“O
que você pode
esperar do ano novo?
Mesmo em cenários de
crise, como o atual, todo fim de ano nos coloca nessa curiosa situação de um
tempo que termina e de outro que começa. E o tempo não espera ninguém. Segue em
seu eterno movimento, esperando de nós uma atitude na mesma sintonia.
Naturalmente, isso deve despertar nas pessoas uma motivação especial para fazer
mais e melhor na realização individual. Da mesma forma, no mundo do trabalho,
profissionais e organizações fazem planos, esperando preencher o ano com mais
crescimento, mais sucesso, mais vantagens, mais dinheiro... Porém, para que
nossos projetos se tornem realidade, precisamos colocar nesse caldeirão dos
sonhos uma boa dose de esforço inteligente para superar as dificuldades que aí
estão.
Uma
atitude nova sempre cria resultado novo. Então, o melhor a fazer é se
perguntar? ‘O que devo fazer da minha vida nesse próximo ano?’ Concentre-se no
que precisa fazer. O maior risco é não assumir nenhum, é não ter metas nem
sonhos. Daí, o primeiro passo para que o ano mostre uma cara realmente nova é
ter a capacidade de trabalhar com o futuro, saber planejar, criar metas
possíveis de realizar. Os técnicos chamam isso de visão perspectiva, aquela que
parte do próprio indivíduo e se projeta para os dias que estão por vir. Essa
visão permite desenhar cenários mentais melhores e antever realidades
possíveis.
Ter
uma visão positiva do futuro é o maior motivador para qualquer projeto de
mudança. Para isso, é importante que desafiemos continuamente os paradigmas a
respeito de nós mesmos, dos nossos comportamentos, do nosso trabalho, da
empresa onde atuamos, do atual mercado e do mundo ao redor. A maior dificuldade
não está em fazer planos, mas escapar do passado, da velhas ideias, das mesmas
atitudes, do medo de enfrentar riscos, do hábito sempre para depois.
Assim,
para alcançar as metas, é vital definir estratégias eficientes. Toda visão
inicial precisa imediatamente de uma ação inteligente na sequência, senão morre
no nascedouro. Isso significa pensar e fazer. Daí que qualquer aspiração
individual ou coletiva, por mais simples que seja, necessita de um bom projeto.
Quanto mais estudado e detalhado, melhor. Com isso, evitamos dar o tal passo
maior que as pernas. Quem cria sonhos deve ter foco, ser seletivo e querer
aquilo que pode ser concretizado a curto e médio prazos. O longo prazo, embora
deva ser buscado, é algo para mais adiante, em particular nesses momentos de
crise. Então, parcele o sonho. Melhor ir devagar, se contentando com conquistas
menores, do que criar planos mirabolantes e terminar não chegando lá. É como
estar frente a um prato de sopa quente. Comece pelas beiradas e dê uma
sopradinha antes para não queimar a língua. Lembre-se, ainda, de que o ótimo é
inimigo do bom. Não dá para querer tudo sempre perfeito e completo. Então,
aprenda a fazer a festa com menos. Caso contrário, você pode perder não só a
oportunidade de realizar, mas a motivação e o respeito próprios.
Certa
vez, assisti a uma reportagem rural, onde uma sitiante havia plantado árvores
que dão fruto em diferentes épocas do ano. Assim, em todos os meses ela sempre
tinha frutos para seu consumo e para transformá-los em produtos, melhorando
assim sua qualidade de vida e sua renda. A exemplo dessa útil estratégia, é
importante diversificar os motivos de nossas expectativas, não colocando todos
os ovos numa só cesta. E como nem tudo ocorre de imediato ou quanto queremos é
vital incluir uma paciência ativa, aquela que não fica parada e trabalha em
outros projetos enquanto espera resultados.
