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sexta-feira, 15 de maio de 2015

A CIDADANIA, O PODER DA VISÃO E OS SONHOS DE JOVENS LÍDERES GLOBAIS

“O Brasil esquecido
        A crise hídrica e a possibilidade de falta de energia, devido ao problema do baixo regime pluvial, revelam algo que permeia a trajetória do Brasil neste século, como no passado: ausência de planejamento de longo prazo para a sustentabilidade dos sistemas essenciais à vida das pessoas, à economia, à produção e ao desenvolvimento. É inadmissível que o país, com a maior reserva hídrica e o maior potencial hidrelétrico do planeta, submeta sua população a riscos de fornecimento devido ao fato de ter chovido menos. Nossa cultura, infelizmente, leva o país a consolidar o improviso, com soluções paliativas de curto prazo, à base do desgastado jeitinho, no enfrentamento de crises, no ritmo da pressão da mídia e de algumas poucas manifestações sérias da sociedade. Passado o momento agudo do problema, tudo é relegado e se retorna à rotina do não planejado.
         Tais características sugerem que o Brasil é um país esquecido por todos. Privilegiam-se, aqui, os interesses individuais e de grupos. A sociedade reage apenas sob a pressão de situações iminentes de crises. Essa peculiaridade de comportamento atingiu sua condição superlativa no exercício da política. Inverteu-se a lógica filosófica do conceito de Estado: este, em vez de servir à população, como se supõe nas democracias, parece colocar-se a serviço dos partidos. Essa distorção reforça a tendência do improviso e a visão de curto prazo, norteadas sempre pelo horizonte das eleições, a cada dois anos. As propostas à sociedade, na disputa pelo voto, são sempre focadas nas situações prementes. Ninguém mostra ao eleitor como se pretende construir uma nação desenvolvida, com infraestrutura moderna e eficiente, oferta de energia e água, tão suscetíveis às variações climáticas, e sustentável sob aspectos socioeconômico e ambiental.
         Uma das consequências mais graves da falta de planejamento, já que medidas paliativas e o improviso não resistem às mudanças conjunturais, é a ausência de regras consistentes para a indústria, o comércio, os serviços, a construção civil, a incorporação imobiliária, o sistema financeiro e até o agronegócio, que tem sido o salvador de nossa balança comercial. Advém daí a insegurança jurídica, tão reclamada por todos, acentuada, muitas vezes, por atitudes exageradas na interpretação e aplicação das leis. Exemplo disso é a constatação de numerosos embargos, por motivos relativos ao licenciamento ambiental, de empreendimentos dos setores público e privado que já foram aprovados nesse quesito. Assim, enquanto o risco de falta de energia afugenta investimentos, bloqueiam-se obras de grandes hidrelétricas.
         A história mostra que sem metas definidas e planejamento não se vai a lugar algum. Hoje, mais do que nunca, estamos sentindo isso na pele: inflação; desemprego em alta; índice de confiança baixo, tanto do empresário quanto do consumidor; corrupção, impunidade e uma frustração generalizada. Está na hora de o Brasil saber, de fato, o que deseja ser. Para ser, é preciso, nas instâncias federal, municipal e estadual, colocar o Estado a serviço da sociedade e não de partidos e de governos. A esses cabe exatamente fazer com que a máquina pública sirva à nação. A prioridade, definitivamente, é o país, que não pode continuar esquecido, como se não fosse a terra de todos nós.”

(LUIZ AUGUSTO PEREIRA DE ALMEIDA. Diretor da Fiabci/Brasil, diretor de Marketing do Sobloco Construtora, em artigo publicado no jornal ESTADO DE MINAS, edição de 14 de maio de 2015, caderno OPINIÃO, página 7).

Mais uma importante e oportuna contribuição para o nosso trabalho de Mobilização para a Cidadania e Qualidade vem de artigo publicado no mesmo veículo, edição, caderno e página, de autoria de EDUARDO ATHAYDE, diretor do WWI-Worldwatch Institute no Brasil, e que merece igualmente integral transcrição:

