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quarta-feira, 20 de abril de 2016

A CIDADANIA, AS VIRTUDES PARA O BEM COMUM E A PROMOÇÃO DA SAÚDE

“Sentido e significado
        A verdade existe antes e depois da mentira. O Brasil tem convivido com a mentira há mais de uma década. E não se sabe se o país desmoronou quando se conscientizou da mentira ou se a mentira o desmoronou. É fato que o hábito de mentir para conquistar implantou-se nas quatro últimas campanhas eleitorais para a Presidência da República e grassou durante os mandatos que se seguiram. A segunda campanha de Dilma Rousseff tornou-se um acinte e acinte tem sido a mentira neste mandato que agoniza.
         É fato que a “afirmação daquilo que se sabe ser falso” concorreu, entre outras mazelas e absoluta incapacidade de gestão, para detonar a economia, a saúde e a segurança pública, a infraestrutura e, ao fim, a credibilidade do país. Assim, como dói constatar que o convívio com a mentira e a gradativa percepção de que o Brasil vivia uma fantasia destruiu nos brasileiros um bem precioso: a vontade! Em uma só palavra é possível expressar o legado perverso da mentira no governo de Dilma Rousseff: anomia. A perda, no indivíduo, do reconhecimento de si mesmo; perda de objetivos, não reconhecimento de normas, leis ou regras, às vezes até mesmo perda da vontade de existir. Nesse estado de espírito em que o presente se torna a única realidade, o indivíduo se entrega ou, em oposição, adota uma fruição obsessiva do presente e o futuro é o nada. Em ambas as condutas, perde-se o sentido da vida.
         É tão grave essa perda que o impeachment, a renúncia ou a cassação do mandato por decisão do TSE, soluções postas à mesa neste momento, nenhuma delas terá real valor para o futuro se não se impuser uma visão ética que responda aos jovens esta pergunta: por que viver no Brasil?. É urgente devolver ao indivíduo e à população o sentido atrofiado, perdido ou ignorado do sentido da vida.
         A produção de sentido liga-se à noção de liderança. Essa é a questão crucial do momento. O fomento à criação de lideranças e, precedendo isso, uma tomada de consciência de que é o novo que se busca nessa golfada de ar puro que sentimos passar por nós neste outono. Não se quer mais saber de velhos modelos, velhos métodos, velhas posturas, velhos personagens. São eles os responsáveis por esse efeito trágico, a falta de significado, ao passo que só o líder é capaz de gerar o novo, porque tem a capacidade de valorizar o que recebeu e o desejo de elaborar a sua própria existência. É isso: o líder é aquele que deseja produzir significado.
         O professor Ricardo Carvalho, da Fundação Dom Cabral, trata da questão no miniensaio A obscura tensão entre o sujeito e a liderança. Chama a atenção para a distinção entre sentido e significado. Este tem caráter mais amplo, ao passo que sentido integra todos os significados. “O líder, diz ele, constrói o significado com o outro e o sentido vai sendo incorporado e internalizado na elaboração da experiência. É como a expressão ‘saquei’ ou ‘caiu a ficha’. Um fato marcante que se vive hoje é que se pode pinçar, na terra arrasada que nos deixa o governo Dilma, esta constatação: “caiu a ficha”. Agora é, enfim, percebido que estamos vivendo no deserto e decidimos não aceitar as condições do deserto.
         O momento requer também a consciência de que humanismo e república, desde a Antiguidade romana, caminham juntos quando se trata de possibilitar ao homem construir seu próprio destino. A esses dois conceitos se acrescente que a liberdade, entendida como faculdade dos homens de agir em conjunto pelo bem comum. É notavelmente atual a visão de Tocqueville, registrada no século 18: o mérito da democracia americana, segundo ele, residia no fato de, não descuidando do seu próprio bem-estar, serem as pessoas capazes de se preocupar com a felicidade de seus concidadãos. “Cidadãos podem agir concertadamente na elaboração de metas comuns”, ele escreveu. Constata-se que o autor de A democracia na América atualizou para a modernidade o antigo princípio da virtude. O que ele chamou de “o interesse bem compreendido” não tinha o valor da virtude dos antigos, mas era qualidade apropriada às necessidades dos homens do nosso tempo. Não conduzia diretamente à virtude, pela vontade, mas aproximava-se dela pelos hábitos.
         É essa visão do associativismo, como força capaz de fomentar em cidadãos a capacidade de gerar poder em favor do bem comum, que nos inspira em nossa atuação na ACMinas.”.

