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quarta-feira, 21 de fevereiro de 2018

A EXCELÊNCIA EDUCACIONAL, A ENERGIA REDENTORA DA HUMANIDADE E A TRANSCENDÊNCIA DA COMUNICAÇÃO DIGITAL NA SUSTENTABILIDADE


“A oração é um caminho que 
provê a redenção da humanidade
        A oração autêntica é um estado de receptividade e aspiração ao contato com energias superiores. Pela oração o indivíduo invoca essas energias e afirma a disposição de unir-se a elas, no interior do ser. É um instrumento poderoso, mas pouco se conhece sua efetividade, que se deve, em parte, aos seres humanos sempre terem praticado a oração em favor de si mesmos e a estarem polarizados no nível emocional.
         A oração que visa ao bem pessoal ou ao de outrem é ação direcionada, tem objetivos humanos, enquanto a oração desinteressada é abertura incondicional, pura entrega e doação sincera à vontade da Consciência Suprema, que se espelha na vontade do eu interior. Mobiliza as energias do indivíduo e leva-as ao nível intuitivo ou além. Não engendra débitos cármicos, não cria vínculos nem o prende a circuitos de retribuição. Suas próprias energias são reunidas; na oração existe apenas a busca irrestrita da verdade. Construída no silêncio interior, alicerça-se na fé e na vigilância. Projeta-se no mundo externo como pacificação de desejos e de pensamentos e também como cessação de ações supérfluas.
         Mesmo sem o saber e sem nada direcionar, o indivíduo em oração estimula transformações nos demais: irradia clareza e lucidez para a aura planetária. A oração é, pois, instrumento de serviço ao mundo e, para ser eficaz, deve nascer da humildade. Invisível, abnegada, é base para obras evolutivas.
         Na condição atual da superfície da Terra, é preciso indivíduos e grupos dedicados ao Plano Evolutivo cumprirem o papel de intermediários entre a luz da Hierarquia Espiritual e a vida terrestre, pois transmutações intensas são requeridas para energias superiores penetrarem e agirem mais livremente nos níveis concretos. É possível cultivar esse estado mesmo durante atividades externas, doando-se ao que se apresenta como necessidade e oferecendo os frutos do empenho à Consciência Suprema. Essa é uma forma de oração ativa, em que se reconhece a presença divina em todas as coisas.
         A oração leva o indivíduo a descobrir e a compreender melhor o que de fato sustém a vida. Todavia, os que se dedicam a atingir os graus mais elevados da oração, a união interior, precisam transcender a tendência de querer ao mesmo tempo conservar suas afeições, dado que esses dois movimentos não se coadunam.
         A vigília pode também ser considerada uma oração em horas reservadas ao descanso e ao sono. Feita solitariamente, ou em companhia de outros, é válida também como prece. Poder doar-se em oferenda elevada é uma graça do Pai. Seu mérito, todavia, está na autêntica disposição de quem a realiza.
         Cada qual tem o seu modo de orar. A oração é para ser feita conforme é sentida. Jamais deveria ser abandonada; é o fio condutor e insubstituível que nos une à energia do Pai, aos níveis superiores de consciência.
         “Permanentemente, redescobri a oração. Ela deve ser o vosso principal alimento, a vossa luz, a marca da vossa entrega. Quando a pureza e a transparência se implantam em um indivíduo, não é mais possível a permanência nele de pontos obscuros. Assim, orai quando perceberdes a necessidade de que algo seja purificado. Enviamo-vos raios de bem-aventurança e bálsamos de proteção. Acordai para essa realidade. Viveis um tempo de júbilo, pois estais finalmente retornando à Casa. Alegrai-vos, pois o tempo é chegado.”.

(TRIGUEIRINHO. Escritor, em artigo publicado no jornal O TEMPO Belo Horizonte, edição de 18 de fevereiro de 2018, caderno O.PINIÃO, página 16).

Mais uma importante e oportuna contribuição para o nosso trabalho de Mobilização para a Excelência Educacional vem de artigo publicado Na revista VEJA, edição 2564 – ano 51 – nº 2, de 10 de janeiro de 2018, páginas 86 e 87, de autoria de Heni Ozi Cukier, que é cientista político e professor de relações internacionais da ESPM, e que merece igualmente integral transcrição:

“A CACOFONIA DIGITAL

A INTERNET APARECEU para o mundo como uma ferramenta sem precedentes a favor da democracia. Ao permitir que qualquer um tivesse acesso à informação, essa nova tecnologia daria um golpe na censura. As pessoas poderiam conversar livremente umas com as outras, organizar-se, combinar manifestações e, por que não, derrubar ditaduras.
         O problema dessa visão otimista é a sua falta de comprovação empírica, principalmente com respeito aos seus efeitos na sociedade e na política. Uma das consequências mais devastadoras da internet e das redes sociais tem sido o enfraquecimento do diálogo, algo historicamente essencial para as democracias.
         Desde a Antiguidade – da pólis dos gregos em diante – a política democrática era uma atividade aberta. Em Atenas, alguns cidadãos faziam parte de um conselho que definia a agenda da Assembleia e, posteriormente, definiam as leis. Durante muito tempo, acreditou-se que, em Atenas, todos os cidadãos se aglomeravam para praticar uma forma direta de democracia. Na verdade, descobertas modernas mostraram que a Pnyx – colina onde a Assembleia se reunia – abrigava somente 6 000 indivíduos, enquanto a população total era de 60 000 cidadãos. Os gregos, portanto, escolhiam representantes por sorteio para lidar com a política. Eles o faziam por meio de debates baseados em argumentos racionais e fundamentados em informações verdadeiras.
         O primeiro pensador a defender o valor do debate público e das justificativas racionais das escolhas de leis entre cidadãos foi Aristóteles (384 a.C.-322 a.C.). Na atualidade, o principal articulador dessa ideia é Jürgen Habermas. O filósofo alemão propôs um sistema em que a legitimidade da decisão democrática deve preceder uma deliberação autêntica. Isso requer a existência de um espaço público que permita um debate racional, transparente e inclusivo.
         O papel da democracia deliberativa é oferecer uma boa base para lidarmos com diferenças morais na política. Ela permite reconhecer o mérito do argumento do seu oponente de argumentação e contra-argumentação ajuda os debatedores a aprender uns com os outros.
         A forma como cada cidadão lida com as diferenças de opinião, que são endêmicas na vida política, é uma questão central. Como as decisões não são consensuais, o debate é contínuo, dinâmico e não pressupõe uma conclusão definitiva sobre as divergências políticas. Esse aspecto provisório contribui para que se mantenham abertas as possibilidades de diálogo e incentiva o exercício da prudência na discordância, essencial para o respeito mútuo e a tolerância. Ao apresentar as razões das próprias escolhas e expor-se à discussão, uma pessoa acaba encontrando justificativas que minimizam as diferenças com seu oponente. Dessa maneira, engajamento, concessões e tolerância estão ancorados na experiência pessoal da diversidade política e dependem do processo deliberativo.
         Ninguém espera que as plataformas digitais tenham a obrigação de eliminar os conflitos e divergências políticas, mas também não deveriam execerbá-las ou debilitar a capacidade deliberativa. Infelizmente, nós estamos sendo silenciados pela tecnologia. Existe uma confusão entre conectividade e diálogo. Vivemos na era da conexão, e não do diálogo. Estar conectado é acessar uma infinidade de pessoas e informações. O ambiente tecnológico faz com que estejamos sempre nos “comunicando”. Receber trinta mensagens pode até transmitir uma sensação de pertencimento devido à quantidade de interações ocorridas com tão pouco esforço. A comunicação, dessa forma, não precisa ter sentido nem transmitir informações. Basta estabelecer uma conexão. É um erro. Estamos claramente misturando quantidade com qualidade.
         Pesquisas mostram que aqueles que mais usam as mídias sociais têm dificuldade em compreender as emoções humanas, inclusive as próprias. Um estudo elaborado por Clifford, revela que a tecnologia não facilita a compreensão das emoções e que a mídia social deixa a vida emocional mais difícil. A interação on-line conduz à perda de empatia e à diminuição da capacidade de reflexão. Por outro lado, o contato visual olho no olho é o mais poderoso caminho para estabelecer conexões humanas e criar empatia com o outro. A comunicação on-line não permite o uso da linguagem não verbal (linguagem corporal e facial), do tom de voz e de outros aspectos essenciais para uma comunicação efetiva.
         Os desafios tratados pela política sempre serão sensíveis e complexos, seja uma crise de refugiados causada por uma guerra civil sectária profunda, seja uma crise fiscal resultante de um sistema previdenciário insustentável. O diálogo no mundo digital reduz questões complexas a opções binárias. A comunicação digital não abre espaço para nuances, e não é por acaso que a política em todo o mundo está sem centro e polarizada. Não existe democracia se as pessoas não entendem o que está sendo debatido e não forem capazes de articular justificativas racionais em vez de fazer generalizações coletivas.
         Se as tecnologias de comunicação continuarem desumanizando, despersonalizando e coletivizando a interação humana, correremos o risco de replicar as mesmas ideologias destrutivas do último século que levaram a ondas massivas de violência. Não podemos esquecer que as ferramentas de comunicação que eram novas naquela época – como cinema e rádio – fortaleceram a narrativa do regime nazista. Os soviéticos também usaram novas tecnologias, e Stalin investiu no desenvolvimento de um cinema em 3D com equipamentos ópticos de ponta para aperfeiçoar sua propaganda. Temos de refletir seriamente sobre como criar códigos de conduta ou regras de etiqueta capazes de amenizar esses efeitos nocivos e colaterais, para o bem da política e, principalmente, da democracia.”.

Eis, portanto, mais páginas contendo importantes, incisivas e oportunas abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança de nossa história – que é de ética, de moral, de princípios, de valores –, para a imperiosa e urgente necessidade de profundas mudanças em nossas estruturas educacionais, governamentais, jurídicas, políticas, sociais, culturais, econômicas, financeiras e ambientais, de modo a promovermos a inserção do País no concerto das potências mundiais livres, civilizadas, soberanas, democráticas e sustentavelmente desenvolvidas...

Assim, urge ainda a efetiva problematização de questões deveras cruciais como:
a)     a excelência educacional – pleno desenvolvimento da pessoa, da cidadania e da qualificação profissional –, desde a educação infantil (0 a 3 anos de idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo da modernidade de matricularmos nossas crianças de 6 anos de idade na primeira série do ensino fundamental, independentemente do mês de seu nascimento –, até a pós-graduação (especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade absoluta de nossas políticas públicas, gerando o pleno desenvolvimento da pessoa, da cidadania e da qualificação profissional (enfim, 125 anos depois, a República proclama o que esperamos seja verdadeiramente o início de uma revolução educacional, mobilizando de maneira incondicional todas as forças vivas do país, para a realização da nova pátria; a pátria da educação, da ética, da justiça, da liberdade, da civilidade, da democracia, da participação, da solidariedade, da sustentabilidade...);
b)    o combate implacável, sem eufemismos e sem tréguas, aos três dos nossos maiores e mais devastadores inimigos que são: I – a inflação, a exigir permanente, competente e diuturna vigilância, de forma a manter-se em patamares civilizados, ou seja, próximos de zero (segundo dados do Banco Central, a taxa de juros do cartão de crédito atingiu em dezembro/2017 a ainda estratosférica marca de 334,55% nos últimos  doze meses, e a taxa de juros do cheque especial se manteve em históricos 323,01%; e já o IPCA, em janeiro, também no acumulado dos últimos doze meses, chegou a 2,85%); II – a corrupção, há séculos, na mais perversa promiscuidade  –  “dinheiro público versus interesses privados” –, como um câncer a se espalhar por todas as esferas da vida nacional, gerando incalculáveis e irreversíveis prejuízos, perdas e comprometimentos de vária ordem (a propósito, a lúcida observação do procurador chefe da força-tarefa da Operação Lava Jato, Deltan Dallagnol: “A Lava Jato ela trata hoje de um tumor, de um caso específico de corrupção, mas o problema é que o sistema é cancerígeno...” – e que vem mostrando também o seu caráter transnacional;  eis, portanto, que todos os valores que vão sendo apresentados aos borbotões, são apenas simbólicos, pois em nossos 516 anos já se formou um verdadeiro oceano de suborno, propina, fraudes, desvios, malversação, saque, rapina e dilapidação do nosso patrimônio... Então, a corrupção mata, e, assim, é crime...); III – o desperdício, em todas as suas modalidades, também a ocasionar inestimáveis perdas e danos, indubitavelmente irreparáveis (por exemplo, segundo Lucas Massari, no artigo ‘O Desperdício na Logística Brasileira’, a “... Desconfiança das empresas e das famílias é grande. Todos os anos, cerca de R$ 1 trilhão, é desperdiçado no Brasil. Quase nada está imune à perda. Uma lista sem fim de problemas tem levado esses recursos e muito mais. De cada R$ 100 produzidos, quase R$ 25 somem em meio à ineficiência do Estado e do setor privado, a falhas de logística e de infraestrutura, ao excesso de burocracia, ao descaso, à corrupção e à falta de planejamento...”;
c)     a dívida pública brasileira - (interna e externa; federal, estadual, distrital e municipal) –, com previsão para 2018, apenas segundo o Orçamento Geral da União – Anexo II – Despesa dos Orçamentos Fiscal e da Seguridade Social – Órgão Orçamentário, de exorbitante e insuportável desembolso de cerca de R$ 1,847 trilhão (52,4%), a título de juros, encargos, amortização e refinanciamentos (ao menos com esta rubrica, previsão de R$ 1,106 trilhão), a exigir alguns fundamentos da sabedoria grega:
- pagar, sim, até o último centavo;
- rigorosamente, não pagar com o pão do povo;
- realizar uma IMEDIATA, abrangente, qualificada, independente, competente e eficaz auditoria... (ver também www.auditoriacidada.org.br)
(e ainda a propósito, no artigo Melancolia, Vinicius Torres Freire, diz: “... Não será possível conter a presente degradação econômica sem pelo menos, mínimo do mínimo, controle da ruína das contas do governo: o aumento sem limite da dívida pública...”).