“Jovens líderes globais
        O Fórum de Jovens Líderes Globais (YGLs) – criado pelo World Economic Forum (WEF) – é uma comunidade composta de cerca de 900 jovens considerados como líderes ousados e corajosos, orientados com visão empresarial holística, que investem tempo e talento para fazer do mundo um lugar melhor. A comunidade é formada por jovens com menos de 40 anos, de todas as partes do mundo, escolhidos por meio de rigorosos critérios de seleção, formando um corpo diverso, qualificado e representativo, demonstrando o compromisso de servir a sociedade. O YGLs têm três objetivos: 1) colaboração – construir uma comunidade global diversificada de pessoas que buscam soluções inovadoras para os problemas enfrentados pela humanidade; 2) aprendizagem – transformar a próxima geração de líderes por meio de experiências pessoais, gerando uma melhor compreensão das agendas globais e regionais; 3) ação – impactar positivamente os desafios globais, envolvendo-se em iniciativas relacionadas com os desafios identificados.
         Muito trabalho pela frente terão os YGLs para lidar com as visões de diferentes sistemas culturais de governança, com velocidades diferenciadas nas economias na geopolítica global. Segundo Akio Morita, fundador da Sony Corporation, do Japão, “inovação é fazermos melhor o que fazemos hoje, de forma que se torne obsoleto”. Na visão da Organização das Nações Unidas para o Desenvolvimento Industrial (Unido), que conduz um programa de cooperação técnica com foco em ciência, tecnologia e inovação voltado para países em desenvolvimento, inovar significa quebrar padrões. É o que vem fazendo a China, com reservas de US$ 3,8 trilhões e carga tributária de 18% do Produto Interno Bruto (PIB) – a do Brasil é de 37%. O gigante asiático investe 2% do seu PIB em inovação, o dobro do Brasil. O comércio China-Estados Unidos é de US$ 600 bilhões (Pequim superavitário em US$ 320 bilhões). Com a União Europeia (EU) os chineses têm US$ 430 bilhões de intercâmbio comercial, estando a China superavitária em US$ 132 bilhões. Trocas comerciais entre Brasil e China estão na casa dos US$ 90 bilhões. Na Coreia do Sul, onde mais de 80% da população em idade universitária frequenta o ensino superior, 4,2%  do PIB são direcionados à pesquisa e desenvolvimento. Lá, os nomes dos ministérios mostram a preocupação com o além do presente: a pasta da inovação chama-se Ciência, Tecnologia e Planejamento do Futuro; a da Fazenda, Ministério de Finanças.
         Nos EUA, a Apple que lidera, com o Google, uma comunidade de jovens líderes, lançou sua loja de aplicativos iTunes, em 10 de julho de 2008, com apenas 500 aplicativos disponíveis. Três dias depois, mais de 10 milhões de apps tinham sido baixados. Em seis meses, 15 mil apps estavam disponíveis, chegando a 500 milhões de downloads. O primeiro bilionésimo app baixado ocorreu em 23 de abril de 2009, oito meses após o lançamento – no fim de 2013, mais de 102 bilhões de apps haviam sido baixados. A velocidade das ações inovadoras é revelada em números: em 2013, os aplicativos geraram uma receita de US$ 25 bilhões, e tendências apontam para US$ 70 bilhões em 2017 e um pulo para US$ 500 bilhões em 2023. Hoje, 280 milhões de aplicativos são baixados diariamente em todo o mundo. Atenta à conectividade entre inovações, a PricewaterhouseCoopers (PWC) lançou o relatório anual Global Innovation 2014, mostrando que jovens executivos de inovação em grandes empresas multinacionais acham que investimentos vão mudar substancialmente durante a próxima década. Encontros desses jovens líderes, brasileiros e estrangeiros, acontecem a todo instante no ambiente virtual dos smartphones, que, inovando em soluções tecnológicas, fazem parte do vestiário do dia a dia global, e, à noite, juntam-se aos travesseiros – os cliques não param.
         No Brasil, os líderes da Associação de Jovens Empresários (AJI), ligada à Confederação Nacional de Jovens Empresários (Conaje) – conectados aos YGLs via apps, consumidores de produtos norteamericanos, coreanos e chineses –, são reféns de um país de baixo investimento em ciência e tecnologia e, igualmente, de escolaridade. Têm como objetivo o imenso desafio de contribuir para o desenvolvimento econômico e social com nova mentalidade empresarial e cidadã. São jovens heróis do presente, que enfrentam uma pesada concorrência mundial lutando para construir o nosso futuro comum.”

Eis, portanto, mais páginas contendo importantes, incisivas e oportunas abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança de nossa história – que é de ética, de moral, de princípios, de valores –, para a imperiosa e urgente necessidade de profundas mudanças em nossas estruturas educacionais, governamentais, jurídicas, políticas, sociais, culturais, econômicas, financeiras e ambientais, de modo a promovermos a inserção do País no concerto das potências mundiais livres, civilizadas, soberanas, democráticas e sustentavelmente desenvolvidas...

