segunda-feira, 10 de dezembro de 2012

A CIDADANIA, A SUSTENTABILIDADE E A GESTÃO DA EDUCAÇÃO

“Conservar o capital natural que se refaça e subsista no futuro

Há hoje um conflito entre as várias compreensões do que seja sustentabilidade. Clássica é a definição da ONU (1987): “desenvolvimento sustentável é aquele que atende às necessidades das gerações atuais sem comprometer a capacidade das gerações futuras de atenderem a suas necessidades e aspirações”. Esse conceito é correto, mas é antropocêntrico e nada diz sobre os outros seres vivos, que também precisam da bioesfera e de sustentabilidade.

Tentarei uma formulação: sustentabilidade é toda ação destinada a manter as condições energéticas, informacionais, físico-químicas que sustentam todos os seres, especialmente a Terra viva, a comunidade de vida e a vida humana, visando a sua continuidade e ainda atender às necessidades da geração presente e das futuras, de tal forma que o capital natural seja mantido e enriquecido em sua capacidade de regeneração, reprodução e coevolução.

Expliquemos essa visão holística: Sustentar todas as condições necessárias para o surgimento dos seres; estes só existem a partir da conjugação das energias, dos elementos físico-químicos e informacionais que, combinados entre si, dão origem a tudo.

Sustentar todos os seres: aqui se trata de superar radicalmente o antropocentrismo. Todos os seres constituem emergências do processo de evolução e gozam de valor intrínseco, independentemente do uso humano.

Sustentar especialmente a Terra viva: Terra é mais que uma “coisa” (res extensa), sem inteligência ou um mero meio de produção. Ela não contém vida. Ela mesma é viva, se autorregula, se regenera e evolui. Se não garantirmos a sustentabilidade da Terra viva, chamada Gaia, tiramos a base para todas as demais formas de sustentabilidade.

Sustentar também a comunidade de vida: o meio ambiente não existe como algo secundário. Nós coexistimos e somos interdependentes. Todos os seres vivos são portadores do mesmo alfabeto genético básico. Formam a rede de vida, incluindo os micro-organismos. Essa rede cria os biomas e a biodiversidade e é necessária para a subsistência de nossa vida neste planeta.

Sustentar a vida humana: somos um elo singular da rede da vida, o ser mais complexo do sistema solar e a ponta avançada do processo evolutivo por nós conhecido, pois somos portadores de consciência, sensibilidade e inteligência. Somos chamados a cuidar e guardar a Mãe Terra, garantir a continuidade da civilização e vigiar também nossa capacidade destrutiva.

Sustentar a continuidade do processo evolutivo: os seres são conservados pela energia de fundo ou fonte originária de todo ser. O universo possui um fim em si mesmo, pelos simples fato de existir e de continuar se expandindo.

Sustentar o atendimento das necessidades humanas: fazemo-lo através do uso racional e cuidadoso dos bens e serviços que o cosmos e a Terra nos oferecem, sem o que sucumbiríamos.

Sustentar a nossa geração e aquelas que se seguirão à nossa: a Terra é suficiente para cada geração desde que esta estabeleça uma relação de cooperação com ela e distribua bens e serviços com equidade. As futuras gerações têm o direito de herdarem uma Terra e uma natureza preservadas.

A sustentabilidade se mede pela capacidade de conservar o capital natural, permitir que se refaça e seja enriquecido para as futuras gerações. Esse conceito deve servir de critério para avaliar quanto temos progredido ou não rumo à sustentabilidade e nos deve igualmente servir de inspiração para realizá-la nos vários campos da atividade humana. Sem isso, a sustentabilidade é pura retórica sem consequências.”

(LEONARDO BOFF, Filósofo e teólogo, em artigo publicado no jornal O TEMPO Belo Horizonte, edição de 20 de janeiro de 2012, caderno O.PINIÃO, página 18).