(LINDOLFO PAOLIELLO. Jornalista, presidente da Associação Comercial e Empresarial de Minas – ACMinas, em artigo publicado no jornal ESTADO DE MINAS, edição de 10 de abril de 2016, caderno OPINIÃO, página 11).

Mais uma importante e oportuna contribuição para o nosso trabalho de Mobilização para a Cidadania e Qualidade vem de artigo publicado no mesmo veículo, edição de 13 de abril de 2016, mesmo caderno, página 9, de autoria de ARISTIDES JOSÉ VIEIRA CARVALHO, médico, mestre em medicina, coordenador da residência médica de medicina da família e comunidade do Hospital das Clínicas (UFMG) e da residência multiprofissional da Secretaria Municipal de Saúde e Hospital Municipal Odilon Behrens, professor do curso de medicina da Faseh, e que merece igualmente integral transcrição:

“Promover a saúde
        Em 1986 foi realizada na cidade de Ottawa, Canadá, a Primeira Conferência Internacional sobre a Promoção da Saúde. As discussões desse evento se irradiaram para o mundo e produziram bons frutos. Muitos países entenderam a mensagem e a levaram a sério: criaram leis, estratégias, construíram políticas públicas voltadas para uma melhor qualidade de vida da população.
         A perspectiva da promoção da saúde contempla a proatividade, o olhar positivo que mobiliza e se empenha na construção de hábitos, ambientes e cidades saudáveis. Em vez de focar na doença, volta-se para a conquista da saúde. Substitui a atuação fragmentada dos profissionais por atividades multi e interdisciplinares.
         Quando o pensamento e a condução da política e da assistência à saúde priorizam apenas o controle e o tratamento das doenças, os investimentos se voltam para a construção de serviços de saúde, aquisição de medicamentos e ambulâncias. Sem dúvida, essas medidas, na dependência de cada contexto, são importantes, fundamentais. Mas se relacionam com apenas uma das facetas da saúde.
         Se, por outro lado, o olhar se volta para a promoção da saúde, além das intervenções assistenciais, há uma maior compreensão dos fatores determinantes da saúde e outras iniciativas são tomadas. Em outras palavras, se queremos promover a saúde, nosso olhar e nossa prática devem mudar. Para que as mudanças ocorram na nossa saúde e na saúde das nossas cidades, é fundamental que tenhamos sensibilidade, usando uma das palavras do filósofo Emmanuel Levinas quando se referia à ética. Sim, as mudanças não acontecerão apenas com o conhecimento, o discurso ou a informação. Passam pela sensibilidade; por deixarmo-nos tocar pelos problemas e seus desafios e buscar de forma determinada a sua superação. Isso tem a ver com a nossa adesão a práticas saudáveis e com investimento de nossos governos em políticas públicas. Nesse sentido, fazendo uma analogia com Levinas não nos basta a convicção, temos que estar verdadeiramente sensibilizados, tocados para podermos intervir sobre os fatores e situações que nos impedem de alcançar a saúde.
         Felizmente temos, em nosso meio, muitos exemplos positivos de iniciativas de promoção da saúde em nível coletivo: as academias da saúde (Academia da Cidade, em Belo Horizonte), os trabalhos educativos desenvolvidos em diversos serviços de saúde, as diferentes atividades realizadas em escolas da rede pública e privada, em serviços de assistência social, os trabalhos sociais desenvolvidos pelas igrejas, associações, sociedades de profissionais de diferentes categorias, entre outros. O que nos falta é torná-los conhecidos, divulgá-los, integrá-los, fazê-los conversar entre si, e mais do isso, valorizá-los – o que requer investimento em pessoal e recurso financeiro para que possam atuar e crescer.
         O desconhecimento dessas iniciativas tem uma explicação: ainda estamos voltados para a perspectiva biológica da saúde. Quando falamos e pensamos em saúde nos vem com frequência a imagem dos cuidados com o corpo e a cura das doenças orgânicas. Nossa concepção de saúde é restrita e precisa incluir, em nível individual, a introdução de hábitos saudáveis (atividade física, alimentação adequada, combate ao tabagismo, às drogas ilícitas, ao uso abusivo do álcool, ao estresse, entre outros) e, em nível coletivo, políticas públicas de saúde (saneamento, transporte, lazer, educação, habitação, assistência à saúde etc).
         Na perspectiva individual, para além dos hábitos, é fundamental ambientes/relações saudáveis na família, no trabalho e nas relações sociais. Costumamos negligenciar esses aspectos. E mais, valorizar fatores que estão sendo, atualmente, resgatados – e não menos importantes – como o cultivo da espiritualidade, que cria perspectivas novas e dá motivação ao viver.
         Abril, o mês em que se comemorou o Dia Mundial da Saúde (7/4), deve nos deixar uma pergunta: estamos de fato promovendo a saúde? Não podemos nos esquecer que precisamos iniciar em nós mesmos o movimento da mudança, vencendo o comodismo que nos leva a aderir a hábitos e práticas que podem nos trazer problemas futuros e impactar na nossa qualidade de vida. Devemos sim, de forma determinada e proativa, fazer escolhas que tenham repercussão positiva em nossa própria saúde, na saúde de nossas famílias e reivindicar políticas públicas que contribuam para que nossas cidades sejam mais saudáveis.”.

