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quarta-feira, 5 de novembro de 2014

A CIDADANIA, AS CRIANÇAS, AS ELEIÇÕES, O DIÁLOGO E A EMOÇÃO

“Crianças e as eleições
        Inúmeros artigos são publicados a respeito do desenvolvimento da criança no mundo contemporâneo. Diante do aumento da violência e dos maus tratos às crianças e aos adolescentes, essa questão é motivo de preocupação crescente entre as entidades e profissionais de saúde que atuam na área. A felicidade está intimamente relacionada com o desenvolvimento de todas as pessoas. Contribuir para esse desenvolvimento integral da criança, promovendo, assim, a sua felicidade, é tarefa árdua, leva tempo e depende não só da família e dos pediatras, mas também do interesse governamental. Nada melhor do que discutir esse assunto em tempos de eleições.
         Vivemos em uma sociedade onde a busca pela riqueza material deixa pouco tempo para os pais se dedicarem aos filhos. O sistema capitalista exige desses pais uma presença no mercado de trabalho, e o envolvimento com a natureza, os amigos, as práticas espirituais, ou com o desenvolvimento, ficando em segundo plano. Tal ciclo ocasiona o que poderíamos designar de fenômeno da terceirização do afeto. Pessoas e instituições são contratadas para assumir a educação dos filhos: as cuidadoras, os motoristas, os parentes, as escolas e as creches. Para se conseguir que as crianças fiquem quietinhas, muitas vezes, são colocadas diante de “babás eletrônicas”, como a TV, jogos eletrônicos, DVDs e filmes, durante horas a fio.
         Por outro lado, temos os pais que se dedicam integralmente aos seus filhos. As mães que abdicam da vida profissional com objetivo de cuidar somente da família são exemplos concretos. Os fortes vínculos afetivos podem prevenir o crescimento de uma geração egoísta, indiferente, imatura e inapta para lidar com situações mais exigentes.
         Indubitavelmente, entre os extremos de delegar a terceiros a educação dos filhos e da dedicação integral, temos vários outros modelos de mães e famílias que variam de acordo com as características econômicas, geográficas, culturais, religiosas, entre outras. Definir modelos únicos de mães, com o objetivo de melhor educar as crianças, seria colaborar para o aumento da angústia e sentimento de culpa de milhares de mulheres que, na vida real, não podem segui-lo. Não há dúvidas de que a terceirização da crianças se associa a problemas graves como o abandono e a indiferença, que podem causar sequelas cognitivas, comportamentais e sociais, com danos irreversíveis à formação dessa criança e também das próximas gerações. Algumas medidas são consideradas preventivas e fundamentais nessa difícil missão de sermos pais: amamentar ao seio materno, participar diretamente da vida escolar e social dos nossos filhos, limitar o tempo de uso das mídias digitais e televisão a, no máximo, duas horas diárias.
         O apoio da sociedade como um todo poderá auxiliar na importante detecção dos sinais e sintomas que podem denunciar o abuso e maus tratos físicos e emocionais à criança e ao adolescente. A depressão e outras alterações comportamentais, como distúrbios de aprendizagem e abuso  de drogas e álcool, podem ser percebidas por quem está à volta.
         Considerando a proximidade do pleito para escolha do presidente do nosso país, a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) publicou algumas propostas que considera imprescindíveis para o bom desenvolvimento da criança e adolescente. Resumidamente: acesso universal de fetos, crianças e adolescentes à atenção pediátrica; licença maternidade de seis meses; programa de residência médica em pediatria, com duração de três anos; hospitais infantis em pontos estratégicos do país; credenciamento de pediatras para atender demanda do SUS em consultório; consulta de puericultura feita por pediatra; Programa Nacional de Educação Infantil (Pronei), projeto de lei concebido pela SBP em 2007, que ampliará a rede de creches e pré-escolas de qualidade em todos os municípios; criar a profissão de cuidador da primeira infância; ensino fundamental de qualidade, em tempo integral; prevenção do alcoolismo e do uso de drogas ilícitas; fim de propaganda com crianças.
         Um futuro melhor para o nosso país está diretamente aliado à capacidade da nossa sociedade de promover as boas práticas dos cuidados individuais. Além disso, necessitamos de um apoio governamental com implementação das medidas necessárias para que um dia todas as nossas crianças e adolescentes possam ter o direito de ser verdadeiramente amadas, cuidadas e valorizadas.”

(RAQUEL PITHON DOS REIS. Presidente da Sociedade Brasileira de Pediatria, em artigo publicado no jornal ESTADO DE MINAS, edição de 22 de outubro de 2014, caderno OPINIÃO, página 9).

Mais uma importante e oportuna contribuição para o nosso trabalho de Mobilização para a Cidadania e Qualidade vem de artigo publicado no mesmo veículo, edição de 22 de agosto de 2014, mesmo caderno e página, de autoria de DOM WALMOR OLIVEIRA DE AZEVEDO, arcebispo metropolitano de Belo Horizonte, e que merece igualmente integral transcrição:

“Diálogo e emoção
        A dinâmica entre diálogo e emoção configura ou enfraquece a cultura de um povo e o sentido de sua identidade. Cada pessoa sofre os efeitos desse complexo processo, com incidências sobre o modo de viver. O resultado final é um tipo de cidadania, ou aquilo que se reconhece por “brasilidade”. Vale a análise  da seriedade com que um povo realiza e respeita seus compromissos cidadãos. A corrupção é uma referência bem concreta do resultado desse processo entre diálogo e emoção. Trata-se de um binômio que entrelaça e influencia fortemente o jeito de ser de cada cidadão e o torna peça da engrenagem que faz a sociedade funcionar de um determinado modo. Pode produzir descompassos, alimentando as brechas vergonhosas entre ricos e pobres; fazer da política um mecanismo de interesses exclusivamente partidários, com a consequente perda do seu nobre sentido de priorizar o equilíbrio social. Esse processo  que envolve diálogo e emoção também incide na ambiência religiosa, produzindo todo tipo de prática. É possível que resulte em manipulação, enriquecimento e outros absurdos, em detrimento da dimensão intrínseca à fé verdadeira, ao menos no que diz respeito ao Evangelho de Jesus Cristo – o compromisso com a justiça e uma incansável luta por ela.
         A discussão filosófica sobre a emoção é extensa. Aristóteles a compreende como uma das  três classes de coisas que se encontram na alma. Ela desempenha, nesse sentido, um determinante papel na vida humana. O consenso é que as emoções sejam harmonizadas, para que não se pendule entre a hegemonia dos sentimentos e a tendência de eliminá-los. Existem emoções más. Algumas, inclusive, são produzidas para se alcançarem metas questionáveis. Há também aquelas que temperam a existência, sem deixar prevalecer a perturbação que leva à perda da serenidade e o consequente comprometimento da racionalidade. A prevalência dos sentimentos ruins prejudica a articulação entre o diálogo e a emoção, produz nefastos resultados para a cultura e também promove atrasos em respostas, aumento irracional da burocratização e disputas injustificáveis entre grupos e pessoas. Consequentemente, convive-se com grandes perdas de oportunidades e não se alcança a seriedade cidadã que alavanca o desenvolvimento integral da sociedade. Essa fragilidade pode ser corrigida com a força, a abertura e a exercitação do diálogo.
         Dialogar não é apenas uma disputa. Trata-se de uma arte, método rigoroso de conceitualização que promove um processo cognitivo, temperado pelo que é bom das emoções. A dinâmica dialogal, no entanto, não pode ser confundida com os elementos que compõem um tratado geral sobre a fofoca, nem a produção de peças para desmoralização dos outros, muito menos enrijecimentos conceituais que irracionalmente levam muitos a construir, para si mesmos e para seus pares, um lugar para julgar os outros. Isso está longe da dinâmica dialogal.
         O ensino formal e as práticas educativas na vida comum de uma sociedade podem ou não emoldurar a cidadania no equilíbrio entre diálogo e emoção. As polarizações emocionais produzem irracionalidades que cegam e comprometem processos políticos, e a autenticidade da religiosidade. Formam os guetos institucionais e alimentam a rigidez cultural. Inviabilizam, assim, a inovação, porque prejudicam a racionalidade e, consequentemente, a inspiração necessária para as mudanças importantes.
Essa reflexão pode servir para analisar e gerar novos entendimentos a respeito do que se passa na sociedade brasileira, no atual contexto eleitoral, como também contribuir para o tratamento adequado a ser dado aos gravíssimos problemas sociais que pesam sobre os ombros dos pobres, em relação à habitação, educação, saúde e trabalho. São necessários entendimentos criativos e cidadãos, indispensáveis para que a sociedade brasileira avance não apenas nos resultados econômicos, mas também nos aspectos políticos e sociais.
A sociedade precisa de cidadãos articulados entre diálogo e emoção, pilares de uma moralidade sadia e remédio para os absurdos que estão sendo gerados pela falta de proximidade, pelo descompasso emocional de muita gente. Pessoas que, muitas vezes, são amparadas por certa militância digital, que, aparentemente, constitui lugar de aproximação, mas apenas acentua distâncias. Atitude sábia diante das irracionalidades é seguir a indicação poética de Fernando Pessoa: “Segue teu caminho, rega as tuas plantas, ama as tuas rosas. O resto é a sombra de árvores alheias”.”.