Mais uma importante e oportuna contribuição para o nosso trabalho de MOBILIZAÇÃO PARA A CIDADANIA E QUALIDADE vem de artigo publicado no jornal ESTADO DE MINAS, edição de 8 de dezembro de 2012, caderno OPINIÃO, página 7, de autoria de VIVINA DO C. RIOS BALBINO, Psicóloga, mestre em educação, professora aposentada da Universidade Federal do Ceará, autora do livro Psicologia e psicologia escolar no Brasil, e que merece igualmente integral transcrição:

“Gestão para a educação

Mediano na educação e no Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), o Brasil é hoje a sexta potência mundial. No entanto, é inegável o esforço e investimento do governo na educação nessa última década. Além disso, proposta recente de destinar 100% da receita dos novos poços de petróleo para a educação é louvável, mas precisamos de eficácia na gestão desses recursos. O Ideb 2012 mostrou pouco avanço na educação básica, mas apontou excelências em regiões pobres e fora dos tradicionais centros de referência no Sul e Sudeste. Isso é extremamente positivo. O ensino médio precisa melhorar muito e as universidades brasileiras buscam excelência acadêmicas para grandes inovações científicas, tecnológicas e sociais.

Nos últimos anos, houve aumentos de 67% de alunos nas universidades, mas pesquisa recente do Instituto Paulo Montenegro e da ONG Ação Educativa mostrou que 38% dos estudantes do ensino superior no país simplesmente “não dominam habilidades básicas de leitura e escrita”. O Indicador de Analfabetismo Funcional não mede capacidades complexas, mas mostrou que alunos não conseguem entender o que leem nem fazer associações com as informações recebidas. Os dados são assustadores e mostram que precisamos buscar urgentemente qualidade nas universidades – diploma e competência.

Desde 2004, o Exame Nacional de Desempenho de Estudantes (Enade) avalia alunos das universidades, constituindo bom teste de qualidade. Em 2011, apenas 27 universidades e faculdades tiraram a nota máxima (5). Aproximadamente, um terço das universidades foi reprovado no Enade, sendo a maioria delas instituições particulares. De 4 mil instituições avaliadas, 584 tiraram notas muito abaixo da média, 1 ou 2. Desempenhos inaceitáveis. Nesses casos, o Ministério da Educação (MEC) toma providências cortando vagas nas áreas críticas, dificultando a criação de novos cursos e até cassando autorização de funcionamento de instituições. No Enade, mais de 587 mil alunos se inscreveram, mas houve abstenção de 20,1% e os resultados não saíram. O recente Programa Ciência sem Fronteiras oferece bolsas a universitários brasileiros para os melhores centros de excelência acadêmica do mundo.

É fundamental que os ensinos básico e o médio tenham maior qualidade também, pois somente assim alunos talentosos escolhidos poderão fazer diferença nos centros de excelência acadêmica. O domínio pleno de idioma estrangeiro também é fundamental. Qual é o percentual de brasileiros nos grandes centros de excelência mundial? O exemplo da Coreia do Sul em educação, ciência, tecnologia e inovação deve ser a meta. Os professores são muito bem pagos, mas os pretendentes precisam ter competência, talento e compromisso. O resultado de tudo isso é que a Coreia registrou 9,6 mil patentes de invenções em 2009 e o Brasil apenas 150.

Apesar de existirem bons centros de excelência acadêmica no Brasil, apenas seis das 500 melhores universidades do mundo são brasileiras e concentram-se ainda nas regiões Sul e Sudeste. Importante que haja descentralização de excelências acadêmicas no Brasil. Hoje, extrapolando as concentrações de verbas no eixo RJ/SP/MG/RS, todas as universidades brasileiras recebem verbas razoáveis, formando bons cientistas. Os inúmeros campus avançados criados recentemente em todos os recantos do país, incluindo o Norte e Nordeste, representam um marco no ensino superior. O Instituto Internacional de Neurociências de Natal-RN, dirigido pelo reconhecido mundialmente doutor Miguel Nicolelis, que também dirige o Centro de Neurociências da Universidade Duke-EUA, é uma realidade fantástica do ensino superior brasileiro atual fora do tradicional eixo científico. Que essa exitosa experiência impulsione novos centros de excelência em todo o país.

Piero Massimo Forni, especialista em civilidade pela Universidade Johns Hopkins, afirma que a falta de civilidade nos EUA custa US$ 30 bilhões/ano. Quanto custa no Brasil essa falta de civilidade? Educação para o crescimento econômico, tecnológico e para a melhoria da vida dos cidadãos brasileiros. Educação de qualidade em todos os níveis da escolarização com impacto na redução de violências, formando cidadãos sábios e com ação positiva nas relações sociais, aumentando o Índice de Desenvolvimento Humano e diminuindo a criminalidade. Com certeza, é essa importante cadeia qualitativa que diferencia uma grande nação.”

