“Educação
e ética
A preocupação com a
ética tem se tornado cada vez mais urgente na atualidade, despontando como uma
das necessidades mais prementes do homem moderno.
A tão
almejada transformação social passa necessariamente por uma mudança no processo
educacional, que deve formar seres capazes de construir um mundo novo, mediante
o desenvolvimento de seus níveis intelectual, afetivo, emocional e espiritual,
e de seu compromisso com a ética e a responsabilidade social numa visão
integradora e formadora de caráter. É um compromisso institucional e individual
profundo, que se manifesta no servir, nas percepção da unidade, na diversidade
e na busca de orientação para agir de forma a tornar a convivência na sociedade
mais harmoniosa.
Atualmente,
a educação vem sendo apontada como a mola propulsora no desenvolvimento de um
trabalho sistematizado de análise de valores, aprendizagem de conceitos e
desenvolvimento de atitudes, no qual o ato de educar jamais esteve à parte das
várias expressões culturais e existenciais da pessoa. Sendo um tipo de vivência
social, a escola não deixa de ser atingida pelos novos rumos demandados pela
sociedade, embora esteja em descompasso com as inovações tecnológico-científicas.
Nesse
contexto, é importante que o professor tenha uma postura diferenciada na ação
educativa, sendo um missionário no desenvolvimento da consciência de seus
alunos, e estamos comprometido com o conhecimento na evolução do ser humano. O
profissional precisa atuar como educador que pratica o ato de ensinar
envolvendo o ser humano na dimensão holística, em todos os aspectos físicos,
cognitivos e morais, enxergando seu aluno como um ser dotado de qualidades,
potencialidades e saberes.
Tal
comportamento ético por parte dos professores é esperado e exigido pela
sociedade. Contudo, sempre nos deparamos com esse questionamento: o que envolve
tomar uma atitude ética dentro da instituição de trabalho? Antes de tentar
encontrar uma resposta, devemos levar em conta que tomar uma decisão ética se
assemelha à forma com que os sujeitos agem na família ou na vida pessoal. No
entanto, isso se torna complexo e angustiante ao constatarmos que, no contexto
educacional, a maioria dos profissionais sofre pressão da instituição na hora
de decidir sobre o que é melhor fazer. É nesse momento que percebe claramente a
postura do professor e do educador.
Pensar
criticamente e refletir sobre as consequências das escolhas individuais ou
coletivas cria espaço para uma ética enraizada no tempo que seja capaz de
acolher os desafios. É assim que as instituições pairam em todas as áreas do
fazer e do saber humanos.
Acredito
que, para compreender esse processo, cumpre levar em conta a significação
social de valores pelos professores, bem como detectar seus interesses,
sentimentos e o sentido de ser educador e ser ético.”
(Elma
Bernardes Santiago. Professora de ética e responsabilidade social
(FGV/Faculdade IBS), em artigo publicado no jornal O TEMPO Belo Horizonte, edição de 16 de outubro de 2014, caderno O.PINIÃO, página 23).
Mais uma importante e oportuna contribuição para o
nosso trabalho de Mobilização para a
Cidadania e Qualidade vem de artigo publicado no jornal ESTADO DE MINAS, edição de 17 de outubro
de 2014, caderno OPINIÃO, página 7,
de autoria de DOM WALMOR OLIVEIRA DE
AZEVEDO, arcebispo metropolitano de Belo Horizonte, e que merece igualmente
integral transcrição:
“Família
e políticas
A partir de temas
importantes da atualidade e da consideração de diferentes campos – político,
acadêmico, econômico e religioso –, a Igreja Católica, por convocação do papa
Francisco, debate e estuda a situação da família humana. A 3ª Assembleia
Extraordinária do Sínodo dos Bispos, em Roma, sobre esse tema, congrega
representantes de todo o mundo. Contribui para o avanço e compreensão de
aspectos cruciais de tudo o que se refere à família na contemporaneidade. O
Sínodo indica a preocupação central da Igreja sobre a vida familiar. Sua
organização há muito tempo e, certamente, esse significativo processo de escuta
e reflexão deve continuar até a sessão ordinária do Sínodo dos Bispos, a ser
realizada em outubro de 2015.
