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quarta-feira, 20 de abril de 2016

A CIDADANIA, AS VIRTUDES PARA O BEM COMUM E A PROMOÇÃO DA SAÚDE

“Sentido e significado
        A verdade existe antes e depois da mentira. O Brasil tem convivido com a mentira há mais de uma década. E não se sabe se o país desmoronou quando se conscientizou da mentira ou se a mentira o desmoronou. É fato que o hábito de mentir para conquistar implantou-se nas quatro últimas campanhas eleitorais para a Presidência da República e grassou durante os mandatos que se seguiram. A segunda campanha de Dilma Rousseff tornou-se um acinte e acinte tem sido a mentira neste mandato que agoniza.
         É fato que a “afirmação daquilo que se sabe ser falso” concorreu, entre outras mazelas e absoluta incapacidade de gestão, para detonar a economia, a saúde e a segurança pública, a infraestrutura e, ao fim, a credibilidade do país. Assim, como dói constatar que o convívio com a mentira e a gradativa percepção de que o Brasil vivia uma fantasia destruiu nos brasileiros um bem precioso: a vontade! Em uma só palavra é possível expressar o legado perverso da mentira no governo de Dilma Rousseff: anomia. A perda, no indivíduo, do reconhecimento de si mesmo; perda de objetivos, não reconhecimento de normas, leis ou regras, às vezes até mesmo perda da vontade de existir. Nesse estado de espírito em que o presente se torna a única realidade, o indivíduo se entrega ou, em oposição, adota uma fruição obsessiva do presente e o futuro é o nada. Em ambas as condutas, perde-se o sentido da vida.
         É tão grave essa perda que o impeachment, a renúncia ou a cassação do mandato por decisão do TSE, soluções postas à mesa neste momento, nenhuma delas terá real valor para o futuro se não se impuser uma visão ética que responda aos jovens esta pergunta: por que viver no Brasil?. É urgente devolver ao indivíduo e à população o sentido atrofiado, perdido ou ignorado do sentido da vida.
         A produção de sentido liga-se à noção de liderança. Essa é a questão crucial do momento. O fomento à criação de lideranças e, precedendo isso, uma tomada de consciência de que é o novo que se busca nessa golfada de ar puro que sentimos passar por nós neste outono. Não se quer mais saber de velhos modelos, velhos métodos, velhas posturas, velhos personagens. São eles os responsáveis por esse efeito trágico, a falta de significado, ao passo que só o líder é capaz de gerar o novo, porque tem a capacidade de valorizar o que recebeu e o desejo de elaborar a sua própria existência. É isso: o líder é aquele que deseja produzir significado.
         O professor Ricardo Carvalho, da Fundação Dom Cabral, trata da questão no miniensaio A obscura tensão entre o sujeito e a liderança. Chama a atenção para a distinção entre sentido e significado. Este tem caráter mais amplo, ao passo que sentido integra todos os significados. “O líder, diz ele, constrói o significado com o outro e o sentido vai sendo incorporado e internalizado na elaboração da experiência. É como a expressão ‘saquei’ ou ‘caiu a ficha’. Um fato marcante que se vive hoje é que se pode pinçar, na terra arrasada que nos deixa o governo Dilma, esta constatação: “caiu a ficha”. Agora é, enfim, percebido que estamos vivendo no deserto e decidimos não aceitar as condições do deserto.
         O momento requer também a consciência de que humanismo e república, desde a Antiguidade romana, caminham juntos quando se trata de possibilitar ao homem construir seu próprio destino. A esses dois conceitos se acrescente que a liberdade, entendida como faculdade dos homens de agir em conjunto pelo bem comum. É notavelmente atual a visão de Tocqueville, registrada no século 18: o mérito da democracia americana, segundo ele, residia no fato de, não descuidando do seu próprio bem-estar, serem as pessoas capazes de se preocupar com a felicidade de seus concidadãos. “Cidadãos podem agir concertadamente na elaboração de metas comuns”, ele escreveu. Constata-se que o autor de A democracia na América atualizou para a modernidade o antigo princípio da virtude. O que ele chamou de “o interesse bem compreendido” não tinha o valor da virtude dos antigos, mas era qualidade apropriada às necessidades dos homens do nosso tempo. Não conduzia diretamente à virtude, pela vontade, mas aproximava-se dela pelos hábitos.
         É essa visão do associativismo, como força capaz de fomentar em cidadãos a capacidade de gerar poder em favor do bem comum, que nos inspira em nossa atuação na ACMinas.”.

