quarta-feira, 25 de setembro de 2013

A CIDADANIA, O AMPLO VIVER HUMANO, A LIBERDADE E A SUSTENTABILIDADE

A busca por uma união mais ampla que a do viver humano comum
        
         Ainda que as aparências tentem mostrar o contrário, a união é algo misterioso para a maioria. Que força move as pessoas à procura de uma complementação? Por que elas se sentem sós ou incompletas? E por que a união com outras pessoas, grupos ou ideias é quase sempre imperfeita e efêmera? Vamos abordar agora essa união de um ponto de vista amplo, universal.
         Vamos desenvolver aqui um trabalho pré-matrimonial, pois faremos uma espécie de preparação nupcial interior. Mas, para nós, as palavras matrimônio e núpcias terão um sentido espiritual, e não a conotação que normalmente é atribuída a elas.
         Vivemos em diferentes níveis. Agimos no nível físico, ao mesmo tempo em que sentimos e pensamos. Temos aí os três níveis do viver humano, ou seja, os níveis em que atuam os corpos da personalidade: o físico, o emocional e o mental.
         Preparar nossas núpcias espirituais ou internas significa harmonizar os diferentes níveis da nossa pessoa, alinhando-os com a alma, ou eu superior, que está em um nível além do humano, o nível de consciência supra-humano.
         Ao procurarmos unir a ação com o sentimento e o pensamento, estaremos alinhando esses corpos; e, à medida que isso for acontecendo, ou seja, à medida que formos vivendo de forma integrada e harmoniosa, nossa personalidade irá sendo absorvida pela alma, um núcleo de consciência mais profundo do que a mente pensante e analítica. Assim, gradualmente, nossa personalidade passa a ser a expressão desse núcleo mais elevado. Essa fato interno, extremamente renovador e necessário para a evolução do ser, é o que chamamos de matrimônio interior.
         Todos nós estamos destinados a efetivar a união interna, ou a nos casar no sentido místico, pois esse matrimônio faz parte do caminho de toda alma. Na verdade, é a alma que promove esse matrimônio, porque ela atrai a personalidade chamando-a para a unificação.
         Quando sentimos necessidade de nos unirmos a outra pessoa, a alguma ideia ou coisa, de certa forma, já estamos no caminho da unificação, pois nossas energias superiores estão nos atraindo para a busca da união. Entretanto, no início da trajetória, ainda não percebemos que estamos sendo conduzidos ao matrimônio interno, para o qual temos realmente vocação e, assim, à custa de decepções, de felicidade fugaz ou de bastante sofrimento, nos enlaçamos em uniões superficiais. No entanto, com o tempo e com a experiência, reconhecemos que estamos destinados a outra espécie de união, e não a essa, ainda fragmentada e superficial.
         Compreendemos finalmente que nossa busca é na direção das nossas núpcias internas, da união dos nossos níveis pessoais com os transpessoais e universais. Daí, por diante, o relacionamento com nossos semelhantes ganha muito em qualidade, pois encontra sua maior força: a fraternidade.
         Existem três caminhos para as núpcias internas. Três formas de vida que evolutivamente podemos adotar: a solitária, a em colaboração com um outro ser, ou a grupal, quando todo o grupo se dedica a um propósito único e superior e mantém uma vida disciplinada do ponto de vista da alma.
         Humanamente, pouco sabemos sobre a forma que devemos adotar na busca da união. Todavia, aquietados os desejos e as preferências, poderemos ouvir a silenciosa voz interior, indicando-nos com segurança o rumo certo a seguir.”

(TRIGUEIRINHO, que é escritor, em artigo publicado no jornal O TEMPO Belo Horizonte, edição de 22 de setembro de 2013, caderno O.PINIÃO, página 18).

Mais uma importante e oportuna contribuição para o nosso trabalho de Mobilização para a Cidadania e Qualidade vem de artigo publicado no jornal ESTADO DE MINAS, edição de 21 de setembro de 2013, caderno PENSAR, página 2, de autoria de MAURÍCIO ANDRÉS RIBEIRO, que é autor de Ecologizar e de Meio ambiente & evolução humana, e que merece igualmente integral transcrição:

“Liberdade para dizer não
        
         A consciência  sobre a importância do meio ambiente aumentou nos últimos anos no Brasil e em todo o mundo. De questão periférica, passou a ser central, associada à sobrevivência e à segurança. A partir de 2007, milhões de pessoas tomaram conhecimento das questões climáticas, quando foi divulgado o 4º Relatório do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas.
         Nos últimos anos, houve um crescimento vertiginoso na consciência sobre as questões ecológicas em diversos públicos e segmentos sociais e nas práticas ambientais de indivíduos e organizações. A conscientização ecológica é um requisito para superar a atual crise ambiental e climática, pois dela podem decorrer mudanças de comportamento e atitudes sociais e individuais. Hoje, mais pessoas praticam a separação de resíduos domiciliares; muitos se preocupam com a devastação da Amazônia; há disposição para aderir a campanha pró-ambiente; diminuiu o número de pessoas que não sabem identificar os problemas ambientais; as agressões aos sentidos da visão, do olfato, da audição, ajudaram a ampliar a percepção sobre os problemas ambientais urbanos; cresceu o consumo de alimentos orgânicos, agora encontrados em supermercados; cresceu a percepção de que os problemas ambientais prejudicam a saúde individual e pública e que o consumismo prejudica a saúde ambiental; entraram no repertório e no vocabulário conceitos como “desenvolvimento sustentável”, “consumo sustentável” e “biodiversidade”, ainda que não haja uma definição clara sobre o que sejam.
         Entretanto, muitas cidades não dispõem de projetos ou sistemas de gestão de resíduos, de tratamento de esgotos, de mobilidade pública, de normas arquitetônicas que reduzam desperdícios de água e energia; ao descartar o lixo, persistem hábitos prejudiciais ao meio ambiente; não se conhece o ciclo de vida do produto em toda a sua extensão; a ignorância não é apontada como um problema ambiental sério.
         Atualmente, existe uma politização crescente do consumo e, por outro lado, há a alienação do consumidor, que desconhece total ou parcialmente os impactos ambientais do consumo de bens materiais. Ainda há um longo caminho a ser percorrido que fortaleça a consciência e a traduza em mudanças de atitudes.
         As definições de consumo responsável, consciente, sustentável têm diferentes significados. Numa perspectiva econômica, o consumidor responsável é aquele que paga suas contas em dia, o consumidor sustentável é aquele que não se endivida e cuja renda é compatível com seus gastos. Numa perspectiva ecológica, o consumidor responsável é aquele que age de modo a reduzir seus impactos negativos e sua pegada ecológica.
         A questão do consumo consciente traz desafios conceituais, bem como desafios práticos e operacionais. Um desafio conceitual é a própria definição do que é ser consciente. Abordagens superficiais associam a consciência a um nível elementar de informação sobre um tema ou assunto e outras, mais profundas, se debruçam sobre os condicionamentos culturais e sociais que moldam a consciência individual ou coletiva; há também aquelas que abordam o inconsciente coletivo, bem como as dimensões da consciência que não são visíveis explicitamente, mas que influenciam as atitudes e comportamentos. Há uma multiplicidade de estudos sobre a consciência, desde aqueles com origem na neurociência, até os da psicologia e da filosofia. O que é ser consciente e o que é ser um consumidor consciente são questões que podem ser tratadas superficial ou profundamente. Abordagens superficiais frequentemente  deixam escapar aspectos relevantes dessas questões.

INOFORMAÇÃO Há desafios práticos: como traduzir o conhecimento e a informação sobre o consumo e seus impactos em atitudes vivenciadas? Como exercer a responsabilidade ética e ecológica nos hábitos de consumo? Desculpas e pretextos para não agir, autocomplacência, falta de rigor consigo mesmo, falta de coerência entre pensamento, discurso e ação acometem pessoas bem informadas. Aos inconscientes ou alienados nem sequer ocorrem tais questões, pois as considerações de responsabilidade ecológica e ética passam longe do radar de sua percepção, deliberadamente ou não. O tema do consumo consciente exige um esforço de autoconhecimento, um exercício honesto de autoavaliação e autocrítica individual e coletiva.
         A irresponsabilidade no consumo é mais evidente nos segmentos mais ricos, com maior capacidade de gastos, para quem o desperdício e a compra de bens posicionais formam parte significativa de sua motivação de consumo. Valorizam produzir inveja, exibir status e poder econômico, sentir-se superiores por poderem consumir mais. Maior poder aquisitivo não necessariamente significa melhor opção em termos de saúde ou de proteção ambiental; pode significar uma pior opção quanto a esses aspectos. Exemplos: a opção por dietas alimentares que levam à obesidade e sobrepeso; a opção por carros grandes que consomem muito combustível, que por outro lado preenchem funções psicológicas de demonstração de status social ou de sentir-se mais seguro no ambiente violento do trânsito.
         Um terceiro desafio, ainda, é a escolha da ação adequada que permita rumar para um consumo com menor impacto destrutivo – ambiental, ecológico, climático ou social.
         A pior inconsciência e ignorância é não saber que se é inconsciente e ignorante. É relevante aferir em que medida as pessoas nem sequer são conscientes de sua própria inconsciência, deixam-se levar pelas normoses sociais e não reconhecem sua ecoalienação. A cultura molda, forma, regula a consciência. Filtros sociais e culturais, bem como circuitos de programação mental, podem aprisioná-la. A publicidade arma ciladas e armadilhas, manipula emoções e mentes, cria prisão mental. Condicionamentos culturais e religiosos, os hábitos arraigados, as influências da TV, dos formadores de opinião, líderes religiosos e políticos ou gurus podem atrofiar, escravizar, anestesiar, hipnotizar a consciência.
         O consumidor é um ser com necessidades físicas e corporais e com demandas mentais e emocionais. Parte de seu consumo tem origem nesta dinâmica mental e emocional. Frustrações e carências afetivas levam à “shoppingterapia”, ao consumo compulsivo de bens e serviços que preencham tais carências. O consumo inconsciente se alimenta da insegurança emocional, de pensamentos de poder e sensação de segurança trazida pela posse de bens materiais.
         Consumo consciente é liberdade para escolher o que consumir ou não consumir.”

