quinta-feira, 9 de outubro de 2014

A CIDADANIA, A ENERGIA DA CURA, OS COLAPSOS E AS ELEIÇÕES

“A oportunidade de vivermos plenamente a energia da cura
        Havendo concordância entre a vontade profunda de um indivíduo e a vontade superficial que vem da sua personalidade, a cura pode operar-se. Ao harmonizar  a personalidade com a Vida maior, que é a sua essência interior, a cura é processada, e seus efeitos tornam-se visíveis nos planos físico e energético da pessoa.
         Portanto, não se pode dizer de maneira precisa que um indivíduo cure outro, mas sim que cada qual cura a si próprio na medida em que faz essa união em si mesmo. O que chamamos de “curador” é apenas um intermediário para que certa energia incida sobre aquele que será curado, ajudando-o a tomar a decisão de integrar-se.
         A vida, quando não busca a união entre a nossa vontade consciente e a nossa vontade profunda, pode nos levar às doenças. Por isso, qualquer processo terapêutico, para agir de fato, deveria incluir o trabalho fundamental de o “paciente” procurar ver em que pontos de sua vontade pessoal precisa harmonizar-se com a vontade nos níveis sutis, internos do seu ser.
         Em certos casos, para que a cura aconteça, é necessário que estejam juntos aquele que vai ser instrumento da cura e aquele que precisa ser curado. E há circunstâncias em que é útil a presença de uma terceira pessoa, cuja energia, combinada com a de quem “cura” ou com a de quem quer ser liberto, pode ajudar. O lado imprevisto e misterioso da cura não se limita, porém, a fatos assim visíveis. Há exemplos nos quais o indivíduo é curado sem que o perceba: a alegria interior passa a estar presente em seu olhar e a carga da ansiedade deixa de existir em sua mente e em seu coração.
         Para que a cura interior ocorra, nem sempre são necessários intermediários. Essencial é que construamos voluntariamente uma ponte de comunicação entre o nosso eu consciente e o núcleo de amor e sabedoria que habita dentro de nós, núcleo formado de energia inclusiva.
         Essa energia, essência de cada ser, é representada em cada um pelo eu superior. Tomamos conhecimento dela mais cedo ou mais tarde, por meio, principalmente, da pura e simples aspiração por encontrá-la. Desejando manifestar esse amor que a tudo e a todos inclui, acabamos por reconhecê-lo dentro e fora de nós, e, a partir de então, passamos a servir ao mundo e a estar administrados pelos aspectos superiores das mesmas leis que regem o nível humano do nosso ser.
         Mesmo sem a ajuda palpável de intermediários, uma pessoa pode começar a construir essa ponte com a cura. A ajuda de que ele precisa encontra-se principalmente em níveis mais elevados de sua própria consciência. Nesses níveis de consciência mais sutis, nosso eu interno, a alma, é auxiliada a perceber qual é o seu caminho cósmico.
         É como se percorrêssemos uma rota desconhecida, porém cheia de sinais indicativos. Somos livres para segui-los ou não.
         Todo terapeuta que busca ajudar alguém a estabelecer o contato entre os dois aspectos da energia da vontade, a pessoal e a vontade da alma, pode tornar-se um curador. Mas, para sê-lo verdadeiramente, no sentido amplo e espiritual desse termo, precisa estar – ele próprio – com essa união feita em si mesmo, pelo menos até certo grau. É à medida que realiza o trabalho de harmonia em si mesmo que ele se torna capaz de ajudar os outros a se harmonizarem.”

(TRIGUEIRINHO. Escritor, em artigo publicado no jornal O TEMPO Belo Horizonte, edição de 31 de agosto de 2014, caderno O.PINIÃO, página 20).