(LINDOLFO PAOLIELLO. Jornalista, presidente da Associação Comercial e Empresarial de Minas – ACMinas, em artigo publicado no jornal ESTADO DE MINAS, edição de 10 de abril de 2016, caderno OPINIÃO, página 11).

Mais uma importante e oportuna contribuição para o nosso trabalho de Mobilização para a Cidadania e Qualidade vem de artigo publicado no mesmo veículo, edição de 13 de abril de 2016, mesmo caderno, página 9, de autoria de ARISTIDES JOSÉ VIEIRA CARVALHO, médico, mestre em medicina, coordenador da residência médica de medicina da família e comunidade do Hospital das Clínicas (UFMG) e da residência multiprofissional da Secretaria Municipal de Saúde e Hospital Municipal Odilon Behrens, professor do curso de medicina da Faseh, e que merece igualmente integral transcrição:

“Promover a saúde
        Em 1986 foi realizada na cidade de Ottawa, Canadá, a Primeira Conferência Internacional sobre a Promoção da Saúde. As discussões desse evento se irradiaram para o mundo e produziram bons frutos. Muitos países entenderam a mensagem e a levaram a sério: criaram leis, estratégias, construíram políticas públicas voltadas para uma melhor qualidade de vida da população.
         A perspectiva da promoção da saúde contempla a proatividade, o olhar positivo que mobiliza e se empenha na construção de hábitos, ambientes e cidades saudáveis. Em vez de focar na doença, volta-se para a conquista da saúde. Substitui a atuação fragmentada dos profissionais por atividades multi e interdisciplinares.
         Quando o pensamento e a condução da política e da assistência à saúde priorizam apenas o controle e o tratamento das doenças, os investimentos se voltam para a construção de serviços de saúde, aquisição de medicamentos e ambulâncias. Sem dúvida, essas medidas, na dependência de cada contexto, são importantes, fundamentais. Mas se relacionam com apenas uma das facetas da saúde.
         Se, por outro lado, o olhar se volta para a promoção da saúde, além das intervenções assistenciais, há uma maior compreensão dos fatores determinantes da saúde e outras iniciativas são tomadas. Em outras palavras, se queremos promover a saúde, nosso olhar e nossa prática devem mudar. Para que as mudanças ocorram na nossa saúde e na saúde das nossas cidades, é fundamental que tenhamos sensibilidade, usando uma das palavras do filósofo Emmanuel Levinas quando se referia à ética. Sim, as mudanças não acontecerão apenas com o conhecimento, o discurso ou a informação. Passam pela sensibilidade; por deixarmo-nos tocar pelos problemas e seus desafios e buscar de forma determinada a sua superação. Isso tem a ver com a nossa adesão a práticas saudáveis e com investimento de nossos governos em políticas públicas. Nesse sentido, fazendo uma analogia com Levinas não nos basta a convicção, temos que estar verdadeiramente sensibilizados, tocados para podermos intervir sobre os fatores e situações que nos impedem de alcançar a saúde.
         Felizmente temos, em nosso meio, muitos exemplos positivos de iniciativas de promoção da saúde em nível coletivo: as academias da saúde (Academia da Cidade, em Belo Horizonte), os trabalhos educativos desenvolvidos em diversos serviços de saúde, as diferentes atividades realizadas em escolas da rede pública e privada, em serviços de assistência social, os trabalhos sociais desenvolvidos pelas igrejas, associações, sociedades de profissionais de diferentes categorias, entre outros. O que nos falta é torná-los conhecidos, divulgá-los, integrá-los, fazê-los conversar entre si, e mais do isso, valorizá-los – o que requer investimento em pessoal e recurso financeiro para que possam atuar e crescer.
         O desconhecimento dessas iniciativas tem uma explicação: ainda estamos voltados para a perspectiva biológica da saúde. Quando falamos e pensamos em saúde nos vem com frequência a imagem dos cuidados com o corpo e a cura das doenças orgânicas. Nossa concepção de saúde é restrita e precisa incluir, em nível individual, a introdução de hábitos saudáveis (atividade física, alimentação adequada, combate ao tabagismo, às drogas ilícitas, ao uso abusivo do álcool, ao estresse, entre outros) e, em nível coletivo, políticas públicas de saúde (saneamento, transporte, lazer, educação, habitação, assistência à saúde etc).
         Na perspectiva individual, para além dos hábitos, é fundamental ambientes/relações saudáveis na família, no trabalho e nas relações sociais. Costumamos negligenciar esses aspectos. E mais, valorizar fatores que estão sendo, atualmente, resgatados – e não menos importantes – como o cultivo da espiritualidade, que cria perspectivas novas e dá motivação ao viver.
         Abril, o mês em que se comemorou o Dia Mundial da Saúde (7/4), deve nos deixar uma pergunta: estamos de fato promovendo a saúde? Não podemos nos esquecer que precisamos iniciar em nós mesmos o movimento da mudança, vencendo o comodismo que nos leva a aderir a hábitos e práticas que podem nos trazer problemas futuros e impactar na nossa qualidade de vida. Devemos sim, de forma determinada e proativa, fazer escolhas que tenham repercussão positiva em nossa própria saúde, na saúde de nossas famílias e reivindicar políticas públicas que contribuam para que nossas cidades sejam mais saudáveis.”.

