quarta-feira, 17 de novembro de 2010

A CIDADANIA NÃO TOLERA O ANALFABETISMO

“Cortina de burrice

[...] Ao lermos as descrições feitas por viajantes estrangeiros que passaram pelo Brasil, constatamos o primitivismo da nossa sociedade. Se a corte permanecia tosca, o interiorzão estava ainda mais distante do progresso social acumulado pela Europa, em 2000 anos. Progredimos muito desde então. Mas as cicatrizes do atraso estão por todos os lados. Limitemo-nos a olhar os valores que a civilização ocidental amadureceu, em meio a guerras, perseguições e sangue. O que pode aprender um jovem que vai ao Primeiro Mundo, a fim de conviver com o povo, não com o guia nem com o motorista do ônibus do pacote turístico? Vejamos:

• O valor do futuro, de pensar no amanhã, ao invés do hoje (a essência da sustentabilidade do meio ambiente).
• O sentido de economia, de não esbanjar, de não se exibir, à custa do magro orçamento.
• O hábito automático de cumprir o prometido (um amigo tenista, no Rio, não encontrou os parceiros combinados para o dia seguinte. Em Washington, estavam lá para o compromisso combinado três semanas antes).
• Trabalho manual não é humilhante. Usar as mãos educa.
• Cumprir a lei, branda ou dura. Uma vez aprovada, é para valer.
• Respeito pelo próximo, no trânsito, no silêncio e em tudo o mais.
• Segurança pessoal (deixar o carro em um ermo e encontrá-lo ileso, no dia seguinte).
• Quem vigia tudo é a sociedade, mais do que a polícia.
• Profissionalismo. Há uma maneira melhor de fazer as coisas. O profissional a conhece e a aplica.

Desdenhamos tal herança e macaqueamos hábitos cretinos e modas tolas. Agora temos “delivery” de pizza e “sales” com preços imperdíveis. Importamos o “crack”, as tatuagens, o Big Brother e, de repente, saímos todos com uma garrafa de água mineral na mão, para socorrer uma súbita e fatal crise de sede, no quarteirão seguinte. Pelo menos as senhoras elegantes do Rio já não usam mais casacos de pele nas recepções.”
(CLÁUDIO DE MOURA CASTRO, em artigo publicado na Revista VEJA, edição 2191 – ano 43 – nº 46, de 17 de novembro de 2010, página 24).

Mais uma IMPORTANTE e OPORTUNA contribuição para o nosso trabalho de MOBILIZAÇÃO PARA A CIDADANIA E QUALIDADE vem de EDITORIAL do Jornal ESTADO DE MINAS, edição de 24 de outubro de 2010, Caderno OPINIÃO, página 8, que merece INTEGRAL transcrição:

“São milhões de tiriricas

Incapazes de ler o nome do país em que vivem, há no Brasil 14,1 milhões de pessoas maiores de 15 anos que, se soubessem, escreveriam um bilhete em protesto contra a escuridão em que se encontram. Sobram-lhes razões. Em pleno século 21, essa é uma chaga que coloca em dúvida os propalados avanços do país rumo ao mundo desenvolvido e a pretensão de ocupar posição de destaque entre as oito maiores economias do planeta. Os dados são da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad), concluída em 2009, em base de dados levantada em 2007. Há poucas indicações de que esse quadro tenha melhorado significativamente. Aliás, se pudessem, os autores do bilhete às autoridades acrescentariam pedido de mais apoio aos programas e aos abnegados professores do ensino para jovens e adultos. São enormes as dificuldades enfrentadas pelos que se dedicam a levar as luzes do alfabeto a adultos e mesmo a jovens. Faltam recursos para oferecer ensino atraente e os alunos são inibidos pela vergonha de não saber ler e pela luta contra a pobreza do dia a dia.

Nem todos têm a sorte e o talento do palhaço Tiririca, que, ao receber 1,3 milhão de votos para representar São Paulo na Câmara dos Deputados, provocou polêmica entre juristas e intelectuais. Enquanto a Justiça decide se pode diplomá-lo, o Estado de Minas visitou várias vítimas da difícil condição de analfabeto. Muitos que conseguiram até criar família, o que faz pensar de que não seriam capazes se tivessem tido acesso, na idade certa, ao alfabeto e à tabuada. “Ser analfabeta é humilhante”, disse uma entrevistada. “É a pior coisa que existe. Não podia andar sozinha, não sabia o preço de nada, não conseguia pegar um ônibus”. Testemunhou uma outra, que, depois de criar 19 filhos, vive o entusiasmo das primeiras letras.

Eles não fazem ideia do que são as Metas do Milênio, definidas em 2000, pela Conferência Mundial de Educação, em Dacar, sob o patrocínio da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco). O Brasil comprometeu-se a chegar em 2015 com taxa de analfabetismo de no máximo 6,7% da população. A meta estava longe de ser ousada e, a bem da verdade, deveria ter sido bem mais perto de zero. Contudo, no ritmo em que o país vem reduzindo seu vergonhoso estoque de analfabetos, especialistas ouvidos pela reportagem já colocam em dúvida até mesmo o piso compromissado. O passado recente não sugere conclusão diferente. Segundo o IBGE, em 2001, o Brasil tinha 14,9 milhões de analfabetos com mais de 15 anos. Portanto, em seis longos anos, não retiramos mais do que 800 mil brasileiros.

Seja em razão do tal compromisso com as Metas do Milênio, seja com outro que deveria ser ainda muito mais importante, com a consciência nacional e o respeito a essa multidão de analfabetos, não é aceitável andar tão devagar, quase parando, com tamanha prioridade. Seja qual for o próximo governo, um programa que mobilize recursos e pessoas no combate ao analfabetismo, de modo a tornar modesto o compromisso com a Unesco, terá de ser obrigação. É hora de o país pagar essa dívida desonrosa com 14 milhões de brasileiros.”

Eis, portanto, mais páginas com graves REFLEXÕES acerca do SECULAR descaso para com a EDUCAÇÃO que, no entanto, nos MOTIVAM e nos FORTALECEM nesta grande CRUZADA NACIONAL pela CIDADANIA E QUALIDADE, visando à construção de uma NAÇÃO verdadeiramente JUSTA, ÉTICA, EDUCADA, QUALIFICADA, LIVRE, DESENVOLVIDA e SOLIDÁRIA, que possa PARTILHAR suas EXTRAORDINÁRIAS RIQUEZAS e POTENCIALIDADES com TODOS os BRASILEIROS e com TODAS as BRASILEIRAS, especialmente no horizonte de INVESTIMENTOS BILIONÁRIOS previstos para eventos como a COPA DO MUNDO DE 2014, a OLIMPÍADA DE 2016 e os projetos do PRÉ-SAL, segundo as exigências do SÉCULO XXI, da era da GLOBALIZAÇÃO, da INFORMAÇÃO, do CONHECIMENTO, das NOVAS TECNOLOGIAS, da SUSTENTABILIDADE e de um mundo da PAZ e FRATERNIDADE UNIVERSAL...

Este é o nosso SONHO, o nosso AMOR, a nossa LUTA, a nossa FÉ e a nossa ESPERANÇA!...

O BRASIL TEM JEITO!...

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