segunda-feira, 3 de outubro de 2011

A CIDADANIA, A INDIGNAÇÃO, A MUDANÇA E A EDUCAÇÃO (28/32)

(Outubro = Mês 28; Faltam 32 meses para a COPA DO MUNDO de 2014)

Sejamos um país de uma nota só, mas em favor da educação

Ela é tão importante que nós a esquecemos

Às vezes, penso que estou sendo dirigido ou até (mal) influenciado por um tema de uma nota só – a corrupção. É possível.

Outro dia, um amigo engenheiro, que repetiu a mesma pergunta de um outro amigo, também engenheiro, em meio à acalorada conversa sobre o futuro do nosso país, já um tanto aflito, me inquiriu insistentemente: “Mas, afinal, me diga aí, vamos começar por onde o combate à corrupção?”. E insistiu mais de uma vez na pergunta.

Antes de minha resposta, que poderia ser formulada como uma só palavra, meu amigo, realmente aflito, respondeu-se a si mesmo por mim e, ato contínuo, enérgico, passou a sugerir inúmeras ações, todas procedentes. Esqueceu-se, porém, da mais importante.

Ao arrolar, por sua conta, algumas providências que considerou indispensáveis no combate a essa fera indomável, que dizima cruelmente os pobres, meu amigo se esqueceu de incluir a educação da criançada. É tão importante a educação que nós a esquecemos...

O jurista Fábio Konder Comparato disse, em artigo recente, que ninguém medianamente conhecedor da nossa história desconhece que a corrupção dos agentes públicos no Brasil é um mal endêmico e que, na realidade, existe desde o início da colonização. E, como exemplo, citou o que escreveu no início do século, Auguste Saint Hilaire: “Em um país no qual uma longa escravidão fez, por assim dizer, da corrupção uma espécie de hábito, os magistrados, libertos de qualquer espécie de vigilância, podem impunemente ceder às tentações”. Ou seja, a corrupção nunca foi novidade.

Não obstante, o jurista entende que a presidente Dilma tem sido intransigente “com qualquer prática de corrupção no Poder Executivo federal, mesmo quando contamina ministros de Estado”. Será?

Por fim, Comparato faz sugestões das quais se destacam dois instrumentos de atuação popular. O primeiro seria “a criação de ouvidorias do povo, em todas as unidades da Federação e em relação a todos os órgãos públicos (Legislativo, Executivo e Judiciário, Ministério Público), ouvidorias essas que gozariam de autonomia administrativa e financeira e cujos chefes seriam eleitos”. O segundo seria a criação de “novas ações judiciais propostas por qualquer cidadão em nome do povo, não só ações penais, mas também de improbidade administrativa, comportando demissão do do agente público”.

Bons remédios, mas insuficientes.

Vê-se, pois, depois que Fábio Konder Comparato também a omitiu, que meu amigo engenheiro não tem culpa de não arrolar, entre as providências de combate à corrupção, a mais eficaz delas – a educação. Que pode não eliminar, mas diminui a cabeça do monstro e, o que é importante, leva essa meninada a entender o que é dinheiro público, ou seja, que ele tem dono e que este somos nós – o povo.

Quando assisto à greve dos professores, em Minas ou fora de Minas, e os vejo, humilhados, desfilando pelas ruas de suas cidades, constato, uma vez mais, que a educação é assunto de demagogia canalha. E, quando me lembro do tratamento indigno que recebem e que ainda se veem às voltas com agressões até físicas de pais irresponsáveis e filhos desaforados, tenho vontade de berrar pelo meu chapéu.

Pois nenhum administrador público no país, seja lá quem for (à exceção, talvez, do senador Cristovam Buarque), teve, até hoje, a coragem de aceitar a educação como seu único projeto de governo, além de defender, por alguns anos, um só ministério – o da Educação.”
(ACÍLIO LARA RESENDE, jornalista, em artigo publicado no jornal O TEMPO Belo Horizonte, edição de 29 de setembro de 2011, Caderno O. OPINIÃO, página 18).

Mais uma IMPORTANTE, PEDAGÓGICA e OPORTUNA contribuição para o nosso trabalho de MOBILIZAÇÃO PARA A CIDADANIA E QUALIDADE vem de artigo publicado no jornal ESTADO DE MINAS, edição de 30 de setembro de 2011, Caderno OPINIÃO, página 7, de autoria de DOM WALMOR OLIVEIRA DE AZEVEDO, Arcebispo metropolitano de Belo Horizonte, que merece igual INTEGRAL transcrição:

“Indignação e mudança

A indignação é uma das formas de impedir que a sociedade se acostume com desmandos e falcatruas – abandonando a letargia ante a corrupção que prejudica o bem comum. Pode ser também caminho para que a transparência predomine no controle dos funcionamentos financeiros e administrativos. Sem se indignar, a sociedade correrá sempre o risco de afundar na lama da imoralidade, da permissividade e na relativização de valores. Valores e princípios têm a prerrogativa e o poder de segurar processos, aperfeiçoar controles e a ser intransigente no respeito devido às normas e aos procedimentos que são inegociáveis.

A indignação não pode se esgotar em manifestações e passeatas, por mais oportunas e fortes que sejam, sobretudo, em nossa sociedade. Obviamente, é necessário dar força e corpo às manifestações indignadas, na coragem sincera, na defesa da verdade e da justiça, em todos os âmbitos, públicos e privados. É preciso ir além e esquadrinhar as razões que desconsideram os valores e princípios nas questões mais importantes da sociedade. Não pode ficar de fora, naturalmente, o entendimento sobre a vivência da fé que se professa. Sem dúvida, essa é uma credencial de autenticidade. E uma fé autêntica se concretiza no compromisso com o bem. Essa é a genuína fé cristã. Do contrário, pode se reduzir a prática da fé a uma simples busca interesseira, com traços de egoísmo.

