sexta-feira, 15 de maio de 2015

A CIDADANIA, O PODER DA VISÃO E OS SONHOS DE JOVENS LÍDERES GLOBAIS

“O Brasil esquecido
        A crise hídrica e a possibilidade de falta de energia, devido ao problema do baixo regime pluvial, revelam algo que permeia a trajetória do Brasil neste século, como no passado: ausência de planejamento de longo prazo para a sustentabilidade dos sistemas essenciais à vida das pessoas, à economia, à produção e ao desenvolvimento. É inadmissível que o país, com a maior reserva hídrica e o maior potencial hidrelétrico do planeta, submeta sua população a riscos de fornecimento devido ao fato de ter chovido menos. Nossa cultura, infelizmente, leva o país a consolidar o improviso, com soluções paliativas de curto prazo, à base do desgastado jeitinho, no enfrentamento de crises, no ritmo da pressão da mídia e de algumas poucas manifestações sérias da sociedade. Passado o momento agudo do problema, tudo é relegado e se retorna à rotina do não planejado.
         Tais características sugerem que o Brasil é um país esquecido por todos. Privilegiam-se, aqui, os interesses individuais e de grupos. A sociedade reage apenas sob a pressão de situações iminentes de crises. Essa peculiaridade de comportamento atingiu sua condição superlativa no exercício da política. Inverteu-se a lógica filosófica do conceito de Estado: este, em vez de servir à população, como se supõe nas democracias, parece colocar-se a serviço dos partidos. Essa distorção reforça a tendência do improviso e a visão de curto prazo, norteadas sempre pelo horizonte das eleições, a cada dois anos. As propostas à sociedade, na disputa pelo voto, são sempre focadas nas situações prementes. Ninguém mostra ao eleitor como se pretende construir uma nação desenvolvida, com infraestrutura moderna e eficiente, oferta de energia e água, tão suscetíveis às variações climáticas, e sustentável sob aspectos socioeconômico e ambiental.
         Uma das consequências mais graves da falta de planejamento, já que medidas paliativas e o improviso não resistem às mudanças conjunturais, é a ausência de regras consistentes para a indústria, o comércio, os serviços, a construção civil, a incorporação imobiliária, o sistema financeiro e até o agronegócio, que tem sido o salvador de nossa balança comercial. Advém daí a insegurança jurídica, tão reclamada por todos, acentuada, muitas vezes, por atitudes exageradas na interpretação e aplicação das leis. Exemplo disso é a constatação de numerosos embargos, por motivos relativos ao licenciamento ambiental, de empreendimentos dos setores público e privado que já foram aprovados nesse quesito. Assim, enquanto o risco de falta de energia afugenta investimentos, bloqueiam-se obras de grandes hidrelétricas.
         A história mostra que sem metas definidas e planejamento não se vai a lugar algum. Hoje, mais do que nunca, estamos sentindo isso na pele: inflação; desemprego em alta; índice de confiança baixo, tanto do empresário quanto do consumidor; corrupção, impunidade e uma frustração generalizada. Está na hora de o Brasil saber, de fato, o que deseja ser. Para ser, é preciso, nas instâncias federal, municipal e estadual, colocar o Estado a serviço da sociedade e não de partidos e de governos. A esses cabe exatamente fazer com que a máquina pública sirva à nação. A prioridade, definitivamente, é o país, que não pode continuar esquecido, como se não fosse a terra de todos nós.”

(LUIZ AUGUSTO PEREIRA DE ALMEIDA. Diretor da Fiabci/Brasil, diretor de Marketing do Sobloco Construtora, em artigo publicado no jornal ESTADO DE MINAS, edição de 14 de maio de 2015, caderno OPINIÃO, página 7).

Mais uma importante e oportuna contribuição para o nosso trabalho de Mobilização para a Cidadania e Qualidade vem de artigo publicado no mesmo veículo, edição, caderno e página, de autoria de EDUARDO ATHAYDE, diretor do WWI-Worldwatch Institute no Brasil, e que merece igualmente integral transcrição:

“Jovens líderes globais
        O Fórum de Jovens Líderes Globais (YGLs) – criado pelo World Economic Forum (WEF) – é uma comunidade composta de cerca de 900 jovens considerados como líderes ousados e corajosos, orientados com visão empresarial holística, que investem tempo e talento para fazer do mundo um lugar melhor. A comunidade é formada por jovens com menos de 40 anos, de todas as partes do mundo, escolhidos por meio de rigorosos critérios de seleção, formando um corpo diverso, qualificado e representativo, demonstrando o compromisso de servir a sociedade. O YGLs têm três objetivos: 1) colaboração – construir uma comunidade global diversificada de pessoas que buscam soluções inovadoras para os problemas enfrentados pela humanidade; 2) aprendizagem – transformar a próxima geração de líderes por meio de experiências pessoais, gerando uma melhor compreensão das agendas globais e regionais; 3) ação – impactar positivamente os desafios globais, envolvendo-se em iniciativas relacionadas com os desafios identificados.
         Muito trabalho pela frente terão os YGLs para lidar com as visões de diferentes sistemas culturais de governança, com velocidades diferenciadas nas economias na geopolítica global. Segundo Akio Morita, fundador da Sony Corporation, do Japão, “inovação é fazermos melhor o que fazemos hoje, de forma que se torne obsoleto”. Na visão da Organização das Nações Unidas para o Desenvolvimento Industrial (Unido), que conduz um programa de cooperação técnica com foco em ciência, tecnologia e inovação voltado para países em desenvolvimento, inovar significa quebrar padrões. É o que vem fazendo a China, com reservas de US$ 3,8 trilhões e carga tributária de 18% do Produto Interno Bruto (PIB) – a do Brasil é de 37%. O gigante asiático investe 2% do seu PIB em inovação, o dobro do Brasil. O comércio China-Estados Unidos é de US$ 600 bilhões (Pequim superavitário em US$ 320 bilhões). Com a União Europeia (EU) os chineses têm US$ 430 bilhões de intercâmbio comercial, estando a China superavitária em US$ 132 bilhões. Trocas comerciais entre Brasil e China estão na casa dos US$ 90 bilhões. Na Coreia do Sul, onde mais de 80% da população em idade universitária frequenta o ensino superior, 4,2%  do PIB são direcionados à pesquisa e desenvolvimento. Lá, os nomes dos ministérios mostram a preocupação com o além do presente: a pasta da inovação chama-se Ciência, Tecnologia e Planejamento do Futuro; a da Fazenda, Ministério de Finanças.
         Nos EUA, a Apple que lidera, com o Google, uma comunidade de jovens líderes, lançou sua loja de aplicativos iTunes, em 10 de julho de 2008, com apenas 500 aplicativos disponíveis. Três dias depois, mais de 10 milhões de apps tinham sido baixados. Em seis meses, 15 mil apps estavam disponíveis, chegando a 500 milhões de downloads. O primeiro bilionésimo app baixado ocorreu em 23 de abril de 2009, oito meses após o lançamento – no fim de 2013, mais de 102 bilhões de apps haviam sido baixados. A velocidade das ações inovadoras é revelada em números: em 2013, os aplicativos geraram uma receita de US$ 25 bilhões, e tendências apontam para US$ 70 bilhões em 2017 e um pulo para US$ 500 bilhões em 2023. Hoje, 280 milhões de aplicativos são baixados diariamente em todo o mundo. Atenta à conectividade entre inovações, a PricewaterhouseCoopers (PWC) lançou o relatório anual Global Innovation 2014, mostrando que jovens executivos de inovação em grandes empresas multinacionais acham que investimentos vão mudar substancialmente durante a próxima década. Encontros desses jovens líderes, brasileiros e estrangeiros, acontecem a todo instante no ambiente virtual dos smartphones, que, inovando em soluções tecnológicas, fazem parte do vestiário do dia a dia global, e, à noite, juntam-se aos travesseiros – os cliques não param.
         No Brasil, os líderes da Associação de Jovens Empresários (AJI), ligada à Confederação Nacional de Jovens Empresários (Conaje) – conectados aos YGLs via apps, consumidores de produtos norteamericanos, coreanos e chineses –, são reféns de um país de baixo investimento em ciência e tecnologia e, igualmente, de escolaridade. Têm como objetivo o imenso desafio de contribuir para o desenvolvimento econômico e social com nova mentalidade empresarial e cidadã. São jovens heróis do presente, que enfrentam uma pesada concorrência mundial lutando para construir o nosso futuro comum.”

Eis, portanto, mais páginas contendo importantes, incisivas e oportunas abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança de nossa história – que é de ética, de moral, de princípios, de valores –, para a imperiosa e urgente necessidade de profundas mudanças em nossas estruturas educacionais, governamentais, jurídicas, políticas, sociais, culturais, econômicas, financeiras e ambientais, de modo a promovermos a inserção do País no concerto das potências mundiais livres, civilizadas, soberanas, democráticas e sustentavelmente desenvolvidas...