Eis, portanto, mais páginas contendo importantes, incisivas e oportunas abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança de nossa história – que é de ética, de moral, de princípios, de valores –, para a imperiosa e urgente necessidade de profundas mudanças em nossas estruturas educacionais, governamentais, jurídicas, políticas, sociais, culturais, econômicas, financeiras e ambientais, de modo a promovermos a inserção do País no concerto das potências mundiais livres, civilizadas, soberanas, democráticas e sustentavelmente desenvolvidas...

Assim, urge ainda a efetiva problematização de questões deveras cruciais como:
a)     a educação – universal e de qualidade –, desde a educação infantil (0 a 3 anos de idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo da modernidade de matricularmos nossas crianças de 6 anos de idade na primeira série do ensino fundamental, independentemente do mês de seu nascimento –, até a pós-graduação (especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade absoluta de nossas políticas públicas (enfim, 125 anos depois, a República proclama o que esperamos seja verdadeiramente o início de uma revolução educacional, mobilizando de maneira incondicional todas as forças vivas do país, para a realização da nova pátria; a pátria da educação, da ética, da justiça, da civilidade, da democracia, da participação, da sustentabilidade...);
b)    o combate implacável, sem eufemismos e sem tréguas, aos três dos nossos maiores e mais devastadores inimigos que são: I – a inflação, a exigir permanente, competente e diuturna vigilância, de forma a manter-se em patamares civilizados, ou seja, próximos de zero (segundo dados do Banco Central, a taxa de juros do cartão de crédito atingiu em março a ainda estratosférica marca de 432,24% para um período de doze meses; e mais, em fevereiro, o IPCA acumulado nos doze meses chegou a 10,36%...); II – a corrupção, há séculos, na mais perversa promiscuidade  –  “dinheiro público versus interesses privados” –, como um câncer a se espalhar por todas as esferas da vida nacional, gerando incalculáveis prejuízos e comprometimentos de vária ordem (a propósito, a lúcida observação do procurador chefe da força-tarefa da Operação Lava Jato, Deltan Dallagnol: “A Lava Jato ela trata hoje de um tumor, de um caso específico de corrupção, mas o problema é que o sistema é cancerígeno...” – e que vem mostrando também o seu caráter transnacional;  eis, portanto, que todos os valores que vão sendo apresentados aos borbotões, são apenas simbólicos, pois em nossos 515 anos já se formou um verdadeiro oceano de suborno, propina, fraudes, desvios, malversação, saque, rapina e dilapidação do nosso patrimônio... Então, a corrupção mata, e, assim, é crime...); III – o desperdício, em todas as suas modalidades, também a ocasionar inestimáveis perdas e danos, indubitavelmente irreparáveis (por exemplo, segundo Lucas Massari, no artigo ‘O Desperdício na Logística Brasileira’, a “... Desconfiança das empresas e das famílias é grande. Todos os anos, cerca de R$ 1 trilhão, é desperdiçado no Brasil. Quase nada está imune à perda. Uma lista sem fim de problemas tem levado esses recursos e muito mais. De cada R$ 100 produzidos, quase R$ 25 somem em meio à ineficiência do Estado e do setor privado, a falhas de logística e de infraestrutura, ao excesso de burocracia, ao descaso, à corrupção e à falta de planejamento...”;
c)     a dívida pública brasileira - (interna e externa; federal, estadual, distrital e municipal) –, com projeção para 2016, apenas segundo a proposta do Orçamento Geral da União, de exorbitante e insuportável desembolso de cerca de R$ 1,348 trilhão, a título de juros, encargos, amortização e refinanciamentos (ao menos com esta rubrica, previsão de R$ 1,044 trilhão), a exigir alguns fundamentos da sabedoria grega:
- pagar, sim, até o último centavo;
- rigorosamente, não pagar com o pão do povo;
- realizar uma IMEDIATA, abrangente, qualificada, independente e eficaz auditoria... (ver também www.auditoriacidada.org.br)
(e ainda a propósito, no artigo Melancolia, Vinicius Torres Freire, diz: “... Não será possível conter a presente degradação econômica sem pelo menos, mínimo do mínimo, controle da ruína das contas do governo: o aumento sem limite da dívida pública...”);

