segunda-feira, 5 de setembro de 2011

A CIDADANIA, OS PROBLEMAS HUMANOS E A MISSÃO DE ENSINAR

“Os grandes problemas humanos
Sempre me causou estranheza a afirmação de que meu vizinho é o “meu semelhante”, sabendo como sei das profundas diferenças que existem entre nós. E como esse “problema” me vem preocupando de longa data, desejo destinar a ele algumas considerações, com base na mais moderna ciência biológica, que é a Engenharia Genética. Já o velho Carrel, em dois de seus livros “O Homem, Esse Desconhecido” e “O Homem Perante a Vida”, procurou chamar a atenção dos cientistas da sua época para as “diferenças individuais” responsáveis por todos os grandes e pequenos problemas que sempre põem em tumulto a espécie humana.

Gilin, um de meus mais famosos professores na Universidade de Wisconsin, disse, em aula, uma coisa que, desde então, me causou profunda impressão. Sua afirmação foi a seguinte: “tudo o que existe sobre a face da terra pode ser resumido em quatro gêneros distintos: o gênero racional, que é representado pelos seres humanos; o gênero sensitivo, que é representado pelos animais; o gênero vegetativo, que é representado pelos vegetais e, finalmente, o gênero insensível, que é representado pelas pedras e pelos minerais. Quando observamos esses gêneros, verificamos que, entre três deles, o que predomina é a “semelhança entre os seres”, e só no gênero humano é que predominam as “diferenças”, pois na realidade, entre nós, não há duas “criaturas iguais”. E é em virtude dessas “diferenças”, entre os seres humanos que a nossa sociedade é a mais instável e mais inquieta que existe sobre a face da terra.

Na verdade, a vida é uma eterna luta, porque é graças a ela que se mantém o chamado equilíbrio biótico, segundo o qual uns seres vivem à custa dos outros, e é a isso que os cientistas chamam equilíbrio dos seres vegetais e animais, para que o Homem possa sobreviver na face da terra. Mas, uma coisa é certa: entre os seres da mesma espécie não existe a “guerra de extermínio” que, às vezes, existe entre os seres humanos. Além disso, se meditarmos bem, estamos, a cada passo, lutando contra o “nosso semelhante” pela posse da riqueza, pela posse do poder, da consideração, do prestígio, enfim a luta entre os seres humanos, é uma guerra constante, em que uns possuem tudo, e outros quase nada. E é assim a Vida Humana, diferente da vida das espécies animais, das espécies vegetais e das espécies insensíveis. Ora, quando meditamos sobre esse estado de coisas, chegamos à conclusão de que o Homem, com toda sua racionalidade, ainda terá que caminhar durante milênios para alcançar a paz que existe entre as demais espécies que com ele convivem e das quais ele retira os meios de sua própria sobrevivência.

Meus estudos sobre as ciências de quase meio século, cada dia me convencem de que tem razão o velho mestre Barnett de que “o Homem vive há mais de dois milhões de anos, num mundo que ele ainda não conhece”. E a grande verdade a esse respeito começa pelo desconhecimento de si mesmo. Ainda não conhecemos a nossa natureza, a despeito de todos os estudos levados a efeito pelos ciências biológicas, sobretudo pela chamada Engenharia Genética, com base no DNA. Ainda não foi possível a esses cientistas, nas suas pesquisas de laboratório, a conhecer a combinação dos cromossomos, no instante preciso do misterioso processo de fecundação. É possível que eles consigam isso, mas até agora essa operação tem sido uma das mais difíceis e sutis encontradas por eles. Ora, quando isso acontecer, muitas das ciências sociais como a Economia, a Psicologia, a Antropologia, a Política, a Sociologia poderão ser empalhadas em museus. E então, os grandes problemas humanos, que têm atormentado o gênero humano, desde o Gênesis, certamente desaparecerão, porque, com eles desaparecerão, também as “diferenças” entre os seres humanos, se estes não derem cabo das conquistas que alcançaram até aqui, num clima de luta, chegando a uma completa guerra de extermínio.

Em síntese, o atraso no campo das ciências humanas ainda irá certamente manter por milênios a “luta entre os nossos semelhantes”, que, nem no “bom senso” costumam comportar-se de maneira idêntica, ou semelhante. Este é, enfim, um dos grandes problemas que me preocupam em face das grandes esperanças de paz e de justiça que afloram à alma do povo toda vez que, politicamente, ele procura renovar seus quadros...