Assim, urge ainda a efetiva problematização de questões deveras cruciais como:

     a)     a educação – universal e de qualidade –, desde a educação infantil (0 a 3 anos de idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo da modernidade de matricularmos nossas crianças de 6 anos de idade na primeira série do ensino fundamental, independentemente do mês de seu nascimento –, até a pós-graduação (especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade absoluta de nossas políticas públicas (enfim, 125 anos depois, a República proclama o que esperamos seja verdadeiramente o início de uma revolução educacional, mobilizando de maneira incondicional todas as forças vivas do país, para a realização da nova pátria; a pátria da educação, da ética, da justiça, da civilidade, da democracia, da participação, da sustentabilidade...);

     b)    o combate implacável, sem eufemismos e sem tréguas, aos três dos nossos maiores e mais devastadores inimigos que são: I – a inflação, a exigir permanente, competente e diuturna vigilância, de forma a manter-se em patamares civilizados, ou seja, próximos de zero (segundo levantamento da Associação Nacional dos Executivos de Finanças – Anefac –, a alta de abril dos juros  do cartão de crédito chegou a 295,48%  ao ano...); II – a corrupção, há séculos, na mais perversa promiscuidade  –  “dinheiro público versus interesses privados” –, como um câncer a se espalhar por todas as esferas da vida nacional, gerando incalculáveis prejuízos e comprometimentos de vária ordem (a propósito, a simples divulgação do balanço auditado da Petrobras, que, em síntese, apresenta no exercício de 2014 perdas pela corrupção de R$ 6,2 bilhões e prejuízos de R$ 21,6 bilhões, não pode de forma alguma significar página virada – eis que são valores simbólicos –, pois em nossos 515 anos já se formou um verdadeiro oceano de desvios, malversação, saque, rapina e dilapidação do nosso patrimônio...); III – o desperdício, em todas as suas modalidades, também a ocasionar inestimáveis perdas e danos, indubitavelmente irreparáveis (haja vista as muitas faces mostrando a gravidade das crônicas paralisações de obras e serviços públicos, gerando perdas bilionárias...   );

     c)     a dívida pública brasileira, com projeção para 2015, segundo a proposta do Orçamento Geral da União, de exorbitante e insuportável desembolso de cerca de R$ 1,356 trilhão, a título de juros, encargos, amortização e refinanciamentos (apenas com esta rubrica, previsão de R$ 868 bilhões), a exigir imediata, abrangente, qualificada e eficaz auditoria...

Isto posto, torna-se absolutamente inútil lamentarmos a falta de recursos diante de tão descomunal sangria que dilapida o nosso já combalido dinheiro público, mina a nossa capacidade de investimento e de poupança e, mais grave ainda, afeta a credibilidade de nossas instituições, negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à pátria, ao lado de abissais desigualdades sociais e regionais e de extremas e sempre crescentes necessidades de ampliação e modernização de setores como: a gestão pública; a infraestrutura (rodovias, ferrovias, hidrovias, portos, aeroportos); a educação; a saúde; o saneamento ambiental (água tratada, esgoto tratado, resíduos sólidos tratados, macrodrenagem urbana, logística reversa); meio ambiente; habitação; mobilidade urbana (trânsito, transporte, acessibilidade); minas e energia; emprego, trabalho e renda; agregação de valor às commodities; sistema financeiro nacional; assistência social; previdência social; segurança alimentar e nutricional; segurança pública; forças armadas; polícia federal; defesa civil; logística; pesquisa e desenvolvimento; ciência, tecnologia e inovação; cultura, esporte e lazer; turismo; comunicações; qualidade (planejamento – estratégico, tático e operacional –, transparência, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade – “fazer mais e melhor, com menos” –, criatividade, produtividade, competitividade); entre outros...

São, e bem o sabemos, gigantescos desafios mas que, de maneira alguma, abatem o nosso ânimo e nem arrefecem o nosso entusiasmo e otimismo nesta grande cruzada nacional pela cidadania e qualidade, visando à construção de uma Nação verdadeiramente participativa, justa, ética, educada, civilizada, qualificada, livre, soberana, democrática e desenvolvida, que possa partilhar suas extraordinárias e generosas riquezas, oportunidades e potencialidades com todas as brasileiras e com todos os brasileiros. Ainda mais especialmente no horizonte de investimentos bilionários previstos e que contemplam eventos como a Olimpíada de 2016; as obras do PAC e os projetos do Pré-Sal, à luz das exigências do século 21, da era da globalização, da internacionalização das organizações, da informação, do conhecimento, da inovação, das novas tecnologias, da sustentabilidade e de um possível e novo mundo da justiça, da liberdade, da paz, da igualdade – e com equidade –, e da fraternidade universal...

Este é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a nossa fé, a nossa esperança... e perseverança!

O BRASIL TEM JEITO!...