domingo, 16 de dezembro de 2012

A CIDADANIA, A EFICIÊNCIA, A COMPETÊNCIA E A HUMANIDADE

“Eficiência e utilidade

O resultado de apurado exame sobre os últimos 45 anos mostra que o Brasil deixou de ser um país agrário e atrasado e se tornou uma nação emergente. Esses avanços situam o país na condição de moderno, ou “quase moderno”. Obviamente, o resultado desse exame é fruto de consideração prioritária da evolução da técnica. De fato, quando se trata de avaliar o desenvolvimento, geralmente considera-se principalmente o progresso tecnológico, reconhecidamente importante. É oportuno recordar o que diz o para Bento XVI sobre a técnica, na sua encíclica sobre o desenvolvimento na caridade e na verdade, no capítulo seis. O papa sublinha que a técnica é um dado profundamente humano, ligado à autonomia e à liberdade do homem. O papa se recorda de um princípio importante: na técnica exprime-se e confirma-se o domínio do espírito sobre a matéria. A valorização e importância da técnica se situam na compreensão lúcida do quanto ela é necessária para melhorar as condições de vida, poupar fadigas e reduzir riscos. O papa Bento XVI, na encíclica, lembra que na técnica, considerada como obra do gênio pessoal, o homem reconhece-se a si mesmo e realiza a própria humanidade.

A técnica é, portanto, o aspecto objetivo do agir humano, cuja origem e razão de ser estão no elemento subjetivo, o homem que atua. É manifestação do próprio homem e de suas aspirações ao desenvolvimento. Aqui se situa um ponto fundamental na consideração da eficiência e da utilidade a partir dos avanços técnicos na contabilização do desenvolvimento e do progresso. O que se quer acentuar é a importância fundamental e o lugar imprescindível de cada pessoa nas engrenagens do desenvolvimento. Por isso, há de ser um desenvolvimento humano integral. Não basta um progresso técnico em si, para usufruto talvez de alguns. O avanço tem que ser benéfico para todos.

Observando o progresso tecnológico no mundo e no Brasil, causa impacto olhar para as últimas duas décadas. Nem é preciso rever a história dos últimos 45 anos, detalhados em pesquisa que acaba de ser divulgada, para constatar a intensidade de mudanças, os cenários de possibilidades e os desafios novos que estão postos. O bem que nasce a partir da técnica certamente porta a geração de comprometimentos que precisam estar na pauta do dia para que não tornem perdas os muitos ganhos, com incidências drásticas na qualidade humana e espiritual da vida.

Ao retomar o exame que traz auspiciosa notícia de que o Brasil é moderno, ou “quase moderno”, é preciso fazer presente o entendimento de que é necessário o desenvolvimento humano integral, com a participação mais ativa de todos, para continuar essa trajetória rumo ao progresso. O verdadeiro desenvolvimento não consiste simplesmente no fazer. Se o fosse, nosso horizonte seria inteiramente tecnocrático. Não conseguiríamos encontrar sentido e razões para além da materialidade. O papa Bento XVI, na referida encíclica, lembra que o agir será sempre humano, expressão de uma liberdade responsável. Não se pode prescindir do compromisso moral no uso da técnica. A construção de um mundo de justiça e paz encontra nas tecnologias uma força facilitadora. Mas é importante ter sempre a convicção de que as pessoas são o agente e o destinatário da paz e da justiça.

Essa compreensão evita que se despreze, no processo de desenvolvimento, a ação humana comprometida com o bem comum. É, assim, indispensável a qualificação de cada um, no campo profissional e ético. Nesse sentido, é preciso considerar como determinante o envolvimento e o engajamento de todos nos processos que permitem uma nação avançar, sempre. Trata-se de fazer crescer uma consciência sobre a necessária humanização do trabalho e do gosto em trabalhar, sem preguiça. Assim é possível alcançar um desenvolvimento integral sustentável. Humanismo e muito trabalho farão do Brasil um país moderno.”

(DOM WALMOR OLIVEIRA DE AZEVEDO, Arcebispo metropolitano de Belo Horizonte, em artigo publicado no jornal ESTADO DE MINAS, edição de 14 de dezembro de 2012, caderno OPINIÃO, página 7).

Mais uma importante e oportuna contribuição para o nosso trabalho de MOBILIZAÇÃO PARA A CIDADANIA E QUALIDADE vem de artigo publicado no mesmo veículo, edição de 30 de junho de 2012, caderno PENSAR, página 2, de autoria de JOÃO PAULO, Editor de Cultura, e que merece igualmente integral transcrição:

“Ricos também choram. Ainda bem

A crise que assola a Europa trouxe de volta algumas questões importantes para o debate político. E não se trata de uma questão que interesse apenas ao Norte. Aqui, abaixo do Equador, se não é a economia que traz os problemas mais candentes, a questão da democracia se torna mais uma tributária de interesses particulares: há medo declarado da soberania popular e a cada crise se assacam argumentos autoritários e antipopulares.

