sexta-feira, 7 de dezembro de 2012

A CIDADANIA, A HUMANIDADE, AS RIQUEZAS E OS LIXÕES

“A riqueza do mundo

Já escrevi que, lendo ou ouvindo notícias sobre cifras de bilhões e trilhões, me recordo de tempos em que para mim tais números se referiam a estrelas. E pouco significavam para a menina sonhadora que achava que o irmãozinho morto ainda bebê, antes de ela nascer, espiava acomodado numa delas. Hoje, quase simultaneamente com notícias sobre a inimaginável riqueza do mundo, vejo reportagens também sobre a inimaginável desgraça humana em lugares como o Paquistão, devastado por enchentes – em lugares bem próximos de nós, também.

Milhares de pessoas morreram nas águas lamacentas. Milhares foram privadas de tudo – e não vão recuperar. Particularmente dramática é a visão de mulheres grávidas desalojadas, que perderam casa e parentes, não têm onde ficar, quase nada para comer, esqueléticas figuras amontoadas embaixo de tendas ou ao relento. Ventre crescido e olhos apáticos transbordam desamparo. No chão, muitas vezes sem sequer um pano sujo entre o rostinho e a terra, crianças deitadas, dormindo ou acordadas, algumas com a face voltada para o chão, cobertas de moscas. Instintivamente, quase estendi a mão para espantar uma delas, que rodeava a boca entreaberta de uma criança muito pequena, deitada inerte. Viva, parecia morta. Nem a mãe tentava espantar as moscas: a horrenda realidade me feriu. Insetos passeavam pelo rosto, cabecinha e corpo de todas as crianças, que nem piscavam. Que humanidade nós somos?

Entidades internacionais mais uma vez apelam para a ajuda do planeta. Mas precisa-se pedir ajuda? Como não se reparte naturalmente, imediatamente, algo dos bilhões e trilhões para evitar, ou socorrer, tamanho infortúnio? No Haiti, pouca ajuda internacional chegou, se chegou não foi o bastante: o caos lá continua, grassando depois do não tão recente terremoto. E os rugidos da Mãe Terra vão banalizando cataclismos.

Mas não precisamos atravessar oceanos: lixões a céu aberto alimentam entre nós legiões de adultos e crianças, boa parcela da população não tem esgoto nem água tratada (significando doença e sofrimento). Depois das enchentes no Nordeste do país, também lá se buscavam voluntários: os governos estão empobrecidos? As grandes quantias sumiram dos tesouros, têm outra destinação que não seja a urgente necessidade do povo? Se quem ama cuida – e eu creio nisso como em poucas coisas –, não estaremos amando de menos nossa gente? Não seria a melhor propaganda de bons políticos, cuidar naturalmente de seu povo, onde quer que seja? Atender aos afligidos não seria a melhor atitude?

Fui criada acreditando (em termos) no ser humano, que, como alguém já escreveu, é trapalhão mas não inteiramente burro; sabe ser cruel ou corre atrás de mitos idiotas, mas cria obras de arte incrivelmente belas; forma sua família, que em geral ama e protege. Busca sentido para sua atropelada existência, cria lá sua filosofia do homem comum, que todos têm, do morador de rua ao cientista. Essa parte de mim que acredita às vezes luta para não cair na descrença e no pessimismo, antecâmaras da verdadeira morte.

Não acredito que quem ama prejudique ou abandone. A conversa de “eu te deixei porque você é boa demais pra mim” é abominável mentira. Mas uma humanidade que conta seus bilhões e trilhões, seja com a alegria da cobiça saciada seja chorando perdas, toma seu bom café da manhã, enquanto tantos bebem água suja para acalmar o estômago, homens desesperados procuram as famílias dizimadas e milhares de grávidas apáticas aguardam de olhos fixos um futuro vazio.

Terminado o noticioso, desligo a televisão, mensageira de tanta agonia. Saio para caminhar ao sol na manhã clara, enquanto o mundo ávido manipula cifras astronômicas que dariam para salvar toda aquela parte da humanidade que nós fingimos que não existe. Uma dúvida continua zumbindo em torno de minha cabeça: será que a mosca afinal entrou na boca ressequida daquele bebê tão magro, cuja mãe, aniquilada, não tinha esperança bastante para estender a mão e proteger seu filho?”

(LYA LUFT, que é escritora, em artigo publicado na revista VEJA – edição 2180 – ano 43 – nº 35, de 1º de setembro de 2010, página 24).

Mais uma importante e oportuna contribuição para o nosso trabalho de MOBILIZAÇÃO PARA A CIDADANIA E QUALIDADE vem de artigo publicado no jornal ESTADO DE MINAS, edição de 9 de agosto de 2012, caderno OPINIÃO, página 7, de autoria de MÁRIO WILLIAM ESPER, Gerente de relações institucionais da Associação Brasileira de Cimento Portland (ABCP), e que merece igualmente integral transcrição:

“Solução para os lixões

Não há nada mais primitivo do que enterrar o lixo. Há muitos anos, países como Holanda, Noruega, Dinamarca e Alemanha têm programas de aterro zero. Todo o resíduo urbano é tratado com coleta seletiva, reciclagem e destinação ambientalmente adequada, sendo a maioria reaproveitada como recuperação energética, sem destinar resíduos a aterros. No Brasil, ainda estamos longe dessa situação, mas há avanços significativos nessa direção.