Eis, portanto, mais páginas contendo importantes, incisivas e oportunas abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança de nossa história – que é de ética, de moral, de princípios, de valores –, para a imperiosa e urgente necessidade de profundas mudanças em nossas estruturas educacionais, governamentais, jurídicas, políticas, sociais, culturais, econômicas, financeiras e ambientais, de modo a promovermos a inserção do País no concerto das potências mundiais livres, civilizadas, soberanas, democráticas e sustentavelmente desenvolvidas...

Assim, urge ainda a efetiva problematização de questões deveras cruciais como:

     a)     a educação – universal e de qualidade –, desde a educação infantil (0 a 3 anos de idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo da modernidade de matricularmos nossas crianças de 6 anos de idade na primeira série do ensino fundamental, independentemente do mês de seu nascimento –, até a pós-graduação (especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade absoluta de nossas políticas públicas;

     b)    o combate implacável, sem eufemismos e sem tréguas, aos três dos nossos maiores e mais devastadores inimigos que são: I – a inflação, a exigir permanente, competente e diuturna vigilância, de forma a manter-se em patamares civilizados, ou seja, próximos de zero; II – a corrupção, há séculos, como um câncer a se espalhar por todas as esferas da vida nacional – na promíscua relação “dinheiro público versus interesses privados” –,  gerando incalculáveis prejuízos e comprometimentos de variada ordem (a propósito, noticia a mídia: “A sonegação fiscal no Brasil já atingiu R$ 318,6 bilhões este ano. Em todo o acumulado de 2013, a cifra foi de R$ 415,1 bilhões, valor que representa mais de 10% do Produto Interno Bruto (PIB) nacional...”); III – o desperdício, em todas as suas modalidades, também a ocasionar inestimáveis perdas e danos, indubitavelmente irreparáveis;

     c)     a dívida pública brasileira, com projeção para 2014, segundo o Orçamento Geral da União, de exorbitante e insuportável desembolso de cerca de R$ 1 trilhão, a título de juros, encargos, amortização e refinanciamentos (apenas com esta rubrica, previsão de R$ 654 bilhões), a exigir igualmente uma imediata, abrangente, qualificada e eficaz auditoria...

Isto posto, torna-se absolutamente inútil lamentarmos a falta de recursos diante de tão descomunal sangria que dilapida o nosso já combalido dinheiro público, mina a nossa capacidade de investimento e de poupança e, mais contundente ainda, afeta a credibilidade de nossas instituições, negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à pátria, ao lado de abissais desigualdades sociais e regionais e de extremas e sempre crescentes necessidades de ampliação e modernização de setores como: a gestão pública; a infraestrutura (rodovias, ferrovias, hidrovias, portos, aeroportos); a educação; a saúde; o saneamento ambiental (água tratada, esgoto tratado, resíduos sólidos tratados, macrodrenagem urbana, logística reversa); meio ambiente; habitação; mobilidade urbana (trânsito, transporte, acessibilidade); minas e energia; emprego, trabalho e renda; agregação de valor às commodities; sistema financeiro nacional; assistência social; previdência social; segurança alimentar e nutricional; segurança pública; forças armadas; polícia federal; defesa civil; logística; pesquisa e desenvolvimento; ciência, tecnologia e inovação; cultura, esporte e lazer; turismo; comunicações; qualidade (planejamento – estratégico, tático e operacional –, transparência, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade, criatividade, produtividade, competitividade); entre outros...

São, e bem o sabemos, gigantescos desafios mas que, de maneira alguma, abatem o nosso ânimo nem arrefecem o nosso entusiasmo e otimismo nesta grande cruzada nacional pela cidadania e qualidade, visando à construção de uma Nação verdadeiramente participativa, justa, ética, educada, civilizada, qualificada, livre, soberana, democrática, desenvolvida e solidária, que permita a partilha de suas extraordinárias e abundantes riquezas, oportunidade e potencialidades com todas as brasileiras e com todos os brasileiros. Ainda mais especialmente no horizonte de investimentos bilionários previstos e que contemplam eventos como a Olimpíada de 2016; as obras do PAC e os projetos do Pré-Sal, à luz das exigências do século 21, da era da globalização, da internacionalização das organizações, da informação, do conhecimento, da inovação, das novas tecnologias, da sustentabilidade e de um possível e novo mundo da justiça, da liberdade, da paz, da igualdade – e com equidade –, e da fraternidade universal...

Este é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a nossa fé, a nossa esperança... e perseverança!

O BRASIL TEM JEITO!...

    

segunda-feira, 3 de novembro de 2014

A CIDADANIA, A FORÇA DAS ELEIÇÕES E O SIGNIFICADO DA VITÓRIA DE DILMA ROUSSEFF PARA OS POBRES (3/21)

(Novembro = mês 3; faltam 21 meses para a Olimpíada de 2016)

“O que extrapola a própria importância as eleições
        Foi Aristóteles que definiu o homem como um animal político. E o que é a política? É a convivência com os diferentes para se alcançar o bem comum. Assim dito, tudo parece fácil.
         Mas a política é, dentro dela, a democracia, que visa respeitar as liberdades individuais, constituem um processo, ou seja, algo que se desdobra no tempo, podendo atingir suas finalidades mais rápida ou mais lentamente, dependendo do nível de consciência dos participantes.
         Para que uma nação exista e sobreviva, a política é essencial porque é a liga que amalgama homens, mulheres, pretos, pardos e brancos, ricos e pobres, no seu afã de alcançar níveis de vida cada vez mais dignos, por meio do acesso igualitário aos bens essenciais à vida. Essas definições já mostram as dificuldades intrínsecas à prática da política no Brasil, país-continente, com imensas diferenças e disparidades de origens e de condições sociais, econômicas, étnicas, geopolíticas, enfim, um grande quebra-cabeça, que é também sua riqueza e fonte de suas dificuldades.
         Vivenciamos tudo isso nas últimas eleições gerais para escolha do presidente da República, dos governadores dos Estados e dos senadores, dentro de um arcabouço legal ainda cheio de imperfeições, preterições, discriminações. Acrescente-se a isso um complicador que a modernidade comunicacional nos trouxe, qual seja, a possibilidade da interferência das mídias na manipulação da opinião pública, e o fato novo constituído pelos marqueteiros que moldam os perfis dos candidatos ao sabor das conveniências de momento.
         Permeando tudo, temos a influência do poder econômico dos grupos de interesse de variados matizes, que interferem explícita ou implicitamente, ou mesmo sub-repticiamente, na lisura das escolhas dos candidatos que disputam os variados cargos políticos.
         É um processo imperfeito, mas essencial para que a democracia sobreviva e se aperfeiçoe ao longo dos anos, fazendo o treinamento das gerações que se sucedem, no sentido de evitar retrocessos institucionais.
         Inevitavelmente, há frustrações para os vencidos e alegrias para os vencedores, mas o importante é que os dois grupos se transformem durante os anos dos mandatos e de governança da nação, respectivamente, em cumpridores e fiscalizadores das promessas e dos programas de campanha.
         O exercício da cidadania em uma república não tem cartel. Não é feito só para uso nas eleições. Mais se assemelha a um recipiente em constante fervura, sob o calor dos debates nas várias câmaras que nos representam e nos movimentos sociais, hoje turbinados pelas redes cibernéticas e pelas demonstrações de rua, indispensáveis quando se trata de impulsionar mudanças e reformas no status quo. Este, no caso brasileiro, de incipiente democracia, tem que vencer enormes resistências dos grupos que ainda se aproveitam de privilégios de todo tipo para travar o acesso igualitário à cidadania da maioria do povo. Há, pois, muito trabalho pela frente, e este extrapola a própria importância das eleições.”