Destarte, torna-se absolutamente inútil lamentarmos a falta de recursos diante de tão descomunal sangria que dilapida o nosso já combalido dinheiro público, mina a nossa capacidade de investimento e de poupança e, mais grave ainda, afeta a credibilidade de nossas instituições, negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à pátria, ao lado de abissais desigualdades sociais e regionais e de extremas e sempre crescentes necessidades de ampliação e modernização de setores como: a gestão pública; a infraestrutura (rodovias, ferrovias, hidrovias, portos, aeroportos); a educação; a saúde; o saneamento ambiental (água tratada, esgoto tratado, resíduos sólidos tratados, macrodrenagem urbana, logística reversa); meio ambiente; habitação; mobilidade urbana (trânsito, transporte, acessibilidade); minas e energia; emprego, trabalho e renda; agregação de valor às commodities; sistema financeiro nacional; assistência social; previdência social; segurança alimentar e nutricional; segurança pública; forças armadas; polícia federal; defesa civil; logística; pesquisa e desenvolvimento; ciência, tecnologia e inovação; cultura, esporte e lazer; turismo; comunicações; qualidade (planejamento – estratégico, tático e operacional –, transparência, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade – “fazer mais e melhor, com menos” –, criatividade, produtividade, competitividade); entre outros...

São, e bem o sabemos, gigantescos desafios mas que, de maneira alguma, abatem o nosso ânimo e nem arrefecem o nosso entusiasmo e otimismo nesta grande cruzada nacional pela excelência educacional, visando à construção de uma Nação verdadeiramente participativa, justa, ética, educada, civilizada, qualificada, livre, soberana, democrática, solidária e desenvolvida, que possa partilhar suas extraordinárias e generosas riquezas, oportunidades e potencialidades com todas as brasileiras e com todos os brasileiros. Ainda mais especialmente no horizonte de investimentos bilionários previstos em inadiáveis e fundamentais empreendimentos de infraestrutura, além de projetos do Pré-Sal e de novas fontes energéticas, à luz das exigências do século 21, da era da globalização, da internacionalização das organizações, da informação, do conhecimento, da inovação, das novas tecnologias, da sustentabilidade e de um possível e novo mundo do direito, da justiça, da verdade, do diálogo, da liberdade, da paz, da solidariedade, da igualdade – e com equidade –, e da fraternidade universal...

Este é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a nossa fé, a nossa esperança... e perseverança!

“VI, OUVI E VIVI: O BRASIL TEM JEITO!”
55 anos de testemunho de um servidor público (1961 – 2016)

- Estamos nos descobrindo através da Excelência Educacional ...
- ANTICORRUPÇÃO: Prevenir e vencer, usando nossas defesas democráticas ...
- Por uma Nova Política Brasileira ...
- Pela excelência na Gestão Pública ...  

Afinal, o Brasil é uma águia pequena que já ganhou asas e, para voar, precisa tão somente de visão olímpica e de coragem! ...      

E P Í L O G O

CLAMOR E SÚPLICA DO POVO BRASILEIRO

“Oh! Deus, Criador e Legislador, fonte de infinita misericórdia!
Senhor, que não fique, e não está ficando, pedra sobre pedra
Dos impérios edificados com os ganhos espúrios,
Frutos da corrupção, do saque, da rapina e da dilapidação do
Nosso patrimônio público.
Patrimônio esse construído com o
Sangue, suor e lágrima,
Trabalho, honra e dignidade do povo brasileiro!
Senhor, que seja assim! Eternamente!”.




        



segunda-feira, 6 de novembro de 2017

A EXCELÊNCIA EDUCACIONAL, A LUZ PARA O ENADE E O PODER DA QUALIFICAÇÃO DA CIDADANIA E DA LIDERANÇA NA SUSTENTABILIDADE

“Uma solução para o ENADE
        ALGUÉM ME PERGUNTOU se o Provão fora ideia minha. Gostaria que tivesse sido, mas essa grande invenção foi do ministro Paulo Renato de Souza. É uma iniciativa que faz do Brasil o único país em que se mede quanto do currículo foi dominado pelo formando. Infelizmente, ao negociarem a lei no Congresso, os deputados retiraram das notas obtidas pelos alunos – proibiram que constasse no diploma.
         Esse anonimato é o calcanhar de aquiles da prova, hoje rebatizada de Enade. O curso de jornalismo da UnB ganhou a nota máxima no exame. Na aplicação seguinte, desabou para a mínima! Por quê? Ao solicitar recursos à reitoria, o curso teve seu pedido negado, pois já era nota “A”. É assim? A prova seguinte foi entregue em branco. Um curso de economia, em São Paulo, estava entre os cinco melhores. Na aplicação seguinte, caiu para centésimo e tanto. Boicote?
         A confiabilidade do Enade é comprometida pelas flutuações nos humores dos alunos. O anonimato – que Paulo Renato precisou engolir para ver o teste aprovado – introduz ruídos e distorções. De fato, pelo menos no curto prazo, os alunos não são prejudicados por notas ruins da sua escola. O curso é fraco ou alguns alunos quiseram acertar contas? É claro, toda nota ruim é atribuída a um boicote!
         Mas há uma solução para essa moléstia. E tem custo zero. A fórmula mágica é da IBM americana e data de mais de vinte anos atrás. Liderando um consórcio de grandes empresas, ela combinou que passariam a exigir dos candidatos a emprego a sua pontuação no SAT (uma prova parecida com o Enem). Tal como no Enem e no Enade, essas notas são confidenciais. Não obstante, o candidato pode, voluntariamente, mostrá-la à empresa. E esta tem o direito de decidir que não contrata sem vê-las. Lembremo-nos, um laudo médico é confidencial, mas pode ser exigido pela empresa para contratar.
         Se as grandes empresas, antes de contratar, passam a exigir as notas do Enem ou do Enade, evapora-se a impunidade. E nem é necessário que elas venham a considerar o teste, basta que possam considerá-lo, se assim o decidirem. Portanto, nota ruim reduz a empregabilidade. Responder em branco ou com displicência é um tiro no pé, pois barra o acesso às empresas mais cobiçadas. Outra consequência é que, al levarem as notas em conta, as empresas estão dizendo que valorizam quanto o candidato aprendeu, e não apenas o diploma. Isso pode frear a demanda por cursos que exigem pouco do aluno.
         Curiosamente, essa prática pode democratizar o acesso. Hoje, as empresas valorizam a reputação do curso. Agem na presunção de que escolas famosas produzem melhores alunos. Na média, até que é verdade. Mas, se conhecerem as notas do Enade, poderão contratar alunos brilhantes que cursaram instituições menos brilhantes.
         Assim sendo, aí está a minha conclamação: “Empresas grandes e prestigiosas, uni-vos e passai a exigir as notas do Enem e do Enade!”.”.

