No final do século 18,
as máquinas a vapor da primeira revolução industrial transformaram a relação do
homem com o trabalho. Três séculos depois, as máquinas ganharam inteligência e
se integraram em sistemas ciberfísicos para trazer a quarta revolução industrial,
que irá mudar radicalmente a forma como trabalhamos e nos relacionamos.
O
parágrafo anterior não faz parte de um roteiro de ficção científica. Também
conhecida como a Era 4.0, essa nova forma de pensar o trabalho está no limiar
do nosso tempo. Basicamente, são empresas que englobam à produção as inovações
tecnológicas dos campos de automação, controle e tecnologia da informação. A
partir da internet das coisas, conexões super-rápidas e inteligência
artificial, os processos de produção tendem a se tornar cada vez mais
eficientes, autônomos e customizáveis.
Para
se ter uma noção da chamada internet das coisas, há mais máquinas conectadas no
mundo do que gente. A consultoria IDC estima que, atualmente, há cerca de 14,9
bilhões de aparelhos conectados na internet. Em 2025, o número deve chegar
incríveis 82 bilhões. E não se trata de smartphones e notebooks, mas sim
máquinas operando nas mais diversas indústrias e serviços.
O
cenário exige das empresas que desejam crescer e manter seus negócios um movimento
de convergência para acompanhar as tendências. E essa necessidade tem feito as
corporações reagirem. Recentemente, mais de mil executivos compareceram ao CEO
Fórum, realizado em Belo Horizonte, para debater sobre convergência e as novas
perspectivas do mercado.
A
presença ao evento mostra como o tema está presente na cabeça e na agenda dos
grandes CEOs do país. Não é por menos. De acordo com Yuri van Geest, coautor do
best-seller Organizações exponenciais,
as empresas que passam até cinco anos sem inovar estão fadadas a perder
mercado.
A
inovação em direção à quarta revolução industrial aponta para alguns princípios
que futuramente estarão presentes nas grandes corporações. Basicamente, diz
respeito a ter capacidade de operação em tempo real; virtualização das fábricas
inteligentes, descentralização das tomadas de decisão e produção moduladas de
acordo com a demanda.
Certamente,
são inovações que trazem formas de atuar bem distintas do que é praticado
atualmente por grande parte das empresas. O processo de mudança, como
geralmente acorre nesses casos, deve ser mais rápido nos países mais
desenvolvidos. Mas, absolutamente, não impede a absorção das novas práticas por
empresas nacionais, que desejam ter uma melhor visão de futuro.
Especialistas
e pesquisadores de todo o mundo acreditam que a quarta revolução industrial
deve alavancar a qualidade de vida de populações inteiras. Da mesma forma como
ocorreu com a chegada do mundo digital e suas diversas possibilidades, como
realizar pagamentos, escutar música e solicitar um transporte por meio de um
celular. Vamos nos preparar para que isso ocorra o mais rápido possível.”.
(RAFAEL
CARVALHO. Superintendente da Amcham Belo Horizonte, em artigo publicado no
jornal ESTADO DE MINAS, edição de 6
de julho de 2018, caderno OPINIÃO,
página 7).
Mais uma importante e oportuna contribuição para o
nosso trabalho de Mobilização para a
Excelência Educacional vem de artigo publicado no mesmo veículo, edição,
caderno e página, de autoria de DOM
WALMOR OLIVEIRA DE AZEVEDO, arcebispo metropolitano de Belo Horizonte, e
que merece igualmente integral transcrição:
“Ecos
da alegria
O coração humano foi
feito para a alegria, que gera força, fecunda a criatividade e é fonte perene
de humanização. Há, pois, uma permanente e legítima busca pela felicidade. Mas,
no contexto atual, muitas pessoas, valendo-se da liberdade e da autonomia,
tomam rumos que levam às satisfações efêmeras, distanciando-se da verdadeira
alegria, que é permanente. Corre-se, assim, o risco de apegar-se ao que é
efêmero, por falta de capacidade para discernir bem. Um drama existencial que
conduz muitos a experimentar sensações agradáveis, mas que são fugares,
alcançadas a partir de futilidades e da indiferença em relação às outras
pessoas. Essa atitude egoísta configura um ciclo perverso, viciante, em que é
alimentada a necessidade de experimentar, a qualquer preço, alegrias efêmeras
para ocupar um vazio na interioridade, nunca plenamente preenchido.