(Haroldo Vinagre Brasil, engenheiro e professor, em artigo publicado no jornal O TEMPO Belo Horizonte, edição de 30 de outubro de 2014, caderno O.PINIÃO, página 19).

Mais uma importante e oportuna contribuição para o nosso trabalho de Mobilização para a Cidadania e Qualidade vem de artigo publicado no mesmo veículo, edição de 31 de outubro de 2014, mesmo caderno, página 20, de autoria de LEONARDO BOFF, filósofo e teólogo, e que merece igualmente integral transcrição:

“A vitória de Dilma Rousseff e o que ela representa para os pobres
        Nessas eleições presidenciais, os brasileiros se confrontaram com uma cena bíblica: tinham que escolher entre dois caminhos.
         Criaram-se todas as condições para uma tempestade perfeita, com distorções e difamações, difundidas na grande imprensa e nas redes sociais. Face a essas adversidades, a presidente Dilma Rousseff, por ter passado pelas torturas nos porões dos órgãos de repressão da ditadura militar, fortaleceu sua identidade, cresceu em determinação e acumulou energias para enfrentar qualquer embate. Mostrou-se como é: uma corajosa e valente. Ela transmite confiança, virtude fundamental para um político. Isso gera no eleitor ou eleitora a sensação de “sentir firmeza”.
         Sua vitória se deve em grande parte à militância que saiu às ruas e organizou manifestações. O povo mostrou que amadureceu na sua consciência política e soube escolher o caminho que lhe parecia mais acertado, votando em Dilma.
O eleitor já conhecia os dois caminhos. Um, ensaiado por oito anos, mas transferiu a maior parte dos benefícios aos já contemplados, à custa do arrocho salarial, do desemprego e da pobreza das grandes maiorias. Fazia políticas ricas para os ricos e pobres para os pobres. O Brasil fez-se  um sócio menor e subalterno ao grande projeto global. Esse não era o projeto de um país soberano.
         O povo percorreu também o outro caminho,  o do acerto e da felicidade possível. Nesse, ele teve centralidade. Um de seus filhos, Lula, conseguiu, com políticas públicas voltados aos humilhados e ofendidos, que uma Argentina inteira fosse incluída na sociedade moderna. Dilma Rousseff levou avante, aprofundou e expandiu essas políticas.
         A questão de fundo de nosso país está sendo equacionada: garantir a todos, mas principalmente aos pobres, o acesso aos  bens da vida, superar a espantosa desigualdade e criar, mediante a educação, oportunidades aos pequenos para que possam crescer, se desenvolver e se humanizar como cidadãos ativos.
         Esse projeto despertou o senso de soberania do Brasil, projetou-o no cenário mundial com uma posição independente, cobrando uma nova ordem mundial, na qual a humanidade se descobrisse como humanidade.
         O desafio para a presidente Dilma não é só consolidar o que já deu certo e corrigir defeitos, mas inaugurar um novo ciclo de exercício do poder que signifique um salto de qualidade em todas as esferas da vida social. Pouco se conseguirá se não houver uma reforma política que elimine de vez as bases da corrupção e que permita um avanço da democracia representativa, com a incorporação da democracia participativa. É urgente uma reforma tributária para que haja mais equidade e ajude a suplantar a abissal desigualdade social. Dilma, nos debates, apresentou um leque significativo de transformações a que se propôs. Pela seriedade e sentido de eficácia que sempre mostrou, podemos confiar que acontecerão.
         Há questões que mal foram acenadas nos debates: a importância da reforma agrária moderna que fixa o camponês no campo com todas as vantagens que a ciência propicia. Importa ainda demarcar e homologar as terras indígenas, muitas ameaçadas pelo avanço do agronegócio.
         Por  último, e talvez o maior dos desafios, vem o campo da ecologia. Severas ameaças pairam sobre o futuro da vida e de nossa civilização. O Brasil, por sua riqueza ecológica, é fundamental para o equilíbrio do planeta crucificado. Um novo governo Dilma não poderá obviar a essa questão que é de vida ou morte para a nossa espécie.
         Que o espírito de sabedoria e de cuidado oriente as decisões difíceis que a presidente Dilma Rousseff deverá tomar.”

Eis, portanto, mais páginas contendo importantes, incisivas e oportunas abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança de nossa história – que é de ética, de moral, de princípios, de valores –, para a imperiosa e urgente necessidade de profundas mudanças em nossas estruturas educacionais, governamentais, jurídicas, políticas, sociais, culturais, econômicas, sociais, econômicas, financeiras e ambientais, de modo a promovermos a inserção do País no concerto das potências mundiais livres, civilizadas, soberanas, democráticas e sustentavelmente desenvolvidas...

Assim, urge ainda a efetiva problematização de questões deveras cruciais como:

     a)     a educação –  universal e de qualidade –, desde a educação infantil (0 a 3 anos de idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo da modernidade de matricularmos nossas crianças de 6 anos de idade na primeira série do ensino fundamental, até a pós-graduação (especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade absoluta de nossas políticas públicas;

     b)    o combate implacável, sem eufemismos e sem tréguas, aos três dos nossos maiores e mais avassaladores inimigos que são: I – a inflação, a exigir permanente, competente e diuturna vigilância, de forma a manter-se em patamares civilizados, ou seja, próximos de zero; b) a corrupção, como um câncer a se espalhar por todas as esferas da vida nacional, gerando incalculáveis prejuízos e comprometimentos de vária ordem; III – o desperdício, em todas as suas modalidades , também a ocasionar inestimáveis perdas e danos, inexoravelmente irreparáveis;