Assim, urge ainda a efetiva problematização de questões deveras cruciais como:

     a)     a educação – universal e de qualidade –, desde a educação infantil (0 a 3 anos de idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo da modernidade de matricularmos nossas crianças de 6 anos de idade na primeira série do ensino fundamental, independentemente do mês de seu nascimento –, até a pós-graduação (especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade absoluta de nossas políticas públicas (enfim, 125 anos depois, a República proclama o que esperamos seja verdadeiramente o início de uma revolução educacional, mobilizando de maneira incondicional todas as forças vivas do país, para a realização da nova pátria; a pátria da educação, da ética, da justiça, da civilidade, da democracia, da participação, da sustentabilidade...);

     b)    o combate implacável, sem eufemismos e sem tréguas, aos três dos nossos maiores e mais devastadores inimigos que são: I – a inflação, a exigir permanente, competente e diuturna vigilância, de forma a manter-se em patamares civilizados, ou seja, próximos de zero (segundo levantamento da Associação Nacional dos Executivos de Finanças – Anefac –, a alta de abril dos juros  do cartão de crédito chegou a 295,48%  ao ano...); II – a corrupção, há séculos, na mais perversa promiscuidade  –  “dinheiro público versus interesses privados” –, como um câncer a se espalhar por todas as esferas da vida nacional, gerando incalculáveis prejuízos e comprometimentos de vária ordem (a propósito, a simples divulgação do balanço auditado da Petrobras, que, em síntese, apresenta no exercício de 2014 perdas pela corrupção de R$ 6,2 bilhões e prejuízos de R$ 21,6 bilhões, não pode de forma alguma significar página virada – eis que são valores simbólicos –, pois em nossos 515 anos já se formou um verdadeiro oceano de desvios, malversação, saque, rapina e dilapidação do nosso patrimônio...); III – o desperdício, em todas as suas modalidades, também a ocasionar inestimáveis perdas e danos, indubitavelmente irreparáveis (haja vista as muitas faces mostrando a gravidade das crônicas paralisações de obras e serviços públicos, gerando perdas bilionárias...   );

     c)     a dívida pública brasileira, com projeção para 2015, segundo a proposta do Orçamento Geral da União, de exorbitante e insuportável desembolso de cerca de R$ 1,356 trilhão, a título de juros, encargos, amortização e refinanciamentos (apenas com esta rubrica, previsão de R$ 868 bilhões), a exigir imediata, abrangente, qualificada e eficaz auditoria...

Isto posto, torna-se absolutamente inútil lamentarmos a falta de recursos diante de tão descomunal sangria que dilapida o nosso já combalido dinheiro público, mina a nossa capacidade de investimento e de poupança e, mais grave ainda, afeta a credibilidade de nossas instituições, negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à pátria, ao lado de abissais desigualdades sociais e regionais e de extremas e sempre crescentes necessidades de ampliação e modernização de setores como: a gestão pública; a infraestrutura (rodovias, ferrovias, hidrovias, portos, aeroportos); a educação; a saúde; o saneamento ambiental (água tratada, esgoto tratado, resíduos sólidos tratados, macrodrenagem urbana, logística reversa); meio ambiente; habitação; mobilidade urbana (trânsito, transporte, acessibilidade); minas e energia; emprego, trabalho e renda; agregação de valor às commodities; sistema financeiro nacional; assistência social; previdência social; segurança alimentar e nutricional; segurança pública; forças armadas; polícia federal; defesa civil; logística; pesquisa e desenvolvimento; ciência, tecnologia e inovação; cultura, esporte e lazer; turismo; comunicações; qualidade (planejamento – estratégico, tático e operacional –, transparência, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade – “fazer mais e melhor, com menos” –, criatividade, produtividade, competitividade); entre outros...