Eis, portanto, mais páginas contendo importantes, incisivas e oportunas abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança de nossa história – que é de ética, de moral, de princípios, de valores –, para a imperiosa e urgente necessidade de profundas mudanças em nossas estruturas educacionais, governamentais, jurídicas, políticas, sociais, culturais, econômicas, financeiras e ambientais, de modo a promovermos a inserção do País no concerto das potências mundiais livres, civilizadas, soberanas, democráticas e sustentavelmente desenvolvidas...

Assim, urge ainda a efetiva problematização de questões deveras cruciais como:
a)     a educação – universal e de qualidade –, desde a educação infantil (0 a 3 anos de idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo da modernidade de matricularmos nossas crianças de 6 anos de idade na primeira série do ensino fundamental, independentemente do mês de seu nascimento –, até a pós-graduação (especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade absoluta de nossas políticas públicas (enfim, 125 anos depois, a República proclama o que esperamos seja verdadeiramente o início de uma revolução educacional, mobilizando de maneira incondicional todas as forças vivas do país, para a realização da nova pátria; a pátria da educação, da ética, da justiça, da civilidade, da democracia, da participação, da sustentabilidade...);
b)    o combate implacável, sem eufemismos e sem tréguas, aos três dos nossos maiores e mais devastadores inimigos que são: I – a inflação, a exigir permanente, competente e diuturna vigilância, de forma a manter-se em patamares civilizados, ou seja, próximos de zero (segundo dados do Banco Central, a taxa de juros do cartão de crédito atingiu em março a ainda estratosférica marca de 432,24% para um período de doze meses; e mais, em fevereiro, o IPCA acumulado nos doze meses chegou a 10,36%...); II – a corrupção, há séculos, na mais perversa promiscuidade  –  “dinheiro público versus interesses privados” –, como um câncer a se espalhar por todas as esferas da vida nacional, gerando incalculáveis prejuízos e comprometimentos de vária ordem (a propósito, a lúcida observação do procurador chefe da força-tarefa da Operação Lava Jato, Deltan Dallagnol: “A Lava Jato ela trata hoje de um tumor, de um caso específico de corrupção, mas o problema é que o sistema é cancerígeno...” – e que vem mostrando também o seu caráter transnacional;  eis, portanto, que todos os valores que vão sendo apresentados aos borbotões, são apenas simbólicos, pois em nossos 515 anos já se formou um verdadeiro oceano de suborno, propina, fraudes, desvios, malversação, saque, rapina e dilapidação do nosso patrimônio... Então, a corrupção mata, e, assim, é crime...); III – o desperdício, em todas as suas modalidades, também a ocasionar inestimáveis perdas e danos, indubitavelmente irreparáveis (por exemplo, segundo Lucas Massari, no artigo ‘O Desperdício na Logística Brasileira’, a “... Desconfiança das empresas e das famílias é grande. Todos os anos, cerca de R$ 1 trilhão, é desperdiçado no Brasil. Quase nada está imune à perda. Uma lista sem fim de problemas tem levado esses recursos e muito mais. De cada R$ 100 produzidos, quase R$ 25 somem em meio à ineficiência do Estado e do setor privado, a falhas de logística e de infraestrutura, ao excesso de burocracia, ao descaso, à corrupção e à falta de planejamento...”;
c)     a dívida pública brasileira - (interna e externa; federal, estadual, distrital e municipal) –, com projeção para 2016, apenas segundo a proposta do Orçamento Geral da União, de exorbitante e insuportável desembolso de cerca de R$ 1,348 trilhão, a título de juros, encargos, amortização e refinanciamentos (ao menos com esta rubrica, previsão de R$ 1,044 trilhão), a exigir alguns fundamentos da sabedoria grega:
- pagar, sim, até o último centavo;
- rigorosamente, não pagar com o pão do povo;
- realizar uma IMEDIATA, abrangente, qualificada, independente e eficaz auditoria... (ver também www.auditoriacidada.org.br)
(e ainda a propósito, no artigo Melancolia, Vinicius Torres Freire, diz: “... Não será possível conter a presente degradação econômica sem pelo menos, mínimo do mínimo, controle da ruína das contas do governo: o aumento sem limite da dívida pública...”);