A igreja ou a assembleia ficam reduzidas a uma espécie de supermerdado de milagres que parece dispensar o compromisso com a vida de todos, dom de Deus, respeitada em todas as suas etapas. A verdade da fé cristã, cultura que subjaz sustentando a cultura brasileira, exige, sem dispensas, compromissos que ultrapassam o próprio bem, a cura de uma enfermidade, a conquista de um bom emprego, a prosperidade, sonhos de todos.

A fé cristã tem dinâmicas próprias para remeter o sujeito do âmago de sua indignação ao mais recôndito de sua consciência, onde é possível garantir não ser hoje indignado com a corrupção e amanhã compactuar com ela, seduzido pelo interesse e força espúria da ganância. Essas fraquezas anestesiam consciências na manutenção do limite permitindo, consequentemente, desvios de condutas que apenas aparentam ser honestas.

É preciso cuidar da verdade da consciência. E também da formação e do cultivo da moral. Questionar e não aceitar a normalidade das relativizações que têm permitido acontecimentos hediondos nas famílias e nas instituições governamentais, privadas e religiosas. É triste constatar a crise de moral em pessoas que ocupam postos e funções importantes e de responsabilidade. Exige-se uma ilibada conduta, mas adota-se comportamento e prática não aceitáveis.

A formação da consciência moral, compromisso e bem para todos, deve ser uma prioridade. Caso contrário, a indignação contra a corrupção pode se tornar apenas uma brisa de ética, uma viragem passageira de moralidade. Essa formação se tornará eficaz à medida que as instituições priorizarem os valores e princípios no dia a dia. Lamentavelmente, parece não existir tal preocupação em muitos processos formativos. Jesus, mestre dos mestres, tem a oportuna indicação pedagógica no Sermão da Montanha: “Por que observas o cisco no olho de ter irmão e não reparas na trave que está no teu próprio olho? Tira primeiro a trave do teu olho, e então enxergarás bem para tirar o cisco do olho de teu irmão”. Por esse caminho se pode e de deve transformar a indignação em mudança.”

Eis, portanto, mais páginas contendo RICAS, IMPORTANTES e ORIENTADORAS abordagens e REFLEXÕES, que acenam para a IMPERIOSA e URGENTE necessidade de MUDANÇAS ESTRUTURAIS em nosso VIVER, CONVIVER e AGIR, para, enfim, inserirmos nosso PAÍS no rol das potências DESENVOLVIDAS, DEMOCRÁTICAS e CIVILIZADAS...

Assim, mais do que nunca, é hora de PROBLEMATIZARMOS questões CRUCIAIS como:

a) a EDUCAÇÃO – e de QUALIDADE, como PRIORIDADE ABSOLUTA de nossas POLÍTICAS PÚBLICAS;
b) a INFLAÇÃO, sempre a exigir PERMANENTE e DIUTURNA vigilância;
c) a CORRUPÇÃO, que grassa por TODAS as ESFERAS da nossa SOCIEDADE, subtraindo o que pertence a TODOS, em benefício RESTRITO de alguns:
d) o DESPERDÍCIO, em TODAS suas MODALIDADES, corroendo principalmente os PILARES da QUALIDADE: rentabilidade, produtividade e competitividade;
e) a DÍVIDA PÚBLICA BRASILEIRA, anualmente consumindo PRECIOSOS R$ 200 BILHÕES a título de ENCARGOS...

Diante ainda de tantas DEMANDAS e CARÊNCIAS estruturais, é absolutamente INÚTIL lamentarmos FALTA DE RECURSOS ... com tantos RALOS do DINHEIRO PÚBLICO...

São GIGANTESCOS DESAFIOS, o sabemos e bem. Mas, NADA, NADA mesmo, ABATE o nosso ÂNIMO nem ARREFECE o nosso ENTUSIASMO e OTIMISMO, e mais ainda nos MOTIVAM e nos FORTALECEM nesta grande CRUZADA NACIONAL pela CIDADANIA E QUALIDADE, visando à construção de uma NAÇÃO verdadeiramente JUSTA, ÉTICA, EDUCADA, QUALIFICADA, LIVRE, DESENVOLVIDA e SOLIDÁRIA, que possa PARTILHAR suas EXTRAORDINÁRIAS RIQUEZAS, OPORTUNIDADES e POTENCIADADES com TODOS os BRASILEIROS e com TODAS as BRASILEIRAS, especialmente no horizonte de INVESTIMENTOS BILIONÁRIOS previstos para EVENTOS como a CONFERÊNCIA DAS NAÇÕES UNIDADES SOBRE O DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL E MUDANÇAS CLIMÁTICAS (RIO + 20) em 2012; a 27ª JORNADA MUNDIAL DA JUVENTUDE NO RIO DE JANEIRO em 2013; a COPA DAS CONFEDERAÇÕES em 2013; a COPA DO MUNDO de 2014, a OLIMPÍADA DE 2016, as OBRAS do PAC e os projetos do PRÉ-SAL, segundo as exigências do SÉCULO 21, da era da INFORMAÇÃO, do CONHECIMENTO, das NOVAS TECNOLOGIAS, da SUSTENTABILIDADE e de um NOVO mundo, da PAZ, da IGUALDADE – com EQUIDADE e FRATERNIDADE UNIVERSAL...

Este é o nosso SONHO, o nosso AMOR, a nossa LUTA, a nossa FÉ e a nossa ESPERANÇA!...

O BRASIL TEM JEITO!...