(CLAUDIO DE MOURA CASTRO, em artigo publicado na revista VEJA, edição 2553 – ano 50 – nº 43, de 25 de outubro de 2017, página 93).

Mais uma importante e oportuna contribuição para o nosso trabalho de Mobilização para a Excelência Educacional vem de artigo publicado no jornal ESTADO DE MINAS, edição de 1º de novembro de 2017, caderno OPINIÃO, página 7, de autoria de GUILHERME MARBACK, head da unidade de cultura organizacional da Crescimentum, coach executivo e especialista em desenvolvimento de liderança, e que merece igualmente integral transcrição:

“O povo e o seu governo
        As pessoas não se dão conta da relevância do momento atual. Estamos diante de uma oportunidade de evolução da nossa sociedade e precisamos aproveitá-la para ampliar a consciência do cidadão como motor da evolução do país.     
Costumo colocar o cidadão no topo das condições para a evolução da sociedade, mesmo sob críticas dos que apontam os governantes no centro das responsabilidades. Não proponho aqui isentá-los nem eximi-los. Apenas acredito que as verdadeiras mudanças ocorrem a partir do cidadão. É claro que precisamos ampliar a educação, melhorar a saúde, a infraestrutura. Mas o comportamento da sociedade e suas consequências têm origem em uma camada mais profunda, nos nossos valores. Em última instância, os governantes são reflexo do que somos.
         Quando pensamos em transformar a cultura de um país, a coisa é bem mais complexa do que as transformações que ocorrem nas organizações, a partir da transformação dos seus líderes. O sistema humano de um país desenvolveu sua cultura após gerações, como consequência de uma série de fatos históricos, que determinaram modelos daquilo que se estabelece como típico, normal e característico do caráter ou gênio de um povo. Isso até é passível de variadas análises e interpretações antropológicas, etnológicas, filosóficas, sociológicas, no sentido de caracterizar o perfil coletivo, mas seria impossível localizar nas origens qualquer qualificação das relações de causa e efeito da forma como fazemos nas organizações. O desenvolvimento do caráter de um povo ocorre a partir de modelos e padrões estéticos, morais e éticos, consequentes da experiência histórica da coletividade e, em certa medida, até é indistintamente desenvolvido. Por outro lado, acredito que a transformação da cultura de uma sociedade, planejada ou não, pode acontecer a partir da tomada de consciência do coletivo, mas necessariamente ocorre como consequência de fatos históricos que patrocinam a reinterpretação de significados coletivamente. Isso acontece, por exemplo, em situações de guerra. Nenhum país sai de uma guerra da mesma forma que entrou, pois é um fato que altera a cultura como se fosse uma alteração genética.
No nosso caso, embora não estejamos em guerra, enfrentamos uma profunda crise política e econômica. Na raiz dessa crise emergem assustadores padrões morais e éticos. A exposição de práticas espúrias no meio político e empresarial é de tal monta que supera as expectativas de todos, mas nos permite olhar e repensar o que deve ser aceito ou não. Estamos diante de uma fratura exposta, descortinando uma lógica que envergonha todos, até alguns dos que se envolveram e chegaram a se vangloriar da “esperteza”. Os acontecimentos ativaram forças que produzem a esperança de tempos melhores: Operação Lava-Jato, o impedimento da presidente da República, Judiciário atuante como nunca, delações premiadas, políticos de alto escalão presos, empresários do topo amargando anos de prisão, coisas inimagináveis tempos atrás.
Mas será que tudo isso trará solução duradoura? Não, a grande oportunidade que se apresenta é a reflexão e a tomada de consciência. Precisamos aproveitar para mudar a nossa cultura, aquela do “levar vantagem em tudo”, de tolerar o “rouba mas faz”, do “jeitinho brasileiro”, de aceitar a corrupção nas mínimas coisas. Precisamos aproveitar para encontrar novos significados para o que se deve ou não fazer e assumir um papel de intolerância com o que está errado!
Assim como em uma empresa, mudar a cultura de um país passa por mudar os comportamentos dos líderes. A grande questão é que o brasileiro se posiciona criticamente diante do Brasil e do brasileiro, olhando-se na terceira pessoa, tipo “eu sou honesto, mas o brasileiro é corrupto...” Pesquisas recentes do Barrett Values Centre constatam que os valores do brasileiro localizam e apontam tanto os problemas quanto as soluções associadas na terceira pessoa... “Eles precisam mudar”. São os governantes, os líderes... Sempre há os vilões e heróis! Esses são os culpados, aqueles salvam!
Mas, pensando em uma sociedade, quem são aqueles que efetivamente podem mudar a cultura e o rumo das coisas? Os verdadeiros líderes, aqueles que forjam a cultura de uma nação são os cidadãos comuns, TODOS, os pais, filhos, professores, alunos... Qualquer um que tenha capacidade de influenciar o outro a se comportar do jeito correto, independentemente da sua classe ou posição sociocultural, mas que se legitima a partir dos seus comportamentos e exemplo.
A partir do exercício da cidadania em cada um, conseguiremos mudar a nossa realidade cultural, onde não se tolere o que não for o certo! Só assim mudaremos para uma sociedade mais solidária, justa e cidadã.”.

