segunda-feira, 9 de setembro de 2013

A CIDADANIA, A RESPONSABILIDADE SOCIOAMBIENTAL E O DESAFIO DE MANTER O CRESCIMENTO

“O desafio da responsabilidade socioambiental das empresas
        
         Já se deixou para trás o economicismo do Nobel Milton Friedman, que dizia: “A responsabilidade social da empresa consiste em maximizar os ganhos dos acionistas”. Mais realista é Noam Chomsky: “As empresas são o que há de mais próximo das instituições totalitárias. Elas não têm que prestar esclarecimento ao público ou à sociedade. Agem como predadores, tendo presas as outras empresas. Para se defender, as populações dispõem apenas de um instrumento: o Estado. Mas há, no entanto, uma diferença que não se pode negligenciar. Enquanto, por exemplo, a General Eletric não deve satisfação a ninguém, o Estado deve regularmente se explicar à população” (em “Le Monde Diplomatique Brasil”, n. 1, agosto 2007, pág. 6).
         Já há décadas que as empresas se deram conta de que são parte da sociedade e que carregam a responsabilidade social no sentido de colaborar para termos uma sociedade melhor. Ela pode ser assim: a responsabilidade social é a obrigação que a empresa assume de buscar metas que, em médio e longo prazos, sejam boas para ela e também para o conjunto da sociedade na qual está inserida.
         Essa definição não deve ser confundida com a obrigação social, que significa o cumprimento das obrigações legais e o pagamento dos impostos e dos encargos sociais dos trabalhadores. Isso é simplesmente exigido por lei. Nem significa a resposta social: a capacidade de uma empresa de responder às mudanças ocorridas na economia globalizada e na sociedade, como, por exemplo, a mudança da política econômica do governo, uma nova legislação e as transformações do perfil dos consumidores. A resposta social é aquilo que uma empresa tem que fazer para adequar-se e poder se reproduzir.
         Responsabilidade social vai além disso tudo: o que a empresa faz, depois de cumprir com todos os preceitos legais, para melhorar a sociedade da qual ela é parte e garantir a qualidade de vida e do meio ambiente? Não só o que ela faz para a comunidade, o que seria filantropia, mas o que ela faz com a comunidade, envolvendo seus membros com projetos elaborados e supervisionados em comum. Isso é libertador.
         Nos últimos anos, no entanto, graças à consciência ecológica despertada pelo desarranjo do sistema-Terra e dos sistema-vida, surgiu o tema da responsabilidade socioambiental. O fato maior ocorrido no dia 2 de fevereiro do ano de 2007, quando o organismo da ONU que congrega 2.500 cientistas de mais de 135 países criou o Painel Intergovernamental das Mudanças Climáticas (IPCC), após seis anos de pesquisa, e deu a público seus dados. Não estamos indo ao encontro do aquecimento global e de profundas mudanças climáticas. Já estamos dentro delas.
         A Terra mudou. O clima vai variar muito, podendo, se pouco fizermos, chegar até 4-6ºC. Essa mudança, com 90% de certeza, é androgênica, quer dizer, é provocada pelo ser humano, melhor, pelo tipo de produção e de consumo que já tem cerca de três séculos de existência e que hoje foi globalizado. Os gases de efeito estufa, especialmente o dióxido de carbono e o metano, são os principais causadores do aquecimento global.
         A questão que se coloca para as empresas é esta: em que medida elas concorrem para despoluir o planeta, introduzindo um novo paradigma de produção, de consumo e de elaboração dos dejetos, em consonância com os ritmos da natureza e a teia da vida e não mais sacrificando os bens e serviços naturais.
         Esse é um tema que está sendo discutido em todas as grandes corporações mundiais.”