Eis, portanto, mais páginas contendo importantes, adequadas e oportunas abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança de nossa história – que é de ética, de moral, de princípios, de valores –, para a imperiosa e urgente necessidade de profundas mudanças em nossas estruturas educacionais, governamentais, jurídicas, políticas, sociais, culturais, econômicas, financeiras e ambientais, de modo a promovermos a inserção do País no concerto das potências mundiais livres, civilizadas, soberanas, democráticas e sustentavelmente desenvolvidas...

Assim, urge ainda a efetiva problematização de questões deveras cruciais como:

     a)     a educação – universal e de qualidade, desde a educação infantil (0 a 3 anos de idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo da modernidade de matricularmos nossas crianças de 6 anos de idade na primeira série do ensino fundamental, independentemente do mês de seu nascimento –, até a pós-graduação (especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade absoluta de nossas políticas públicas;

     b)    o combate, implacável e sem trégua, aos três dos nossos maiores e mais devastadores inimigos que são: I – a inflação, a exigir permanente, competente e diuturna vigilância, de forma a manter-se em patamares civilizados, ou seja, próximos de zero; II – a corrupção, como um câncer a se espalhar por todas as esferas da vida nacional, gerando incalculáveis prejuízos e comprometimentos de variada ordem; III – o desperdício, em todas as suas modalidades, também a ocasionar inestimáveis perdas e danos, inexoravelmente irreparáveis;

     c)     a dívida pública brasileira, com projeção para 2013, segundo o Orçamento Geral da União, de exorbitante e insuportável desembolso de cerca de R$ 1 trilhão, a título de juros, encargos, amortização e refinanciamentos (apenas com esta rubrica, previsão de R$ 610 bilhões), a exigir igualmente uma imediata, abrangente, qualificada e eficaz auditoria...

Destarte, torna-se absolutamente inútil lamentarmos a falta de recursos diante de tão descomunal sangria que dilapida o nosso já combalido dinheiro público, mina a nossa capacidade de investimento e de poupança e, mais grave ainda, afeta a credibilidade de nossas instituições, negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à pátria, ao lado de abissais desigualdades sociais e regionais e de extremas e sempre crescentes necessidades de ampliação e modernização de setores como: a gestão pública; a infraestrutura (rodovias, ferrovias, hidrovias, portos, aeroportos); a educação; a saúde; o saneamento ambiental (água tratada, esgoto tratado, resíduos sólidos tratados, macrodrenagem urbana, logística reversa); meio ambiente; habitação; mobilidade urbana (trânsito, transporte, acessibilidade); minas e energia; emprego, trabalho e renda; agregação de valor às commodities; sistema financeiro nacional; assistência social; previdência; segurança alimentar e nutricional; segurança pública; forças armadas; polícia federal; defesa civil; logística; pesquisa e desenvolvimento; ciência, tecnologia e inovação; esporte, cultura e lazer; turismo; comunicações; qualidade (planejamento – estratégico, tático e operacional –, transparência, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade, criatividade, produtividade, competitividade); entre outros...

São, e bem o sabemos, gigantescos desafios mas que, de maneira alguma, abatem o nosso ânimo nem arrefecem o nosso entusiasmo e otimismo nesta grande cruzada nacional pela cidadania e qualidade, visando à construção de uma Nação verdadeiramente justa, ética, educada, civilizada, qualificada, livre, soberana, democrática, desenvolvida e solidária, que permita a partilha de suas extraordinárias e abundantes riquezas, oportunidades e potencialidades com todas as brasileiras e com todos os brasileiros, especialmente no horizonte de investimentos bilionários previstos e que contemplam eventos como a Copa do Mundo de 2014; a Olimpíada de 2016; as obras do PAC e os projetos do pré-sal, à luz das exigências do século 21, da era da globalização, da internacionalização das organizações, da informação, do conhecimento, da inovação, das novas tecnologias, da sustentabilidade e de um possível e novo mundo da justiça, da liberdade, da paz, da igualdade – e com equidade –, e da fraternidade universal...

Este é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a nossa fé, a nossa esperança... e perseverança!...


O BRASIL TEM JEITO!...   

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