Em outras palavras: há uma crise econômica poderosa e ameaçadora da ordem mundial que, depois de muitas décadas, chega aos países ricos (todos os sinais, da instabilidade dos mercados à injustiça social, quando afetavam países pobres eram considerados consequências da fraqueza moral e institucional das nações dependentes); há um espectro autoritário que ronda como fantasma, que teima em desafiar os valores democráticos quando eles apontam para a desconfiança em relação às receitas ortodoxas e elitistas.

Ao Norte, a economia despenca; ao Sul, a política é alvo de desconfiança.

Num cenário como esse voltam à discussão temas importantes que pareciam sepultados, como a justiça social, a intervenção estatal, a regulação dos mercados, a reinvenção da política, a superação do neoliberalismo, a retomada de estratégias de esquerda e até os valores da social-democracia. Algo precisa ser feito e todas as receitas anteriores parecem ineficazes.

Durante muito tempo, a ideia de regulação dos mercados era tomada como intervenção indevida e danosa ao caráter virtuoso do mercado. A atual crise mostrou que o sistema financeiro é por natureza amoral e destrutivo, não preservando sequer sua condições de possibilidade, confiando sempre no socorro público.

A recusa da população islandesa em amparar os bancos foi um ato simbólico poderoso: não se pode pedir a quem foi roubado que financie a retomada da saúde financeira dos ladrões. O fato de a atitude ter partido de um país considerado de Primeiro Mundo (e não de uma revolta ideológica terceiro-mundista) mostra que as regras estão mudando. A mesma situação, com outras manifestações, vem sendo percebida em países europeus que não aceitam receituários recessivos em nome do interesse do mercado financeiro.

O desafio que se coloca em termos econômicos e políticos para a Europa é combinar uma solução que preserve a estrutura da economia sem ferir de morte sua capacidade produtiva e de consumo. As pessoas não aceitam mais que a irresponsabilidade dos mercados se traduza em desemprego, abale a previdência pública e elimine garantias sociais conquistadas em décadas de mobilização.

Quando se propõe, hoje, a intervenção estatal, não se trata de regressão a estágios de planejamento centralizado nem de impedimento da iniciativa privada, mas da busca de um novo patamar de relacionamento entre sociedade e Estado que leve em consideração as demandas igualitárias, os objetivos moralmente justos e a eficiência do sistema. São desafios quase sempre capitaneados pela esquerda, que de crítica passa a formuladora de novas formas de política. As bandeiras antigas estão rotas: o mercado em si não garante estabilidade e o Estado hipertrofiado não é fiador da justiça social.

O curioso nesse processo todo é que os limites, ambos estritos, passam a simbolizar muito mais as zonas de sombra que de exclusão. Assim, tanto a perspectiva clássica do liberalismo como o projeto esquerdista passam a ser matizados por outros valores.

O QUE FAZER No campo econômico não se pode abrir mão do desenvolvimento, da livre iniciativa e da distribuição de renda. No âmbito político, não se pode barganhar a democracia e a soberania popular em nome de qualquer projeto de estabilidade e defesa das instituições. Socialmente, a necessidade de conviver com a diferença se torna um imperativo ético inalienável, independentemente das questões pontuais de afirmação da identidade de grupos minoritários.

O conjunto de crises por que atravessa o mundo, em vez de tornar os valores descartáveis, serviu exatamente para recuperá-los em outra dimensão mais responsável. O sofrimento dos ricos não é maior que o dos pobres. Suas lágrimas não são mais amargas nem suas revoltas mais densas. O que a crise dos países desenvolvidos aponta é exatamente para a dimensão humana que precisa ser resgatada.

Nessa chave crítica de nossos defeitos políticos e econômicos cabe de tudo, dos resultados pouco expressivos da Rio+20 à deposição de Lugo no Paraguai; do desemprego na Espanha à crise na Grécia; da eleição no Egito à ditadura na Síria; da ascensão de Obama ao ocaso político de Obama. Temos problemas econômicos decorrentes da irresponsabilidade e transpiramos questões políticas pela incapacidade em ampliar o alcance e efetividade das decisões populares. Somos egoístas em economia e autoritários em política, mesmo quando sofremos em razão desses dois defeitos de alma.

