segunda-feira, 31 de agosto de 2015

A CIDADANIA E OS DESAFIOS DA QUALIDADE DE VIDA E DA EDUCAÇÃO

“Vida pessoal e empresarial
        No atual cenário, mais do que nunca, há a necessidade de as empresas se modernizarem e serem mais produtivas para se manterem competitivas, ao mesmo tempo em que variadas crises testam os limites e a longevidade das organizações. Manter custos competitivos, produtos inovadores, clientes leais e uma liderança inspiradora são desafios impostos pelo mercado. Os cenários prometem negócios crescentemente competitivos e instáveis. Ciclos cada vez menores de mudança ditam a necessidade de reorientação de visão. Para tempos incomuns, exigem-se ainda mais profissionais com sensibilidade para compreender o todo, propor soluções e agir. Em um tempo de pressão por resultados, o jogo intenso da rotina requer determinação, equilíbrio emocional e perspicácia. Diante desse cenário, como equilibrar uma vida profissional mais exigente com vida pessoal plena e feliz?
         Acredito que o ser humano tenha que olhar para tudo isso de forma integrada, sempre balanceando as questões pessoais. Tem que se dedicar ao trabalho e dar o melhor que puder, mas essa não pode ser a única dimensão de sua vida. Precisa conviver com a família, desfrutar o tempo com os amigos, manter a própria saúde, sem a qual não poderá fazer mais nada. Cuidar da sua espiritualidade e do seu interior. E não me refiro à religião, mas à própria individualidade, considerando a importância do autoconhecimento, da visão sistêmica e da ética. Todas essas são formas de assegurar o equilíbrio. As grandes doenças hoje estão ligadas ao estresse, ao lado psíquico desbalanceado. As próprias estatísticas e estudos da medicina mostram que o estresse é resultado da incapacidade das pessoas de equilibrar as várias dimensões da própria vida, gerando problemas em cascata. Harmonizar essas dimensões vai permitir ao indivíduo uma vida melhor. E buscar a felicidade em todas as suas interações. As empresas e as pessoas com uma visão amplificada ajudarão a construir uma relação que evolui continuamente para a busca do equilíbrio, sendo boa para os dois lados. A meu ver, à empresa cabe preparar líderes diferenciados, capazes de enxergar a diversidade em um tempo em que receitas prontas de gestão sucumbem diante da necessidade de flexibilidade, inovação e de uma única certeza: a mudança. Uma liderança inspiradora com profissionais que se autoconheçam, exercitem a visão sistêmica e se preocupem em manter o próprio equilíbrio antes de gerir uma equipe. O grande líder é que lidera pelo exemplo, ou seja, pelas suas ações. A capacidade do capital humano de uma empresa de otimizar recursos e, sobretudo, inovar só acontece em um clima organizacional que favoreça a criatividade, o trabalho cooperativo, a saúde e a segurança das pessoas. Um dos aspectos da liderança transformadora é conseguir adequar os interesses pessoais aos resultados organizacionais e acreditar no desenvolvimento permanente das pessoas.
         Aos demais profissionais, é preciso ter inteligência emocional para suportar os desafios que estão postos pela realidade contemporânea. E pensar sobre suas escolhas. Quem está realizado, satisfeito, vendo valor e sentido naquilo que faz, certamente estará mais atento à saúde, à segurança e à qualidade de vida em geral. Em tempos de crise como o atual, essa pode ser, também, oportunidade para uma reflexão sobre todos esses aspectos.”.

(RICARDO GARCIA. Vice-presidente de recursos humanos e tecnologia da informação da ArcelorMittal Américas Central e do Sul, em artigo publicado no jornal ESTADO DE MINAS, edição de 12 de agosto de 2015, caderno OPINIÃO, 
página 7).

Mais uma importante e oportuna contribuição para o nosso trabalho de Mobilização para a Cidadania e Qualidade vem de artigo publicado no mesmo veículo, edição de 17 de maio de 2008, mesmo caderno, página 13, de autoria de SÉRGIO CAVALIERI, presidente da Associação dos Dirigentes Cristãos de Empresas (ADCE), e que merece igualmente integral transcrição:

“Educação com qualidade
        Graças à continuidade de uma política econômica adequada, à ampliação do mercado interno e ao crescimento mundial, o Brasil apresenta taxa de aumento do Produto Interno Bruto (PIB) da ordem de 30% nos últimos oito anos. Investimentos empresariais significativos geram empregos, ampliam a renda, elevam as exportações, o saldo de divisas beira US$ 200 bilhões e o país acaba de receber o grau de investimento internacional. O governo federal bate recordes sucessivos de arrecadação tributária, mesmo sem a CPMF e, ainda que gaste muito e mal, as contas públicas permanecem sob controle. Mas como está o Brasil? Aproveitou o bom momento para construir uma base sólida que garanta transformar o atual crescimento em desenvolvimento? Foram realizadas reformas visando transformar o país num Estado moderno? Em que situação se encontra a infra-estrutura (rodovias, ferrovias, energia, portos, aeroportos, saneamento)? E as pessoas, os jovens, cidadãos do futuro? Será que estamos na rota de nos tornarmos um país de Primeiro Mundo, numa nação? Lamentavelmente, a resposta é não.
         Na agende de mudanças essenciais, avançamos muito pouco. Além disso, não progredimos no fator crucial para a base sustentada de desenvolvimento, que é a formação de capital humano. Estão muito aquém do desejável a educação formal dos jovens na escola, o ensino de valores morais e princípios de cidadania, direitos e obrigações cultuados e respeitados, a família estruturada, o respeito ao outro, o desejo de servir, num ambiente onde as pessoas acumulem conhecimento e o transmitam para as próximas gerações. Esses temas estão negligenciados e fora da pauta dos governos e da própria sociedade. Desenvolvimento é um conceito mais amplo que o mero crescimento, representado pelos números frios da economia.
         Um dado revela a distância que estamos dos países desenvolvidos. O exame do Programa Internacional de Avaliação de Alunos (Pisa), que é realizado pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) para medir o grau de conhecimento de jovens de 15 anos do mundo todo em idioma, matemática e ciências, revela que a posição dos brasileiros é muito ruim e encontra-se estagnada nas últimas posições entre as nações industrializadas. O país avançou na inclusão escolar. Hoje, 95% dos jovens de sete a 14 anos frequentam a escola, no entanto a qualidade do ensino ficou esquecida. Educação precede o desenvolvimento. Só é possível pensar em desenvolvimento com a principal matéria-prima, um povo educado, que tenha atitudes éticas, cidadania, respeito às leis e que esteja preparado para os desafios do futuro. Países que há pouco tempo eram considerados do Terceiro Mundo e que conseguiram sair dessa condição, como Japão e Coréia do Sul, só deram um salto de qualidade ao investir maciçamente em educação ao longo de décadas. O Brasil vai bem no aspecto econômico, mas a sociedade tem pressa. O ritmo dos nossos homens públicos não é compatível com a velocidade das mudanças que a sociedade precisa. As demandas são grandes e os recursos, limitados.
         Por esse motivo, é indispensável planejar, fazer escolhas prioritárias voltadas para o desenvolvimento efetivo. A Associação de Dirigentes Cristãos de Empresas (ADCE) fez sua opção há 77 anos, quando a entidade foi fundada na Bélgica por empresários preocupados quanto à situação de opressão e descaso com os trabalhadores. A instituição e todos aqueles que a integram hoje escolheram trabalhar em prol dos seres humanos, pela justiça social, pelo respeito à dignidade das pessoas. A sociedade também precisa fazer sua escolha e cobrar de seus representantes, os políticos, que optem pelo mesmo caminho, pois são eleitos para fazer o necessário pelo país e não o que é melhor para eles próprios. Que a opção principal seja pela educação, pois só assim o país poderá atingir a condição de desenvolvido e construir uma verdadeira nação. Os brasileiros têm características fantásticas, como alegria, flexibilidade, adaptabilidade, criatividade, sagacidade, inteligência, emotividade e fé. Quando tudo isso for alavancado pela educação formal e técnica e pela disseminação e assimilação de valores, aí, sim, poderemos dizer “ninguém segura este país”.”.

Eis, portanto, mais páginas contendo importantes, incisivas e oportunas abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança de nossa história – que é de ética, de moral, de princípios, de valores –, para a imperiosa e urgente necessidade de profundas mudanças em nossas estruturas educacionais, governamentais, jurídicas, políticas, sociais, culturais, econômicas, financeiras e ambientais, de modo a promovermos a inserção do País no concerto das potências mundiais livres, civilizadas, soberanas, democráticas e sustentavelmente desenvolvidas...

Assim, urge ainda a efetiva problematização de questões deveras cruciais como:

     a)     a educação – universal e de qualidade –, desde a educação infantil (0 a 3 anos de idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo da modernidade de matricularmos nossas crianças de 6 anos de idade na primeira série do ensino fundamental, independentemente do mês de seu nascimento –, até a pós-graduação (especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade absoluta de nossas políticas públicas (enfim, 125 anos depois, a República proclama o que esperamos seja verdadeiramente o início de uma revolução educacional, mobilizando de maneira incondicional todas as forças vivas do país, para a realização da nova pátria; a pátria da educação, da ética, da justiça, da civilidade, da democracia, da participação, da sustentabilidade...);