Eis, portanto, mais páginas contendo importantes, incisivas e oportunas abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança de nossa história – que é de ética, de moral, de princípios, de valores –, para a imperiosa e urgente necessidade de profundas mudanças em nossas estruturas educacionais, governamentais, jurídicas, políticas, sociais, culturais, econômicas, financeiras e ambientais, de modo a promovermos a inserção do País no concerto das potências mundiais livres, civilizadas, soberanas, democráticas e sustentavelmente desenvolvidas...

Assim, urge ainda a efetiva problematização de questões deveras cruciais como:
a)     a excelência educacional – pleno desenvolvimento da pessoa, da cidadania e da qualificação profissional –, desde a educação infantil (0 a 3 anos de idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo da modernidade de matricularmos nossas crianças de 6 anos de idade na primeira série do ensino fundamental, independentemente do mês de seu nascimento –, até a pós-graduação (especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade absoluta de nossas políticas públicas, gerando o pleno desenvolvimento da pessoa, da cidadania e da qualificação profissional (enfim, 125 anos depois, a República proclama o que esperamos seja verdadeiramente o início de uma revolução educacional, mobilizando de maneira incondicional todas as forças vivas do país, para a realização da nova pátria; a pátria da educação, da ética, da justiça, da liberdade, da civilidade, da democracia, da participação, da solidariedade, da sustentabilidade...);
b)    o combate implacável, sem eufemismos e sem tréguas, aos três dos nossos maiores e mais devastadores inimigos que são: I – a inflação, a exigir permanente, competente e diuturna vigilância, de forma a manter-se em patamares civilizados, ou seja, próximos de zero (segundo dados do Banco Central, a taxa de juros do cartão de crédito atingiu em agosto/2017 a ainda estratosférica marca de 397,44% nos últimos  doze meses, e a taxa de juros do cheque especial registrou históricos 317,31%; e já o IPCA, também no acumulado dos últimos doze meses, em setembro, chegou a 2,54%); II – a corrupção, há séculos, na mais perversa promiscuidade  –  “dinheiro público versus interesses privados” –, como um câncer a se espalhar por todas as esferas da vida nacional, gerando incalculáveis e irreversíveis prejuízos, perdas e comprometimentos de vária ordem (a propósito, a lúcida observação do procurador chefe da força-tarefa da Operação Lava Jato, Deltan Dallagnol: “A Lava Jato ela trata hoje de um tumor, de um caso específico de corrupção, mas o problema é que o sistema é cancerígeno...” – e que vem mostrando também o seu caráter transnacional;  eis, portanto, que todos os valores que vão sendo apresentados aos borbotões, são apenas simbólicos, pois em nossos 516 anos já se formou um verdadeiro oceano de suborno, propina, fraudes, desvios, malversação, saque, rapina e dilapidação do nosso patrimônio... Então, a corrupção mata, e, assim, é crime...); III – o desperdício, em todas as suas modalidades, também a ocasionar inestimáveis perdas e danos, indubitavelmente irreparáveis (por exemplo, segundo Lucas Massari, no artigo ‘O Desperdício na Logística Brasileira’, a “... Desconfiança das empresas e das famílias é grande. Todos os anos, cerca de R$ 1 trilhão, é desperdiçado no Brasil. Quase nada está imune à perda. Uma lista sem fim de problemas tem levado esses recursos e muito mais. De cada R$ 100 produzidos, quase R$ 25 somem em meio à ineficiência do Estado e do setor privado, a falhas de logística e de infraestrutura, ao excesso de burocracia, ao descaso, à corrupção e à falta de planejamento...”;
c)     a dívida pública brasileira - (interna e externa; federal, estadual, distrital e municipal) –, com previsão para 2017, apenas segundo o Orçamento Geral da União, de exorbitante e insuportável desembolso de cerca de R$ 1,722 trilhão, a título de juros, encargos, amortização e refinanciamentos (ao menos com esta rubrica, previsão de R$ 946,4 bilhões), a exigir alguns fundamentos da sabedoria grega:
- pagar, sim, até o último centavo;
- rigorosamente, não pagar com o pão do povo;
- realizar uma IMEDIATA, abrangente, qualificada, independente e eficaz auditoria... (ver também www.auditoriacidada.org.br)
(e ainda a propósito, no artigo Melancolia, Vinicius Torres Freire, diz: “... Não será possível conter a presente degradação econômica sem pelo menos, mínimo do mínimo, controle da ruína das contas do governo: o aumento sem limite da dívida pública...”).

Destarte, torna-se absolutamente inútil lamentarmos a falta de recursos diante de tão descomunal sangria que dilapida o nosso já combalido dinheiro público, mina a nossa capacidade de investimento e de poupança e, mais grave ainda, afeta a credibilidade de nossas instituições, negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à pátria, ao lado de abissais desigualdades sociais e regionais e de extremas e sempre crescentes necessidades de ampliação e modernização de setores como: a gestão pública; a infraestrutura (rodovias, ferrovias, hidrovias, portos, aeroportos); a educação; a saúde; o saneamento ambiental (água tratada, esgoto tratado, resíduos sólidos tratados, macrodrenagem urbana, logística reversa); meio ambiente; habitação; mobilidade urbana (trânsito, transporte, acessibilidade); minas e energia; emprego, trabalho e renda; agregação de valor às commodities; sistema financeiro nacional; assistência social; previdência social; segurança alimentar e nutricional; segurança pública; forças armadas; polícia federal; defesa civil; logística; pesquisa e desenvolvimento; ciência, tecnologia e inovação; cultura, esporte e lazer; turismo; comunicações; qualidade (planejamento – estratégico, tático e operacional –, transparência, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade – “fazer mais e melhor, com menos” –, criatividade, produtividade, competitividade); entre outros...

São, e bem o sabemos, gigantescos desafios mas que, de maneira alguma, abatem o nosso ânimo e nem arrefecem o nosso entusiasmo e otimismo nesta grande cruzada nacional pela excelência educacional, visando à construção de uma Nação verdadeiramente participativa, justa, ética, educada, civilizada, qualificada, livre, soberana, democrática, solidária e desenvolvida, que possa partilhar suas extraordinárias e generosas riquezas, oportunidades e potencialidades com todas as brasileiras e com todos os brasileiros. Ainda mais especialmente no horizonte de investimentos bilionários previstos em inadiáveis e fundamentais empreendimentos de infraestrutura, além de projetos do Pré-Sal e de novas fontes energéticas, à luz das exigências do século 21, da era da globalização, da internacionalização das organizações, da informação, do conhecimento, da inovação, das novas tecnologias, da sustentabilidade e de um possível e novo mundo do direito, da justiça, da verdade, do diálogo, da liberdade, da paz, da solidariedade, da igualdade – e com equidade –, e da fraternidade universal...