São, e bem o sabemos, gigantescos desafios mas que, de maneira alguma, abatem o nosso ânimo e nem arrefecem o nosso entusiasmo e otimismo nesta grande cruzada nacional pela cidadania e qualidade, visando à construção de uma Nação verdadeiramente participativa, justa, ética, educada, civilizada, qualificada, livre, soberana, democrática e desenvolvida, que possa partilhar suas extraordinárias e generosas riquezas, oportunidades e potencialidades com todas as brasileiras e com todos os brasileiros. Ainda mais especialmente no horizonte de investimentos bilionários previstos e que contemplam eventos como a Olimpíada de 2016; as obras do PAC e os projetos do Pré-Sal, à luz das exigências do século 21, da era da globalização, da internacionalização das organizações, da informação, do conhecimento, da inovação, das novas tecnologias, da sustentabilidade e de um possível e novo mundo da justiça, da liberdade, da paz, da igualdade – e com equidade –, e da fraternidade universal...

Este é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a nossa fé, a nossa esperança... e perseverança!

O BRASIL TEM JEITO!...      


quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013

A CIDADANIA, A BOA ESCOLA E A NOVA GESTÃO DAS CIDADES


“A boa escola
        
         Meu brilhante colega Gustavo Ioschpe, uma das mais lúcidas vozes no que diz respeito à educação, escreveu o que e um bom professor. Eu já começava este artigo sobre o que acho que deva ser uma boa escola, então aqui vai.
         Primeiro, a escola tem de existir. No Brasil há incrivelmente poucas escolas em relação à necessidade real. Têm de existir escolas para todas as crianças, em todas as comunidades, as mais remotas, com qualidades básicas: não ultrapassar o número de alunos bem acomodados, e que eles não tenham de se locomover para muito longe; instalações dignas, que vão das mesas às paredes, telhado, pátio para diversão e recreio, lugar para exercício físico e esportes; instalações sanitárias decentes, cozinha para alimentar os que não comem suficientemente em casa; alguém com experiência médica ou de enfermagem para atender os que precisarem. Em cada sala de aula, naturalmente, uma boa prateleira com livros sem dúvida doados pelos governos federal, estadual, municipal. E que ali se ensine bem o essencial: aritmética, bom uso da linguagem, noções de história e geografia para que saibam quem são e onde no mundo se situam. Falei até aqui apenas de ensino elementar em escolas menos privilegiadas economicamente. Em comunidades mais resolvidas nesse sentido, tudo isso não será apenas bom, mas excelente, desde a parte material até professores muito bem preparados que sejam bem exigidos e bem pagos.
         No chamado 2º grau, além de livros, quem sabe computadores, mas – ainda que escandalizando alguns – creio que esses objetos maravilhosos, que eu mesma uso constantemente, não substituem um bom professor. E que, nesse degrau da vida, todos sejam preparados para a universidade, desde que queiram e possam. Pois nem todos querem uma carreira universitária, nem todos têm capacidade para isso: para eles, excelentes escolas técnicas, depois das quais podem ter mais ganho do que a maioria dos profissionais liberais. Professores com mestrado e se possível doutorado, diretores que conheçam administração, psicólogos que conheçam  psicologia, todos com saber e postura que os alunos respeitem a fim de que possam aprender.
         Finalmente a universidade, que enganosamente se julga ser o único destino digno de todo mundo (já mencionei acima os cursos técnicos cada dia melhores e mais especializados). Universidade precisa existir, mas não na abundância das escolas elementares. É incompreensível e desastrosa a multiplicação de faculdades de medicina, por exemplo, cujas falhas terão efeitos dramáticos sobre vidas humanas. Tempos pelo país muitas onde alunos não estudam anatomia, pois não há biotério, não têm aulas práticas, pois não há hospital-escola. Essa é uma realidade assustadora, mas bastante comum, que, parece, se tenta corrigir. Dessas pseudofaculdades sairão alunos reprovados nas essenciais provas do CRM, mas que eventualmente vão trabalhar sem condição de atender pacientes. Faculdades de direito pululam pelo país, sem professores habilitados, sem boas bibliotecas, formando advogados que nem escrever razoavelmente conseguem, além de desconhecer as leis – e reprovados aos magotes nas importantíssimas provas da OAB. Coisa semelhante aconteceria com faculdades de engenharia mal preparadas, se existirem, de onde precisam sair profissionais que garantam segurança em obras diversas, de edifícios, casas, estradas, pontes. Vejam que aqui comentei apenas alguns dos inúmeros cursos existentes, muitos com excelente nível, mas não se ignorem os que não têm condições de funcionar, e mesmo assim... existem. Em todas essas fases, segundo cada nível, incluam-se professores bem preparados, muito dedicados, e decentemente pagos – professor não e sacerdote nem faquir.
         O que escrevo aqui é mero, simples, bom-senso. Todos têm direito de receber a educação que os coloque no mundo sabendo ler, escrever, pensar, calcular, tendo ideia do que são e onde se encontram, e podendo aspirar a crescer mais. Isso é dever de todos os governos. E é nosso dever esperar isso deles.”
(LYA LUFT, que é escritora, em artigo publicado na revista VEJA, edição 2310 – ano 46 – nº 9, de 27 de fevereiro de 2013, página 22).