O capitalismo democrático mostrou que também é sujeito a crises profundas. Ele não é mais solução, mas parte do problema. O choro dos ricos apenas mostra que estamos todos no mesmo barco e que a arrogância é a pior das fugas. A saída vai nos obrigar a rever posições de defesa do individualismo (que foram traduzidas como mercado) e do intervencionismo.

A direita vai precisar de mais humanidade; a esquerda de mais competência.”

Eis, portanto, mais páginas contendo importantes e oportunas abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança de nossa história – que é de ÉTICA, de MORAL, de PRINCÍPIOS, de VALORES –, para a imperiosa e urgente necessidade de profundas transformações em nossas estruturas EDUCACIONAIS, GOVERNAMENTAIS, JURÍDICAS, POLÍTICAS, SOCIAIS, CULTURAIS, ECONÔMICAS, FINANCEIRAS e AMBIENTAIS, de modo a promovermos a inserção do país no concerto das potências mundiais LIVRES, SOBERANAS, CIVILIZADAS, DEMOCRÁTICAS e SUSTENTAVELMENTE DESENVOLVIDAS...

Assim, urge ainda a efetiva problematização de questões deveras cruciais como:

a) a EDUCAÇÃO – UNIVERSAL e de QUALIDADE, desde a EDUCAÇÃO INFANTIL (0 a 3 anos de idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo da modernidade de matricularmos nossas crianças de seis anos de idade na primeira série do ENSINO FUNDAMENTAL, independentemente do mês de seu nascimento –, até a PÓS-GRADUAÇÃO (especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade absoluta de nossas políticas públicas;

b) o combate, implacável e sem trégua, aos três dos nossos maiores e mais devastadores inimigos que são: I – a INFLAÇÃO, a exigir permanente e diuturna vigilância, de forma a manter-se em patamares civilizados; II – a CORRUPÇÃO, como um câncer a se espalhar por todas as esferas da vida nacional, gerando incalculáveis prejuízos e comprometimentos de variada ordem; III – o DESPERDÍCIO, em todas as suas modalidades, também a ocasionar inestimáveis perdas e danos, inexoravelmente irreparáveis;

c) a DÍVIDA PÚBLICA BRASILEIRA, com projeção para 2012, segundo o Orçamento Geral da União, de astronômico e intolerável desembolso da ordem de R$ 1 TRILHÃO, a título de juros, encargos, amortização e refinanciamentos, a exigir igualmente uma imediata, abrangente, qualificada e eficaz AUDITORIA...

Isto posto, torna-se absolutamente INÚTIL lamentarmos a FALTA de RECURSOS diante de tanta sangria, que corrói o nosso já combalido dinheiro público, mina a nossa capacidade de investimento e de poupança e, mais grave ainda, afeta a confiança em nossas instituições, negligenciando a JUSTIÇA, a VERDADE, a HONESTIDADE e o AMOR à PÁTRIA, ao lado de extremas e sempre crescentes demandas, necessidades, carências e deficiências, o que aumenta o colossal fosse das desigualdades sociais e regionais e nos afasta num crescendo do seleto grupo dos sustentavelmente desenvolvidos...

São, e bem o sabemos, gigantescos desafios mas que, de maneira alguma, abatem o nosso ÂNIMO nem arrefecem o nosso ENTUSIASMO e OTIMISMO nesta grande cruzada nacional pela CIDADANIA E QUALIDADE, visando à construção de uma nação verdadeiramente JUSTA, ÉTICA, EDUCADA, CIVILIZADA, QUALIFICADA, LIVRE, SOBERANA, DESENVOLVIDA e SOLIDÁRIA, que possa partilhar suas extraordinárias riquezas, oportunidades e potencialidades com TODAS as brasileiras e com TODOS os brasileiros, especialmente no horizonte de investimentos bilionários previstos e que contemplam eventos como a 27ª Jornada Mundial da Juventude no Rio de Janeiro em 2013; a Copa das Confederações de 2013; a Copa do Mundo de 2014; a Olimpíada de 2016; as obras do PAC e os projetos do PRÉ-SAL, segundo as exigências do século 21, da era da GLOBALIZAÇÃO, da INTERNACIONALIZAÇÃO das empresas, da INFORMAÇÃO, do CONHECIMENTO, da INOVAÇÃO, das NOVAS TECNOLOGIAS, da SUSTENTABILIDADE e de um possível e novo mundo da JUSTIÇA, da LIBERDADE, da PAZ, da IGUALDADE – e com EQUIDADE –, e da FRATERNIDADE universal...

Este é o nosso SONHO, o nosso AMOR, a nossa LUTA, a nossa FÉ, a nossa ESPERANÇA... e PERSEVERANÇA!...

O BRASIL TEM JEITO!...



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