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sexta-feira, 21 de junho de 2013

A CIDADANIA, A EDUCAÇÃO, A UNIVERSIDADE E A INOVAÇÃO

“A deficiência do sistema educacional
        
         O Brasil é a sétima maior economia do mundo, totalizando um Produto Interno Bruto (PIB) de US$2,42 trilhões em 2012. Desse valor, 6,1 do PIB foi destinado à educação no ano passado. É uma verba bem alta, um volume de recursos proporcionalmente maior do que é investido pelo Reino Unido, Canadá, Japão e Alemanha, por exemplo.  Dos 42 países membros da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), o Brasil possui um dos índices mais altos de investimento em educação, ocupando o 15º.
         Porém, quando falamos em qualidade do ensino, o Brasil aparece na 53ª posição, segundo programa de avaliação da OCDE. Por que isso acontece? Na prática, investimentos mais altos deveriam resultar em melhor desempenho dos estudantes. Mas não é isso que as pesquisas demonstram. Segundo relatório do Fórum Econômico Mundial, publicado em abril, o Brasil é um dos piores países do mundo nos ensinos de matemática e ciências, ocupando a 132ª posição, entre 144 nações avaliadas. O país, que investe 6,1% do PIB em educação, aparece atrás de países como Venezuela, Colômbia, Camboja e Etiópia. Na categoria sistema educacional, o Brasil ocupa o 116º lugar no ranking, atrás de Gana e Cazaquistão.
         Parafraseando o presidente da Acrefi, Érico Sodré Quirino Ferreira, o Brasil só será um país de Primeiro Mundo quando a educação for sua verdadeira prioridade. Investir em educação é primordial para a geração de empregos mais qualificados e consequentemente para aumentar a eficiência produtiva de um povo. Mas é preciso investir naquilo que é realmente relevante. A presidente Dilma Rousseff quer criar mais iniciativas que repassem verbas para a área da educação. Um dos projetos de lei apresentados por ela quer repassar todo o valor dos royalties do petróleo, assim como todos os recursos públicos que vierem das reservas que o Brasil descobriu em águas profundas, em investimentos em educação. A proposta foi inicialmente vetada pelo Senado e pela Câmara dos Deputados. Caso seja aprovada, o valor do PIB destinado à educação vai aumentar, mas isso não significará nada se o dinheiro continuar sendo desperdiçado com falta de bons projetos e má gestão.
         O recurso precisa ser gasto de forma eficiente. Boas ideias são corriqueiramente vetadas. O ex-governador de São Paulo José Serra instituiu durante o seu mandato um sistema de promoção de professores por mérito e de qualificação dos profissionais. O Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo (Apeoesp) foi contra e entrou até mesmo com uma greve. É preciso que o governo se conscientize de que a transformação das escolas deve começar pelo treinamento, valorização e formação dos professores, principais condutores do processo pedagógico.
         Manobras tentam suprir a deficiência de ensino das escolas públicas. Desde o ano passado, o regime de cotas garante 50% das vagas das universidades e instituições federais aos alunos que estudaram durante todo o ensino médio em escola pública, obedecendo também aos critérios de cor de pele. Na minha opinião, esse projeto vai diminuir a pressão em favor da melhoria do ensino em escola pública e ainda fará com que esses alunos beneficiados se esforcem menos, já que terão suas vagas “reservadas”. A educação está diretamente ligada ao desenvolvimento, produtividade e renda das pessoas e dos países. O Brasil e principalmente os jovens devem estar preparados para absorver  os aumentos de demanda e aproveitar as oportunidades que estão surgindo.”

(AQUILES LEONARDO DINIZ. Vice-presidente da Associação Nacional das Instituições de Crédito, Financiamento e Investimento (Acrefi), em artigo publicado no jornal ESTADO DE MINAS, edição de 13 de junho de 2013, caderno OPINIÃO, página 7).

