segunda-feira, 1 de julho de 2013

A CIDADANIA, A CONSCIÊNCIA DA SUSTENTABILIDADE E A VOZ QUE VEM DAS RUAS (49/11)

(Julho = mês 49; faltam 11 meses para a Copa do Mundo)

“Consciência e sustentabilidade
        
         Cada vez mais, as questões socioambientais têm conquistado espaço nos mais diferentes fóruns de discussão, sendo hoje uma premissa básica para a certificação de produtos e processos. A facilidade de acesso à informação contribuiu, em grande medida, para um maior esclarecimento e mobilização das pessoas em torno do tema. Nesse cenário, as redes sociais virtuais podem ser um forte aliado ou um grande opositor a um determinado processo, produto ou atitude, no que se refere às questões socioambientais, e o nível de consciência das pessoas em relação a essas questões tem aumentado nos últimos anos. Entretanto, ainda há um longo caminho a ser percorrido, para que as transformações necessárias ocorram no cotidiano do cidadão.
         Pensando nesse novo cidadão que surge, muitas empresas têm inserido entre seus princípios e valores a sustentabilidade e a preocupação socioambiental como diferencial. Porém, há uma distância considerável entre elencar  como um dos princípios institucionais a sustentabilidade socioambiental e efetivamente ter ações que contemplem esse princípio. A incorporação dessas ações requer uma mudança de atitude diante de situações comuns do cotidiano, como a redução do consumo, a reutilização de objetos e materiais, a reflexão sobre a cadeia produtiva dos mais variados produtos e seu impacto nas comunidades, a coleta seletiva, a reciclagem, o reconhecimento e o respeito em relação à diversidade, entre outras atitudes. Para isso é preciso levar as pessoas a se conscientizarem, e a escola é um local importante para a efetivação desse processo. Nela, há um ambiente favorável para a discussão sobre essa temática tão importante para a manutenção das condições adequadas para a vida no planeta. A geração que hoje ocupa os bancos escolares tem muita iniciativa, criatividade e disposição para fazer diferente. São crianças e jovens movidos por um propósito de mudança que os transforma em multiplicadores de ideias. É uma geração que, por ser protagonista, deixa uma marca da sua atitude na comunidade na qual está inserida. Nesse contexto, a criação de espaços de discussão é uma estratégia de grande relevância, pois os alunos têm a oportunidade de ouvir diferentes opiniões  sobre um mesmo tema e, ao mesmo tempo, expressar sua opinião.
         Além das reflexões cotidianas, as mesas-redondas, os debates e os seminários oferecem a oportunidade aos alunos e à comunidade de forma geral de discutir temas fora da sala de aula. São momentos em que há a possibilidade de contato com profissionais das mais diferentes áreas, com vivências diversificadas, levando a um enriquecimento conceitual e atitudinal. Os alunos vislumbram a possibilidade de encontrar eco de seus anseios e apoio às suas atitudes. Para entender melhor todas essas questões socioambientais, é preciso um abordagem multidisciplinar, na qual cada área de conhecimento tem a oportunidade de contribuir com a sua percepção e sua experiência. A participação do aluno nesses espaços de discussão amplia seu repertório conceitual, desenvolve sua argumentação, promove sua sensibilização, estimulando sua criatividade para a resolução de problemas do cotidiano e da sua comunidade.”

(WYLLER MELLO, que é coordenador pedagógico do Colégio Magnum Cidade Nova, em artigo publicado no jornal ESTADO DE MINAS, edição de 28 de junho de 2013, caderno OPINIÃO, página 9).

Mais uma importante e oportuna contribuição para o nosso trabalho de Mobilização para a Cidadania e Qualidade vem de artigo publicado no mesmo veículo, edição, caderno e página, de autoria de DOM WALMOR OLIVEIRA DE AZEVEDO, que é arcebispo metropolitano de Belo Horizonte, e que merece igualmente integral transcrição:

“Voz da cidadania
        
         As manifestações populares pelas ruas do Brasil resgataram definitivamente , e de modo espetacular, a voz da cidadania. Numa sociedade democrática, a expressão cidadã é aquela que nunca pode perder o comando. Momento histórico, esse resgate está se desdobrando num processo de reavaliação da dinâmica representativa da vontade do povo para a dinâmica participativa. São exemplos incontestáveis: a queda da PEC 37 e aprovação do projeto que transforma a corrupção em crime hediondo. A voz da cidadania apontou o rumo e a representação do povo operou na direção indicada.
         Lamenta-se pesarosamente que esse processo de recuperação da cidadania tenha que incluir, embora sem obscurecer o sentido pacífico das manifestações, os atos reprováveis e merecedores de adequada correção disciplinar, pois ferem pessoas, causam mortes e danificam o patrimônio público, comprometendo o bem comum. Trata-se, certamente, da expressão de um ódio provocado por tantas razões – uma delas pode ser exatamente a ausência de justiça. Mas o caminho mais indicado ainda é o amor que unicamente tem a prerrogativa de plenificar o coração humano. A justiça e o amor podem transformar a sociedade num lugar habitável, com dignidade e igualdade de condições para todos os cidadãos. Assim, também, os vandalismos provocados pela corrupção e pelas morosidades das estruturas e funcionamentos na sociedade, que impõem aos cidadãos insuportáveis sacrifícios, devem sofrer as devidas correções.
         Nesse resgate da voz da cidadania no Brasil, numa pauta que aponta a urgência de mudanças profundas, há de se considerar o lugar histórico e determinante dos jovens. Ao deixar no passado a tímida participação política, a juventude abre novo ciclo, tornando-se protagonista desta nova etapa da história. Não se pode mais governar em qualquer instituição ou instância, menos ainda representar o povo, sem permanente diálogo. Esse processo deve privilegiar os jovens que arrastaram seus pais, familiares e até as crianças para exigir nas mudanças.
         Essa transformação social e política inclui cada cidadão e todas as instituições da sociedade, inclusive aquelas de caráter religioso, cultural e artístico. Contudo, particularmente, as manifestações estão exigindo radical mudança no modo como se faz política na sociedade brasileira, especialmente a partidária. Tudo o que envolve o Estado está interpelando mudanças e novas respostas – urgentes e pela inteligência do diálogo. Ora, o dever central da política é promover e garantir a justa ordem da sociedade e do Estado. Caso contrário, como comentou Santo Agostinho, na sua obra Cidade de Deus, o Estado se reduziria a uma grande banda de ladrões. De fato, a corrupção é o mal maior que precisa ser banido, permitindo, assim, que se criem condições de funcionamento para uma sociedade justa. A voz da cidadania está, entre outros assuntos urgentes, exigindo recomposições significativas no exercício da autoridade política.
         Por isso a urgência da reforma política, como cirurgia no sistema vigente viciado e prejudicial ao bom andamento da sociedade. A voz da cidadania está acelerando a resposta a essa exigência. Trata-se de uma reforma que já poderia estar em curso, ou mesmo concluída. Justiça seja feita à Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), com outras instituições sérias do país, pelas muitas vezes em que se tentou emplacar a reforma. Os bloqueios e resistências foram sempre volumosos da parte de quem deveria facilitar. É hora de fazer valer que o sujeito da autoridade política é o povo, considerado na sua totalidade como detentor da soberania.”