     c)     a dívida pública brasileira, com projeção para 20140, segundo o Orçamento Geral da União, de exorbitante e intolerável desembolso de cerca de R$ 1 trilhão, a título de juros, encargos, amortização e refinanciamentos (apenas com esta rubrica, previsão de R$ 654 bilhões), a exigir uma imediata, abrangente, qualificada e eficaz auditoria...
Isto posto, torna-se absolutamente inútil lamentarmos a falta de recursos diante de tão descomunal sangria que dilapida o nosso já combalido dinheiro público, mina a nossa capacidade de investimento e de poupança e, mais contundente ainda, afeta a credibilidade de nossas instituições, negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à pátria, ao lado de abissais desigualdades sociais e regionais e de extremas e sempre crescentes necessidades de ampliação e modernização de setores como: a gestão pública; a infraestrutura (rodovias, ferrovias, hidrovias, portos, aeroportos); a educação; a saúde; o saneamento ambiental (água tratada, esgoto tratado, resíduos sólidos tratados, macrodrenagem urbana, logística reversa); meio ambiente; habitação; mobilidade urbana (trânsito, transporte, acessibilidade); emprego, trabalho e renda; agregação de valor às commodities; sistema financeiro nacional; assistência social; previdência social; segurança alimentar e nutricional; segurança pública; forças armadas; polícia federal; defesa civil; logística; pesquisa e desenvolvimento; ciência, tecnologia e inovação; cultura, esporte e lazer; turismo; comunicações; qualidade (planejamento – estratégico, tático e operacional –, transparência, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade, criatividade, produtividade, competitividade); entre outros...
São, e bem o sabemos, gigantescos desafios mas que, de maneira alguma, abatem o nosso ânimo nem arrefecem o nosso entusiasmo e otimismo nesta grande cruzada nacional pela cidadania e qualidade, visando à construção de uma Nação verdadeiramente participativa, justa, ética, educada, civilizada, qualificada, livre, soberana, democrática, desenvolvida e solidária, que possa partilhar suas extraordinárias riquezas, oportunidades e potencialidades com todas as brasileiras e com todos os brasileiros. Ainda mais especialmente no horizonte de investimentos bilionários previstos e que contemplam eventos como a Olimpíada de 2016; as obras do PAC e os projetos do Pré-Sal, à luz das exigências do século 21, da era da globalização, da internacionalização das organizações, da informação, do conhecimento, da inovação, das novas tecnologias, da sustentabilidade e de um possível e novo mundo da justiça, da liberdade, da paz, da igualdade – e com equidade –, e da fraternidade universal...
Este é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a nossa fé, a nossa esperança... e perseverança!
O BRASIL TEM JEITO!...


segunda-feira, 20 de outubro de 2014

A CIDADANIA, A EDUCAÇÃO, A ÉTICA, A FAMÍLIA E A POLÍTICA

“Educação e ética
        A preocupação com a ética tem se tornado cada vez mais urgente na atualidade, despontando como uma das necessidades mais prementes do homem moderno.
         A tão almejada transformação social passa necessariamente por uma mudança no processo educacional, que deve formar seres capazes de construir um mundo novo, mediante o desenvolvimento de seus níveis intelectual, afetivo, emocional e espiritual, e de seu compromisso com a ética e a responsabilidade social numa visão integradora e formadora de caráter. É um compromisso institucional e individual profundo, que se manifesta no servir, nas percepção da unidade, na diversidade e na busca de orientação para agir de forma a tornar a convivência na sociedade mais harmoniosa.
         Atualmente, a educação vem sendo apontada como a mola propulsora no desenvolvimento de um trabalho sistematizado de análise de valores, aprendizagem de conceitos e desenvolvimento de atitudes, no qual o ato de educar jamais esteve à parte das várias expressões culturais e existenciais da pessoa. Sendo um tipo de vivência social, a escola não deixa de ser atingida pelos novos rumos demandados pela sociedade, embora esteja em descompasso com as inovações tecnológico-científicas.
         Nesse contexto, é importante que o professor tenha uma postura diferenciada na ação educativa, sendo um missionário no desenvolvimento da consciência de seus alunos, e estamos comprometido com o conhecimento na evolução do ser humano. O profissional precisa atuar como educador que pratica o ato de ensinar envolvendo o ser humano na dimensão holística, em todos os aspectos físicos, cognitivos e morais, enxergando seu aluno como um ser dotado de qualidades, potencialidades e saberes.
         Tal comportamento ético por parte dos professores é esperado e exigido pela sociedade. Contudo, sempre nos deparamos com esse questionamento: o que envolve tomar uma atitude ética dentro da instituição de trabalho? Antes de tentar encontrar uma resposta, devemos levar em conta que tomar uma decisão ética se assemelha à forma com que os sujeitos agem na família ou na vida pessoal. No entanto, isso se torna complexo e angustiante ao constatarmos que, no contexto educacional, a maioria dos profissionais sofre pressão da instituição na hora de decidir sobre o que é melhor fazer. É nesse momento que percebe claramente a postura do professor e do educador.
         Pensar criticamente e refletir sobre as consequências das escolhas individuais ou coletivas cria espaço para uma ética enraizada no tempo que seja capaz de acolher os desafios. É assim que as instituições pairam em todas as áreas do fazer e do saber humanos.
         Acredito que, para compreender esse processo, cumpre levar em conta a significação social de valores pelos professores, bem como detectar seus interesses, sentimentos e o sentido de ser educador e ser ético.”

(Elma Bernardes Santiago. Professora de ética e responsabilidade social (FGV/Faculdade IBS), em artigo publicado no jornal O TEMPO Belo Horizonte, edição de 16 de outubro de 2014, caderno O.PINIÃO, página 23).

Mais uma importante e oportuna contribuição para o nosso trabalho de Mobilização para a Cidadania e Qualidade vem de artigo publicado no jornal ESTADO DE MINAS, edição de 17 de outubro de 2014, caderno OPINIÃO, página 7, de autoria de DOM WALMOR OLIVEIRA DE AZEVEDO, arcebispo metropolitano de Belo Horizonte, e que merece igualmente integral transcrição:

“Família e políticas
        A partir de temas importantes da atualidade e da consideração de diferentes campos – político, acadêmico, econômico e religioso –, a Igreja Católica, por convocação do papa Francisco, debate e estuda a situação da família humana. A 3ª Assembleia Extraordinária do Sínodo dos Bispos, em Roma, sobre esse tema, congrega representantes de todo o mundo. Contribui para o avanço e compreensão de aspectos cruciais de tudo o que se refere à família na contemporaneidade. O Sínodo indica a preocupação central da Igreja sobre a vida familiar. Sua organização há muito tempo e, certamente, esse significativo processo de escuta e reflexão deve continuar até a sessão ordinária do Sínodo dos Bispos, a ser realizada em outubro de 2015.
         Família humana é tema central, emoldurado por grande complexidade, principalmente quando se consideram aspectos do presente e do futuro da sociedade. A atenção às famílias, sua compreensão e a definição de política emancipatórias em seu favor não podem se reduzir a aportes financeiros mínimos, de caráter compensatório. É preciso avançar na direção da justiça, além de compreender melhor o significado humanístico e o sentido ético-moral de família, uma insubstituível escola de humanidade. Trata-se de ambiente onde cada pessoa vive as experiências mais determinantes em sua trajetória. O sucesso de outras escolas tem íntima relação com as significativas experiências familiares. E as lacunas nessas experiências provocam  prejuízos, atrasam processos e inviabilizam avanços culturais.
         A família tem uma evangelho próprio, que é sua maior riqueza. Compreendê-la inclui, pois, não apenas as definições sobre sua dimensão funcional e de sua sustentabilidade. Assim, quando se pensa a família, explicita-se a exigência importante de não apenas tratá-la como adjetivação de programas sociais. Evidentemente, ao reconhecer o seu amplo papel, deve-se empenhar na criação de condições mínimas para sua sobrevivência. Mas, além disso, governantes e gestores são desafiados a construir, de modo criativo, estratégias capazes de configurar garantias mais amplas aos grupos familiares. Passou aquele tempo em que grande era o bombardeio contra a família, praticado por setores importantes da sociedade. Contudo, apesar de ter amainado a “guerra” contra essa instituição, continua desafiador o seu tratamento no atual contexto sociocultural, caracterizado por muitas nuances.
         Exigente pois, é a escuta e reflexão do evangelho da família, tesouro que guarda valores determinantes para a educação afetiva e humanística de cada pessoa, fonte de insubstituível  sentido moral que a consciência cidadã não pode dispensar. Abdicar-se dessa tarefa é contribuir para processos degradantes como a desumanização, que pode ser até irreversível. Sem dúvida, o ideal de família é um horizonte inspirador.
         A compreensão de família cristã, por exemplo, inclui o balizamento de um desígnio de Deus. Constitui um complexo de relações interpessoais, em referência à vida conjugal, paternidade, maternidade, fraternidade, filiação, configurando a “pertença” à família humana e à família de Deus. Essa compreensão tem o seu nascimento no sacramento do matrimônio. O contexto sociocultural, no entanto, desafia entendimentos e distinções que apontam no sentido de se considerarem muitas exigências e necessidades humanitárias. O certo é que a importância global da família não dispensa, visando seu bem maior e a fecundidade de sua insubstituível tarefa na vida da sociedade, a abordagem das dimensões espiritual, humanística, educativa e social. Nesse sentido, as igrejas têm, no seu serviço à família humana, uma tarefa própria. Também possuem atribuições nesse âmbito as diferentes instituições e instâncias da sociedade pluralista.
         É pertinente, por exemplo, que empresas, ao definirem suas políticas de responsabilidade social, considerem investir nas famílias que sofrem com a miséria, falta de moradia, educação e saúde. No campo político, por que não instituir uma legislação semelhante à que já existe, para incentivar projetos culturais, que estimulem as empresas a investirem no amparo às famílias mais pobres? Talvez fosse o caminho para superar a dependência de alguns grupos familiares das ajudas esporádicas, com alcance muito limitado. No calor dos debates e programas eleitorais, entre outros anseios, espera-se dos candidatos a apresentação de propostas mais ousadas, com força de comprometimento social e político, para as famílias, especialmente as que necessitam de moradia, educação, saúde, lazer e tudo que represente um direito de todos. Não basta apenas  dizer “que vai continuar” ou “dar uma melhorada” no que já é feito.
         O momento eleitoral decisivo de agora não requer propagandas e debates caracterizados pelos ataques pessoais e promessas sem a indicação dos caminhos para sua concretização. É hora de escolher quem, de fato, é propositivo, capaz de mostrar o caminho real das mudanças. Exige-se um perfil com a competência para articular, em rede, a educação, a saúde, a segurança, o respeito aos direitos fundamentais, indo além de questões meramente partidárias. Especialmente, almeja-se que inovadoras políticas voltadas para a família sejam construídas, reconhecendo sempre a centralidade da instituição familiar para a vida em sociedade.”