Mais uma importante e oportuna contribuição para o nosso trabalho de Mobilização para a Cidadania e Qualidade vem de artigo publicado no jornal ESTADO DE MINAS, edição de 21 de fevereiro de 2013, caderno OPINIÃO, página 7, de autoria de EDUARDO ATHAYDE, que é diretor do Worldwatch Institute no Brasil (WWI), e que merece igualmente integral transcrição:

“Nova gestão das cidades
        
         O Fórum Econômico Mundial realizado em Davos, na Suíça, de 23 a 27 de janeiro deste ano, mostrou que o conceito de gestão verde está deixando de ser símbolo do ambientalismo e passando a significar eficiência na gestão pública e privada. Reunindo mais de 50 chefes de Estado, 1,5 mil líderes empresariais, além de políticos e acadêmicos para discutir agendas locais, regionais e globais, mais de 2,5 mil participantes de diversos países formavam uma espécie de aldeia tecnológica global, usando tablets e celulares (tecnologias de informação e comunicação – TICs) para ajudar nos agendamentos e deslocamentos internos, no acesso virtual a palestras e, ao mesmo tempo, para gestão remota dos seus países, estados, cidades e empresas.
         Confundir sustentabilidade apenas com preservação ambiental é o mais comum entre os mitos que precisa ser desfeito – sustentabilidade é sinônimo de equilíbrio. Globalmente, as oportunidades de mercado para as “Cidades verdes e inteligentes”, que investem na melhoria da qualidade dos serviços para a população, estão estimadas em US$ 34 bilhões/ano. Com o aumento da renda e da qualidade de vida, a classe média mundial, que hoje é de 2,5 bilhões de pessoas, será de 5 bilhões de habitantes/consumidores em 2030.
         A internet expandiu de 0,1% da população global em 2002, para 33% em 2012 (é estimada para 55% da população em 2020. Nas últimas décadas, cidades no mundo foram conectadas por uma poderosa rede invisível de TICs, mudando a dinâmica do poder urbano, ajudando cidadãos a exercer legitimamente a sua parcela do poder. Como todos usam celulares, as operadoras têm condições de identificar, em tempo real, os fluxos das pessoas nas cidades, as tendências de estrangulamentos no tráfego, a concentração em eventos, os deslocamentos de massas e ajudar no planejamento e nas intervenções pontuais.
         O Brasil, com 194 milhões de habitantes, 84% urbanos, já tem mais de 260 milhões de celulares, dos quais 60 milhões são terminais com acesso à internet via banda larga. A tecnologia que salva vidas e emociona pessoas encurta distâncias e abranda saudades, também ajuda a sociedade a ser cada vez mais sustentável.
         Enquanto nos EUA os engarrafamentos de trânsito geram – por ano – um desperdício de 10,6 bilhões de litros de combustíveis, prejuízo de 4,2 bilhões de horas de trabalho e uma perda econômica de US$ 87,2 bilhões, o sistema de bicicletas comunitárias de Paris tornou-se possível por meio de uma parceria público-privada (PPP) com a gigante da publicidade JCDecaux, que, via TICs, fornece e mantém o sistema em troca de uma parcela do espaço publicitário da cidade.
         Usando TICs, várias cidades do Canadá não fazem mais coleta do lixo. Uma máquina separa automaticamente os recicláveis colocando em sacolas biodegradáveis para virar adubo vendido pelo preço de mercado. Os caminhões de lixo são movidos a gás produzido pelo próprio lixo que retiram das ruas. Empresas como a Smart + Connected Communities, da Cisco, Cities, da GE, e Sustainable Cities, da Siemens, por exemplo, têm usado suas avançadas tecnologias para ajudar cidades ao redor do mundo.
         As TICs ajudam a inovar na gestão e dão suporte aos princípios estabelecidos pela Política Nacional de Mobilidade Urbana – Lei 12.587/12. Diante da falência dos modelos de gestão pública e a elevada burocracia, as TICs facilitam a gestão, o acompanhamento das parcerias público-privadas, a auditoria e o controle social, impondo transparência nas ações de infraestrutura, transporte, educação, saúde, entretenimento, áreas públicas de lazer, ajudando a promover sustentabilidade na vida urbana.”