Não creio que cheguemos a pensar, sentir e agir de maneira uniforme e semelhante, mas a Ciência deve buscar a chave para a solução dos problemas dos seres humanos sem o recurso da emulação e da hostilidade, sob pena de aniquilamento da espécie e de tudo o que construímos até aqui.”
(EDGAR DE VASCONCELOS, em artigo publicado no jornal ESTADO DE MINAS, edição de 3 de dezembro de 1994, no Caderno OPINIÃO, página 7).

Mais uma IMPORTANTE e PEDAGÓGICA contribuição para o nosso trabalho de MOBILIZAÇÃO PARA A CIDADANIA E QUALIDADE vem de artigo publicado no mesmo veículo e Caderno, edição de 26 de novembro de 1994, página 7, de autoria de HONÓRIO TOMELIN, Diretor executivo da UNA Ciências Gerenciais, que merece igualmente INTEGRAL transcrição:

“Vale a pena ensinar

Para Guimarães, “Mestre é aquele que de repente, aprende.”

O mestre Guimarães Rosa definiu muito bem o que acontece de repente com o professor. De repente, sente-se docente e discente, ao mesmo tempo.

“De repente” não tem aí, em Guimarães Rosa, o monsense do modismo, uma vez que a expressão está em moda, nada significando. Para muitos entrevistados, tudo acontece de repente...

Repentinamente, isto é, de súbito, o professor se descobre como peça-chave de um processo e, num “insight”, fruto de reflexões latentes, se despe para si mesmo, numa espécie de auto-radiografia. Vê-se altamente responsabilizado como agente de transformação social, desempenhando uma função primordial, que requer competência pedagógica, didática e de conteúdo. Ao mesmo tempo, de repente a radiografia revela: é, de modo geral, desprestigiado, insuficientemente remunerado, desprovido de recursos bibliográficos (ou sem tempo para recorrer às bibliotecas), enfim desaparelhado. Seu tempo é tomado integralmente (muitas aulas por semana), mas não tem dedicação exclusiva. Fragmenta-se em auto-locomoção, perde-se robotizado em repetições das mesmas lições de manhã, de tarde e de noite. Da parte da sociedade é visto como um despreparado, sempre aquém das exigências. O aluno o quer como um “Doutor Sabe-Tudo”. Para o Estado, cuja prioridade teórica é a Educação, o professor é salvador da pátria. Com ou sem condições efetivas de trabalho, ele tem que redimir o País de todas as mazelas, plasmando, por força de discursos políticos e frases de impacto, mas sem efeito, crianças e jovens, uma matéria-prima humana sempre desconhecida e oriunda de realidades sociais muito diversificadas. Versificado na poesia, o professor é um mito; desvalorizado na prática, é ele aquele que, de repente, aprende. Aprende que sua profissão não é sacerdócio, embora seja missão; que sua influência é enorme, conquanto não seja mensurável; que seu trabalho intelectual, de fundo ideológico, acaba por servir aos poderosos; que, de repente, é mais aluno que professor...

Sendo este um auto-retrato, é também um retrato do País, de “Pombal a Passarinho”, de Passarinho aos nossos dias.

O aluno, por sua vez, também não tem dedicação exclusiva. Forçado a trabalhar de dia e estudar de noite, prefere, passivo, aulas expositivas, ora cochilando, ora flanando, matando aulas.

É, pois, longo o caminho a percorrer. O desenvolvimento não se dá num passo de mágica. Que o digam os países desenvolvidos! Enquanto isso políticos se elegem ou se reelegem na base do engodo. Poucos são os que se propõem e propõem um projeto social de transformação efetiva e eficaz, preferindo lutar – e como! – em seu próprio interesse. Principalmente o Legislativo. Os filósofos e pensadores iluminados que prepararam a Revolução Francesa também arquitetaram a constituição de 3 poderes para sustentar a democracia em substituição à monarquia. Leia-se por exemplo Montesquieu e Jean Jacques Rousseau para se compreender o gigantesco esforço que movimentou uma nação em busca da Liberdade, Igualdade e Fraternidade e a consequente consolidação do Estado moderno. Se nossos políticos fossem estudiosos, principalmente os deputados do 2º e 3º grau (estadual e federal), se deveriam preocupar com o próximo fim do Legislativo, pois com 43% de votos nulos e em branco (média nacional para essas duas representações) podem perfeitamente entender que com mais de 8% de recusa, o Congresso e as Assembléias perderão a legitimação de um dos poderes republicanos, exatamente o deles (o representativo). Estou sendo didático, para que não se diga que alguém não foi claro. Poderão continuar deputados, mas com expressão de minoria, legislando para a maioria.

