segunda-feira, 11 de janeiro de 2016

A CIDADANIA, O VIGOR DA VIDA INTERIOR E A LUZ DE UMA REVOLUÇÃO CULTURAL

“Falando de vida interior e do 
chamado a uma total transformação
        Diante do reconhecimento de que, para se viver em obediência aos Mandamentos Divinos, a energia do indivíduo deve estar focalizada no momento presente. Dias, meses ou anos não contam aquele que já despertou para a vida espiritual, principalmente quando existe a necessidade de que maior abertura interna aconteça.
         A situação de conflito hoje existente na sociedade humana, em todos os campos e em cada indivíduo que a compõe, repercute de maneira direta na espera psíquica do planeta.
         Nesta época, que corresponde à finalização de um importante ciclo, grande parte da humanidade está deixando de aproveitar o impulso recebido pelo seu Ser Interior em toda uma ronda de evolução.
         Sabemos que tudo está previsto, que tudo é acompanhado por uma Inteligência Maior e também que tudo está escrito. Porém, essas afirmações dizem respeito á imutabilidade da vida divina e não aos detalhes circunstanciais da evolução.
         Atualmente, por mínima que seja a visão de um indivíduo tocado pelo Espírito, ele é capaz de reconhecer que o padrão expresso pela sociedade humana terrestre não corresponde à vida superior que lhe é destinada. Os que decidem romper os laços que os prendem a essa vida ofuscada pela regência das coisas materiais desbravam seus universos interiores, cujas noites escuras devem ser atravessadas, cujas resistências em seus próprios corpos emocional e mental os assolam em caminhos solitários, cujos fantasmas os atraem com promessas de uma vida de gozo em entrega a fugazes recompensas. Envolvem-se em lutas contra um mundo caído e têm como principais oponentes os secretos apetites das suas personalidades. Devem aprender a não se render; aprender a estar neles sem com eles se identificar.
         Esses buscadores precisam ter força e coragem, mas jamais poderão conceber o que receberão a partir de suas escolhas. Assim como a semente deve transformar-se para deixar nascer uma árvore, o estágio humano deve ser transcendido para que o alvorecer da vida espiritual surja no horizonte  do mundo interno do indivíduo.
         A Lei Divina não pergunta se temos recursos para manifestá-la: perscruta nosso interior e vê nosso grau de decisão em acolhê-la. Não nos pergunta se temos como sustentá-la, apenas vê o que fazemos em nossa vida, a que senhor servimos e para qual destino encaminhamos nossos passos.
         Os tempos de hoje não são apenas de intenções. A Vida clama pela realização do que o paciente Artesão do Universo construiu em nosso interior e clama pelo brotar das sementes que foram plantadas em nós através das épocas. De milhões, bem poucas resistiram. Para que possamos nos dirigir ao campo que deve receber nossos cuidados, ainda hoje é preciso que nos seja representado o Chamado, de modo constante e insistente, como o de uma mãe que, por amor, seguidamente mostra aos seus filhos por onde caminhar.
         Mesmo que ocupe corpos adultos, a consciência do homem é ainda infantil, mantém-se de tal modo cristalizada em ilusões materiais e há tanta defasagem entre a verdadeira Realidade e a compreensão que ele tem dela, que são necessárias mãos que o apoiem e o conduzam por caminhos que ele já poderia ter assumido.
         Apegado a pequenos bens e às posses, esse homem continua a se alimentar dos prazeres da vida material, quando poderia receber o Reino, quando a descoberta de uma vida sutil o preencheria como uma Fonte infindável de suprimento.”

(TRIGUEIRINHO. Escritor, em artigo publicado no jornal O TEMPO Belo Horizonte, edição de 3 de janeiro de 2016, caderno O.PINIÃO, página 16).