(LEONARDO BOFF. Filósofo e teólogo, em artigo publicado no jornal O TEMPO Belo Horizonte, edição de 30 de agosto de 2013, caderno O.PINIÃO, página 22).
Mais uma importante e oportuna contribuição para o nosso trabalho de Mobilização para a Cidadania e Qualidade vem de artigo publicado no jornal ESTADO DE MINAS, edição de 31 de agosto de 2013, caderno OPINIÃO, página 9, de autoria de CARLOS RODOLFO SCHNEIDER, que é empresário, coordenador do Movimento Brasil Eficiente (BEM), e que merece igualmente integral transcrição:

“Manter o crescimento
        
         O Movimento Brasil Eficiente (BEM) lançou campanha nacional pela simplificação da caótica estrutura tributária do país, um dos componentes do custo Brasil que vem comprometendo a competitividade da nossa economia. Com 88 tributos em vigor (impostos, taxas e contribuições); 290.932 normas tributárias editadas e 21.820 ativas; 3.267.165 artigos editados e 245.037 vigentes, temos provavelmente o sistema mais complexo, pesado e caro do planeta.
         Segundo Alexandre Schwartsman, ex-diretor do Banco Central, para sairmos da armadilha de baixo crescimento devemos migrar das políticas de promoção da demanda para um ambicioso conjunto de medidas do lado da oferta, com destaque para a simplificação de tributos.
         O ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Fernando Pimentel, afirmou que a ordem da presidente Dilma é reduzir o custo Brasil e incentivar o investimento das empresas para garantir competitividade. Identificou o que considera os maiores desafios dos próximos anos: aumentar a eficiência da máquina pública, reformar a previdência e reduzir o peso da elevada carga tributária. A criação do Fundo de Previdência Complementar dos Servidores Federais (Funpresp) foi um passo importante, embora insuficiente. Alívios temporários e localizados de carga tributária também têm sido concedidos para estimular a economia. Mas como disse o ex-ministro Delfim Neto, uma redução linear de carga tributária traz muito mais resultados do que “em setores escolhidos e em pedaços”.
         O baixo crescimento de competitividade do país e o encolhimento da indústria levaram a Confederação Nacional da Indústria a identificar no aumento da competitividade o maior desafio do Brasil. Pesquisa que realizou em um grupo de 14 nações posicionou o país no 13º lugar, à frente, apenas, da Argentina.
         Também o ranking de competitividade do International Institute for Management Development (IMD) 2013 apontou novo recuo do Brasil para 51ª posição entre 60 países pesquisados, sendo o nosso item de pior avaliação a eficiência do poder público.
         A agência de classificação de risco Standard & Poor’s revisou, recentemente, a perspectiva da nota soberana do Brasil de “estável” para “negativa” por razões como baixa taxa de investimento, de crescimento e de política fiscal expansionista. Isso pode resultar em um rebaixamento da nota do país nos próximos dois anos – e vem reforçar o crescente desinteresse dos investidores em relação à nossa economia. Também o nosso Credit Default Swap (CDS), que é o custo de proteção contra o calote da dívida, apresentou nos últimos dias o maior crescimento entre os principais países.
         Está muito claro que o aumento do crescimento do país requer mais investimentos e mais produtividade. O BEM estima que crescer 6% ao ano requer investimento de 25% do PIB. Ilan Goldfajn, economista-chefe do Itaú Unibanco, afirma que “o Brasil tem que apostar mais no investimento e menos no consumo”.
         Mais investimento requer mais poupança, pública e/ou privada. Porém, a queda do superávit primário de 3,1% do PIB em 2011 para 2,4% em 2012 aponta redução da poupança pública, que foi acompanhada por diminuição do investimento do Estado de 1,15% do PIB em 2011 para 1,09% em 2012 (excluído o programa Minha casa, minha vida). O aumento da poupança privada, por sua vez, depende de fatores como menor estímulo ao consumo, redução de carga tributária e fortalecimento de alternativas de previdência complementar.”

Eis, portanto, mais páginas contendo importantes, adequadas e oportunas abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança de nossa história – que é de ética, de moral, de princípios, de valores –, para a imperiosa e urgente necessidade de profundas mudanças em nossas estruturas educacionais, governamentais, jurídicas, políticas, sociais, culturais, econômicas, financeiras e ambientais, de modo a promovermos a inserção do País no concerto das potências mundiais livres, civilizadas, soberanas, democráticas e sustentavelmente desenvolvidas...