Família
humana é tema central, emoldurado por grande complexidade, principalmente
quando se consideram aspectos do presente e do futuro da sociedade. A atenção
às famílias, sua compreensão e a definição de política emancipatórias em seu
favor não podem se reduzir a aportes financeiros mínimos, de caráter
compensatório. É preciso avançar na direção da justiça, além de compreender
melhor o significado humanístico e o sentido ético-moral de família, uma
insubstituível escola de humanidade. Trata-se de ambiente onde cada pessoa vive
as experiências mais determinantes em sua trajetória. O sucesso de outras
escolas tem íntima relação com as significativas experiências familiares. E as
lacunas nessas experiências provocam
prejuízos, atrasam processos e inviabilizam avanços culturais.
A
família tem uma evangelho próprio, que é sua maior riqueza. Compreendê-la
inclui, pois, não apenas as definições sobre sua dimensão funcional e de sua
sustentabilidade. Assim, quando se pensa a família, explicita-se a exigência
importante de não apenas tratá-la como adjetivação de programas sociais.
Evidentemente, ao reconhecer o seu amplo papel, deve-se empenhar na criação de
condições mínimas para sua sobrevivência. Mas, além disso, governantes e
gestores são desafiados a construir, de modo criativo, estratégias capazes de
configurar garantias mais amplas aos grupos familiares. Passou aquele tempo em
que grande era o bombardeio contra a família, praticado por setores importantes
da sociedade. Contudo, apesar de ter amainado a “guerra” contra essa
instituição, continua desafiador o seu tratamento no atual contexto sociocultural,
caracterizado por muitas nuances.
Exigente
pois, é a escuta e reflexão do evangelho da família, tesouro que guarda valores
determinantes para a educação afetiva e humanística de cada pessoa, fonte de
insubstituível sentido moral que a consciência
cidadã não pode dispensar. Abdicar-se dessa tarefa é contribuir para processos
degradantes como a desumanização, que pode ser até irreversível. Sem dúvida, o
ideal de família é um horizonte inspirador.
A
compreensão de família cristã, por exemplo, inclui o balizamento de um desígnio
de Deus. Constitui um complexo de relações interpessoais, em referência à vida
conjugal, paternidade, maternidade, fraternidade, filiação, configurando a
“pertença” à família humana e à família de Deus. Essa compreensão tem o seu
nascimento no sacramento do matrimônio. O contexto sociocultural, no entanto,
desafia entendimentos e distinções que apontam no sentido de se considerarem
muitas exigências e necessidades humanitárias. O certo é que a importância
global da família não dispensa, visando seu bem maior e a fecundidade de sua
insubstituível tarefa na vida da sociedade, a abordagem das dimensões
espiritual, humanística, educativa e social. Nesse sentido, as igrejas têm, no
seu serviço à família humana, uma tarefa própria. Também possuem atribuições
nesse âmbito as diferentes instituições e instâncias da sociedade pluralista.
É
pertinente, por exemplo, que empresas, ao definirem suas políticas de
responsabilidade social, considerem investir nas famílias que sofrem com a
miséria, falta de moradia, educação e saúde. No campo político, por que não
instituir uma legislação semelhante à que já existe, para incentivar projetos
culturais, que estimulem as empresas a investirem no amparo às famílias mais
pobres? Talvez fosse o caminho para superar a dependência de alguns grupos
familiares das ajudas esporádicas, com alcance muito limitado. No calor dos
debates e programas eleitorais, entre outros anseios, espera-se dos candidatos
a apresentação de propostas mais ousadas, com força de comprometimento social e
político, para as famílias, especialmente as que necessitam de moradia,
educação, saúde, lazer e tudo que represente um direito de todos. Não basta
apenas dizer “que vai continuar” ou “dar
uma melhorada” no que já é feito.
O
momento eleitoral decisivo de agora não requer propagandas e debates
caracterizados pelos ataques pessoais e promessas sem a indicação dos caminhos
para sua concretização. É hora de escolher quem, de fato, é propositivo, capaz
de mostrar o caminho real das mudanças. Exige-se um perfil com a competência
para articular, em rede, a educação, a saúde, a segurança, o respeito aos
direitos fundamentais, indo além de questões meramente partidárias.
Especialmente, almeja-se que inovadoras políticas voltadas para a família sejam
construídas, reconhecendo sempre a centralidade da instituição familiar para a
vida em sociedade.”