Esse
fenômeno existencial incide na vida de muitas pessoas, influenciando fortemente
as dinâmicas sociais. Cria-se, assim, um campo fértil para manipulações,
descompromisso com a solidariedade, disputa predatória, esquemas de corrupção.
Na raiz desses problemas está a equivocada convicção de que o poder e as posses
são garantias de felicidade duradoura. Uma crença muito comum, que mostra bem
como a cultura de um povo é determinante para a sociedade tornar-se capaz, ou
não, de conquistar a verdadeira alegria. Certamente, é bem mais feliz um povo
que consegue perceber a alegria como algo diferente de certas sensações –
euforias e sentimentos passageiros, conquistados a partir de atitudes que
muitas vezes desrespeitam os parâmetros da ética. Uma sociedade com essa
capacidade de discernimento alcança equilíbrio em diferentes campos, a exemplo
da política e da economia, pois as alegrias duradouras se propagam, geram ecos.
Já a
satisfação efêmera não sacia o coração humano de sua sede de sentido. Cada
alegria passageira, quando se esvai, deixa uma lacuna interior que contribui
para desajustar a vida humana, impactando negativamente os humores e as razões.
Essa vazio existencial evidencia algo urgente: é preciso aprender a buscar a
felicidade duradoura, dedicar-se a um processo de aprendizagem para conquistar,
progressivamente, envergadura humana e espiritual. Assim será possível
reconhecer, por exemplo, que a vitória em uma partida de futebol não é alegria
duradoura, e a derrota também não é “o fim do mundo”, porque existem coisas
mais determinantes e razões maiores que definem o futuro de uma pessoa ou do
próprio povo.
A
existência humana é uma construção. Tem seus altos e baixos, as sombras e as
luzes, mas deve ser sempre uma busca pelo que confere sentido e sustenta a
vida: as alegrias verdadeiras que geram ecos, desdobrando-se em diferentes
tempos e lugares. Na procura pela autêntica felicidade, vale recordar uma lição
de São Francisco de Assis. Certo dia, em diálogo com Frei Leão, São Francisco
explicou que a verdadeira alegria não reside em certos acontecimentos,
aparentemente grandiosos, mas na qualidade de cultivar a paciência e de não se
perturbar diante das adversidades da vida. A autêntica alegria, que produz
ecos, desdobramentos, não nasce de estímulos meramente externos, da posse de
certos bens. É fruto da interioridade, da capacidade de enxergar, com clareza,
uma hierarquia de virtudes e ações.
Para
se conquistar essa clarividência e experimentar a verdadeira felicidade, há uma
fonte referencial que é imprescindível: o evangelho de Jesus Cristo, que aponta
caminhos e recomenda práticas capazes de fazer com que cada pessoa seja fonte
de alegria duradoura. A Palavra de Deus tem força para corrigir os descompassos
da sociedade contemporânea, em que muitos, alucinadamente, buscam alegrias
efêmeras, exatamente por falta de envergadura interior. E um itinerário
educativo que contribui para levar os ensinamentos do evangelho à vida
cotidiana está delineado na exortação apostólica Alegria do evangelho, do papa Francisco.
Entre
as muitas indicações da exortação apostólica estão a busca pela superação de um
modelo econômico que gera exclusão, o combate à idolatria do dinheiro – que
nega a primazia do ser humano – e o reconhecimento de que o trabalho é
fundamental para a realização da pessoa. Particularmente, o papa Francisco
alerta que é preciso vencer a desigualdade social que alimenta a violência.
Afinal, a miséria de muitos é sinal de que tantos outros procuram, de modo
equivocado, a alegria, acumulando quase tudo para si, o que faz crescer uma
grande massa de excluídos. Eis, pois, um desafio existencial a ser assumido por
todos, com desdobramentos na vida social: à luz do evangelho, reconhecer o
primado da ética na busca pela verdadeira felicidade – a alegria duradoura, que
gera ecos.”.