Mais uma importante e oportuna contribuição para o nosso trabalho de Mobilização para a Cidadania e Qualidade vem de artigo publicado no mesmo veículo, edição de 15 de junho de 2013, caderno OPINIÃO, página 9, de autoria de VIVINA DO C. RIOS BALBINO, que é psicóloga, mestre em educação, professora da Universidade Federal do Ceará e autora do livro Psicologia e psicologia escolar no Brasil, e que merece igualmente integral transcrição:

“Universidade e inovação
        
         Segundo dados recentes da QS Quacquarelli Symonds, as universidades latino-americanas apresentam baixo desempenho global. “Do Brasil, apesar de ser um líder a nível regional, em um contexto global, apenas 12 universidades foram classificadas entre as 700 do ranking mundial”, destaca Bem Stowe, chefe de pesquisa da QS Intelligence Unit. O Brasil continua fora das 100 melhores universidades do mundo apesar de mudanças positivas como mais rigor na abertura e avaliação dos cursos e dos docentes, a implantação do Programa Ciência sem Fronteiras e o enorme aumento de bolsas para mestrado e doutorado no país e no exterior. O ensino superior precisa alcançar as metas. O Brasil investiu cerca de     R$ 75 bilhões no Plano de Ação de Ciência, Tecnologia e Inovação para o Desenvolvimento Nacional (Pacti) no período de 2007-2010. O Pacti 2011-2014 está em curso. O governo busca aumentar também o investimento privado nessa área, que ainda é pequeno comparado ao de países como Estados Unidos, Alemanha, China, Coreia do Sul e Japão, onde o índice beira os 70%.
         No ranking das universidades da América Latina o  Brasil precisa melhorar muito apesar de ter 81 universidades entre as 300 melhores, sendo o país com maior representatividade regional. A avaliação inclui reputação acadêmica, reputação com empregadores, média de artigos por professor, citações em artigo, docentes com pós-doutorado e impacto na internet. As melhores são USP, Pontifícia Universidade Católica de Chile e a Universidade Estadual de Campinas. Entre as 10 melhores da América Latina estão: Universidade Federal do Rio de Janeiro e a Universidade Federal de Minas Gerais. Nas 50 melhores estão Universidade Estadual Paulista, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Universidade Federal de São Paulo, Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro, Universidade de Brasília e apenas a Universidade Federal de Pernambuco do Nordeste. No grupo das 100 melhores universidades estão mais duas universidades do Nordeste e nenhuma do Norte: Universidade Federal da Bahia e Universidade Federal do Ceará (UFC). Um quadro desigual. A PUC Rio foi a melhor universidade particular nesse ranking.
         Importante que haja a descentralização de recursos, incentivos a talentos e mais cursos de pós-graduação fora do tradicional eixo sul e sudeste. O Centro Internacional de Neurociência de Mossoró (RN) já é uma realidade. Democratizando o saber e buscando a interiorização do ensino superior, recentemente foram criadas mais 4 universidades: Federal do Sul da Bahia, Oeste da Bahia, Sul e Sudeste do Pará e a Universidade do Cariri (CE). 275 municípios contam com campus de universidades federais. Segundo Paulo Jefferson Barreto, bolsista da UFC, “investir em soluções criativas pode ser o ponto determinante para ampliar a competitividade das empresas, melhorar as condições de vida da população e diversificar a matriz econômica do país a curto médio e longo prazo”.
         O Centro de Tecnologia da Universidade Federal do Ceará foi eleito o melhor do Norte-Nordeste na avaliação do Enade-2011, projetos de tecnologia partindo de ideias inovadoras a partir de modelos matemáticos computacionais conseguiram elaborar soluções reais que prometem melhorar as condições de implantação da tecnologia 4G em Fortaleza. Originalidade é o que defende também a neurocientista Suzana H. Houzel, da UFRJ, numa crítica à cultura brasileira científica, “que não incentiva a originalidade e a diversidade de pensamento”. Diz ainda que a pós-graduação nacional é “muito fraca” e o programa de bolsas Ciência sem Fronteiras , “do jeito que está, parece demagogia”. Ela defende a profissionalização da carreira de cientista.
         Além da necessária qualidade da educação brasileira em todos os níveis, é fundamental o incentivo ao talento, originalidade, competência e compromisso. Importante papel das universidades especialmente públicas na produção e disseminação de conhecimentos para o desenvolvimento social, diminuição das desigualdades sociais e crescimento econômico. É preciso que as nossas universidades de norte a sul proporcionem cada vez mais ensino de qualidade e significativos projetos de pesquisa e de extensão gerando conhecimentos e inovações, que contribuam efetivamente para a melhoria de vida da população brasileira, crescimento econômico do país e destaque mundial.”