Eis, portanto, mais páginas contendo importantes, adequadas e oportunas abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança de nossa história – que é de ética, de moral, de princípios, de  valores –, para a imperiosa e urgente necessidade de profundas mudanças em nossas estruturas educacionais, governamentais, jurídicas, políticas, sociais, culturais, econômicas, financeiras e ambientais, de modo a promovermos a inserção do País no concerto das potências mundiais livres, civilizadas, soberanas, democráticas e sustentavelmente desenvolvidas...

Assim, urge ainda a efetiva problematização de questões deveras cruciais como:    
a   
           a) a educação – universal e de qualidade, desde a educação infantil (0 a 3 anos de idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo da modernidade de matricularmos nossas crianças de 6 anos de idade na primeira série do ensino fundamental, independentemente do mês de seu nascimento –, até a pós-graduação (especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade absoluta de nossas políticas públicas;
     b)    o combate, implacável e sem trégua, aos três dos nossos maiores e mais devastadores inimigos que são: I – a inflação, a exigir permanente e diuturna vigilância, de forma a manter-se em patamares civilizados; II – a corrupção, como um câncer a se espalhar por todas as esferas da vida nacional, gerando incalculáveis prejuízos e comprometimentos de variada ordem; III – o desperdício, em todas as suas modalidades, também a ocasionar inestimáveis perdas e danos, inexoravelmente irreparáveis (por exemplo, o contundente caso dos engarrafamentos de trânsito nos EUA, que geram, por ano, prejuízos e perdas econômicas da ordem de US$ 87,2 bilhões);
     c)      a dívida pública brasileira, com projeção para 2013, segundo o Orçamento Geral da União, de astronômico e intolerável desembolso de cerca de R$ 1 trilhão, a título de juros, encargos, amortização e refinanciamentos (apenas com esta rubrica, previsão de R$ 610 bilhões), a exigir igualmente uma imediata, abrangente, qualificada e eficaz auditoria...

Isto posto, torna-se absolutamente inútil lamentarmos a falta de recursos diante de tanta sangria que dilapida o nosso já combalido dinheiro público, mina a nossa capacidade de investimento e de poupança e, mais grave ainda, afeta a credibilidade de nossas instituições, negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à pátria, ao lado de extremas e sempre crescentes necessidades de ampliação e modernização de setores como: a gestão pública; a infraestrutura (rodovias, ferrovias, hidrovias, portos, aeroportos); educação;saúde; saneamento ambiental (água tratada, esgoto tratado, resíduos sólidos tratados; macrodrenagem urbana, logística reversa); meio ambiente; mobilidade urbana (trânsito, transporte, acessibilidade); habitação; emprego, trabalho e renda; assistência social; previdência social; segurança alimentar e nutricional; segurança pública; forças armadas; polícia federal; defesa civil; agregação de valor às commodities; minas e energia; logística; pesquisa e desenvolvimento; ciência, tecnologia e inovação; turismo; esporte, cultura e lazer; comunicações; qualidade (planejamento, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade, criatividade, produtividade, competitividade), entre outros...

São, e bem o sabemos, gigantescos desafios mas que, de maneira alguma, abatem o nosso ânimo nem arrefecem nosso entusiasmo e otimismo nesta grande cruzada nacional pela cidadania e qualidade, visando à construção de uma Nação verdadeiramente justa, ética, educada, civilizada, qualificada, livre, soberana, democrática, desenvolvida e solidária, que possa partilhar suas extraordinárias riquezas, oportunidades e potencialidades com todas as brasileiras e com todos os brasileiros, especialmente no horizonte  de investimentos bilionários previstos e que contemplam eventos como a 27ª Jornada Mundial da Juventude no Rio de Janeiro em julho; a Copa das Confederações em junho; a Copa do Mundo de 2014; a Olimpíada de 2016; as obras do PAC e os projetos do pré-sal, segundo as exigências do século 21, da era da globalização, da internacionalização das empresas, da informação, do conhecimento, da inovação, das novas tecnologias, da sustentabilidade e de um possível e novo mundo da justiça, da liberdade, da paz, da igualdade – e com equidade –, e da fraternidade universal...

Este é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a nossa fé, a nossa esperança... e perseverança!...

O BRASIL TEM JEITO!...