Eis, portanto, mais páginas contendo importantes, incisivas e
oportunas abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança
de nossa história – que é de ética, de
moral, de princípios, de valores –, para
a imperiosa e urgente necessidade de profundas
mudanças em nossas estruturas educacionais,
governamentais, jurídicas, políticas, sociais, culturais, econômicas,
financeiras e ambientais, de modo a promovermos a inserção do País no
concerto das potências mundiais livres, civilizadas, soberanas, democráticas e
sustentavelmente desenvolvidas...
Assim, urge ainda a efetiva problematização de questões deveras
cruciais como:
a) a excelência educacional – pleno
desenvolvimento da pessoa, da cidadania e da qualificação profissional –, desde
a educação infantil (0 a 3 anos de
idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo
da modernidade de matricularmos nossas crianças de 6 anos de idade na primeira
série do ensino fundamental, independentemente
do mês de seu nascimento –, até a pós-graduação
(especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade absoluta de nossas políticas
públicas, gerando o pleno
desenvolvimento da pessoa, da cidadania e da qualificação profissional
(enfim, 128 anos depois, a República proclama o que esperamos seja
verdadeiramente o início de uma revolução educacional, mobilizando de maneira
incondicional todas as forças vivas do país, para a realização da nova pátria;
a pátria da educação, da ética, da justiça, da liberdade, da civilidade, da
democracia, da participação, da solidariedade, da sustentabilidade...);
b) o combate implacável, sem eufemismos e
sem tréguas, aos três dos nossos maiores e mais devastadores inimigos que são:
I – a inflação, a exigir permanente,
competente e diuturna vigilância, de forma a manter-se em patamares
civilizados, ou seja, próximos de zero (segundo dados do Banco Central, a taxa
de juros do cartão de crédito atingiu em maio a ainda estratosférica marca de
303,62% nos últimos doze meses, e a taxa
de juros do cheque especial em históricos 311,89%; e já o IPCA, em junho,
também no acumulado dos últimos doze meses, chegou a 4,39%); II – a corrupção, há séculos, na mais perversa
promiscuidade – “dinheiro público versus interesses privados”
–, como um câncer a se espalhar por todas as esferas da vida nacional, gerando
incalculáveis e irreversíveis prejuízos, perdas e comprometimentos de vária
ordem (a propósito, a lúcida observação do procurador chefe da força-tarefa da
Operação Lava Jato, Deltan Dallagnol: “A Lava Jato ela trata hoje de um tumor,
de um caso específico de corrupção, mas o problema é que o sistema é
cancerígeno...” – e que vem mostrando também o seu caráter transnacional; eis, portanto, que todos os valores que vão
sendo apresentados aos borbotões, são apenas simbólicos, pois em nossos 518
anos já se formou um verdadeiro oceano de suborno, propina, fraudes, desvios,
malversação, saque, rapina e dilapidação do nosso patrimônio... Então, a
corrupção mata, e, assim, é crime...); III – o desperdício, em todas as suas modalidades, também a ocasionar
inestimáveis perdas e danos, indubitavelmente irreparáveis (por exemplo,
segundo Lucas Massari, no artigo ‘O Desperdício na Logística Brasileira’, a
“... Desconfiança das empresas e das famílias é
grande. Todos os anos, cerca de R$ 1 trilhão, é desperdiçado no Brasil. Quase
nada está imune à perda. Uma lista sem fim de problemas tem levado esses
recursos e muito mais. De cada R$ 100 produzidos, quase R$ 25 somem em meio à
ineficiência do Estado e do setor privado, à falhas de logística e de
infraestrutura, ao excesso de burocracia, ao descaso, à corrupção e à falta de
planejamento...”;
c) a dívida pública brasileira - (interna e
externa; federal, estadual, distrital e municipal) –, com previsão para
2018, apenas segundo o Orçamento Geral da União – Anexo II – Despesa dos
Orçamentos Fiscal e da Seguridade Social – Órgão Orçamentário, de exorbitante e
insuportável desembolso de cerca de R$
1,847 trilhão (52,4%), a título de juros, encargos, amortização e
refinanciamentos (ao menos com esta rubrica, previsão de R$ 1,106 trilhão), a exigir alguns fundamentos da sabedoria grega:
- pagar,
sim, até o último centavo;
-
rigorosamente, não pagar com o pão do povo;
-
realizar uma IMEDIATA, abrangente,
qualificada, independente, competente e eficaz auditoria... (ver também www.auditoriacidada.org.br)
(e ainda
a propósito, no artigo Melancolia,
Vinicius Torres Freire, diz: “... Não será possível conter a presente
degradação econômica sem pelo menos, mínimo do mínimo, controle da ruína das
contas do governo: o aumento sem limite da dívida pública...”).