Destarte, torna-se absolutamente inútil lamentarmos a falta de recursos diante de tão descomunal sangria que dilapida o nosso já combalido dinheiro público, mina a nossa capacidade de investimento e de poupança e, mais grave ainda, afeta a credibilidade de nossas instituições, negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à pátria, ao lado de abissais desigualdades sociais e regionais e de extremas e sempre crescentes necessidades de ampliação e modernização de setores como: a gestão pública; a infraestrutura (rodovias, ferrovias, hidrovias, portos, aeroportos); a educação; a saúde; o saneamento ambiental (água tratada, esgoto tratado, resíduos sólidos tratados, macrodrenagem urbana, logística reversa); meio ambiente; habitação; mobilidade urbana (trânsito, transporte, acessibilidade); minas e energia; emprego, trabalho e renda; agregação de valor às commodities; sistema financeiro nacional; assistência social; previdência social; segurança alimentar e nutricional; segurança pública; forças armadas; polícia federal; defesa civil; logística; pesquisa e desenvolvimento; ciência, tecnologia e inovação; cultura, esporte e lazer; turismo; comunicações; qualidade (planejamento – estratégico, tático e operacional –, transparência, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade – “fazer mais e melhor, com menos” –, criatividade, produtividade, competitividade); entre outros...

São, e bem o sabemos, gigantescos desafios mas que, de maneira alguma, abatem o nosso ânimo e nem arrefecem o nosso entusiasmo e otimismo nesta grande cruzada nacional pela cidadania e qualidade, visando à construção de uma Nação verdadeiramente participativa, justa, ética, educada, civilizada, qualificada, livre, soberana, democrática e desenvolvida, que possa partilhar suas extraordinárias e generosas riquezas, oportunidades e potencialidades com todas as brasileiras e com todos os brasileiros. Ainda mais especialmente no horizonte de investimentos bilionários previstos e que contemplam eventos como a   Olimpíada de 2016; as obras do PAC e os projetos do Pré-Sal, à luz das exigências do século 21, da era da globalização, da internacionalização das organizações, da informação, do conhecimento, da inovação, das novas tecnologias, da sustentabilidade e de um possível e novo mundo da justiça, da liberdade, da paz, da igualdade – e com equidade –, e da fraternidade universal...

Este é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a nossa fé, a nossa esperança... e perseverança!

“VI, OUVI E VIVI: O BRASIL TEM JEITO!”

- Estamos nos descobrindo através da Cidadania e Qualidade...
- ANTICORRUPÇÃO: Prevenir e vencer, usando nossas defesas democráticas...
- Por uma Nova Política Brasileira...