Este é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a nossa fé, a nossa esperança... e perseverança!

“VI, OUVI E VIVI: O BRASIL TEM JEITO!”

- 55 anos de testemunho de um servidor público (1961 – 2016) ...

- Estamos nos descobrindo através da Excelência Educacional ...
- ANTICORRUPÇÃO: Prevenir e vencer, usando nossas defesas democráticas ...
- Por uma Nova Política Brasileira ...
- Pela excelência na Gestão Pública ...   

Afinal, o Brasil é uma águia pequena que já ganhou asas e, para voar, precisa tão somente de visão olímpica e de coragem! ...      





segunda-feira, 16 de outubro de 2017

A EXCELÊNCIA EDUCACIONAL, A ESSÊNCIA DAS POLARIDADES HUMANAS E O IMPLACÁVEL COMBATE À CORRUPÇÃO NA SUSTENTABILIDADE

“A união das polaridades masculina 
e feminina no ser humano
        Em nossa cultura, é muito forte a associação entre corpo físico e comportamento, o que nos impede de reconhecer, dentro de nós, traços do polo oposto de nossa sexualidade. O trabalho de refletir sobre a própria realidade interior, de concentrar-se silenciosamente com a mente voltada para o centro da consciência, inova a universalidade necessária para dispormos das nossas energias de maneira mais completa e sábia, e não usarmos apenas as que correspondem à polaridade sexual na qual estamos encarnados. Afinal, a nossa grande aventura é o equilíbrio entre o yin e o yang, ou seja, entre a anima e o animus, no conceito da psicologia junguiana e nas doutrinas sábias do Antigo Oriente.
         O antagonismo entre as polaridades masculina e feminina existe por desconhecermos o real significado de um estado pelo qual homens e mulheres, indistintamente, passam: a gestação, no íntimo do ser, da realidade espiritual interna, até então oculta. Quando esta se torna finalmente consciente e manifestada, eis aí nosso verdadeiro nascimento: tudo o que antes ocorreu em nossa vida nada mais foi do que mera preparação para esse acontecimento. Começamos então a viver, pois passamos a ser úteis ao Plano Evolutivo. Tal processo de gestão e nascimento não depende do tipo de corpo físico no qual nos encontramos encarnados. O reconhecimento próprio do ser interno que habita mundos sutis é para ser aperfeiçoado continuamente, unificando-se, assim, essas polaridades em cada ser.
         Todos temos que desenvolver os traços positivos tipicamente masculinos tais como coragem, firmeza, avaliação objetiva, capacidade de decisão, sinceridade, magnanimidade, franqueza, generosidade e uma visão ampla do trabalho criativo. Por outro lado, todos devemos dominar os traços negativos deste polo, como grosseria, autoritarismo, fanatismo, orgulho mental e sujeição aos desejos inferiores. E seria esperado que todos desenvolvessem também os traços femininos positivos como suavidade, modéstia, prudência, ternura, economia, flexibilidade mental e meticulosidade, buscando superar os aspectos considerados negativos deste polo, como covardia, acanhamento, indecisão, verbosidade, falta de clareza, falsidade, astúcia, dissimulação e sentimentalismo.
         No ser humano, a necessidade de complementação está muito evidenciada, aparecendo, contudo, como antagonismo – ele ainda não tem condições, em nível consciente, de realizar em si o equilíbrio dessas energias. Quando um indivíduo crê que outro do sexo físico oposto pode completá-lo e chega ao ato sexual buscando a união, sem lembrar que as próprias polaridades, passa por uma série de experiências decepcionantes e, assim, contribui para a perpetuação desse antagonismo multimilenar.
         Já nos níveis superiores de existência onde nossa alma habita, a diferença de polaridades não é percebida como antagonismo. Enquanto, como personalidade, buscamos a complementação em outro indivíduo (polo oposto), como alma, buscamos a nossa realidade mais profunda, onde a totalidade é conhecida e não mais são necessárias complementações. Nesse nível, portanto, vai-se ao encontro da essência, que inclui o aspecto oposto àquele que está mais evidente. Assim, uma alma não busca outra alma, como quase todos pensam, mas na realidade buscam o próprio centro, onde encontra a presença de todas as outras almas.”.

(TRIGUEIRINHO. Escritor, em artigo publicado no jornal O TEMPO Belo Horizonte, edição de 8 de outubro de 2017, caderno O.PINIÃO, página 16).

Mais uma importante e oportuna contribuição para o nosso trabalho de Mobilização para a Excelência Educacional vem de artigo publicado Na revista VEJA, edição 2550 – ano 50 – nº 40, de 4 de outubro de 2017, páginas 54 e 55, de autoria de CAIO MAGRI, diretor-presidente do Instituto Ethos e membro do Conselho de Transparência Pública e Combate à Corrupção da CGU, e JORGE HAGE, ex-ministro da CGU e sócio- fundador da Haje, Navarro, Fonseca, Suzart & Prudêncio Consultoria em Compliance, e que merece igualmente integral transcrição:

“AQUI, UMA APOSTA
        COMO O BRASIL deve enfrentar a corrupção? Essa é a pergunta que todo cidadão faz ao abrir o jornal ou ligar a TV. A resposta simplista é que se trata de uma questão cultural, diante da qual nada pode ser feito, pois nós, brasileiros, estamos fadados a essa condição. Isso não é verdade. A corrupção é um problema que acompanha a humanidade desde seus primórdios. Apesar de condenada por todas as filosofias, ela não era combatida pelos governos até a segunda metade do século XX, e, nos países industrializados da Europa, o pagamento de propina, por seus empresas, nas nações menos desenvolvidas, era até estimulado, permitindo-se sua dedução no imposto de renda. É na década de 70 que os Estados Unidos aprovam uma lei para punir tais condutas e passam a pressionar os demais países a fazer o mesmo, de modo a não deixar suas empresas em desvantagem. Acabam tendo êxito, já no fim do século, com a celebração da Convenção da OCDE contra o Suborno. Posto o tema, pela primeira vez, como global, seguem-se novos tratados, culminando, em 2003, com a Convenção da ONU com recomendações anticorrupção para todos os países.
         Isso indica clara mudança de perspectiva sobre o fenômeno, que deixa de ser visto como questão apenas cultural para ser entendido como problema de muitas faces, entre elas uma institucional – dependendo seu controle da existência de instituições que as nações podem criar. Por isso mesmo, a corrupção se alastra nos países que disso não cuidam e é mantida em patamares bem mais baixos nos que tratam de fazê-lo.
         Entre nós, essa enfrentamento é recente. Foi a partir da Constituição de 1988 e com a Lei da Improbidade Administrativa que começamos a construir esse marco legal – embora limitado ao plano repressivo. No campo da prevenção, só na virada do século vieram as primeiras medidas de relevo, como a Lei de Responsabilidade Fiscal, a Lei de Lavagem de Dinheiro e a instituição do Coaf, órgão encarregado de fiscalizar movimentações financeiras. Seguiram-se a criação da Controladoria-Geral da União (CGU), com seus sistemas de fiscalização, correição e ouvidorias, o fortalecimento da Polícia Federal, com as operações contra a corrupção, a autonomia do Ministério Público e a especialização de varas do Judiciário. Depois, vieram o Portal da Transparência e as leis de Acesso à Informação, de Conflito de Interesses e da Ficha Limpa. Da parceria entre a CGU e o Instituto Ethos nas o Programa Pró-Ética, que, a cada ano, vê duplicar o número de empresas com bons programas de integridade corporativa.
         Mais recentemente, a Lei Anticorrupção e a Lei das Organizações Criminosas trouxeram novos avanços. A primeira, pelo estímulo aos programas de compliance das empresas, que passam a ser as maiores interessadas na prevenção, porque responderão, com seu patrimônio, por qualquer infração praticada em seu interesse. A segunda, pela ampliação da capacidade investigativa do Estado, com os modernos meios de obtenção de provas. (Os equívocos iniciais devem ser superados com a experiência).
         Daí resultou o êxito sem precedentes da Operação Lava-Jato, que revela, a cada dia, novos fatos a revoltar a nação.
         Temos, então, um paradoxo? A construção desses instrumentos fez aumentar a corrupção?
         Pelo contrário: o espetáculo repugnante que ora se descortina aos olhos de todos é a revelação de práticas que sempre vigoraram na relação público-privada em nosso país. Só que tudo permanecia nas sombras. Suspeitava-se que elas ocorressem, mas não havia evidências concretas. Agora, graças aos instrumentos e instituições que o Brasil vem construindo – com o apoio de uma sociedade civil ativa e uma imprensa vigilante –, foi possível trazer à tona aquilo que se mantinha oculto, “embaixo do tapete”.
         O momento pode parecer desalentador, mas constitui etapa pela qual o país teria de passar, até para generalizar-se a consciência da gravidade do problema, que agora sobe ao topo das preocupações nacionais. É hora, portanto, de recobrar esforços na luta contra a corrupção, até porque ainda há muito que fazer, a começar pela esfera da política. Contando-se com a exacerbação da consciência nacional sobre a questão ética, é razoável esperar uma melhor escolha dos eleitos.
         Para tanto, muito contribuiria uma reforma política profunda, que, não podendo ocorrer neste momento, exigirá a mobilização da sociedade, tal como aconteceu com a Lei da Ficha Limpa. E mais: impõe-se construir uma estratégia que reúna todos os segmentos da sociedade em torno de um conjunto de propostas. A isso vem o Instituto Ethos dedicando esforço que pretende compartilhar com todas essas forças.
         Para formulá-lo, como ponto de partida para o debate, optou-se pela metodologia da Transparência Internacional, que possibilita analisar as condições dos países de forma sistêmica, de modo a avaliar sua capacidade de prevenir, investigar e combater a corrupção. Assim, analisou-se a evolução do esforço do Brasil e constatou-se o quando de importantes conquistas acima descrito. Dessa maneira, foi possível identificar as lacunas ainda existentes, a ser preenchidas, no Sistema de Integridade Nacional.
         As medidas para isso voltadas comporão o Plano Nacional de Integridade, Transparência e Combate à Corrupção. Elas são de três espécies: medidas de reforma institucional, de repressão ao ilícito e de prevenção da corrupção.
No primeiro bloco, incluem-se propostas de reforma política, alterações das normas de foro privilegiado, escolha de membros de tribunais de contas, requisitos de probidade para a nomeação de ministros de Estado e redução dos cargos de livre escolha. Entre as do segundo grupo estão alterações no processo penal e tipificação dos crimes de caixa dois e de enriquecimento ilícito. E, no terceiro, a ampliação da transparência em todos os poderes, a revisão das normas de licitação, a regulamentação do lobby, a ampliação dos estímulos à integridade empresarial e a melhoria da regulação e do ambiente de negócios. Merece destaque, ainda, a ênfase na implementação da Lei das Estatais, que regula área até então não alcançada pelas medidas já em uso nos demais setores da administração e na qual se verificaram os principais problemas de corrupção. Completam o plano iniciativas de mobilização e educação da cidadania e ampliação do controle social.
O mecanismo de construção de um plano dessa importância requer o envolvimento de distintos segmentos da sociedade em discussões públicas sobre tais temas. Uma dessas oportunidades ocorreu no último dia 27 de setembro, quando da realização da Conferência Ethos 360º, em São Paulo. Ali foram apresentadas propostas, abertas à contribuição de todos, que resultarão em projetos de lei, emendas, posicionamentos públicos ou campanhas de mobilização.
Muitas outras oportunidades como essa devem seguir-se. O período eleitoral que se avizinha, longe de ser empecilho, constitui oportunidade para a mobilização em busca de compromissos por parte dos candidatos. Parece certo que a luta contra a corrupção haverá de ser um dos principais temas nas eleições de 2018. E esta é a hora de preparar-se a sociedade para esse embate. O desafio é construir uma iniciativa única, abrangente, que mobilize a todos na luta pela integridade e contra a corrupção.
Os avanços já obtidos no campo da punição dos ilícitos, por mais importantes que sejam, não nos devem iludir como garantia contra novas ocorrências. Os fatos têm demonstrado que não é assim que funciona. É preciso investir também em medidas preventivas. E essa é a aposta do Plano Nacional de Integridade aqui esboçado para o debate público.”.

Eis, portanto, mais páginas contendo importantes, incisivas e oportunas abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança de nossa história – que é de ética, de moral, de princípios, de valores –, para a imperiosa e urgente necessidade de profundas mudanças em nossas estruturas educacionais, governamentais, jurídicas, políticas, sociais, culturais, econômicas, financeiras e ambientais, de modo a promovermos a inserção do País no concerto das potências mundiais livres, civilizadas, soberanas, democráticas e sustentavelmente desenvolvidas...