Destarte, torna-se absolutamente inútil lamentarmos a falta de recursos diante de tão descomunal sangria que dilapida o nosso já combalido dinheiro público, mina a nossa capacidade de investimento e de poupança e, mais grave ainda, afeta a credibilidade de nossas instituições, negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à pátria, ao lado de abissais desigualdades sociais e regionais e de extremas e sempre crescentes necessidades de ampliação e modernização de setores como: a gestão pública; a infraestrutura (rodovias, ferrovias, hidrovias, portos, aeroportos); a educação; a saúde; o saneamento ambiental (água tratada, esgoto tratado, resíduos sólidos tratados, macrodrenagem urbana, logística reversa); meio ambiente; habitação; mobilidade urbana (trânsito, transporte, acessibilidade); minas e energia; emprego, trabalho e renda; agregação de valor às commodities; sistema financeiro nacional; assistência social; previdência social; segurança alimentar e nutricional; segurança pública; forças armadas; polícia federal; defesa civil; logística; pesquisa e desenvolvimento; ciência, tecnologia e inovação; cultura, esporte e lazer; turismo; comunicações; qualidade (planejamento – estratégico, tático e operacional –, transparência, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade – “fazer mais e melhor, com menos” –, criatividade, produtividade, competitividade); entre outros...

São, e bem o sabemos, gigantescos desafios mas que, de maneira alguma, abatem o nosso ânimo e nem arrefecem o nosso entusiasmo e otimismo nesta grande cruzada nacional pela cidadania e qualidade, visando à construção de uma Nação verdadeiramente participativa, justa, ética, educada, civilizada, qualificada, livre, soberana, democrática e desenvolvida, que possa partilhar suas extraordinárias e generosas riquezas, oportunidades e potencialidades com todas as brasileiras e com todos os brasileiros. Ainda mais especialmente no horizonte de investimentos bilionários previstos e que contemplam eventos como a   Olimpíada de 2016; as obras do PAC e os projetos do Pré-Sal, à luz das exigências do século 21, da era da globalização, da internacionalização das organizações, da informação, do conhecimento, da inovação, das novas tecnologias, da sustentabilidade e de um possível e novo mundo da justiça, da liberdade, da paz, da igualdade – e com equidade –, e da fraternidade universal...

Este é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a nossa fé, a nossa esperança... e perseverança!

“VI, OUVI E VIVI: O BRASIL TEM JEITO!”

- Estamos nos descobrindo através da Cidadania e Qualidade...
- ANTICORRUPÇÃO: Prevenir e vencer, usando nossas defesas democráticas...
- Por uma Nova Política Brasileira...  




         