Mais uma importante e oportuna contribuição para o nosso trabalho de Mobilização para a Cidadania e Qualidade vem de artigo publicado no jornal ESTADO DE MINAS, edição de 26 de setembro de 2014, caderno OPINIÃO, página 7, de autoria de DOM WALMOR OLIVEIRA DE AZEVEDO, arcebispo metropolitano de Belo Horizonte, e que merece igualmente integral transcrição:

“Colapsos e eleições
        Colapsos e ameaças de crises emolduram, de modo muito preocupante, as eleições deste ano. Obviamente, trata-se de um alto preço que a sociedade brasileira está pagando, em razão de prejuízos causados ao longo de diferentes etapas da história. Essa constatação não é um agouro pessimista para obscurecer conquistas e avanços. Percebe-se que as demandas são tão grandes e a incompetência para enfrentá-las é tão evidente que não há como amainar a preocupação. Isto precisa tornar-se vetor de interpelação e incômodo na consciência cidadã em geral. Não se pode reduzir ao espaço estreito da política partidária a discussão sobre os rumos do Estado brasileiro.
         As questões são mais complexas e enraizadas, de tal maneira que exigem uma novidade que não pode se restringir às siglas partidárias nem aos chavões que anunciam “o novo na política”. Precisa-se de uma renovação mais profunda e revolucionária de entendimentos. O que se constata, lamentavelmente, é a pouca atenção com a conquista de predicados que possibilite a cidadãos, especialmente àqueles que disponibilizam seus nomes ao sufrágio nas urnas, participar de modo qualificado da política. É grave, pois, o colapso, já cristalizado no funcionamento da sociedade, fruto da equivocada compreensão de que política é oportunidade para ganhar poder, enriquecer-se e distribuir  favores, em benefício de correligionários. Esta conduta enfraquece o entendimento de que a participação na vida pública precisa ser fundamentada na nobreza de servir o povo.
         Os resultados são desastrosos e provocam desânimo no eleitor. Chega-se à situação extrema de ouvir, com frequência, nas conversas cotidianas, que a escolha de candidatos não será pela observação das qualidades, mas pela avaliação de que determinado concorrente é “menos ruim”. A responsabilidade por se ter chegado a isso há de ser partilhada pelo conjunto da sociedade, com uma fatia maior para aqueles que exercem cargos de poder e liderança, formadores de opinião e educadores. Percebe-se uma realidade que clama por urgentes reformas, uma constatação cada vez mais consensual entre todos, no entanto sem sinais de avanços rumo à efetivação. Para realizá-las, são necessárias mudanças de mentalidade. Cada pessoa deve revitalizar o próprio senso de cidadania, priorizar projetos que busquem o bem da sociedade e o crescimento das instituições de onde conseguem o próprio sustento.
         Se todos buscassem essa meta, surgiria um grande movimento, com força de incidência, antídoto para corrigir o afã da corrupção e a falta de vergonha que permite o leilão do patrimônio público em favor de interesses particulares. Permanecer na mesmice é conformar-se com a mediocridade de propostas, reflexo  de quem busca fazer o mínimo, sem coragem para enfrentar sacrifícios, considerando o trabalho apenas como possibilidade de ganho pessoal, a partir da lógica do “quanto mais, melhor”.
         Na raiz dos problemas, está um sério colapso moral de valores e princípios, que provoca crises em muitos campos. As notícias recentes informam, por exemplo, sobre a estagnação da economia. Preocupa, também, e torna-se sinal de alerta, a falta de água, fruto da exploração gananciosa do meio ambiente, prenúncio de situações caóticas. As crises, de vários tipos, pesam nos ombros da sociedade e, se nada for feito, permanecerá delineado um futuro em que elas se apresentarão com maior densidade. É urgente recomeçar. O primeiro passo é a renovação da consciência de cada pessoa no exercício da cidadania e de suas tarefas. Trata-se de construir uma nova cultura, com a colaboração da arte, da beleza e da espiritualidade, do respeito a memórias, da recuperação de sensibilidades que combatem e curam as mediocridades.
         Espera-se, de políticos a construtores da sociedade pluralista, de lideranças a cidadãos comuns, a inspiração a partir de um horizonte humanístico, e não meramente mercadológico.  Somente assim as eleições de 2014 e o decorrer dos dias da sociedade brasileira serão salvos dos prejuízos resultantes de tantos colapsos. A recuperação das perdas supõe a nobreza da cidadania.”