A
exemplo dos profissionais eficientes, toda organização deve criar metas para o
próximo ano. É preciso sempre fazer crescer os recursos financeiros, materiais,
tecnológicos, humanos ou mercadológicos. Porém, mudanças coletivas geralmente
criam problemas, porque exigem que cada componente da equipe aprenda coisas
novas, amplie seus conhecimentos e mude comportamentos ultrapassados. Muitos
confundem falar com fazer. Acham que discutir um problema é a mesma coisa que
resolvê-lo, que tomar uma decisão é o mesmo que implementá-la. Por isso, é
vital ter boas lideranças, preparar todos com antecedência e investir em
capacitação de cima para baixo. O alcance de uma meta comum depende de todos, mas
a chave para otimizar o sistema é saber motivar as pessoas e criar um bom
ambiente de trabalho. Só assim será possível criar um ano novo realmente novo.”
(RONALDO
NEGROMONTE. Professor, palestrante e consultor em desenvolvimento de
pessoas e organizações, em artigo publicado no jornal ESTADO DE MINAS, edição de 3 de janeiro de 2016, caderno ADMITE-SE CLASSIFICADOS, coluna MERCADO DE TRABALHO, página 2).
Mais uma importante e oportuna contribuição para o
nosso trabalho de Mobilização para a
Cidadania e Qualidade vem de artigo publicado no mesmo veículo, edição de 4
de janeiro de 2016, caderno OPINIÃO,
página 7, de autoria de CARLOS ALBERTO
DI FRANCO, jornalista, e que merece igualmente integral transcrição:
“A
força da reportagem
Gay Talese, um dos
fundadores do New Journalism (novo jornalismo), uma maneira de descrever a
realidade com o cuidado, o talento e a beleza literária de quem escreve um
romance, é um crítico do jornalismo sem alma e sem graça. Seu desapontamento
com a qualidade de certa mídia pode parecer radical e ultrapassado. Mas não é.
Na verdade, Talese é um enamorado do jornalismo de qualidade. E a boa
informação, independentemente da plataforma, reclama competência, rigor e
paixão.
Segundo
Talese, a crise do jornalismo está intimamente relacionada com o declínio da
reportagem clássica. “Acho que o jornalismo, e não o Times, está sendo ameaçado pela internet”, disse Talese. “E o
principal motivo é que a internet faz o trabalho de um jornalista parecer
fácil. Quando você liga o laptop na sua cozinha, ou em qualquer lugar, tem a
sensação de que está conectado com o mundo. Em Pequim, Barcelona ou Nova York,
todos estão olhando para uma tela de alguns centímetros. Pensam que são
jornalistas, mas estão ali sentados, e não na rua. O mundo deles está dentro de
uma sala, a cabeça está numa pequena tela, e esse é o seu universo. Quando
querem saber algo, perguntam ao Google. Estão comprometidos apenas com as
perguntas que fazem. Não se chocam acidentalmente com nada que o estimule a
pensar ou a imaginar. Às vezes, em nossa profissão, você não precisa fazer
perguntas. Basta ir às ruas e olhar as pessoas. É aí que você descobre a vida
como ela realmente é vivida”, observa Talese.
A
crítica de Gay Talese é um diagnóstico certeiro da crise do jornalismo. Os jornais
perdem leitores em todo o mundo. Multiplicam-se as tentativas de interpretação
do fenômeno. Seminários, encontros e relatórios, no exterior e aqui, procuram,
incessantemente, bodes expiatórios. Televisão e internet são, de longe, os
principais vilões. Será?
Os
jornais, equivocadamente, pensam que são meio de comunicação de massa. E não o
são. Daí derivam erros fatais: a inútil imitação da televisão, a incapacidade
de dialogar com a geração dos blogs e dos videogames e o alinhamento acrítico
com os modismos politicamente corretos. Esqueceram que os diários de sucesso
são aqueles que sabem que o seu público, independentemente da faixa etária, é
constituído por uma elite numerosa, mas cada vez mais órfã de produtos de
qualidade. Num momento de ênfase no didatismo e na prestação de serviços –
estratégias úteis e necessárias –, defendo a urgente necessidade de complicar
as pautas. O leitor que precisamos conquistar não quer o que pode conseguir na
internet. Ele quer qualidade informativa: o texto elegante, a matéria
aprofundada, a análise que o ajude, efetivamente, a tomar decisões. Quer também
mais rigor e menos alinhamento com unanimidades ideológicas.
