer desistir dela. Por mais que se trivialize e banalize, continua inegavelmente importante, embora o processo de expropriação dessa linguagem pelos setores mais conservadores tenha avançado assustadoramente. Está, pois, fora de discussão a relevância dessa linguagem, mas seria ingênuo acreditar que a palavra cidadania guarda em si mesma o selo de uma significação exigente. É necessário colocar-lhe referenciais explícitos de proposta política, econômica, educacional etc., para que não flutue no olimpo dos universais abstratos do discurso ideológico, que sempre fareja o “politicamente correto”.

Cidadania será nosso tema indireto, enquanto implicado no da lógica da exclusão. Basta-nos esta definição mínima: cidadania não pode significar mera atribuição abstrata, ou apenas formalmente jurídica, de um conjunto (e, por extensão, da humanidade inteira), mas deve significar o acesso real, e juridicamente exigível, ao exercício efetivo desses direitos e ao cumprimento dos deveres. Não há, pois, cidadania sem a exigibilidade daquelas mediações históricas que lhe confiram conteúdo no plano da satisfação das necessidades e dos desejos, correspondentes àquela noção de dignidade humana que seja extensiva a todos num contexto histórico determinado.

A mediação histórica fundamental da cidadania básica é o acesso seguro aos meios para uma existência humana digna. Todos os demais aspectos de uma cidadania participativa supõe essa base mínima. Daí a correlação estreita entre cidadania e trabalho (no sentido de emprego justamente remunerado) na visão até hoje comum dessa temática. Para o trabalhador e seus dependentes, a cidadania se alicerça no direito ao trabalho.

Que sucede, porém, quando a própria noção do trabalho entre numa profunda transformação, ao ponto de muitos começarem a falar do fim do trabalho no sentido tradicional? Será que isso é assunto apenas para países ricos, ou tem algo que ver com o que já está sucedendo também em nosso país? Salta à vista que a questão do emprego, de todos os modos, permanece como um dos elos básicos entre cidadania e lógica da exclusão.[...]”
(PROF. HUGO ASSMANN, em artigo publicado na Revista VIDA PASTORAL – SETEMBRO-OUTUBRO DE 1994, página 7, intitulado CIDADANIA: CRÍTICA À LÓGICA DA EXCLUSÃO).

Mais uma IMPORTANTE e OPORTUNA contribuição para o nosso trabalho de MOBILIZAÇÃO PARA A CIDADANIA E QUALIDADE vem de artigo publicado no Jornal ESTADO DE MINAS, edição de 27 de agosto de 2010, Caderno OPINIÃO, página 11, de autoria de DOM WALMOR OLIVEIRA DE AZEVEDO, Arcebispo metropolitano de Belo Horizonte, que merece INTEGRAL transcrição:

"Escolhas e líderes

O cenário eleitoral está projetando luzes sobre as escolhas que serão feitas nas eleições deste ano – e também acerca dos líderes que, corajosamente, põem seus nomes para serem sufragados nas urnas. Em questão não está apenas o juízo que se pode emitir sobre os nomes que deverão preencher cargos no Executivo e Legislativo. Sem dúvida, este é um capítulo fundamental no processo eleitoral. Não se pode comprar gato por lebre. Nesse sentido, é fundamental que os candidatos se mostrem e se deeem a conhecer nos seus pensamentos e posições, fora da ribalta do marketing que os emoldura defensivamente e das maquiagens que ajudam muito na amostragem de feições e de contornos que podem não corresponder à realidade.

Os debates são importantes para o conhecimento indispensável na elaboração de critérios nas escolhas a serem feitas. É necessário conhecer bem o candidato, sua posição a respeito de temas pertinentes, como a defesa da vida, a justiça, o aborto, os direitos humanos. Não basta emoldurar o candidato apenas no bojo da ideologia partidária, com suas inconsistências próprias, nem somente respaldar o candidato pelos feitos, tomado como garantia de que ele será bom Cada etapa da história supõe, portanto, respostas próprias e novas e precisa contar, para além daquilo que já se fez, com a competência própria daquele que se propõe a governar e a representar o povo.