Eis, portanto, mais páginas contendo importantes, incisivas e oportunas abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança de nossa história – que é de ética, de moral, de princípios, de valores –, para a imperiosa e urgente necessidade de profundas mudanças em nossas estruturas educacionais, governamentais, jurídicas, políticas, sociais, culturais, econômicas, financeiras e ambientais, de modo a promovermos a inserção do País no concerto das potências mundiais livres, civilizadas, soberanas, democráticas e sustentavelmente desenvolvidas...

Assim, urge ainda efetiva problematização de questões deveras cruciais como:

     a)     a educação – universal e de qualidade –, desde a educação infantil (0 a 3 anos de idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo da modernidade de matricularmos nossas crianças de 6 anos de idade na primeira série do ensino fundamental, independentemente do mês de seu nascimento –, até a pós-graduação (especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade absoluta de nossas políticas públicas;

     b)    o combate implacável, sem eufemismos e sem trégua, aos três dos nossos maiores e mais avassaladores inimigos que são: I – a inflação, a exigir permanente, competente e diuturna vigilância,  de forma a manter-se em patamares civilizados, ou seja, próximos de zero; II – a corrupção, como um câncer a se espalhar por todas as esferas da vida nacional, há séculos, gerando incalculáveis prejuízos e comprometimentos de vária ordem (a propósito, a crescente descrença na política e nos políticos, ferindo brutalmente o arcabouço da democracia e maculando a representatividade institucional...); III – o desperdício, em todas as suas modalidades, também a ocasionar inestimáveis perdas e danos, inexoravelmente irreparáveis (haja vista a escassez de água...);

     c)     a dívida pública brasileira, com projeção para 2014, segundo o Orçamento Geral da União, de astronômico e insuportável desembolso de cerca de R$ 1 trilhão, a título de juros, encargos, amortização e refinanciamentos (apenas com esta rubrica, previsão de R$ 654 bilhões), a exigir igualmente uma imediata, abrangente, qualificada e eficaz auditoria...

Isto posto, torna-se absolutamente inútil lamentarmos a falta de recursos diante de tão descomunal sangria que dilapida o nosso já combalido dinheiro público, mina a nossa capacidade de investimento e de poupança e, mais contundente ainda, afeta a credibilidade de nossas instituições, negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor a pátria, ao lado de abissais desigualdades sociais e regionais e de extremas e sempre crescentes necessidades de ampliação e modernização de setores como: a gestão pública; a infraestrutura (rodovias, ferrovias, hidrovias, portos, aeroportos); a educação; a saúde; o saneamento ambiental (água tratada, esgoto tratado, resíduos sólidos tratados, macrodrenagem urbana, logística reversa); meio ambiente; habitação; mobilidade urbana (trânsito, transporte, acessibilidade); minas e energia; emprego, trabalho e renda; agregação de valor às commodities; sistema financeiro nacional; assistência social; previdência social; segurança alimentar e nutricional; segurança pública; forças armadas; polícia federal; defesa civil; logística; pesquisa e desenvolvimento; ciência, tecnologia e inovação; cultura, esporte e lazer; turismo; comunicações; qualidade (planejamento – estratégico, tático e operacional –, transparência, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade, criatividade, produtividade, competitividade); entre outros...

São, e bem o sabemos, gigantescos desafios mas que, de maneira alguma, abatem o nosso ânimo nem arrefecem o nosso entusiasmo e otimismo nesta grande cruzada nacional pela cidadania e qualidade, visando à construção de uma Nação verdadeiramente participativa, justa, ética, educada, civilizada, qualificada, livre, soberana, democrática, desenvolvida e solidária, que possa partilhar suas extraordinárias e abundantes riquezas, oportunidades e potencialidades com  todas as brasileiras e com todos os brasileiros. Ainda mais especialmente no horizonte de investimentos bilionários previstos e que contemplam eventos como a Olimpíada de 2016; as obras do PAC e os projetos do pré-sal, à luz das exigências do século 21, da era da globalização, da internacionalização das organizações, da informação, do conhecimento, da inovação, das novas tecnologias, da sustentabilidade e de um possível e novo mundo da justiça, da liberdade, da paz, da igualdade – e com equidade –, e da fraternidade universal...

Este é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a nossa fé, a nossa esperança... e perseverança!...


O BRASIL TEM JEITO!...

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