Assim, urge ainda a efetiva problematização de questões deveras cruciais como:

     a)     a educação – universal e de qualidade, desde a educação infantil (0 a 3 anos de idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo da modernidade de matricularmos nossas crianças de 6 anos de idade na primeira série do ensino fundamental, independentemente do mês de seu nascimento –, até a pós-graduação (especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade absoluta de nossas políticas públicas;

     b)    o combate, implacável e sem trégua, aos três dos nossos maiores e mais avassaladores inimigos que são: I – a inflação, a exigir permanente, competente e diuturna vigilância, de forma a manter-se em patamares civilizados, ou seja, próximos de zero; II – a corrupção, como um câncer a se espalhar por todas as esferas da vida nacional, gerando incalculáveis prejuízos e comprometimentos de vária ordem; III – o desperdício, em todas as suas modalidades, também a ocasionar inestimáveis perdas e danos (por exemplo, segundo Paulo Rabello, do Instituto Atlântico, a quantidade de horas perdidas com burocracia, no Brasil, é 10 vezes maior que a observada em países desenvolvidos. Rabello estima que as perdas com procedimentos excessivos podem chegar a R$ 200 bilhões por ano);

     c)     a dívida pública brasileira, com projeção para 2013, segundo o Orçamento Geral da União, de exorbitante e intolerável desembolso de cerca de R$ 1 trilhão, a título de juros, encargos, amortização e refinanciamentos (apenas com esta rubrica, previsão de R$ 610 bilhões), a exigir igualmente uma imediata, abrangente, qualificada e eficaz auditoria...

Isto posto, torna-se absolutamente inútil lamentarmos a falta de recursos diante de tão descomunal sangria que dilapida o nosso já combalido dinheiro público, mina a nossa capacidade de investimento e de poupança e, mais contundente ainda, afeta a credibilidade de nossas instituições, negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à pátria, ao lado de abissais desigualdades sociais e regionais e de extremas e sempre crescentes necessidades de ampliação e modernização de setores como: a gestão pública; a infraestrutura (rodovias, ferrovias, portos, aeroportos); a educação; a saúde; o saneamento ambiental (água tratada, esgoto tratado, resíduos sólidos tratados, logística reversa); meio ambiente; habitação; mobilidade urbana (trânsito, transporte, acessibilidade); minas e energia; emprego, trabalho e renda; agregação de valor às commodities; assistência social; previdência social; segurança alimentar e nutricional; segurança pública; forças armadas; polícia federal; defesa civil; logística; sistema financeiro nacional; pesquisa e desenvolvimento; ciência, tecnologia e inovação; turismo; esporte, cultura e lazer; comunicações; qualidade (planejamento – estratégico, tático e operacional) –, transparência, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade, criatividade, produtividade, competitividade); entre outros...

São, e bem o sabemos, gigantescos desafios mas que, de maneira alguma, abatem o nosso ânimo nem arrefecem nosso entusiasmo e otimismo nesta grande cruzada nacional pela cidadania e qualidade, visando à construção de uma Nação verdadeiramente justa, ética, educada, civilizada, qualificada, livre, soberana, democrática, desenvolvida e solidária, que possa partilhar suas extraordinárias e abundantes riquezas, oportunidades e potencialidades com todas as brasileiras e com todos os brasileiros, especialmente no horizonte de investimentos bilionários previstos e que contemplam eventos como a Copa do Mundo de 2014; a Olimpíada de 2016; as obras do PAC e os projetos do pré-sal, à luz das exigências do século 21, da era da globalização, da internacionalização das organizações, da informação, do conhecimento, da inovação, das novas tecnologias, da sustentabilidade e de um possível e novo mundo da justiça, da liberdade, da paz, da igualdade – e com equidade –, e da fraternidade universal...

Este é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a nossa fé, a nossa esperança... e perseverança!...


O BRASIL TEM JEITO!...

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