     b)    o combate implacável, sem eufemismos e sem tréguas, aos três dos nossos maiores e mais devastadores inimigos que são: I – a inflação, a exigir permanente, competente e diuturna vigilância, de forma a manter-se em patamares civilizados, ou seja, próximos de zero (segundo dados do Banco Central, a taxa de juros do cartão de crédito atingiu em  junho a marca de 372,0% ao ano... e mais, em julho, o IPCA acumulado nos últimos doze meses chegou a 9,56%...); II – a corrupção, há séculos, na mais perversa promiscuidade  –  “dinheiro público versus interesses privados” –, como um câncer a se espalhar por todas as esferas da vida nacional, gerando incalculáveis prejuízos e comprometimentos de vária ordem (a propósito, a lúcida observação do procurador chefe da força-tarefa da Operação Lava Jato, Deltan Dallagnol: “A Lava Jato ela trata hoje de um tumor, de um caso específico de corrupção, mas o problema é que o sistema é cancerígeno...” – e que vem mostrando também o seu caráter transnacional;  eis, portanto, que todos os valores que vão sendo apresentados aos borbotões, são apenas simbólicos, pois em nossos 515 anos já se formou um verdadeiro oceano de suborno, propina, fraudes, desvios, malversação, saque, rapina e dilapidação do nosso patrimônio... Então, a corrupção mata, e, assim, é crime...); III – o desperdício, em todas as suas modalidades, também a ocasionar inestimáveis perdas e danos, indubitavelmente irreparáveis (por exemplo, segundo Lucas Massari, no artigo ‘O Desperdício na Logística Brasileira’, a “... Desconfiança das empresas e das famílias é grande. Todos os anos, cerca de R$ 1 trilhão, é desperdiçado no Brasil. Quase nada está imune à perda. Uma lista sem fim de problemas tem levado esses recursos e muito mais. De cada R$ 100 produzidos, quase R$ 25 somem em meio à ineficiência do Estado e do setor privado, a falhas de logística e de infraestrutura, ao excesso de burocracia, ao descaso, à corrupção e à falta de planejamento...”;
c
     c)     a dívida pública brasileira - (interna e externa; federal, estadual, distrital e municipal) –, com projeção para 2015, apenas segundo a proposta do Orçamento Geral da União, de exorbitante e insuportável desembolso de cerca de R$ 1,356 trilhão, a título de juros, encargos, amortização e refinanciamentos (ao menos com esta rubrica, previsão de R$ 868 bilhões), a exigir alguns fundamentos da sabedoria grega:
- pagar, sim, até o último centavo;
- rigorosamente, não pagar com o pão do povo;
- realizar uma IMEDIATA, abrangente, qualificada, independente e eficaz auditoria... (ver também www.auditoriacidada.org.br)
(e ainda a propósito, no artigo Melancolia, Vinicius Torres Freire, diz: “... Não será possível conter a presente degradação econômica sem pelo menos, mínimo do mínimo, controle da ruína das contas do governo: o aumento sem limite da dívida pública...”);

Destarte, torna-se absolutamente inútil lamentarmos a falta de recursos diante de tão descomunal sangria que dilapida o nosso já combalido dinheiro público, mina a nossa capacidade de investimento e de poupança e, mais grave ainda, afeta a credibilidade de nossas instituições, negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à pátria, ao lado de abissais desigualdades sociais e regionais e de extremas e sempre crescentes necessidades de ampliação e modernização de setores como: a gestão pública; a infraestrutura (rodovias, ferrovias, hidrovias, portos, aeroportos); a educação; a saúde; o saneamento ambiental (água tratada, esgoto tratado, resíduos sólidos tratados, macrodrenagem urbana, logística reversa); meio ambiente; habitação; mobilidade urbana (trânsito, transporte, acessibilidade); minas e energia; emprego, trabalho e renda; agregação de valor às commodities; sistema financeiro nacional; assistência social; previdência social; segurança alimentar e nutricional; segurança pública; forças armadas; polícia federal; defesa civil; logística; pesquisa e desenvolvimento; ciência, tecnologia e inovação; cultura, esporte e lazer; turismo; comunicações; qualidade (planejamento – estratégico, tático e operacional –, transparência, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade – “fazer mais e melhor, com menos” –, criatividade, produtividade, competitividade); entre outros...

São, e bem o sabemos, gigantescos desafios mas que, de maneira alguma, abatem o nosso ânimo e nem arrefecem o nosso entusiasmo e otimismo nesta grande cruzada nacional pela cidadania e qualidade, visando à construção de uma Nação verdadeiramente participativa, justa, ética, educada, civilizada, qualificada, livre, soberana, democrática e desenvolvida, que possa partilhar suas extraordinárias e generosas riquezas, oportunidades e potencialidades com todas as brasileiras e com todos os brasileiros. Ainda mais especialmente no horizonte de investimentos bilionários previstos e que contemplam eventos como a   Olimpíada de 2016; as obras do PAC e os projetos do Pré-Sal, à luz das exigências do século 21, da era da globalização, da internacionalização das organizações, da informação, do conhecimento, da inovação, das novas tecnologias, da sustentabilidade e de um possível e novo mundo da justiça, da liberdade, da paz, da igualdade – e com equidade –, e da fraternidade universal...

Este é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a nossa fé, a nossa esperança... e perseverança!

“VI, OUVI E VIVI: O BRASIL TEM JEITO!”