Eis, portanto, mais páginas contendo importantes, adequadas e oportunas abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança de nossa história – que é de ética, de moral, de princípios, de valores –, para a imperiosa e urgente necessidade de profundas transformações em nossas estruturas educacionais, governamentais, jurídicas, políticas, sociais, culturais, econômicas, financeiras e ambientais, de  modo a promovermos a inserção do País no concerto das potências mundiais livres, civilizadas,  soberanas, democráticas e sustentavelmente desenvolvidas...

Assim, urge ainda a efetiva problematização de questões deveras cruciais como:
     
     a)     a educação – universal e de qualidade, desde a educação infantil (0 a 3 anos de idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo da modernidade de matricularmos nossas crianças de 6 anos de idade na primeira série do ensino fundamental, independentemente do mês de seu nascimento –, até a pós-graduação (especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade absoluta de nossas políticas públicas;

     b)    o combate, implacável e sem trégua, aos três dos nossos maiores e mais avassaladores inimigos que são: I – a inflação, a exigir permanente, competente e diuturna vigilância, de forma a manter-se em patamares civilizados, ou seja, próximos de zero; II – a corrupção, como um câncer a se espalhar por todas a esferas da vida nacional, gerando incalculáveis prejuízos e comprometimentos de vária ordem; III – o desperdício, em todas as suas modalidades, também a ocasionar inestimáveis perdas e danos, inexoravelmente irreparáveis;

     c)     a dívida pública brasileira, com projeção para 2013, segundo o Orçamento Geral da União, de exorbitante e intolerável desembolso de cerca de R$ 1 trilhão, a título de juros, encargos, amortização e refinanciamentos (apenas com esta rubrica, previsão de R$ 610 bilhões), a exigir igualmente uma imediata, qualificada, abrangente e eficaz auditoria...

Isto posto, torna-se absolutamente inútil lamentarmos a falta de recursos diante de tão descomunal sangria que dilapida o nosso já combalido dinheiro público, mina a nossa capacidade de investimento e de poupança e, mais grave ainda, afeta a credibilidade de nossas instituições, negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à pátria, ao lado de extremas e sempre crescentes necessidades de ampliação e modernização de setores como: a gestão pública; a infraestrutura (rodovias, ferrovias, hidrovias, portos, aeroportos); a educação; a saúde; saneamento ambiental (água tratada, esgoto tratado, resíduos sólidos tratados, macrodrenagem urbana, logística reversa); meio ambiente; habitação; mobilidade urbana (trânsito, transporte, acessibilidade); minas e energia; emprego, trabalho e renda; agregação de valor às commodities; assistência social; previdência social; segurança alimentar e nutricional; segurança pública; forças armadas; polícia federal; defesa civil; logística; pesquisa e desenvolvimento; ciência, tecnologia e inovação; sistema financeiro nacional; esporte, cultura e lazer; comunicações; turismo; qualidade (planejamento – estratégico, tático e operacional –, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade, criatividade, produtividade e competitividade); entre outros...

São, e bem o sabemos, gigantescos desafios mas que, de maneira alguma, abatem o nosso ânimo nem arrefecem o nosso entusiasmo e otimismo nesta grande cruzada nacional pela cidadania e qualidade, visando à construção de uma Nação verdadeiramente justa, ética, educada, civilizada, qualificada, livre, soberana, democrática, desenvolvida e solidária, que possa partilhar suas extraordinárias e abundantes riquezas, oportunidades e potencialidades com todas as brasileiras e com todos os brasileiros, especialmente no horizonte de investimentos bilionários previstos e que contemplam eventos como a Copa das Confederações; a 27ª Jornada Mundial da Juventude no Rio de Janeiro em julho; a Copa do Mundo de 2014; a Olimpíada de 2016; as obras do PAC e os projetos do pré-sal, à luz das exigências do século 21, da era da globalização, da internacionalização das organizações, da informação, do conhecimento, da inovação, das novas tecnologias, da sustentabilidade e de um possível e novo mundo da justiça, da liberdade, da paz, da igualdade – e com equidade –, e da fraternidade universal...

Este é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a nossa fé, a nossa esperança... e perseverança!...


O BRASIL TEM JEITO!...