Mais uma importante e oportuna contribuição para o nosso trabalho de Mobilização para a Cidadania e Qualidade vem de artigo publicado no jornal ESTADO DE MINAS, edição de 8 de janeiro de 2016, caderno OPINIÃO, página 7, de autoria de DOM WALMOR OLIVEIRA DE AZEVEDO, arcebispo metropolitano de Belo Horizonte, e que merece igualmente integral transcrição:

“Falências e reações
        A passagem de 2015 para 2016, com a contagem dos dias do novo ano civil, incide diretamente nos propósitos pessoais e nas possíveis reações que buscam novos funcionamentos, transformações nas relações, nos hábitos e na governança, em diferentes segmentos da sociedade. Considerando o legado desolador deixado pelo ano que passou, é hora de efetivar mudanças. Particularmente neste terceiro milênio, os horizontes da democracia e dos admiráveis avanços científicos e tecnológicos contracenam com os rios de lama da corrupção, dos desvarios no mundo da política, da submissão de poderes a interesses partidários e cartoriais, dos abomináveis desastres ambientais e humanitários. Para transformar esses cenários desoladores, não bastam as mudanças em propósitos e hábitos pessoais. A renovação das consciências é minimamente presumível para que seja superado o descaso com que se costuma tratar a vida e as coisas na sociedade brasileira.
         Se não houver mudanças de conduta, haverá o comprometimento do bem e da justiça. Os mais pobres e indefesos sempre pagam o preço mais alto. Bem no início dessa contagem do ano-novo de 2016, em meio ao tratamento dos problemas que continuam gerando suas consequências e preços a pagar, é urgente considerar que a crise das crises – a crise motora de todas essas outras em curso – é a de caráter antropológico. Não diz respeito apenas a funcionamentos comuns e nem mesmo se resolverá com mudanças de nomes ou substituição de legendas partidárias. A crise, quando de caráter antropológico, é algo mais sério e profundo. Exige novos entendimentos e grande investimento na configuração mais consistente do tecido cultural.
         Assim, não basta resolver o caos perpetrado na sede dos poderes. Lá estão urgências que precisam de novas e velozes reconfigurações. Mas é necessária uma revolução cultural na sociedade brasileira, a partir de análises, assessorias especializadas, engajamentos mais efetivos dos centros de pesquisa, formação e educação, como universidades e escolas, com a participação decisiva e insubstituível dos formadores de opinião, diversos meios de comunicação, não podendo ficar de fora os produtores, instâncias e segmentos culturais. A revolução cultural almejada não é um movimento político-partidário nem se reduz a formas e dinâmicas de governo. Trata-se de investir e conquistar entendimentos novos sobre a própria realidade histórico-cultural, promovendo clarividências. Todos precisam compreender melhor a sua missão e vocação para efetivar, a partir de riquezas próprias, por vezes desprezadas, desconhecidas e maltratadas, novo conjunto de hábitos.
         São urgentes novas posturas políticas, ousadia em empreendimentos e no tratamento das prioridades dos segmentos do povo para constituir um substrato cultural com consistência e força para debelar descompassos. Desse modo, poderão ser consolidadas dinâmicas saudáveis do viver cotidiano, que promovem o desenvolvimento sustentável, equilíbrio na gestão e governanças inteligentes. O processo de enfrentamento da grande crise antropológica parece não poder ser tratado senão a partir de ações nos muitos contextos regionais do Brasil. No horizonte do país com dimensões continentais, precisam ser feitas análises e verificações no tecido cultural de cada região. A gigante realidade cultural brasileira precisa de regates pontuais e incidentes nos seus substratos. No conjunto da crise antropológico-cultural, estão os rasgões na diversidade que configura a unidade do povo.
         A cultura é que sustenta a sociedade na conquista de progressos, na consolidação da inteligência indispensável para tratar os anseios do povo, particularmente as prioridades de quem é mais pobre, com oferta de educação, saúde lazer e meios para fortalecer valores indispensáveis na composição do que é a nação brasileira. Os líderes governamentais, educacionais, políticos, culturais e religiosos são desafiados a olhar o conjunto de sua realidade sociocultural e definir, com sabedoria, os investimentos prioritários, parcerias que façam aumentar os tradicionais patrimônios – culturais, religiosos e educacionais – que têm força para contribuir com as transformações capazes de dar ao país novo rumo.
         As reformulações mais profundas não virão simplesmente das intenções de planos governamentais. É hora de tratar – de modo técnico, científico e educativo – os substratos que alavancam ou esvaziam a cultura de cada região. Trata-se de, a partir da reconfiguração dos contextos locais, desencadear operação mais revolucionária no conjunto da cultura brasileira. Muitos são os itens que precisam ser elencados para análise e tratamento. Entre eles, está a consciência de “pertencimento” ao povo. Urge, nesse caso, especialmente, quando uma região é enriquecida por muitos e diferentes traços culturais, a superação de um tipo de deboche – superficial e ridículo – que parece colocar fora das próprias fronteiras o que é a riqueza do seu território.
         Chama a atenção quando uma região se deixa tratar apenas como destino extrativista e desrespeita valiosos substratos da própria cultura. Uma visão distorcida, que considera importante e interessante apenas o está e o que se edifica fora do próprio território. Isso acaba por sustentar dinâmicas que vão habituando o conjunto da população a não tratar adequadamente seu patrimônio e a não mais investir em empreendimentos com força para fazer avançar a sua história. Nesse caminho, despreza-se o potencial turístico local, desconsiderando seus valores culturais. Abre-se mão das riquezas regionais.
         Líderes de diversas áreas devem investir e apoiar projetos capazes de valorizar equipamentos ambientais e culturais, legados da história e da natureza, com força de projeção internacional. Dos governantes e políticos locais, é esperado que busquem, inteligentemente, no cenário nacional, caminhos para melhorar a infraestrutura de sua região, a partir do diálogo e do respeito aos outros. Assim, é possível fazer, por exemplo, da malha rodoviária de seu território um verdadeiro jardim, e não cenários de abomináveis desastres fatais. Dos educadores e produtores da cultura, são esperados mais diálogo e cooperação efetiva, para fortalecer redes educativas, mecanismos que valorizam as tradições, riqueza inigualável. Dos líderes religiosos são demandadas mais inventividade e abnegação para preservar o patrimônio da fé. Dos menos ao mais influente socialmente, pede-se o diálogo, que leva à cooperação mútua, alimentada por valores já existentes nas práticas familiares e religiosas.
         A ladainha do que é necessário reconfigurar no substrato cultural é grande, pode ser acrescida com novos itens por todos. Conta agora compreender a crise antropológica e reagir com ardor para aperfeiçoar recursos, dar velocidade a projetos, priorizar as necessidades dos pobres. É hora de uma revolução cultural, tratando sabiamente as incontestáveis falências para, assim, iniciar reações indispensáveis.”.