Eis, portanto, mais páginas contendo importantes,  fecundas e oportunas abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança de nossa história – que é de ética, de moral, de princípios, de valores –, para a imperiosa e urgente necessidade de profundas mudanças em nossas estruturas educacionais, governamentais, jurídicas, políticas, sociais, culturais, econômicas, financeiras e ambientais, de modo a promovermos a inserção do País no concerto das potências mundiais livres, civilizadas, soberanas, democráticas e sustentavelmente desenvolvidas...

Assim, urge ainda a efetiva problematização de questões deveras cruciais como:

     a)     a educação – universal e de qualidade –, desde a educação infantil (0 a 3 anos de idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo da modernidade de matricularmos nossas crianças de 6 anos de idade na primeira série do ensino fundamental, independentemente do mês de seu nascimento –, até a pós-graduação (especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade absoluta de nossas políticas públicas;

     b)    o combate implacável, sem eufemismos e sem tréguas, aos três dos nossos maiores e mais devastadores inimigos que são: I – a inflação, a exigir permanente, competente e diuturna vigilância, de forma a manter-se em patamares civilizados, ou seja, próximos de zero; II – a corrupção, há séculos a se espalhar por todas as esferas da vida nacional – pública e privada,  naturalmente promíscua – gerando incalculáveis prejuízos e comprometimentos de variada ordem (a propósito, noticia a Folha de São Paulo de 14/12/1994: “... É preciso que se crie uma política anticorrupção no país, pois o esquema empregado atualmente é sofisticadíssimo”, – disse o presidente da CEI  (Comissão Especial de Investigação), o ministro Romildo Canhim...”; III – o desperdício, em todas as suas modalidades, também a ocasionar inestimáveis perdas e danos, inexoravelmente irreparáveis;

     c)     a dívida pública brasileira, com projeção para 2014, segundo o Orçamento Geral da União, de exorbitante e insuportável desembolso de cerca de R$ 1 trilhão, a título de juros, encargos, amortização e refinanciamentos (apenas com esta rubrica, previsão de R$ 654 bilhões), a exigir igualmente uma imediata, abrangente, qualificada e eficaz auditoria...

Destarte, torna-se absolutamente inútil lamentarmos a falta de recursos diante de tão descomunal sangria que dilapida o nosso já combalido dinheiro público; mina a nossa capacidade de investimento e de poupança e, mais contundente, afeta a credibilidade de nossas instituições, negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à pátria, ao lado de abissais desigualdades sociais e regionais e de extremas e sempre crescentes necessidades de ampliação e modernização de setores como: a gestão pública; a infraestrutura (rodovias, ferrovias, hidrovias, portos, aeroportos); a educação; a saúde; o saneamento ambiental (água tratada, esgoto, resíduos sólidos tratados, macrodrenagem urbana, logística reversa); meio ambiente; habitação; mobilidade urbana (trânsito, transporte, acessibilidade); minas e energia; emprego, trabalho e renda; agregação de valor às commodities; sistema financeiro nacional; assistência social; previdência social; segurança alimentar e nutricional; segurança pública; forças armadas; polícia federal; defesa civil; logística; pesquisa e desenvolvimento; ciência, tecnologia e inovação; cultura, esporte e lazer; turismo; comunicações; qualidade (planejamento – estratégico, tático e operacional –, transparência, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade, criatividade, produtividade, competitividade); entre outros...

São, e bem o sabemos, gigantescos desafios mas que, de maneira alguma, abatem o nosso ânimo nem arrefecem o nosso entusiasmo e otimismo nesta grande cruzada nacional pela cidadania e qualidade, visando à construção de uma Nação verdadeiramente participativa, justa, ética, educada, civilizada, qualificada, livre, soberana, democrática, desenvolvida e solidária, que possa partilhar suas extraordinárias e generosas riquezas, oportunidades e potencialidades com todas as brasileiras e com todos os brasileiros. Ainda mais especialmente no horizonte de investimentos bilionários previstos e que contemplam eventos como a Olimpíada de 2016; as obras do PAC e os projetos do pré-sal, à luz das exigências do século 21, da era da globalização, da internacionalização das organizações, da informação, do conhecimento, da inovação, das novas tecnologias, da sustentabilidade e de um possível e novo mundo da justiça, da liberdade, da paz, da igualdade – e com equidade –, e da fraternidade universal...

Este é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a nossa fé, a nossa esperança... e perseverança!...


O BRASIL TEM JEITO!...   