Eis, portanto, mais páginas contendo importantes e oportunas abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior crise de LIDERANÇA de nossa história – que é de ÉTICA, de MORAL, de PRINCÍPIOS, de VALORES –, para a imperiosa e urgente necessidade de profundas mudanças em nossas estruturas EDUCACIONAIS, GOVERNAMENTAIS, JURÍDICAS, POLÍTICAS, SOCIAIS, CULTURAIS, ECONÔMICAS, FINANCEIRAS e AMBIENTAIS, de modo a promovermos a inserção do país no concerto das potências mundiais LIVRES, SOBERANAS, CIVILIZADAS, DEMOCRÁTICAS e SUSTENTAVELMENTE DESENVOLVIDAS...

Assim, urge ainda a efetiva problematização de questões deveras cruciais como:

a) a EDUCAÇÃO – UNIVERSAL e de QUALIDADE, desde a EDUCAÇÃO INFANTIL (0 a 3 anos de idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo da modernidade de matricularmos nossas crianças de seis anos de idade na primeira série do ENSINO FUNDAMENTAL, independentemente do mês do seu nascimento –, como prioridade absoluta de nossas POLÍTICAS PÚBLICAS;

b) o COMBATE, severo e sem trégua, aos três dos nossos maiores e mais devastadores inimigos que são: I – a INFLAÇÃO, a exigir permanente e diuturna vigilância, de forma a manter-se em patamares civilizados; II – a CORRUPÇÃO, como um câncer a se espalhar por todas as esferas da vida nacional, gerando incalculáveis prejuízos e comprometimentos de variada ordem; III – o DESPERDÍCIO, em todas as suas modalidades, também a ocasionar inestimáveis perdas e danos, inexoravelmente irreparáveis;

c) a DÍVIDA PÚBLICA BRASILEIRA, com projeção para 2012, segundo o Orçamento Geral da União, de astronômico e intolerável desembolso da ordem de R$ 1 TRILHÃO, a título de juros, encargos, amortização e refinanciamentos, a exigir igualmente uma imediata, abrangente, qualificada e eficaz AUDITORIA;

Isto posto, torna-se absolutamente INÚTIL lamentarmos a FALTA de RECURSOS diante de tanta sangria, que dilapida o nosso já frágil dinheiro público, mina a nossa capacidade de investimento e de poupança e, mais grave ainda, afeta a confiança em nossas instituições, negligenciando a JUSTIÇA, a VERDADE, a HONESTIDADE e o AMOR da PÁTRIA, ao lado de extremas e sempre crescentes demandas, necessidades, carências e deficiências, haja vista presentemente os resultados do IDH, do ENADE e do Ideb apontados, o que aumenta o já colossal abismo das desigualdades sociais e regionais e nos afasta num crescendo do seleto grupo dos sustentavelmente desenvolvidos...

São, e bem o sabemos, gigantescos desafios mas que, de maneira alguma, abatem o nosso ÂNIMO nem arrefecem nosso ENTUSIASMO e OTIMISMO nesta grande cruzada nacional pela CIDADANIA E QUALIDADE, visando à construção de uma nação verdadeiramente JUSTA, ÉTICA, EDUCADA, CIVILIZADA, QUALIFICADA, LIVRE, DEMOCRÁTICA, DESENVOLVIDA e SOLIDÁRIA, que possa partilhar suas extraordinárias riquezas, oportunidades e potencialidades com TODOS os brasileiros e com TODAS as brasileiras, especialmente no horizonte de investimentos bilionários previstos e que contemplam eventos como a 27ª Jornada Mundial da Juventude no Rio de Janeiro em 2013; a Copa das Confederações de 2013; a Copa do Mundo de 2014; a Olimpíada de 2016; as obras do PAC e os projetos do PRÉ-SAL, segundo as exigências do século 21, da era da GLOBALIZAÇÃO, da INTERNACIONALIZAÇÃO das empresas, da INFORMAÇÃO, do CONHECIMENTO, da INOVAÇÃO, das NOVAS TECNOLOGIAS, da SUSTENTABILIDADE e de um possível e novo mundo da JUSTIÇA, da PAZ, da LIBERDADE, da IGUALDADE – e com EQUIDADE –, e da FRATERNIDADE universal...

Este é o nosso SONHO, o nosso AMOR, a nossa LUTA, a nossa FÉ, a nossa ESPERANÇA... e PERSEVERANÇA!...

O BRASIL TEM JEITO!...