Eis, portanto, mais páginas contendo importantes, incisivas e oportunas abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança de nossa história – que é de ética, de moral, de princípios, de valores –, para a imperiosa e urgente necessidade de profundas mudanças em nossas estruturas educacionais, governamentais, jurídicas, políticas, sociais, culturais, econômicas, financeiras e ambientais, de modo a promovermos a inserção do País no concerto das potências mundiais livres, civilizadas, soberanas, democráticas e sustentavelmente desenvolvidas...

Assim, urge ainda a efetiva problematização de questões deveras cruciais como:
a)     a educação – universal e de qualidade –, desde a educação infantil (0 a 3 anos de idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo da modernidade de matricularmos nossas crianças de 6 anos de idade na primeira série do ensino fundamental, independentemente do mês de seu nascimento –, até a pós-graduação (especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade absoluta de nossas políticas públicas (enfim, 125 anos depois, a República proclama o que esperamos seja verdadeiramente o início de uma revolução educacional, mobilizando de maneira incondicional todas as forças vivas do país, para a realização da nova pátria; a pátria da educação, da ética, da justiça, da civilidade, da democracia, da participação, da sustentabilidade...);
b)    o combate implacável, sem eufemismos e sem tréguas, aos três dos nossos maiores e mais devastadores inimigos que são: I – a inflação, a exigir permanente, competente e diuturna vigilância, de forma a manter-se em patamares civilizados, ou seja, próximos de zero (segundo dados do Banco Central, a taxa de juros do cartão de crédito atingiu em novembro a também estratosférica marca de 378,76% para um período de doze meses; e mais,  em 2015, o IPCA acumulado nos doze meses chegou a 10,67%...); II – a corrupção, há séculos, na mais perversa promiscuidade  –  “dinheiro público versus interesses privados” –, como um câncer a se espalhar por todas as esferas da vida nacional, gerando incalculáveis prejuízos e comprometimentos de vária ordem (a propósito, a lúcida observação do procurador chefe da força-tarefa da Operação Lava Jato, Deltan Dallagnol: “A Lava Jato ela trata hoje de um tumor, de um caso específico de corrupção, mas o problema é que o sistema é cancerígeno...” – e que vem mostrando também o seu caráter transnacional;  eis, portanto, que todos os valores que vão sendo apresentados aos borbotões, são apenas simbólicos, pois em nossos 515 anos já se formou um verdadeiro oceano de suborno, propina, fraudes, desvios, malversação, saque, rapina e dilapidação do nosso patrimônio... Então, a corrupção mata, e, assim, é crime...); III – o desperdício, em todas as suas modalidades, também a ocasionar inestimáveis perdas e danos, indubitavelmente irreparáveis (por exemplo, segundo Lucas Massari, no artigo ‘O Desperdício na Logística Brasileira’, a “... Desconfiança das empresas e das famílias é grande. Todos os anos, cerca de R$ 1 trilhão, é desperdiçado no Brasil. Quase nada está imune à perda. Uma lista sem fim de problemas tem levado esses recursos e muito mais. De cada R$ 100 produzidos, quase R$ 25 somem em meio à ineficiência do Estado e do setor privado, a falhas de logística e de infraestrutura, ao excesso de burocracia, ao descaso, à corrupção e à falta de planejamento...”;
c)     a dívida pública brasileira - (interna e externa; federal, estadual, distrital e municipal) –, com projeção para 2016, apenas segundo a proposta do Orçamento Geral da União, de exorbitante e insuportável desembolso de cerca de R$ 1,348 trilhão, a título de juros, encargos, amortização e refinanciamentos (ao menos com esta rubrica, previsão de R$ 1,044 trilhão), a exigir alguns fundamentos da sabedoria grega:
- pagar, sim, até o último centavo;
- rigorosamente, não pagar com o pão do povo;
- realizar uma IMEDIATA, abrangente, qualificada, independente e eficaz auditoria... (ver também www.auditoriacidada.org.br)
(e ainda a propósito, no artigo Melancolia, Vinicius Torres Freire, diz: “... Não será possível conter a presente degradação econômica sem pelo menos, mínimo do mínimo, controle da ruína das contas do governo: o aumento sem limite da dívida pública...”);