segunda-feira, 13 de outubro de 2014

A CIDADANIA, A REINVENÇÃO DO BRASIL E OS RECADOS DAS URNAS

“Dilma dá continuidade a invenção do novo Brasil
        É notório que a direita brasileira, especialmente aquela de forças elitistas que sempre ocuparam o poder de Estado e o trataram como propriedade privada, apoiadas pela mídia privada e familiar, está se aproveitando da crise – que é mundial, e não, apenas, nacional (e temos a vantagem de manter um mínimo de crescimento e o emprego dos trabalhadores, coisa que não acontece na Europa nem nos Estados Unidos) –  para fazer sangrar a presidente Dilma Rousseff e desmoralizar o Partido dos Trabalhadores, e assim criar uma atmosfera que lhe permita voltar ao lugar que por via democrática perdeu.
         Celso Furtado, em “A Construção Interrompida” (1993), escreveu com acerto: “O tempo história se acelera, e a contagem desse tempo se faz contra nós. Trata-se de saber se temos um futuro como nação que conta na construção do devenir humano. Ou se prevalecerão as forças que se empenham em interromper o nosso processo histórico de formação de um Estado-nação” (Paz e Terra, Rio de Janeiro, 1993, pág. 35).
         Aqui reside a verdadeira questão: queremos prolongar a dependência àquelas forças nacionais e mundiais que sempre nos mantiveram alinhados e sócios menores de seu projeto, ou queremos completar a invenção do Brasil como nação soberana que tem muito que contribuir para a solução da atual crise ecológico-social do mundo?
         Se, por um lado, não podemos nos privar de algumas críticas ao governo do PT, por outro, seria faltar à verdade se não reconhecêssemos os avanços significativos sob os governos desse partido. A inclusão social realizada e as políticas sociais para aqueles milhões que sempre estiveram à margem possuem uma magnitude histórica cujo significado ainda não acabamos de avaliar.
         Surgiu um estranho ódio contra o PT em muitos âmbitos da sociedade. Suspeito que esse ódio seja porque as políticas públicas permitiram aos pobres usar o avião e visitar seus parentes no Nordeste; também conseguiram adquirir seu carro e comprar em shopping centers. O lugar deles não seria no avião, mas na periferia, pois esse é seu lugar. Mas eles foram integrados à sociedade e a seus benefícios.
         Devemos aproveitar as oportunidades que os países centrais, em profunda crise, nos propiciam: reafirmar nossa independência, garantindo nosso futuro autônomo, ou desperdiçá-la, vivendo atrelados ao destino que é sempre decidido por eles, que nos querem condenar a ser apenas os fornecedores dos produtos “in natura” que lhes faltam, voltando assim a nos colonizar.
         Não podemos aceitar essa estranha divisão internacional do trabalho. Temos que retomar o sonho de alguns de nossos melhores analistas, do quilate de Darcy Ribeiro e Celso Furtado, entre outros, que propuseram uma reinvenção ou refundação do Brasil sobre bases nossas, gestadas pelo nosso ensaio civilizatório tão enaltecido mundialmente.
         Esse é o desafio lançado aos candidatos à mais alta instância de poder no país. Não vejo figura melhor para seguir nessa reconstrução, a partir de baixo, com uma democracia participativa, com seus conselhos e movimentos populares opinando e ajudando a formular caminhos que nos levem para a frente e para o alto, do que a atual presidente, Dilma Rousseff.
         A situação é urgente, pois, como advertia Celso Furtado: “Tudo aponta para a inviabilização do país como projeto nacional” (op. cit. 35). Nós não queremos aceitar como fatal essa severa advertência. Não devemos reconhecer as derrotas sem antes participar das batalhas, como nos ensinava dom Quixote, em sua gaia sabedoria.
         Que os bons espíritos guiem os rumos de nosso país.”

(LEONARDO BOFF. Teólogo e filósofo, em artigo publicado no jornal O TEMPO Belo Horizonte, edição de 10 de outubro de 2014, caderno O.PINIÃO, página 22).

Mais uma importante e oportuna contribuição para o nosso trabalho de Mobilização para a Cidadania e Qualidade vem de artigo publicado no jornal ESTADO DE MINAS, mesma edição, caderno OPINIÃO, página  9, de autoria de DOM WALMOR OLIVEIRA DE AZEVEDO, arcebispo metropolitano de Belo Horizonte, e que merece igualmente integral transcrição:

“Recados das urnas
        Os recados das urnas são difusos e desenham uma diversidade que tem de tudo. Incluem aspectos contraditórios que merecem análises e debates, e não apenas cientistas políticos com suas inestimáveis reflexões. Outros, também, partindo de seus lugares próprios e do direito à livre manifestação, contribuem muito. Não é simples produzir uma síntese dessas mensagens. Até parece ser impossível tal empreitada. As razões que se entrelaçam, as irracionalidades, o desejo desarvorado de poder, contradições, motivações importantes, sonhos de melhorias, até mesmo o espírito de torcida próprio no âmbito dos esportes, desenham aprendizados. É possível constatar, pelo menos, a lição de que para ser vitorioso é preciso se qualificar melhor, não andar de “salto alto” e respeitar o adversário.
         Na política, não é fácil fazer distinções, nem ter garantias de que o dito é sincero, fundamentado na verdade e com a única meta de melhorar a vida de todos, particularmente dos mais sofridos. Especificamente no que diz respeito à política partidária, salvaguardado o sentido de sua importância e o reconhecimento de sua necessidade, é preciso maior enraizamento da ética e de um mínimo de moralidade, para que sua tarefa seja cumprida. Sem esses fundamentos, torna-se difícil alcançar o que é sério e respeitoso para com o bem comum, reverente com a dignidade de cada pessoa. Continuam particularmente prejudicados aqueles que sofrem com tratamentos indignos e injustos, cidadãos ignorados por quem esbanja e usufrui, doentiamente, de benesses, privilégios justificados pela lógica da diferença.
         Seguir essa lógica é contribuir para aumentar sempre mais a brecha entre as pontas do cenário social e cultural, uma configuração perversa e inaceitável. Ora, a grandeza própria da política e seu estatuto maior são o bem comum. Isso significa agir sempre a partir da opção preferencial pelo pobres, em vez de simplesmente se orientar pela superficialidade e comprometimentos de ideologias partidárias. Estas, não raramente, são medíocres no que se refere à compreensão da dignidade humana, da cidadania, dos direitos, da justiça e deveres. Geram a insatisfação que pode ser constatada na resposta dada pelo eleitor. As urnas mandam recados diversos.
         É curioso perceber que, de um lado, há um movimento que pode ser interpretado como clamor por mudanças, que não devem ser adiadas e nem descansar no “berço esplêndido” das promessas. No entanto, apesar desse desejo, foram reconduzidos ao poder grupos familiares que não representam inovação política e indicam apenas o caminho da repetição do que tem sido pouco proveitoso para o bem comum. Assim, embora importante, principalmente quando se considera a governabilidade, não é suficiente apenas analisar o número maior de cadeiras conquistadas pelas siglas partidárias. Os resultados das urnas revelam o recado de que é ainda muito forte o poder do dinheiro, capaz de eleger quem não tem força própria para ser representante do povo.
         Na listagem das mensagens vindas das eleições, é preciso atentar-se para a alta percentagem de abstenções e votos anulados, evidências de um grande número de pessoas em protesto ou ancoradas na indiferença. Trata-se de algo grave em momento tão decisivo para o futuro da nação. Um fenômeno que merece esforço de todos para ser compreendido. Certas surpresas indicam a candidatos que não se pode pensar no eleitorado como massa de manobra, que forma “currais eleitorais”. Outras revelam fenômenos de votação que, lamentavelmente, foram escolhidos não por sua competência e condição de representar, mas pela simpatia ou mesmo pelo uso estratégico de deboches. As urnas sinalizam que é preciso operar mudanças urgentes e radicais.
         A cidadania exige um tratamento mais adequado diante das necessidades do povo, com repúdio à deselegância de ataques pessoais e desconstrução pouco civilizada de adversários. É preciso reconhecer que o eleitorado pode fazer sua escolha considerando o nome que, para além da sigla partidária, tem credibilidade e competência. As análises das variadas mensagens das eleições são interessantes para o amadurecimento do cidadão, na indicação de rumos e metas para os candidatos. Trata-se de exercício indispensável na corrida eleitoral de novo em curso, como investimento na escolha de caminhos capazes de conduzir a sociedade em novas direções. Embora o terreno contraditório e movediço, vive-se a oportunidade de aprender importantes lições com os recados das urnas.”

Eis, portanto, mais páginas contendo importantes, incisivas e oportunas abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança de nossa história – que é de ética, de moral, de princípios, de valores –, para a imperiosa e urgente necessidade de profundas mudanças em nossas estruturas educacionais, governamentais, jurídicas, políticas, sociais, culturais, econômicas, financeiras e ambientais, de modo a promovermos a inserção do País no concerto das potências mundiais livres, civilizadas, soberanas, democráticas e sustentavelmente desenvolvidas...