Eis, portanto, mais páginas contendo importantes, incisivas e oportunas abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança de nossa história – que é de ética, de moral, de princípios, de valores –, para a imperiosa e urgente necessidade de profundas mudanças em nossas estruturas educacionais, governamentais, jurídicas, políticas, sociais, culturais, econômicas, financeiras e ambientais, de modo a promovermos a inserção do País no concerto das potências mundiais livres, civilizadas,  soberanas, democráticas e sustentavelmente desenvolvidas...

Assim, urge ainda a efetiva problematização de questões deveras cruciais como:
     
     a)     a educação – universal e de qualidade, desde a educação infantil (0 a 3 anos de idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo da modernidade de matricularmos nossas crianças de 6 anos de idade na primeira série do ensino fundamental, independentemente do mês de seu nascimento –, até a pós-graduação (especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade absoluta de nossas políticas públicas;

     b)    o combate, implacável e sem trégua, aos três dos nossos maiores e mais avassaladores inimigos que são: I – a inflação, a exigir permanente, competente e diuturna vigilância, de forma a manter-se em patamares civilizados, isto é, próximos de zero; II – a corrupção, como um câncer a se espalhar por todas as esferas da vida nacional, gerando incalculáveis prejuízos e comprometimentos de vária ordem; III – o desperdício, em todas as suas modalidades, também a ocasionar inestimáveis perdas e danos, inexoravelmente irreparáveis;
     
     c)     a dívida pública brasileira, com projeção para 2013, segundo o Orçamento Geral da União, de exorbitante e insuportável desembolso de cerca de R$ 1 trilhão, a título de juros, encargos, amortização e refinanciamentos (apenas com esta rubrica, previsão de R$ 610 bilhões), a exigir igualmente uma imediata, abrangente, qualificada e eficaz auditoria...

Isto posto, torna-se absolutamente inútil lamentarmos a falta de recursos diante de tão descomunal sangria que dilapida o nosso já combalido dinheiro público, mina a nossa capacidade de investimento e de poupança e, mais contundente ainda, afeta a credibilidade de nossas instituições, negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à pátria, ao lado de abissais desigualdades sociais e regionais e de extremas e sempre crescentes necessidades de ampliação e modernização setores como: a gestão pública; a infraestrutura (rodovias, ferrovias, hidrovias, portos, aeroportos); a educação; a saúde; saneamento ambiental (água tratada, esgoto tratado, resíduos sólidos tratados, macrodrenagem urbana, logística reversa); meio ambiente; habitação; mobilidade urbana (trânsito, transporte, acessibilidade); minas e energia; emprego, trabalho e renda; agregação de valor às commodities; assistência social; previdência social; segurança alimentar e nutricional; segurança pública; forças armadas; polícia federal; defesa civil; logística; pesquisa e desenvolvimento; ciência, tecnologia e inovação; comunicações; sistema financeiro nacional; esporte, cultura e lazer; turismo; qualidade (planejamento – estratégico, tático e operacional –, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade, criatividade, produtividade, competitividade); entre outros...

São, e bem o sabemos, gigantescos desafios mas que, de maneira alguma, abatem o nosso ânimo nem arrefecem o nosso entusiasmo e otimismo nesta grande cruzada nacional pela cidadania e qualidade, visando à construção de uma Nação verdadeiramente justa, ética, educada, civilizada, qualificada, livre, soberana, democrática, desenvolvida e solidária, que permita a partilha de suas extraordinárias e abundantes riquezas, oportunidades e potencialidades com todas as brasileiras e com todos os brasileiros, especialmente no horizonte de investimentos bilionários previstos e que contemplam  eventos como a 27ª Jornada Mundial da Juventude no Rio de Janeiro; a Copa do Mundo de 2014; a Olimpíada de 2016; as obras do PAC e os projetos do pré-sal, à luz das exigências do século 21, da era da globalização, da internacionalização das organizações, da informação, do conhecimento, da inovação, das novas tecnologias, da sustentabilidade e de um possível e novo mundo da justiça, da liberdade, da paz, da igualdade – e com equidade –, e da fraternidade universal...

Este é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a nossa fé, a nossa esperança... e perseverança!...


O BRASIL TEM JEITO!...