Isto posto, torna-se absolutamente inútil lamentarmos a falta de recursos diante de tão descomunal sangria que dilapida o nosso já combalido dinheiro público, mina a nossa capacidade de investimento e de poupança e, mais grave ainda, afeta a credibilidade de nossas instituições, negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à pátria, ao lado de abissais desigualdades sociais e regionais e de extremas e sempre crescentes necessidades de ampliação e modernização de setores como: a gestão pública; a infraestrutura (rodovias, ferrovias, hidrovias, portos, aeroportos); a educação; a saúde; o saneamento ambiental (água tratada, esgoto tratado, resíduos sólidos tratados, macrodrenagem urbana, logística reversa); meio ambiente; habitação; mobilidade urbana (trânsito, transporte, acessibilidade); minas e energia; emprego, trabalho e renda; agregação de valor às commodities; sistema financeiro nacional; assistência social; previdência social; segurança alimentar e nutricional; segurança pública; forças armadas; polícia federal; defesa civil; logística; pesquisa e desenvolvimento; ciência, tecnologia e inovação; cultura, esporte e lazer; turismo; comunicações; qualidade (planejamento – estratégico, tático e operacional –, transparência, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade – “fazer mais e melhor, com menos” –, criatividade, produtividade, competitividade); entre outros...

São, e bem o sabemos, gigantescos desafios mas que, de maneira alguma, abatem o nosso ânimo e nem arrefecem o nosso entusiasmo e otimismo nesta grande cruzada nacional pela cidadania e qualidade, visando à construção de uma Nação verdadeiramente participativa, justa, ética, educada, civilizada, qualificada, livre, soberana, democrática e desenvolvida, que possa partilhar suas extraordinárias e generosas riquezas, oportunidades e potencialidades com todas as brasileiras e com todos os brasileiros. Ainda mais especialmente no horizonte de investimentos bilionários previstos e que contemplam eventos como a   Olimpíada de 2016; as obras do PAC e os projetos do Pré-Sal, à luz das exigências do século 21, da era da globalização, da internacionalização das organizações, da informação, do conhecimento, da inovação, das novas tecnologias, da sustentabilidade e de um possível e novo mundo da justiça, da liberdade, da paz, da igualdade – e com equidade –, e da fraternidade universal...

Este é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a nossa fé, a nossa esperança... e perseverança!

“VI, OUVI E VIVI: O BRASIL TEM JEITO!”

- Estamos nos descobrindo através da Cidadania e Qualidade...
- ANTICORRUPÇÃO: Prevenir e vencer, usando nossas defesas democráticas...
- Por uma Nova Política Brasileira...  

 
        

  
        
        


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