A
fórmula de Talese demanda forte qualificação profissional: “A minha concepção
de jornalismo sempre foi a mesma. É descobrir as histórias que valem a pena ser
contadas. O que é fora dos padrões e, portanto, desconhecido. E apresentar essa
história de uma forma que nenhum blogueiro faz. A notícia tem de ser escrita
como ficção, algo para ser lido com prazer. Jornalistas têm de escrever tão bem
quanto romancistas”. Eis um magnífico roteiro e um baita desafio para a
conquista de novos leitores: garra, elegância, rigor, relevância.
A revalorização
da reportagem e o revigoramento do jornalismo analítico devem estar entre as
prioridades estratégicas. É preciso encantar o leitor com matérias que rompam
com a monotonia do jornalismo declaratório. Menos Brasil oficial e mais vida.
Menos aspas e mais apuração. Menos frivolidades e mais consistência.
Perdemos
a capacidade de sonhar e a coragem de investir em pautas criativas. É hora de
proceder às oportunas retificações de rumo. Há espaço, e muito, para o
jornalismo de qualidade. Basta cuidar do conteúdo. E redescobrir uma verdade
constantemente negligenciada: o bom jornalismo é sempre um trabalho de
garimpagem.”
Eis, portanto, mais páginas contendo importantes, incisivas e
oportunas abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança
de nossa história – que é de ética, de
moral, de princípios, de valores –, para
a imperiosa e urgente necessidade de profundas
mudanças em nossas estruturas educacionais,
governamentais, jurídicas, políticas, sociais, culturais, econômicas, financeiras
e ambientais, de modo a promovermos a inserção do País no concerto das
potências mundiais livres, civilizadas, soberanas, democráticas e
sustentavelmente desenvolvidas...
Assim, urge ainda a efetiva problematização de questões deveras
cruciais como:
a) a
educação – universal e de qualidade –, desde
a educação infantil (0 a 3 anos de
idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo
da modernidade de matricularmos nossas crianças de 6 anos de idade na primeira
série do ensino fundamental, independentemente
do mês de seu nascimento –, até a pós-graduação
(especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade absoluta de nossas políticas
públicas (enfim, 125 anos depois, a República proclama o que esperamos seja verdadeiramente
o início de uma revolução educacional, mobilizando de maneira incondicional
todas as forças vivas do país, para a realização da nova pátria; a pátria da
educação, da ética, da justiça, da civilidade, da democracia, da participação,
da sustentabilidade...);
b) o
combate implacável, sem eufemismos e
sem tréguas, aos três dos nossos maiores e mais devastadores inimigos que são:
I – a inflação, a exigir permanente,
competente e diuturna vigilância, de forma a manter-se em patamares
civilizados, ou seja, próximos de zero (segundo dados do Banco Central, a taxa
de juros do cartão de crédito atingiu em novembro a também estratosférica marca
de 378,76% para um período de doze meses; e mais, em dezembro, o IPCA acumulado nos últimos
doze meses chegou a 10,71%...); II – a corrupção,
há séculos, na mais perversa promiscuidade
– “dinheiro público versus
interesses privados” –, como um câncer a se espalhar por todas as esferas da
vida nacional, gerando incalculáveis prejuízos e comprometimentos de vária ordem
(a propósito, a lúcida observação do procurador chefe da força-tarefa da
Operação Lava Jato, Deltan Dallagnol: “A Lava Jato ela trata hoje de um tumor,
de um caso específico de corrupção, mas o problema é que o sistema é
cancerígeno...” – e que vem mostrando também o seu caráter transnacional; eis, portanto, que todos os valores que vão
sendo apresentados aos borbotões, são apenas simbólicos, pois em nossos 515
anos já se formou um verdadeiro oceano de suborno, propina, fraudes, desvios,
malversação, saque, rapina e dilapidação do nosso patrimônio... Então, a
corrupção mata, e, assim, é crime...); III – o desperdício, em todas as suas modalidades, também a ocasionar
inestimáveis perdas e danos, indubitavelmente irreparáveis (por exemplo,
