sexta-feira, 4 de setembro de 2009

A CIDADANIA REDUZ A CORRUPÇÃO E A POBREZA

“A sociedade está se tornando mais consciente da importância da educação, e isto permite que ela forneça novos recursos ao setor, além daqueles proporcionados pelo Estado. Entre as contribuições positivas da educação para a sociedade, duas pareciam estar por ocorrer e teriam forte impacto: reorganização da cidadania, pela criação de uma ordem social mais justa; e o desenvolvimento de habilidades e competências para a vida, que permitiria reduzir as desigualdades sociais e econômicas.
(SIMON SCHARTZMAN, em As causas da pobreza – Rio de Janeiro: Editora FGV, 2004, página 146)

Mais uma OPORTUNA contribuição para o nosso trabalho de MOBILIZAÇÃO PARA A CIDADANIA E QUALIDADE vem de artigo publicado no Jornal ESTADO DE MINAS, edição de 1° de setembro de 2009, Caderno OPINIÃO, página 9, de autoria de FÁBIO CALDEIRA CASTRO SILVA, Mestre em ciência política, doutor em direito (UFMG), com INTEGRAL transcrição:

“Corrupção e pobreza

Quando a relação entre o setor privado e os poderes constituídos do Estado são obscuros e promíscuos, a corrupção se mostra presente na sua forma mais avassaladora e com conseqüências mais nefastas, desconsiderando, principalmente, os princípios constitucionais da legalidade e da moralidade. Estudos mostram que essa promiscuidade ocorre em todo o mundo, mas é mais marcante nos antigos países da Europa comunista e em nações em desenvolvimento, inclusive o Brasil.

Susan Rose Ackerman, em sua pesquisa apoiada pelo Banco Mundial Corruption and Government – Causes, Consequences and Reform, expõe que a corrupção traz como principais conseqüências o aumento da desigualdade e da pobreza, quando recursos públicos são irrigados de áreas sociais; a degradação de imagem dos políticos e da democracia; e fuga do investimento sadio, em setores nacionais e internacionais. “Altos níveis de corrupção se associam a baixos níveis de investimento e crescimento”, diz a autora. Os dois primeiros itens são mais visíveis em âmbito nacional, quando é analisado o paradoxo do enorme potencial econômico brasileiro com o vergonhoso título de um dos países mais desiguais do planeta, com um enorme abismo entre ricos e pobres. Com grande preocupação, a imagem dos políticos, não sem motivos, vem se degradando a cada dia, pois são cada vez mais comuns situações e exemplos de sobreposições de interesses pessoais, muitas vezes, escusos, às nobres causas voltadas para o interesse público e o bem comum. A luz no fim do túnel só será realidade quando o cidadão for visto como destinatário de políticas públicas e, na condição de pagador de impostos, financiador das atividades estatais, em suas funções executivas, legislativas e judiciárias.

Em recente estudo, a Comissão Econômica para a América Latina e Caribe (Cepal) revela que, de cada 100 latino-americanos, em torno de 40 são pobres e pelo menos 18 são indigentes – não é à toa que a corrupção seja marcante no buscontinente. Segundo Susan Rose, em geral, é marcante e explícita a relação entre níveis de corrupção de um país e pobreza da população. Sendo um crime, deve ser combatida, pois a impunidade a torna cada vez mais agressiva e abrangente. Quando trata da corrupção na política, a autora revela que a estabilidade do sistema político e da democracia efetiva de um país são fatores inibidores e que dificultam a ação dos corruptos e corruptores.

Como não podia deixar de ser, o capítulo do financiamento de campanhas ganha destaque, à medida que grupos privados poderosos financiam campanhas posteriormente obterem vantagens ilícitas, como as fraudes licitatórias. Segundo Susan, “os sistemas políticos democráticos devem encontrar uma forma de financiar as campanhas políticas sem promover a venda de políticos aos respectivos doadores”. Com a globalização, foi alterada a dinâmica das doações de campanha, seja nas contribuições legais como nas de caixa dois: antes, sobressaíam as doações de empresas locais e nacionais; hoje, ganham destaque as multinacionais e bancos. Vale lembrar Rui Barbosa: “De tanto ver triunfar as nulidades, de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça, de tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar-se da virtude, a rir-se da honra, a ter vergonha de ser honesto”.”

Eis, no final, a PROSTRAÇÃO que, naquela época (Rui Barbosa: 1849 – 1923), tomou conta de boa parte do CONSCIENTE e INCONSCIENTE coletivos, perpassando cerca de UM SÉCULO sem NENHUMA perspectiva do ANTÍDOTO: a MOBILIZAÇÃO PARA A CIDADANIA E QUALIDADE, que nos ANIMA e MOTIVA com o mesmo ENTUSIASMO, a mesma ENERGIA, a mesma ALEGRIA, a mesma CORAGEM, a mesma DETERMINAÇÃO de BRASILEIROS e BRASILEIRAS que, a DESPEITO do mar de lama, NUNCA se sujaram. Assim, diante das IMENSAS potencialidades e riquezas do PAÍS, conseguiremos MANTER ACESA a chama da FÉ e da ESPERANÇA na construção de uma NAÇÃO verdadeiramente JUSTA, LIVRE, DESENVOLVIDA e SOLIDÁRIA, cujos BILIONÁRIOS INVESTIMENTOS tenham como DESTINATÁRIOS TODOS os BRASILEIROS e TODAS as BRASILEIRAS!

Que no horizonte do BRASIL 2014, tenhamos a perspectiva REAL da CONQUISTA da COPA da CIDADANIA e da FRATERNIDADE e da PAZ
e, de ACRÉSCIMO, a COPA DO MUNDO DE FUTEBOL!...

Um comentário:

Tereza disse...

Estes estudos só vem reforçar o que tantos e tantos brasileiros já setem na pele: corrupção em alta, porbreza em alta. Ou seja enquanto tivermos políticos corruptos, empresários da mesma linhagem e até mesmo líderes religiosos, como se viu na emprensa nas últimas semanas, teremos o povo mais pobre e mais sofrido. E ao se pensar que isto pode mudar com um simples gesto de digitar alguns números em uma urna eletrônica, fica maior ainda o paradoxo: temos conhecimento, sabemos quem são os corruptos e ficamos inertes e deixamos que as "famílias políticas" sobrevivam de eleição a eleição. È o Brasil tem que mudar, mas nos temos que mudar primeiro.