Este desafio está posto à sociedade, que precisa aplicar critérios mais exigentes aos nomes que estão sendo oferecidos neste pleito eleitoral. Na verdade, as eleições de 2010 representam mais uma oportunidade para evidenciar traços muito peculiares da cultura brasileira no exercício da liderança e no âmbito das escolhas que determinam caminhos novos para a sociedade e suas instituições. O evento das eleições se findará com os resultados que vão determinar rumos na sociedade brasileira na próxima etapa de sua história. Importa também emitir juízos a respeito da cultura subjacente no exercício da liderança e o que dá consistência às escolhas da sociedade.

O momento eleitoral explicita muitas inconsistências e porosidades existentes na nossa cultura quando se trata de escolhas e de líderes. Lembra “sol forte em monturo depois da chuva”. Além de juízos a respeito de nomes a serem sufragados, a oportunidade nos convida a refletir, avaliar e ter novas compreensões sobre a prática da liderança. Ainda é comum atrelar o exercício da liderança com a distribuição de benesses e favores. Há líderes obsoletos que continuam, em muitas circunstâncias, perpetuando a mentalidade coronelista própria dos antigos fazendeiros e senhores de engenho. Esses líderes não reconhecem e não são capazes de lidar com as novidades das compreensões corporativas na condução de processos – independentemente da instituição em que se encontram, religiosa, política, pública, privada, são todos semelhantes. A visão é da manutenção de dinâmicas que perpetuam, na condição de refém, os destinatários das benesses e favores, na contramão da liberdade e da autonomia como características inegociáveis da cidadania desse tempo.

O tecido cultural no desempenho das lideranças na sociedade brasileira ainda está enrijecido por presenças e atuações que estão atravancando os necessários avanços. Ainda existe uma mentalidade que luta para manter funcionamentos e dinâmicas que, ilusoriamente, pretendem conservar domínios que são em si arcaicos. Ainda existem tentativas de perpetuar modelos de lideranças que não contam mais e que se mantêm à custa da mediocridade dos que não ousam mudanças e ainda sonham com retornos irrealizáveis. A prática obsoleta da liderança, presente na cultura subjacente da sociedade contemporânea, é responsável pelo envelhecimento de instituições, seu uso em proveito próprio e dos seus correligionários e familiares. No cenário nacional, e fundamental avaliar, criteriosamente, os contextos sociais e institucionais – onde estão os prejuízos cometidos pelos líderes que entortam escolhas e perpetuam um modus vivendi contrário às necesssidades e expectativas da sociedade. Este momento eleitoral, além de eleger nomes, precisa projetar nova cultura nas escolhas e nos líderes, avançando em conquistas condizentes com a história do povo brasileiro.”

São, pois, qualificadas PONDERAÇÕES e REFLEXÕES que nos MOTIVAM e nos FORTALECEM nesta grande CRUZADA NACIONAL pela CIDADANIA E QUALIDADE, visando à construção de uma NAÇÃO que, além de LÚCIDA e CRITERIOSA nas ESCOLHAS, seja verdadeiramente JUSTA, ÉTICA, EDUCADA, LIVRE, SUSTENTAVELMENTE DESENVOLVIDA e SOLIDÁRIA, que permita a PARTILHA de suas EXTRAORDINÁRIAS RIQUEZAS e POTENCIALIDADES com TODOS os BRASILEIROS e com TODAS as BRASILEIRAS, especialmente no horizonte de INVESTIMENTOS BILIONÁRIOS preventos para eventos como a COPA DO MUNDO DE 2014, a OLIMPÍADA DE 2016 e os projetos do PRÉ-SAL, segundo as exigências da MODERNIDADE, da GLOBALIZAÇÃO, da era do CONHECIMENTO, da INFORMAÇÃO, das NOVAS TECNOLOGIAS e de um mundo da PAZ e FRATERNIDADE UNIVERSAL...

Este é o nosso SONHO, o nosso AMOR, a nossa LUTA, a nossa FÉ e a nossa ESPERANÇA!...

O BRASIL TEM JEITO!...