segundo Lucas Massari, no artigo ‘O Desperdício na Logística Brasileira’, a
“... Desconfiança das empresas e das famílias é
grande. Todos os anos, cerca de R$ 1 trilhão, é desperdiçado no Brasil. Quase
nada está imune à perda. Uma lista sem fim de problemas tem levado esses
recursos e muito mais. De cada R$ 100 produzidos, quase R$ 25 somem em meio à
ineficiência do Estado e do setor privado, a falhas de logística e de
infraestrutura, ao excesso de burocracia, ao descaso, à corrupção e à falta de
planejamento...”;
c) a
dívida pública brasileira - (interna e
externa; federal, estadual, distrital e municipal) –, com projeção para
2016, apenas segundo a proposta do Orçamento Geral da União, de exorbitante e
insuportável desembolso de cerca de R$
1,348 trilhão, a título de juros, encargos, amortização e refinanciamentos
(ao menos com esta rubrica, previsão de R$ 1,044 trilhão), a exigir alguns fundamentos da sabedoria grega:
-
pagar,
sim, até o último centavo;
-
rigorosamente, não pagar com o pão do povo;
-
realizar uma IMEDIATA, abrangente,
qualificada, independente e eficaz auditoria...
(ver também www.auditoriacidada.org.br)
(e
ainda a propósito, no artigo Melancolia,
Vinicius Torres Freire, diz: “... Não será possível conter a presente
degradação econômica sem pelo menos, mínimo do mínimo, controle da ruína das
contas do governo: o aumento sem limite da dívida pública...”);
Isto posto, torna-se absolutamente inútil lamentarmos a falta
de recursos diante de tão descomunal sangria que dilapida o nosso já
combalido dinheiro público, mina a nossa capacidade de investimento e de
poupança e, mais grave ainda, afeta a credibilidade de nossas instituições,
negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à
pátria, ao lado de abissais desigualdades sociais e regionais e de extremas
e sempre crescentes necessidades de ampliação
e modernização de setores como: a gestão
pública; a infraestrutura (rodovias,
ferrovias, hidrovias, portos, aeroportos); a educação; a saúde; o saneamento ambiental (água tratada,
esgoto tratado, resíduos sólidos tratados, macrodrenagem urbana, logística
reversa); meio ambiente; habitação;
mobilidade urbana (trânsito, transporte, acessibilidade); minas e energia; emprego, trabalho e renda;
agregação de valor às commodities; sistema financeiro nacional; assistência
social; previdência social; segurança alimentar e nutricional; segurança
pública; forças armadas; polícia federal; defesa civil; logística; pesquisa e
desenvolvimento; ciência, tecnologia e inovação; cultura, esporte e lazer;
turismo; comunicações; qualidade (planejamento – estratégico, tático e
operacional –, transparência, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade
– “fazer mais e melhor, com menos” –, criatividade, produtividade,
competitividade); entre outros...
São, e bem o sabemos, gigantescos desafios mas que, de maneira
alguma, abatem o nosso ânimo e nem
arrefecem o nosso entusiasmo e otimismo nesta
grande cruzada nacional pela cidadania e
qualidade, visando à construção de uma Nação verdadeiramente participativa, justa, ética, educada,
civilizada, qualificada, livre, soberana, democrática e desenvolvida, que
possa partilhar suas extraordinárias e generosas riquezas, oportunidades e
potencialidades com todas as
brasileiras e com todos os
brasileiros. Ainda mais especialmente no horizonte de investimentos bilionários
previstos e que contemplam eventos como a
Olimpíada de 2016; as obras do PAC e os projetos do Pré-Sal, à luz das
exigências do século 21, da era da globalização, da internacionalização das
organizações, da informação, do conhecimento, da inovação, das novas
tecnologias, da sustentabilidade e de um possível e novo mundo da justiça, da liberdade, da paz, da igualdade – e com equidade –, e da fraternidade universal...
Este é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a nossa fé, a
nossa esperança... e perseverança!
“VI,
OUVI E VIVI: O BRASIL TEM JEITO!”
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