segunda-feira, 4 de junho de 2012

A CIDADANIA, O DESAFIO DA COMPETITIVIDADE E A LUZ DA ESPIRITUALIDADE

“Brasil menos competitivo

O Brasil precisa levar a sério a corrida que seus concorrentes estão empreendendo para se tornarem mais competitivos, com ou sem crise financeira internacional. Até porque, passadas todas as crises que o capitalismo enfrentou nos últimos 70 anos, sempre prevaleceram as economias que foram capazes de se tornar competitivas para a conjuntura mundial que se formou depois da tempestade. Reportagem do Estado de Minas revelou ontem detalhes de um estudo realizado pela respeitada Fundação Dom Cabral (FDC), de Belo Horizonte, em parceria com o International Institute for Management Delevopment (IMD), que chegou à preocupante conclusão de que o Brasil caiu pela segunda vez no ranking da competitividade internacional. Em 2010, ocupava a 38ª posição entre 59 nações. Em 2011, teve queda significativa. Passou para o 44º lugar. Agora, figura em 46º. Em comparação com os vizinhos latino-americanos, a sexta economia do planeta perde para o Chile (28º), México (37º) e Peru (44º). No grupo dos Brics, só se sai melhor que a Rússia e a África do Sul. Moscou figura em 48º lugar; Johanesburgo, em 50º. China e Índia, que também perderam posições em relação ao relatório anterior, ocupam, respectivamente, o 23º e o 37º. Hong Kong, Estado Unidos, Suíça, Cingapura, Suécia e Canadá encabeçam o ranking.

A pesquisa destaca pontos fortes da concorrência verde-amarela. Entre eles, o dinamismo econômico, a estabilidade política e a força do mercado consumidor. As causas da fragilidade não surpreendem. São frequentemente apontadas por especialistas e empresários do setor. Protecionismo, estagnação das exportações de produtos com alto valor agregado, pouca inovação, aversão a riscos, alta carga tributária, burocracia, nível de escolaridade da população. Mais: o país pontuou menos na evolução do Produto Interno Bruto (PIB), no aumento da inflação, nos custo de vida, no controle da corrupção e das finanças públicas. Alguns pontos fracos se devem a fatores culturais. É o caso da dependência do Estado. Falta à iniciativa privada ousadia em investir tanto em pesquisa quanto em qualificação de mão de obra. Entra-se, então, num beco sem saída.

Os recursos existentes escasseiam. Sem renovação, tendem a se tornar mais raros e, claro, mais caros. Pior: parar não significa ficar no mesmo lugar. Como os concorrentes avançam, os estagnados retrocedem. A economia globalizada não perdoa. Sem condições de competir, os produtos nacionais perdem mercado externo e interno. Mesmo os fabricados no país têm componentes importados que contribuem para o crescente processo de desindustrialização nacional. Outro gargalo que exige efetivo e continuado esforço para ser enfrentado é a educação. O Brasil ofereceu educação de ponta quando apenas a elite tinha acesso à escola. Com a urbanização, o povo passou a freqüentar colégios e demais equipamentos oferecidos pelas cidades. Mas o país não se preparou para a nova realidade. Preocupou-se com a quantidade e deixou a excelência para o futuro. O porvir chegou. A qualidade não lhe fez companhia. A perda da competitividade é uma das contas cobradas por esse desencontro.”
(EDITORIAL do jornal ESTADO DE MINAS, edição de 1º de junho de 2012, Caderno OPINIÃO, página 10).

Mais uma IMPORTANTE e OPORTUNA contribuição para o nosso trabalho de MOBILIZAÇÃO PARA A CIDADANIA E QUALIDADE vem de artigo publicado no mesmo veículo, edição, caderno, página 11, de autoria de DOM WALMOR OLIVEIRA DE AZEVEDO, Arcebispo metropolitano de Belo Horizonte, e que merece igualmente INTEGRAL transcrição:

“A Igreja orienta

A Igreja Católica, ao anunciar o evangelho de Jesus Cristo, é chamada a escutar os clamores do povo e a se envolver com os desafios que interpelam a sociedade. Em razão da questão central de valores e princípios perenes, ela tem o dever profético de ser orientadora e capaz de ajudar no desenho de horizontes humanitários, éticos e marcados pela espiritualidade que aponta o sentido autêntico da vida.

Nessa missão, a Igreja compreende a exigência de atuar sabendo que a evangelização está unida à promoção humana e ao autêntico sentido cristão. A secularidade da sociedade contemporânea não pode impedir a ação da força insubstituível dos valores do Evangelho. Essa é uma batalha grande. Os rumos adotados podem comprometer alicerces sustentadores de uma sociedade marcada pelo sentido de solidariedade, fecundada pela ética e capaz de respeitar in totum o sentido nobre e intocável da dignidade humana.

Assim, o fenômeno da globalização não deve dispensar a necessária orientação advinda de fontes insubstituíveis como o Evangelho de Jesus Cristo. Seu anúncio e testemunho são tarefas da mais alta significação na sociedade, respondendo por horizonte e perspectivas humanísticas para edificar uma sociedade mais justa, fraterna e solidária.