Eis, portanto, mais páginas contendo
importantes, fecundas e oportunas
abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança de nossa
história – que é de ética, de moral, de princípios, de valores –, para
a imperiosa e urgente necessidade de profundas
mudanças em nossas estruturas educacionais,
governamentais, jurídicas, políticas, sociais, culturais, econômicas,
financeiras e ambientais, de modo a promovermos a inserção do País no
concerto das potências mundiais livres, civilizadas, soberanas, democráticas e
sustentavelmente desenvolvidas...
Assim, urge ainda a efetiva problematização de
questões deveras cruciais como:
a) a
educação – universal e de qualidade –, desde
a educação infantil (0 a 3 anos de
idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo
da modernidade de matricularmos nossas crianças de 6 anos de idade na primeira
série do ensino fundamental, independentemente
do mês de seu nascimento –, até a pós-graduação
(especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade
absoluta de nossas políticas públicas;
b) o
combate implacável, sem eufemismos e
sem tréguas, aos três dos nossos maiores e mais devastadores inimigos que são:
I – a inflação, a exigir permanente,
competente e diuturna vigilância, de forma a manter-se em patamares
civilizados, ou seja, próximos de zero; II – a corrupção, há séculos a se espalhar por todas as esferas da vida
nacional – pública e privada,
naturalmente promíscua – gerando incalculáveis prejuízos e
comprometimentos de variada ordem (a propósito, noticia a Folha de São Paulo de
14/12/1994: “... É preciso que se crie uma política anticorrupção no país, pois
o esquema empregado atualmente é sofisticadíssimo”, – disse o presidente da CEI
(Comissão Especial de Investigação), o
ministro Romildo Canhim...”; III – o desperdício,
em todas as suas modalidades, também a ocasionar inestimáveis perdas e danos,
inexoravelmente irreparáveis;
c) a
dívida pública brasileira, com
projeção para 2014, segundo o Orçamento Geral da União, de exorbitante e
insuportável desembolso de cerca de R$ 1
trilhão, a título de juros, encargos, amortização e refinanciamentos (apenas
com esta rubrica, previsão de R$ 654
bilhões), a exigir igualmente uma imediata, abrangente, qualificada e
eficaz auditoria...
Destarte, torna-se absolutamente inútil lamentarmos a falta de recursos diante de tão
descomunal sangria que dilapida o nosso já combalido dinheiro público; mina a
nossa capacidade de investimento e de poupança e, mais contundente, afeta a
credibilidade de nossas instituições, negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à pátria, ao lado de abissais desigualdades sociais e
regionais e de extremas e sempre crescentes necessidades de ampliação e modernização de setores
como: a gestão pública; a infraestrutura (rodovias, ferrovias,
hidrovias, portos, aeroportos); a educação;
a saúde; o saneamento ambiental (água tratada, esgoto, resíduos sólidos
tratados, macrodrenagem urbana, logística reversa); meio ambiente; habitação; mobilidade urbana (trânsito, transporte,
acessibilidade); minas e energia;
emprego, trabalho e renda; agregação de valor às commodities; sistema
financeiro nacional; assistência social; previdência social; segurança
alimentar e nutricional; segurança pública; forças armadas; polícia federal;
defesa civil; logística; pesquisa e desenvolvimento; ciência, tecnologia e
inovação; cultura, esporte e lazer; turismo; comunicações; qualidade (planejamento
– estratégico, tático e operacional –, transparência, eficiência, eficácia,
efetividade, economicidade, criatividade, produtividade, competitividade);
entre outros...
São, e bem o sabemos, gigantescos desafios mas que,
de maneira alguma, abatem o nosso ânimo nem
arrefecem o nosso entusiasmo e otimismo nesta
grande cruzada nacional pela cidadania e
qualidade, visando à construção de uma Nação verdadeiramente participativa, justa, ética, educada,
civilizada, qualificada, livre, soberana, democrática, desenvolvida e
solidária, que possa partilhar suas extraordinárias e generosas riquezas,
oportunidades e potencialidades com todas
as brasileiras e com todos os brasileiros.
Ainda mais especialmente no horizonte de investimentos bilionários previstos e
que contemplam eventos como a Olimpíada de 2016; as obras do PAC e os projetos
do pré-sal, à luz das exigências do século 21, da era da globalização, da
internacionalização das organizações, da informação, do conhecimento, da
inovação, das novas tecnologias, da sustentabilidade e de um possível e novo
mundo da justiça, da liberdade, da paz, da igualdade – e com
equidade –, e da fraternidade
universal...
Este é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a
nossa fé, a nossa esperança... e perseverança!...
O
BRASIL TEM JEITO!...
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