Assim, urge ainda a efetiva problematização de questões deveras cruciais como:
a)     a excelência educacional – pleno desenvolvimento da pessoa, da cidadania e da qualificação profissional –, desde a educação infantil (0 a 3 anos de idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo da modernidade de matricularmos nossas crianças de 6 anos de idade na primeira série do ensino fundamental, independentemente do mês de seu nascimento –, até a pós-graduação (especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade absoluta de nossas políticas públicas, gerando o pleno desenvolvimento da pessoa, da cidadania e da qualificação profissional (enfim, 125 anos depois, a República proclama o que esperamos seja verdadeiramente o início de uma revolução educacional, mobilizando de maneira incondicional todas as forças vivas do país, para a realização da nova pátria; a pátria da educação, da ética, da justiça, da liberdade, da civilidade, da democracia, da participação, da solidariedade, da sustentabilidade...);
b)    o combate implacável, sem eufemismos e sem tréguas, aos três dos nossos maiores e mais devastadores inimigos que são: I – a inflação, a exigir permanente, competente e diuturna vigilância, de forma a manter-se em patamares civilizados, ou seja, próximos de zero (segundo dados do Banco Central, a taxa de juros do cartão de crédito atingiu em agosto/2017 a ainda estratosférica marca de 397,44% nos últimos  doze meses, e a taxa de juros do cheque especial registrou históricos 317,31%; e já o IPCA, também no acumulado dos últimos doze meses, em setembro, chegou a 2,54%); II – a corrupção, há séculos, na mais perversa promiscuidade  –  “dinheiro público versus interesses privados” –, como um câncer a se espalhar por todas as esferas da vida nacional, gerando incalculáveis e irreversíveis prejuízos, perdas e comprometimentos de vária ordem (a propósito, a lúcida observação do procurador chefe da força-tarefa da Operação Lava Jato, Deltan Dallagnol: “A Lava Jato ela trata hoje de um tumor, de um caso específico de corrupção, mas o problema é que o sistema é cancerígeno...” – e que vem mostrando também o seu caráter transnacional;  eis, portanto, que todos os valores que vão sendo apresentados aos borbotões, são apenas simbólicos, pois em nossos 516 anos já se formou um verdadeiro oceano de suborno, propina, fraudes, desvios, malversação, saque, rapina e dilapidação do nosso patrimônio... Então, a corrupção mata, e, assim, é crime...); III – o desperdício, em todas as suas modalidades, também a ocasionar inestimáveis perdas e danos, indubitavelmente irreparáveis (por exemplo, segundo Lucas Massari, no artigo ‘O Desperdício na Logística Brasileira’, a “... Desconfiança das empresas e das famílias é grande. Todos os anos, cerca de R$ 1 trilhão, é desperdiçado no Brasil. Quase nada está imune à perda. Uma lista sem fim de problemas tem levado esses recursos e muito mais. De cada R$ 100 produzidos, quase R$ 25 somem em meio à ineficiência do Estado e do setor privado, a falhas de logística e de infraestrutura, ao excesso de burocracia, ao descaso, à corrupção e à falta de planejamento...”;
c)     a dívida pública brasileira - (interna e externa; federal, estadual, distrital e municipal) –, com previsão para 2017, apenas segundo o Orçamento Geral da União, de exorbitante e insuportável desembolso de cerca de R$ 1,722 trilhão, a título de juros, encargos, amortização e refinanciamentos (ao menos com esta rubrica, previsão de R$ 946,4 bilhões), a exigir alguns fundamentos da sabedoria grega:
- pagar, sim, até o último centavo;
- rigorosamente, não pagar com o pão do povo;
- realizar uma IMEDIATA, abrangente, qualificada, independente e eficaz auditoria... (ver também www.auditoriacidada.org.br)
(e ainda a propósito, no artigo Melancolia, Vinicius Torres Freire, diz: “... Não será possível conter a presente degradação econômica sem pelo menos, mínimo do mínimo, controle da ruína das contas do governo: o aumento sem limite da dívida pública...”).

Isto posto, torna-se absolutamente inútil lamentarmos a falta de recursos diante de tão descomunal sangria que dilapida o nosso já combalido dinheiro público, mina a nossa capacidade de investimento e de poupança e, mais grave ainda, afeta a credibilidade de nossas instituições, negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à pátria, ao lado de abissais desigualdades sociais e regionais e de extremas e sempre crescentes necessidades de ampliação e modernização de setores como: a gestão pública; a infraestrutura (rodovias, ferrovias, hidrovias, portos, aeroportos); a educação; a saúde; o saneamento ambiental (água tratada, esgoto tratado, resíduos sólidos tratados, macrodrenagem urbana, logística reversa); meio ambiente; habitação; mobilidade urbana (trânsito, transporte, acessibilidade); minas e energia; emprego, trabalho e renda; agregação de valor às commodities; sistema financeiro nacional; assistência social; previdência social; segurança alimentar e nutricional; segurança pública; forças armadas; polícia federal; defesa civil; logística; pesquisa e desenvolvimento; ciência, tecnologia e inovação; cultura, esporte e lazer; turismo; comunicações; qualidade (planejamento – estratégico, tático e operacional –, transparência, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade – “fazer mais e melhor, com menos” –, criatividade, produtividade, competitividade); entre outros...

São, e bem o sabemos, gigantescos desafios mas que, de maneira alguma, abatem o nosso ânimo e nem arrefecem o nosso entusiasmo e otimismo nesta grande cruzada nacional pela excelência educacional, visando à construção de uma Nação verdadeiramente participativa, justa, ética, educada, civilizada, qualificada, livre, soberana, democrática, solidária e desenvolvida, que possa partilhar suas extraordinárias e generosas riquezas, oportunidades e potencialidades com todas as brasileiras e com todos os brasileiros. Ainda mais especialmente no horizonte de investimentos bilionários previstos em inadiáveis e fundamentais empreendimentos de infraestrutura, além de projetos do Pré-Sal e de novas fontes energéticas, à luz das exigências do século 21, da era da globalização, da internacionalização das organizações, da informação, do conhecimento, da inovação, das novas tecnologias, da sustentabilidade e de um possível e novo mundo do direito, da justiça, da verdade, do diálogo, da liberdade, da paz, da solidariedade, da igualdade – e com equidade –, e da fraternidade universal...

Este é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a nossa fé, a nossa esperança... e perseverança!

“VI, OUVI E VIVI: O BRASIL TEM JEITO!”

- 55 anos de testemunho de um servidor público (1961 – 2016) ...

- Estamos nos descobrindo através da Excelência Educacional ...
- ANTICORRUPÇÃO: Prevenir e vencer, usando nossas defesas democráticas...
- Por uma Nova Política Brasileira...  

Afinal, o Brasil é uma águia pequena que já ganhou asas e, para voar, precisa tão somente de visão olímpica e de coragem! ...