E, ante o risco e real deterioração ética, está a Igreja Católica na sua missão de orientar. Essa orientação compreende a indicação de dinâmicas e parâmetros para que cada pessoa qualifique sua existência e assente o sentido de sua inviabilidade numa espiritualidade que a leve ao desabrochamento humano e ao compromisso com o que diz respeito à cidadania. A iluminação própria do Evangelho precisa incidir sobre a realidade que configura a vida. Essa perspectiva indica a razão pela qual a Igreja Católica convoca seus membros e todos os segmentos da sociedade, em diálogo e cooperação, para protagonizar ações de maior impacto, por exemplo, na área da saúde. Estão ecoando, como é o propósito da Campanha da Fraternidade 2012, “Fraternidade e saúde pública”, as contribuições recentes da Igreja nessa área tão importante para a população.

Também, neste ano eleitoral, por meio da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), nas dioceses e paróquias, em uma importante rede de grande capilaridade, à luz dos princípios éticos do evangelho, a Igreja orienta suas comunidades eclesiais e as pessoas para que estejam atentos e se preparem para uma participação cidadã. A Igreja sublinha que é imprescindível refletir bem e construir novas práticas e posturas para que passos decisivos sejam dados na consolidação da democracia.

O primeiro passo será sempre a busca de uma construção da consciência coletiva que leve o povo a se constituir como sujeito do processo político. Orienta-se que essa preocupação e empenho sejam assumidos por grupos comunitários, organismos ou pastorais da Igreja, por serem considerados espaços de aglutinação e coordenação desse processo, em busca da construção da cidadania. Observa-se que é fundamental a formação da consciência de que o novo Brasil e o novo município virão com a participação cidadã e comprometimento de todos.

É importante ponderar que as eleições municipais têm, acentua a CNBB, um distintivo em relação às demais, por colocar em disputa os projetos que discutem sobre os problemas mais próximos do cidadão: educação, saúde, segurança, trabalho, transporte, moradia, lazer e ecologia. Ora, os candidatos são mais visíveis e a proximidade deve contribuir para que a escolha seja a mais acertada. É preciso verificar quem tem condições, entendimento e compromisso para a execução de políticas públicas adequadas. Mais uma vez é preciso que fique claro para o eleitor que seu voto, embora seja um gesto pessoal e intransferível, tem consequências para a sua vida e o futuro do Brasil. A eleição não é uma loteria. Não se pode arriscar inconscientemente. Instrumentos e conquistas do povo, como as leis 9.840/1999, contra a corrupção e manipulações eleitorais, e 135/2010, a conhecida Lei Ficha Limpa, são usados nessa tarefa cidadã de votar e escolher bem.

O exercício da cidadania não se esgota no voto. Os desdobramentos influenciarão na construção de uma nova civilização pela competência, credibilidade e ética dos escolhidos para o exercício dos cargos públicos. É hora de articular grupos de fé e política, estudar e estimular os jovens no seu direito de votar. Oportuno é recordar a palavra sábia e de perene significação do papa Paulo VI quando disse: “A política é uma maneira exigente de viver o compromisso cristão a serviço dos outros”.”

Eis, portanto, mais páginas contendo IMPORTANTES, PEDAGÓGICAS e OPORTUNAS abordagens e REFLEXÕES que acenam, em meio à MAIOR crise de LIDERANÇA de nossa HISTÓRIA, para a IMPERIOSA e URGENTE necessidade de PROFUNDAS TRANSFORMAÇÕES em nossas estruturas EDUCACIONAIS, GOVERNAMENTAIS, JURÍDICAS, POLÍTICAS, SOCIAIS, CULTURAIS, ECONÔMICAS, FINANCEIRAS e AMBIENTAIS, de modo a promovermos a inserção do PAÍS no concerto das POTÊNCIAS mundiais LIVRES, SOBERANAS, CIVILIZADAS, DEMOCRÁTICAS e SUSTENTAVELMENTE DESENVOLVIDAS...

