quarta-feira, 24 de novembro de 2010

A CIDADANIA NA LUTA PELA ELIMINAÇÃO DA POBREZA

“Por amor ao outro

O Fórum das Letras de Ouro Preto, que terminou na segunda-feira, teve como tema a literatura africana de expressão portuguesa. Durante seis dias, dezenas de escritores de Portugal, Angola, Moçambique e Cabo Verde dialogaram com seus colegas brasileiros. O público, que este ano quase dobrou em relação às edições anteriores, teve à disposição uma gama de debates e temas, que foram da literatura ao cinema, passando pelo jornalismo, história, religião e ecologia. Num tempo que cultua a pressa e a superficialidade, o fórum deu uma lição de calma e conteúdo; num momento em que todos exibem títulos de posse de saber, o encontro se deu a portas abertas, sem necessidade de crachá de qualquer espécie, dos burocráticos aos ideológicos.

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NOVA CHAVE O Fórum de Ouro Preto parece assumir feição própria. E sobre isso cabe uma reflexão de ordem mais política. Na sociedade contemporânea acostumamos a deixar sempre para o outro a função de fazer o mundo funcionar. A responsabilidade é sempre dos políticos, dos dirigentes, da elite, dos pais, dos patrões, dos mandantes. O cidadão, mesmo que cobre espaço de avanço da cidadania, quer tudo garantido pela lei e exercido pela autoridade pública.

Marcuse, num ensaio intitulado “Ultrapassar o conceito de massas”, defendia que o processo social e a revolução se instalavam em indivíduos grávidos de necessidade de libertação. Só os que vão além do egoísmo são capazes de mudanças. O maior desafio revolucionário não se dá em grandes estruturas, mas no indivíduo. A passagem decisiva para transformar o mundo, lendo o filósofo com liberdade, se dá no trajeto do homem solitário para o homem solidário.

Ronald Laing, ao definir o “homem dividido”, alertava para esse duplo vínculo, entre as demandas do individualismo e o compromisso com todos os homens. Não é preciso dizer para que lado anda pesando essa divisão do ego. No nosso cotidiano competitivo, as pessoas só se dispõem a fazer algo que sirva para elas, que lhes dê lucro. A visão de comunidade só é possível para quem também se vê como parte do grupo. A nova chave política deve somar os anseios coletivistas com a mudança da sensibilidade individual.

O que isso tem a ver com o Fórum das Letras? Muito. Organizar um evento que não dá lucro, voltado para temas que não tornam os outros mais poderosos, que não exige mais que interesse e curiosidade, que se esmera em melhorar as pessoas é uma ação política meritória. A isso se soma o cuidado em se fazer o trabalho com cuidado e distinção, dando a todos a sensação de participar de uma situação civilizada. Além disso, dá para imaginar a carga de tarefas, que vão do desenho intelectual ao cumprimento das demandas operacionais de toda ordem.

A organizadora do evento, a escritora Guiomar de Grammont, simbolizou, com seu comportamento eficiente, inteligente, elegante e afetivo, a possibilidade de mobilizar uma equipe em direção a objetivos que vão além do sucesso do Fórum para se tornar um ganho de alma para cada participante. Foi, como toda ação que vale a pena, algo feito pelo amor ao outro.

Que o outro não exista como um número ou patente, mas como um indivíduo que dialoga com seu tempo com mais repertório, informação e compartilhamento, é o mérito maior dessa história toda. Algo que não serve para nada, que não dinheiro para ninguém e que não discrimina. E ainda teve a palavra iluminada e humilde de Adélia Prado e o urgente grito pela salvação da mãe Terra proferido por Leonardo Boff. Além de nos revelar melhor a fraternidade que nos une aos irmãos do outro lado do Atlântico. Não podia ser melhor.”
(JOÃO PAULO, em artigo publicado no Jornal ESTADO DE MINAS, edição de 20 de novembro de 2010, Caderno PENSAR, página 2).

Mais uma IMPORTANTE e também OPORTUNA contribuição para o nosso trabalho de MOBILIZAÇÃO PARA A CIDADANIA E QUALIDADE vem de artigo publicado no mesmo veículo, edição de 19 novembro de 2010, Caderno OPINIÃO, página 7, de autoria de MAURO WERKEMA, Jornalista, que merece INTEGRAL transcrição:

“Eliminação da pobreza

A erradicação da pobreza extrema não é tarefa fácil. Na verdade, não há, em todo o mundo, modelos universais para tal tarefa para países com crônicas e gritantes desigualdades, herdadas de cinco séculos de desequilíbrios econômicos e sociais, como o Brasil. Trata-se de ação prioritária, continuada, coletiva, multissetorial, interdisciplinar e sustentada por fortes recursos públicos e privados, se o objetivo é tirar populações da condição de miserabilidade sem que essa intervenção seja mero populismo paternalista. Ou seja: não é só dar o peixe mas garantir que as pessoas aprendam a pescar, o que exige ações integradas e simultâneas de educação, de profissionalização, de geração e criação de empregos, de oferecer moradia e saúde. Enfim, que o ser humano degradado, retirado do mercado de consumo e de produção, possa adquirir as qualidades de cidadão efetivamente em interação ativa na sociedade emergente, em processo de reconstrução psicológica e cultural, como um efetivo agente de mudança.