Assim, urge ainda a efetiva problematização de questões deveras cruciais como:

     a)     a educação – universal e de qualidade –, desde a educação infantil (0 a 3 anos de idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo da modernidade de matricularmos nossas crianças de 6 anos de idade na primeira série do ensino fundamental, independentemente do mês de seu nascimento –, até a pós-graduação (especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade absoluta de nossas políticas públicas;

     b)    o combate implacável, sem eufemismos e sem tréguas, aos três dos nossos maiores e mais avassaladores inimigos que são: I – a inflação, a exigir permanente, competente e diuturna vigilância, de forma a manter-se em patamares civilizados, ou seja, próximos de zero; II – a corrupção, há séculos, como um câncer a se espalhar por todas as esferas da vida nacional, gerando incalculáveis prejuízos e comprometimentos de variada ordem (a propósito, em editorial do Jornal do Brasil, de 1º/8/1994, lê-se: “... A diferença que separa a corrupção nas democracias antigas e consolidadas da praticada nos países do Terceiro Mundo situa-se no grau de impunidade...”; III – o desperdício, em todas as suas modalidades, também a ocasionar inestimáveis perdas e danos, inexoravelmente irreparáveis  (seria o caso, por exemplo, de contabilizarmos todas as perdas e danos em apenas um dia no trânsito das regiões metropolitanas do país; e, afinal, de quem a responsabilidade? – haja consciência séria e crítica...);

     c)     a dívida pública brasileira, com projeção para 2014, segundo o Orçamento Geral da União, de exorbitante e insuportável desembolso de cerca de R$ 1 trilhão, a título de juros, encargos, amortização e refinanciamentos (apenas com esta rubrica, previsão de R$ 654 bilhões), também a exigir imediata, abrangente, qualificada e eficaz auditoria...

Destarte, torna-se absolutamente inútil lamentarmos a falta de recursos diante de tão descomunal sangria que dilapida o nosso já combalido dinheiro público, mina a nossa capacidade de investimento e de poupança e, mais contundente ainda, afeta a credibilidade de nossas instituições, negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à pátria, ao lado de abissais desigualdades sociais e regionais e de extremas e sempre crescentes necessidades de ampliação e modernização de setores como: a gestão pública; a infraestrutura (rodovias, ferrovias, hidrovias, portos, aeroportos); a educação; a saúde; o saneamento ambiental (água tratada, esgoto tratado, resíduos sólidos tratados, macrodrenagem urbana, logística reversa); meio ambiente; habitação; mobilidade urbana (trânsito, transporte, acessibilidade); emprego, trabalho e renda; agregação de valor às commodities; sistema financeiro nacional; assistência social; previdência social; segurança alimentar e nutricional; segurança pública; forças armadas; polícia federal; defesa civil; logística; pesquisa e desenvolvimento; ciência, tecnologia e inovação; cultura, esporte e lazer; turismo; comunicações; qualidade (planejamento – estratégico, tático e operacional –, transparência, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade, criatividade, produtividade, competitividade); entre outros...
São, e bem o sabemos, gigantescos desafios mas que, de maneira alguma, abatem o nosso ânimo nem arrefecem o nosso entusiasmo e otimismo nesta grande cruzada nacional pela cidadania e qualidade, visando à construção de uma Nação verdadeiramente participativa, justa, ética, educada, civilizada, qualificada, livre, soberana, democrática, desenvolvida e solidária, que possa partilhar suas extraordinárias e generosas riquezas, oportunidades e potencialidades com todas as brasileiras e com todos os brasileiros. Ainda mais especialmente no horizonte de investimentos bilionários previstos e que contemplam eventos como a Olimpíada de 2016; as obras do PAC e os projetos do pré-sal, à luz das exigências do século 21, da era da globalização, da internacionalização das organizações, da informação, do conhecimento, da inovação, das novas tecnologias, da sustentabilidade e de um possível e novo mundo da justiça, da liberdade, da paz, da igualdade – e com equidade –, e da fraternidade universal...

Este é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a nossa fé, a nossa esperança... e perseverança!...

O BRASIL TEM JEITO!...  


quinta-feira, 9 de outubro de 2014

A CIDADANIA, A ENERGIA DA CURA, OS COLAPSOS E AS ELEIÇÕES

“A oportunidade de vivermos plenamente a energia da cura
        Havendo concordância entre a vontade profunda de um indivíduo e a vontade superficial que vem da sua personalidade, a cura pode operar-se. Ao harmonizar  a personalidade com a Vida maior, que é a sua essência interior, a cura é processada, e seus efeitos tornam-se visíveis nos planos físico e energético da pessoa.
         Portanto, não se pode dizer de maneira precisa que um indivíduo cure outro, mas sim que cada qual cura a si próprio na medida em que faz essa união em si mesmo. O que chamamos de “curador” é apenas um intermediário para que certa energia incida sobre aquele que será curado, ajudando-o a tomar a decisão de integrar-se.
         A vida, quando não busca a união entre a nossa vontade consciente e a nossa vontade profunda, pode nos levar às doenças. Por isso, qualquer processo terapêutico, para agir de fato, deveria incluir o trabalho fundamental de o “paciente” procurar ver em que pontos de sua vontade pessoal precisa harmonizar-se com a vontade nos níveis sutis, internos do seu ser.
         Em certos casos, para que a cura aconteça, é necessário que estejam juntos aquele que vai ser instrumento da cura e aquele que precisa ser curado. E há circunstâncias em que é útil a presença de uma terceira pessoa, cuja energia, combinada com a de quem “cura” ou com a de quem quer ser liberto, pode ajudar. O lado imprevisto e misterioso da cura não se limita, porém, a fatos assim visíveis. Há exemplos nos quais o indivíduo é curado sem que o perceba: a alegria interior passa a estar presente em seu olhar e a carga da ansiedade deixa de existir em sua mente e em seu coração.
         Para que a cura interior ocorra, nem sempre são necessários intermediários. Essencial é que construamos voluntariamente uma ponte de comunicação entre o nosso eu consciente e o núcleo de amor e sabedoria que habita dentro de nós, núcleo formado de energia inclusiva.
         Essa energia, essência de cada ser, é representada em cada um pelo eu superior. Tomamos conhecimento dela mais cedo ou mais tarde, por meio, principalmente, da pura e simples aspiração por encontrá-la. Desejando manifestar esse amor que a tudo e a todos inclui, acabamos por reconhecê-lo dentro e fora de nós, e, a partir de então, passamos a servir ao mundo e a estar administrados pelos aspectos superiores das mesmas leis que regem o nível humano do nosso ser.
         Mesmo sem a ajuda palpável de intermediários, uma pessoa pode começar a construir essa ponte com a cura. A ajuda de que ele precisa encontra-se principalmente em níveis mais elevados de sua própria consciência. Nesses níveis de consciência mais sutis, nosso eu interno, a alma, é auxiliada a perceber qual é o seu caminho cósmico.
         É como se percorrêssemos uma rota desconhecida, porém cheia de sinais indicativos. Somos livres para segui-los ou não.
         Todo terapeuta que busca ajudar alguém a estabelecer o contato entre os dois aspectos da energia da vontade, a pessoal e a vontade da alma, pode tornar-se um curador. Mas, para sê-lo verdadeiramente, no sentido amplo e espiritual desse termo, precisa estar – ele próprio – com essa união feita em si mesmo, pelo menos até certo grau. É à medida que realiza o trabalho de harmonia em si mesmo que ele se torna capaz de ajudar os outros a se harmonizarem.”

(TRIGUEIRINHO. Escritor, em artigo publicado no jornal O TEMPO Belo Horizonte, edição de 31 de agosto de 2014, caderno O.PINIÃO, página 20).