O Executivo é, por natureza, mais fiscalizado, mais cobrado e, sendo menos estável, mais vulnerável às denúncias. Autocensor, o Legislativo no Brasil se tem esvaziado por excesso de concessões e liberalidades internas. Muitos cidadãos optaram por anular o voto ou fazê-lo em branco. Infelizmente, quem escolheu seu candidato talvez o tenha feito criteriosamente, haja vista a proliferação do voto útil, em decorrência das pesquisas.

O professor é aquele que, de repente, aprende e, habitualmente, ensina que, apesar de tudo,

VALE A PENA ENSINAR.”

Eis, portanto, mais CONCISAS, PROFUNDAS e ADEQUADAS abordagens e REFLEXÔES que acenam para a IMPERIOSA e URGENTE necessidade de PROBLEMATIZARMOS as QUESTÕES CRUCIAIS que estão a EXIGIR o melhor da nossa INTELIGÊNCIA, SABEDORIA, DISCERNIMENTO e. sobretudo, do nosso AMOR à PÁTRIA e DEVOÇÃO aos legítimos INTERESSES e ASPIRAÇÕES do nosso POVO, como, à guisa de EXEMPLO:

a) a EDUCAÇÃO – e de QUALIDADE, como PRIORIDADE ABSOLUTA de nossas POLÍTICAS PÚBLICAS;
b) a INFLAÇÃO, ainda permanente PESADELO para o PAÍS:
c) a CORRUPÇÃO, campeando por TODOS os SETORES da vida PÚBLICA;
d) o DESPERDÍCIO, em suas múltiplas MODALIDADES e FEIÇÕES:
e) a DÍVIDA PÚBLICA BRASILEIRA, ultrapassando a ASTRONÔMICA cifra de R$ 2 TRILHÕES e já anualmente consumindo algo em torno de R$ 200 BILHÕES...

E, assim, nesse COMPASSO, faltam recursos para as EXTREMAS necessidades de atender um extenso ROL de INVESTIMENTOS na MODERNIZAÇÃO e COMPETITIVIDADE nacionais, como: a INFRAESTRUTURA (rodovias, ferrovias, hidrovias, portos, aeroportos etc.), a SAÚDE, o SANEAMENTO AMBIENTAL (água TRATADA, esgoto sanitário TRATADO, lixo TRATADO e MACRODRENAGEM PLUVIAL), MEIO AMBIENTE, SEGURANÇA PÚBLICA, LOGÍSTICA, MOBILIDADE URBANA (célere o CAOS se instalando por TODO o PAÍS (até médias CIDADES), ENERGIA, COMUNICAÇÕES, ABASTECIMENTO...

São GIGANTESCOS DESAFIOS que, mais ainda, nos MOTIVAM e nos FORTALECEM nesta grande CRUZADA NACIONAL para a CIDADANIA E QUALIDADE, visando à construção de uma NAÇÃO verdadeiramente JUSTA, ÉTICA, EDUCADA, QUALIFICADA, DEMOCRÁTICA, LIVRE, DESENVOLVIDA e SOLIDÁRIA, que permita a PARTILHA de suas EXTRAORDINÁRIAS RIQUEZAS, OPORTUNIDADES e POTENCIALIDADES com TODOS os BRASILEIROS e com TODAS as BRASILEIRAS, especialmente no horizonte de INVESTIMENTOS BILIONÁRIOS previstos para EVENTOS como a CONFERÊNCIA DAS NAÇÕES UNIDAS SOBRE O DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL E MUDANÇAS CLIMÁTICAS (RIO + 20) em 2012; a 27ª JORNADA MUNDIAL DA JUVENTUDE em 2013; a COPA DAS CONFEDERAÇÕES DE 2013; a COPA DO MUNDO DE 2014; a OLIMPÍADA DE 2016; as OBRAS do PAC e os projetos do PRÉ-SAL, segundo as exigências do SÉCULO 21, da era da GLOBALIZAÇÃO, da INFORMAÇÃO, do CONHECIMENTO, das NOVAS TECNOLOGIAS, da SUSTENTABILIDADE e de um NOVO mundo, da PAZ, IGUALDADE e FRATERNIDADE...

Este é o nosso SONHO, o nosso AMOR, a nossa LUTA, a nossa FÉ e a nossa ESPERANÇA!...

O BRASIL TEM JEITO!...







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