A Política Nacional de Resíduos Sólidos (Lei 12.305)estabelece diretrizes para minimizar os aterros e banir os lixões até 2014. Segundo cálculo da Confederação Nacional dos Municípios (CNM), existem aproximadamente 4,7 mil cidades brasileiras que utilizam apenas lixões como destinação dos resíduos urbanos. Cerca de 70% desses resíduos do país destinados a lixões e aterros controlados, a maneira inadequada de destinação. Há exemplos do impacto negativo dos aterros no Brasil. É o caso do Aquífero Guarani, considerado a maior reserva subterrânea de água doce do mundo.

Aproximadamente 70% do aqüífero, o equivalente a 1,2 milhão de quilômetros quadrados, está no subsolo do Brasil, nas regiões Centro-Oeste, Sudeste e Sul, ocupando desde Goiás até o Rio Grande do Sul, além de passar, pelo Paraguai, Uruguai e Argentina. A reserva do aqüífero é estimada em 45 mil quilômetros cúbicos de água. Quantos aterros inadequados existem sobre essa reserva de água? Qual é o grau de contaminação existente? Como minimizar os impactos dos aterros no Aquífero Guarani e nos grandes centros metropolitanos?

Existem alternativas que contribuem para a eliminação de grande quantidade de resíduos sólidos, principalmente os industriais, reduzindo consideravelmente o lixo destinado aos aterros. Além de oferecer ganhos para o meio ambiente, essas alternativas representam economia de gastos para o poder público e, portanto, para o contribuinte. A reciclagem de resíduos sólidos é necessária para reduzir o volume de resíduos para destinação e está contemplada no Plano de Ação para Produção e Consumo Sustentáveis, do Ministério do Meio Ambiente, em consonância com a Política Nacional de Resíduos Sólidos.

A recuperação energética, que utiliza resíduos após a reciclagem, constitui a maneira mais eficiente para a destinação ambientalmente adequada. O coprocessamento de resíduos urbanos em fornos de fabricação de cimento tem sido utilizado em larga escala em países desenvolvidos. No Brasil, a atividade é regulamentada e está contemplada na Política Nacional de Resíduos Sólidos como a alternativa promissora para contribuir para a melhor destinação, evitando enterrar o lixo, principalmente sobre o Aquífero Guarani, e impedindo o comprometimento e contaminação dessa reserva natural para nossas gerações futuras.

O coprocessamento consiste na destruição térmica de resíduos durante o processo de produção do cimento, com a substituição parcial da matéria-prima ou do combustível. Essa prática tem dado à indústria cimenteira um novo e relevante papel no âmbito da promoção da sustentabilidade e do equilíbrio ambiental. Adotado pela indústria no início da década de 1990, é, em muitos casos, a solução mais eficiente e econômica para a gestão de resíduos, sem representar risco à qualidade do cimento portland e ao meio ambiente.

Somente em 2011, foi coprocessado no Brasil, 1,16 milhão de toneladas de resíduos (industriais, pneus, solos contaminados, lama de tratamento, entre outros), por meio dessa tecnologia. No período de 1991 a 2011 foram coprocessados 8 milhões de toneladas de resíduos. Só no ano passado, 220 mil toneladas de pneus usados foram coprocessados em fornos de cimento, o equivalente a 45 milhões de unidades, que, enfileiradas, iriam do Rio de Janeiro a Tóquio. Um único forno, com capacidade de produção diária de mil toneladas de clínquer, pode consumir até cinco mil pneus por dia. Além de pneus, os fornos eliminam resíduos de diversas indústrias, principalmente dos setores químico, petroquímico, metalúrgico, de alumínio, automobilístico e de papel e celulose. Os produtos mais comuns são borrachas, solventes, tintas e óleos uados, borras de petróleo e de alumínio, e ainda solo contaminados e lodos de centrais de tratamento de esgoto.

Essa contribuição da indústria se torna mais significativa quando verifica-se que o Brasil descarta diariamente quase 200 mil toneladas de resíduos sólidos – menos de 2% desse volume é reciclado e quase 40% são lançados no ambiente de forma considerada inadequada. Portanto, o coprocessamento representa uma ferramenta de gestão ambiental na destinação de resíduos sólidos urbanos.”

Eis, portanto, mais páginas contendo importantes e oportunas abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança de nossa história – que é de ÉTICA, de MORAL, de PRINCÍPIOS, de VALORES –, para a imperiosa e urgente necessidade de profundas mudanças em nossas estruturas EDUCACIONAIS, GOV ERNAMENTAIS, JURÍDICAS, POLÍTICAS, SOCIAIS, CULTURAIS, ECONÔMICAS, FINANCEIRAS e AMBIENTAIS, de modo a promovermos a inserção do PAÍS no concerto das potências mundiais LIVRES, SOBERANAS, CIVILIZADAS, DEMOCRÁTICAS e SUSTENTAVELMENTE DESENVOLVIDAS...