Mais uma importante e oportuna contribuição para o nosso trabalho de Mobilização para a Cidadania e Qualidade vem de artigo publicado no jornal ESTADO DE MINAS, edição de 26 de setembro de 2014, caderno OPINIÃO, página 7, de autoria de DOM WALMOR OLIVEIRA DE AZEVEDO, arcebispo metropolitano de Belo Horizonte, e que merece igualmente integral transcrição:

“Colapsos e eleições
        Colapsos e ameaças de crises emolduram, de modo muito preocupante, as eleições deste ano. Obviamente, trata-se de um alto preço que a sociedade brasileira está pagando, em razão de prejuízos causados ao longo de diferentes etapas da história. Essa constatação não é um agouro pessimista para obscurecer conquistas e avanços. Percebe-se que as demandas são tão grandes e a incompetência para enfrentá-las é tão evidente que não há como amainar a preocupação. Isto precisa tornar-se vetor de interpelação e incômodo na consciência cidadã em geral. Não se pode reduzir ao espaço estreito da política partidária a discussão sobre os rumos do Estado brasileiro.
         As questões são mais complexas e enraizadas, de tal maneira que exigem uma novidade que não pode se restringir às siglas partidárias nem aos chavões que anunciam “o novo na política”. Precisa-se de uma renovação mais profunda e revolucionária de entendimentos. O que se constata, lamentavelmente, é a pouca atenção com a conquista de predicados que possibilite a cidadãos, especialmente àqueles que disponibilizam seus nomes ao sufrágio nas urnas, participar de modo qualificado da política. É grave, pois, o colapso, já cristalizado no funcionamento da sociedade, fruto da equivocada compreensão de que política é oportunidade para ganhar poder, enriquecer-se e distribuir  favores, em benefício de correligionários. Esta conduta enfraquece o entendimento de que a participação na vida pública precisa ser fundamentada na nobreza de servir o povo.
         Os resultados são desastrosos e provocam desânimo no eleitor. Chega-se à situação extrema de ouvir, com frequência, nas conversas cotidianas, que a escolha de candidatos não será pela observação das qualidades, mas pela avaliação de que determinado concorrente é “menos ruim”. A responsabilidade por se ter chegado a isso há de ser partilhada pelo conjunto da sociedade, com uma fatia maior para aqueles que exercem cargos de poder e liderança, formadores de opinião e educadores. Percebe-se uma realidade que clama por urgentes reformas, uma constatação cada vez mais consensual entre todos, no entanto sem sinais de avanços rumo à efetivação. Para realizá-las, são necessárias mudanças de mentalidade. Cada pessoa deve revitalizar o próprio senso de cidadania, priorizar projetos que busquem o bem da sociedade e o crescimento das instituições de onde conseguem o próprio sustento.
         Se todos buscassem essa meta, surgiria um grande movimento, com força de incidência, antídoto para corrigir o afã da corrupção e a falta de vergonha que permite o leilão do patrimônio público em favor de interesses particulares. Permanecer na mesmice é conformar-se com a mediocridade de propostas, reflexo  de quem busca fazer o mínimo, sem coragem para enfrentar sacrifícios, considerando o trabalho apenas como possibilidade de ganho pessoal, a partir da lógica do “quanto mais, melhor”.
         Na raiz dos problemas, está um sério colapso moral de valores e princípios, que provoca crises em muitos campos. As notícias recentes informam, por exemplo, sobre a estagnação da economia. Preocupa, também, e torna-se sinal de alerta, a falta de água, fruto da exploração gananciosa do meio ambiente, prenúncio de situações caóticas. As crises, de vários tipos, pesam nos ombros da sociedade e, se nada for feito, permanecerá delineado um futuro em que elas se apresentarão com maior densidade. É urgente recomeçar. O primeiro passo é a renovação da consciência de cada pessoa no exercício da cidadania e de suas tarefas. Trata-se de construir uma nova cultura, com a colaboração da arte, da beleza e da espiritualidade, do respeito a memórias, da recuperação de sensibilidades que combatem e curam as mediocridades.
         Espera-se, de políticos a construtores da sociedade pluralista, de lideranças a cidadãos comuns, a inspiração a partir de um horizonte humanístico, e não meramente mercadológico.  Somente assim as eleições de 2014 e o decorrer dos dias da sociedade brasileira serão salvos dos prejuízos resultantes de tantos colapsos. A recuperação das perdas supõe a nobreza da cidadania.”

Eis, portanto, mais páginas contendo importantes, incisivas e oportunas abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança de nossa história – que é de ética, de moral, de princípios, de valores –, para a imperiosa e urgente necessidade de profundas mudanças em nossas estruturas educacionais, governamentais, jurídicas, políticas, sociais, culturais, econômicas, financeiras e ambientais, de modo a promovermos a inserção do País no concerto das potências mundiais livres, civilizadas, soberanas, democráticas e sustentavelmente desenvolvidas...

Assim, urge ainda efetiva problematização de questões deveras cruciais como:

     a)     a educação – universal e de qualidade –, desde a educação infantil (0 a 3 anos de idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo da modernidade de matricularmos nossas crianças de 6 anos de idade na primeira série do ensino fundamental, independentemente do mês de seu nascimento –, até a pós-graduação (especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade absoluta de nossas políticas públicas;

     b)    o combate implacável, sem eufemismos e sem trégua, aos três dos nossos maiores e mais avassaladores inimigos que são: I – a inflação, a exigir permanente, competente e diuturna vigilância,  de forma a manter-se em patamares civilizados, ou seja, próximos de zero; II – a corrupção, como um câncer a se espalhar por todas as esferas da vida nacional, há séculos, gerando incalculáveis prejuízos e comprometimentos de vária ordem (a propósito, a crescente descrença na política e nos políticos, ferindo brutalmente o arcabouço da democracia e maculando a representatividade institucional...); III – o desperdício, em todas as suas modalidades, também a ocasionar inestimáveis perdas e danos, inexoravelmente irreparáveis (haja vista a escassez de água...);

     c)     a dívida pública brasileira, com projeção para 2014, segundo o Orçamento Geral da União, de astronômico e insuportável desembolso de cerca de R$ 1 trilhão, a título de juros, encargos, amortização e refinanciamentos (apenas com esta rubrica, previsão de R$ 654 bilhões), a exigir igualmente uma imediata, abrangente, qualificada e eficaz auditoria...

Isto posto, torna-se absolutamente inútil lamentarmos a falta de recursos diante de tão descomunal sangria que dilapida o nosso já combalido dinheiro público, mina a nossa capacidade de investimento e de poupança e, mais contundente ainda, afeta a credibilidade de nossas instituições, negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor a pátria, ao lado de abissais desigualdades sociais e regionais e de extremas e sempre crescentes necessidades de ampliação e modernização de setores como: a gestão pública; a infraestrutura (rodovias, ferrovias, hidrovias, portos, aeroportos); a educação; a saúde; o saneamento ambiental (água tratada, esgoto tratado, resíduos sólidos tratados, macrodrenagem urbana, logística reversa); meio ambiente; habitação; mobilidade urbana (trânsito, transporte, acessibilidade); minas e energia; emprego, trabalho e renda; agregação de valor às commodities; sistema financeiro nacional; assistência social; previdência social; segurança alimentar e nutricional; segurança pública; forças armadas; polícia federal; defesa civil; logística; pesquisa e desenvolvimento; ciência, tecnologia e inovação; cultura, esporte e lazer; turismo; comunicações; qualidade (planejamento – estratégico, tático e operacional –, transparência, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade, criatividade, produtividade, competitividade); entre outros...

São, e bem o sabemos, gigantescos desafios mas que, de maneira alguma, abatem o nosso ânimo nem arrefecem o nosso entusiasmo e otimismo nesta grande cruzada nacional pela cidadania e qualidade, visando à construção de uma Nação verdadeiramente participativa, justa, ética, educada, civilizada, qualificada, livre, soberana, democrática, desenvolvida e solidária, que possa partilhar suas extraordinárias e abundantes riquezas, oportunidades e potencialidades com  todas as brasileiras e com todos os brasileiros. Ainda mais especialmente no horizonte de investimentos bilionários previstos e que contemplam eventos como a Olimpíada de 2016; as obras do PAC e os projetos do pré-sal, à luz das exigências do século 21, da era da globalização, da internacionalização das organizações, da informação, do conhecimento, da inovação, das novas tecnologias, da sustentabilidade e de um possível e novo mundo da justiça, da liberdade, da paz, da igualdade – e com equidade –, e da fraternidade universal...

Este é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a nossa fé, a nossa esperança... e perseverança!...


O BRASIL TEM JEITO!...