Assim, URGE ainda a efetiva PROBLEMATIZAÇÃO de questões deveras CRUCIAIS como:

a) a EDUCAÇÃO – UNIVERSAL e de QUALIDADE, desde a EDUCAÇÃO INFANTIL (0 a 3 anos, em creches; 4 e 5 anos, em pré-escolas) até a PÓS-GRADUAÇÃO (especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como PRIORIDADE ABSOLUTA de nossas POLÍTICAS PÚBLICAS;

b) o COMBATE, severo e sem TRÉGUA, aos três dos nossos MAIORES e mais DEVASTADORES inimigos que são: I – a INFLAÇÃO, a exigir PERMANENTE e DIUTURNA vigilância, de forma a manter-se em patamares CIVILIZADOS; II – a CORRUPÇÃO, como um CÂNCER a se espalhar por TODAS as esferas da vida NACIONAL, gerando INCALCULÁVEIS e INTOLERÁVEIS prejuízos e comprometimentos de variada ordem; III – o DESPERDÍCIO, em TODAS as suas MODALIDADES, também a ocasionar INESTIMÁVEIS perdas e danos, inexoravelmente IRREPARÁVEIS;

c) a DÍVIDA PÚBLICA BRASILEIRA, com projeção para 2012, segundo o ORÇAMENTO GERAL DA UNIÃO, de ASTRONÔMICO e INSUPORTÁVEL desembolso da ordem de R$ 1 TRILHÃO, a título de JUROS, ENCARGOS, AMORTIZAÇÕES e REFINANCIAMENTO, a exigir igualmente uma IMEDIATA, ABRANGENTE, QUALIFICADA e eficaz AUDITORIA...

Isto posto, torna-se absolutamente INÚTIL lamentarmos a FALTA de RECURSOS diante de tanta SANGRIA, que DILAPIDA o nosso já escasso DINHEIRO PÚBLICO, MINA a nossa capacidade de INVESTIMENTO e de POUPANÇA e, mais GRAVE ainda, AFETA a confiança em nossas INSTITUIÇÕES, negligenciando a JUSTIÇA, a VERDADE, a HONESTIDADE e o AMOR da PÁTRIA, ao lado de extremas e sempre crescentes DEMANDAS, NECESSIDADES, CARÊNCIAS e DEFICIÊNCIAS, o que aumenta o abismo das desigualdades SOCIAIS e REGIONAIS e nos afasta num crescendo do seleto grupo dos SUSTENTAVELMENTE DESENVOLVIDOS...

São, e bem o sabemos, GIGANTESCOS DESAFIOS mas que, de maneira alguma, ABATEM o nosso ÂNIMO nem ARREFECEM o nosso ENTUSIASMO e OTIMISMO nesta grande CRUZADA NACIONAL pela CIDADANIA E QUALIDADE, visando à construção de uma NAÇÃO verdadeiramente JUSTA, ÉTICA, EDUCADA, CIVILIZADA, QUALIFICADA, LIVRE, SOBERANA, DEMOCRÁTICA, DESENVOLVIDA e SOLIDÁRIA, que possa PARTILHAR suas EXTRAORDINÁRIAS e generosas RIQUEZAS, OPORTUNIDADES e POTENCIALIDADES com TODAS as BRASILEIRAS e com TODOS os BRASILEIROS, especialmente no horizonte de INVESTIMENTOS BILIONÁRIOS previstos e que contemplam EVENTOS como a CONFERÊNCIA DAS NAÇÕES UNIDAS SOBRE O DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL E MUDANÇAS CLIMÁTICAS (RIO+20) de 13 a 22 próximos; a 27ª JORNADA MUNDIAL DA JUVENTUDE no RIO DE JANEIRO em 2013; a COPA DAS CONFEDERAÇÕES de 2013; a COPA DO MUNDO de 2014; a OLIMPÍADA de 2016; as OBRAS do PAC e os projetos do PRÉ-SAL, segundo as exigências do SÉCULO XXI, da era da GLOBALIZAÇÃO, da INTERNACIONALIZAÇÃO das EMPRESAS, da INFORMAÇÃO, do CONHECIMENTO, da INOVAÇÃO, das NOVAS TECNOLOGIAS, da SUSTENTABILIDADE e de um POSSÍVEL e NOVO mundo da JUSTIÇA, da LIBERDADE, da PAZ, da IGUALDADE – e com EQUIDADE –, e da FRATERNIDADE UNIVERSAL...

Este é o nosso SONHO, o nosso AMOR, a nossa LUTA, a nossa FÉ e a nossa ESPERANÇA... e PERSEVERANÇA!...

O BRASIL TEM JEITO!...