Assim, urge ainda a efetiva problematização de questões deveras cruciais como:

a) a EDUCAÇÃO – UNIVERSAL e de QUALIDADE, desde a EDUCAÇÃO INFANTIL (0 a 3 anos de idade, em creches; 4 e 5 anos, em pré-escolas) – e mais o imperativo da modernidade de matricularmos nossas crianças de seis anos de idade na primeira série do ENSINO FUNDAMENTAL, independentemente no mês do seu nascimento) –, até a PÓS-GRADUAÇÃO (especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado);

b) o COMBATE, implacável e sem trégua, aos três dos nossos maiores e mais devastadores inimigos que são: I – a INFLAÇÃO, a exigir permanente e diuturna vigilância, de forma a manter-se em patamares civilizados; II – a CORRUPÇÃO, como um câncer a se espalhar por todas as esferas da vida nacional, gerando incalculáveis prejuízos e comprometimentos de variada ordem; III – o DESPERDÍCIO, em todas as suas modalidades, também a ocasionar inestimáveis perdas e danos, inexoravelmente irreparáveis;

c) a DÍVIDA PÚBLICA BRASILEIRA, com projeção para 2012, segundo o Orçamento Geral da União, de astronômico e intolerável desembolso da ordem de R$ 1 TRILHÃO, a título de juros, encargos, amortização e refinanciamentos, a exigir igualmente uma imediata, abrangente, qualificada e eficaz AUDITORIA...

Isto posto, torna-se absolutamente INÚTIL lamentarmos a FALTA de RECURSOS diante de tanta sangria, que dilapida o nosso já combalido dinheiro público, mina a nossa capacidade de investimento e de poupança e, mais grave ainda, afeta a confiança em nossas instituições, negligenciando a JUSTIÇA, a VERDADE, a HONESTIDADE e o AMOR da PÁTRIA, ao lado de extremas e sempre crescentes necessidades de AMPLIAÇÃO e MODERNIZAÇÃO de setores como: a GESTÃO PÚBLICA; a INFRAESTRUTURA (rodovias, ferrovias, hidrovias, portos, aeroportos); a EDUCAÇÃO; a SAÚDE; o SANEAMENTO AMBIENTAL (água tratada, esgoto tratado, resíduos sólidos tratados, macrodrenagem urbana, logística reversa); o MEIO AMBIENTE; a ASSISTÊNCIA SOCIAL; a PREVIDÊNCIA SOCIAL; a MORADIA; a MOBILIDADE URBANA (trânsito, transporte, acessibilidade); EMPREGO, TRABALHO e RENDA; SEGURANÇA ALIMENTAR e NUTRICIONAL; SEGURANÇA PÚBLICA; FORÇAS ARMADAS; POLÍCIA FEDERAL; DEFESA CIVIL; MINAS e ENERGIA; COMUNICAÇÕES; TURISMO; LOGÍSTICA; AGREGAÇÃO de VALOR às COMMODITIES; SISTEMA FINANCEIRO NACIONAL; CULTURA, ESPORTE e LAZER; PESQUISA e DESENVOLVIMENTO; CIÊNCIA, TECNOLOGIA e INOVAÇÃO; QUALIDADE (planejamento, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade, criatividade, produtividade, competitividade), entre outros...

São, e bem o sabemos, gigantescos desafios mas que, de maneira alguma, abatem o nosso ÂNIMO nem arrefecem o nosso ENTUSIASMO e OTIMISMO nesta grande cruzada nacional pela CIDADANIA E QUALIDADE, visando à construção de uma NAÇÃO verdadeiramente JUSTA, ÉTICA, EDUCADA, CIVILIZADA, QUALIFICADA, LIVRE, SOBERANA, DESENVOLVIDA e SOLIDÁRIA, que possa partilhar suas extraordinárias RIQUEZAS, OPORTUNIDADES e POTENCIALIDADES com TODAS as brasileiras e com TODOS os brasileiros, especialmente no horizonte de investimentos bilionários previstos e que contemplam eventos como a 27ª Jornada Mundial da Juventude no Rio de Janeiro em 2013; a Copa das Confederações de 2013; a Copa do Mundo de 2014; a Olimpíada de 2016; as obras do PAC e os projetos do PRÉ-SAL, segundo as exigências do século 21, da era da GLOBALIZAÇÃO, da INTERNACIONALIZAÇÃO das empresas, da INFORMAÇÃO, do CONHECIMENTO, da INOVAÇÃO, das NOVAS TECNOLOGIAS, da SUSTENTABILIDADE e de um possível e novo mundo da JUSTIÇA, da LIBERDADE, da IGUALDADE – e com EQUIDADE –, e da FRATERNIDADE universal...

Este é o nosso SONHO, o nosso AMOR, a nossa LUTA, a nossa FÉ, a nossa ESPERANÇA... e PERSEVERANÇA!...

O BRASIL TEM JEITO!...



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