Isto posto, torna-se absolutamente inútil lamentarmos a falta
de recursos diante de tão descomunal sangria que dilapida o nosso já
combalido dinheiro público, mina a nossa capacidade de investimento e de
poupança e, mais grave ainda, afeta a credibilidade de nossas instituições,
negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à
pátria, ao lado de abissais desigualdades sociais e regionais e de extremas
e sempre crescentes necessidades de ampliação
e modernização de setores como: a gestão
pública; a infraestrutura (rodovias,
ferrovias, hidrovias, portos, aeroportos); a educação; a saúde; o saneamento ambiental (água tratada,
esgoto tratado, resíduos sólidos tratados, macrodrenagem urbana, logística
reversa); meio ambiente; habitação;
mobilidade urbana (trânsito, transporte, acessibilidade); minas e energia; emprego, trabalho e renda;
agregação de valor às commodities; sistema financeiro nacional; assistência
social; previdência social; segurança alimentar e nutricional; segurança
pública; forças armadas; polícia federal; defesa civil; logística; pesquisa e
desenvolvimento; ciência, tecnologia e inovação; cultura, esporte e lazer;
turismo; comunicações; qualidade (planejamento – estratégico, tático e
operacional –, transparência, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade
– “fazer mais e melhor, com menos” –, criatividade, produtividade,
competitividade); entre outros...
São, e bem o sabemos, gigantescos desafios mas que, de maneira
alguma, abatem o nosso ânimo e nem
arrefecem o nosso entusiasmo e otimismo nesta
grande cruzada nacional pela excelência
educacional, visando à construção de uma Nação verdadeiramente participativa, justa, ética, educada,
civilizada, qualificada, livre, soberana, democrática, solidária e
desenvolvida, que possa partilhar suas extraordinárias e generosas
riquezas, oportunidades e potencialidades com todas as brasileiras e com todos
os brasileiros. Ainda mais especialmente no horizonte de investimentos
bilionários previstos em inadiáveis e fundamentais empreendimentos de
infraestrutura, além de projetos do Pré-Sal e de novas fontes energéticas, à
luz das exigências do século 21, da era da globalização, da internacionalização
das organizações, da informação, do conhecimento, da inovação, das novas
tecnologias, da sustentabilidade e de um possível e novo mundo do direito, da justiça, da verdade, do diálogo, da liberdade, da paz, da solidariedade, da igualdade – e com equidade –, e da fraternidade universal...
Este é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a nossa fé, a
nossa esperança... e perseverança!
“VI, OUVI
E VIVI: O BRASIL TEM JEITO!”
56 anos
de testemunho de um servidor público (1961 – 2017)
-
Estamos nos descobrindo através da Excelência Educacional ...
-
ANTICORRUPÇÃO: Prevenir e vencer, usando nossas defesas democráticas ...
- Por
uma Nova Política Brasileira ...
- Pela
excelência na Gestão Pública ...
- Pelo
fortalecimento da cultura da sustentabilidade, em suas três dimensões nucleares
do desenvolvimento integral: econômico; social, com promoção humana, e,
ambiental, com proteção e preservação dos nossos recursos naturais ...
Afinal, o Brasil é uma águia pequena que já ganhou
asas e, para voar, precisa tão somente de visão olímpica e de coragem! ...
E
P Í L O G O
CLAMOR
E SÚPLICA DO POVO BRASILEIRO
“Oh! Deus, Criador e Legislador, fonte de infinita
misericórdia!
Senhor, que não fique, e não está ficando, pedra
sobre pedra
Dos impérios edificados com os ganhos espúrios,
Frutos da corrupção, do saque, da rapina e da
dilapidação do
Nosso patrimônio público.
Patrimônio esse construído com o
Sangue, suor e lágrima,
Trabalho, honra e dignidade do povo brasileiro!
Senhor, que seja assim! Eternamente!”.