É claro que é possível. Mas em que tempo, com quais modelos e recursos e com tipo de gestão? São respostas difíceis, possíveis na teoria, mas certamente complexas na prática, especialmente no campo das condutas humanas, de seres vivos desclassificados socialmente, sem visão de perspectiva e sem consciência de que podem mudar. No campo ideológico, em que historicamente sempre se travou esse debate, se crê que não é possível uma sociedade de classes médias sem alteração dos modelos contidos nas ordens política e econômica. De qualquer maneira, a campanha presidencial já teve um grande mérito, que foi colocar o tema da eliminação da pobreza extrema ou, pelo menos, a redução das desigualdades, na agenda das discussões de primeira linha. E a presidente Dilma parece disposta a enfrentar o desafio. Esperamos todos que a promessa de campanha se torne realidade e que a sociedade como um todo, não só a classe política e o governo, mas empresários, igrejas, universidades, entidades de toda natureza, possa se engajar nessa grande, ética e meritória meta.

O Brasil é hoje a oitava economia do mundo e pode ser a quinta, em poucos anos. Mas ocupa a 73ª posição no Índice de Desenvolvimento Humano (IDH). Hoje, cerca de 30 milhões de brasileiros, equivalentes a 15% da população, vivem com menos de R$ 140 por mês, segundo a Fundação Getúlio Vargas. Há 10 anos eram 57 milhões. Os indigentes, pobres extremos, são cerca de 11 milhões. Embora a criação de empregos seja o vetor principal na redução da pobreza, outros fatores devem ser conjugados, conforme os especialistas em políticas sociais. Educação e, sobretudo, a vertente da formação profissional são os dois coadjuvantes principais, promotores verdadeiros da elevação social não paternalista, pois possibilitam a mudança humana, a autoestima, a recriação do ser produtivo e com inserção na população economicamente ativa.

Erradicar a miséria tem sido o ideal de todos os sistemas ou ideologias políticas que colocam a justiça social como meta fundamental. Sua conquista perfaz, sem dúvida, toda e qualquer ética política e não só da esquerda idealista, quase sempre romântica e ingênua, mas sempre humanista. Se o Brasil tem a oportunidade de construir uma sociedade mais igualitária e efetivamente caminhar nesta direção, pela via pacífica e institucional, como esforço coletivo de alto conteúdo cívico e ético, mesmo em prazo mais longo, estará dando ao mundo um histórico e formidável exemplo de capacidade de realização, de profundo sentido humanista.”

Eis, pois, mais páginas com RICAS e PROFUNDAS REFLEXÕES que orientam nossos melhores ESFORÇOS no sentido de uma das transformações mais RADICAIS que os tempos hodiernos estão a EXIGIR, e nos MOTIVAM e nos FORTALECEM nesta grande CRUZADA NACIONAL pela CIDADANIA E QUALIDADE, visando à construção de uma NAÇÃO verdadeiramente JUSTA, EDUCADA, QUALIFICADA, IGUALITÁRIA, LIVRE, DESENVOLVIDA e SOLIDÁRIA, que possa PARTILHAR suas EXTRAORDINÁRIAS RIQUEZAS e POTENCIALIDADES com TODOS os BRASILEIROS e com TODAS as BRASILEIRAS, especialmente no horizonte de INVESTIMENTOS BILIONÁRIOS necessários e previstos para eventos como a COPA DO MUNDO DE 2014, a OLIMPÍADA DE 2016 e os projetos do PRÉ-SAL, segundo as exigências do SÉCULO XXI, da era da GLOBALIZAÇÃO, da INFORMAÇÃO, do CONHECIMENTO, das NOVAS TECNOLOGIAS, da SUSTENTABILIDADE e de um mundo da PAZ e FRATERNIDADE UNIVERSAL...

Este é o nosso SONHO, o nosso AMOR, a nossa LUTA, a nossa FÉ e a nossa ESPERANÇA!...

O BRASIL TEM JEITO!...

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