“Nossa
consciência precisa
estar voltada para o espírito
Era noite.
Encontrava-me em quietude, com os olhos fechados, voltado para a nascente.
Percebia uma forte energia vinda daquela direção. A mente, serena, apenas
observava.
Atualmente,
a tarefa de voltar a própria consciência para o espírito deveria ser cumprida
de maneira simples e despojada. Em ciclos anteriores, muitas estruturas foram
criadas para conduzir esse processo – o que pode ter prestado seu serviço,
apesar da pequena resposta humana a essa proposta. Mas hoje a dinâmica
transição pela qual o planeta está passando permite apenas por um tempo mínimo
que o ensinamento e a formação espirituais aconteçam restritos a fórmulas,
exercícios ou ritos. O dinamismo atual impossibilita o aprisionamento em formas
rígidas. Assim, a vida interior, fruto de uma aproximação secreta da
consciência à verdade essencial, é dificultada.
O
homem nasce só, morre só e também sozinho deve encontrar a Vida. Por mais que
seja útil o serviço de transmitir aos outros a experiência interna, isso jamais
o isentará dos passos que ele mesmo deve dar. Pode-se despertá-lo para a meta
superior, impulsioná-lo a seguir adiante, mas não se pode caminhar por ele.
Aspectos
superiores da Criação aguardam para se manifestar na Terra; todavia, é
necessário aprofundar e absorver realmente aquilo que do cosmos foi ofertado
aos homens e que não foi por eles compreendido nem realizado no mundo
tridimensional. Porém, para que tal manifestação possa ocorrer de maneira
generalizada e para se alcançar integralmente um estágio mais elevado, deve-se
ultrapassar o anterior, já conhecido.
Sempre
ocorreram situações nas quais a humanidade, estando diante de um impasse, opta
pela perpetuação da vida mundana, mesmo reconhecendo a supremacia da vida
interior. Os fatos externos ainda são referenciais muito fortes para os homens,
que a eles respondem mais facilmente do que à potência e à realidade da ação
invisível. A esta eles deveriam, entretanto, se abrir, pois o conhecimento
superior e a introdução de leis e energias divinas e espirituais no planeta são
regulados pela abertura que os indivíduos apresentam ao Desconhecido.
O
ritmo do processo cósmico no qual a Terra está inserida indica ter chegado a
hora de a energia espiritual permear os estratos mais densos da vida diária, e
essa realização é inexorável. Como a sua consumação requer uma substância que
possa suportá-la, as estruturas materiais da Terra e até da humanidade passarão
pelas transformações necessárias ao cumprimento dessa etapa.
O
mistério da união está nesse encontro cósmico, no qual a matéria entrega-se ao
Mais Alto, como o barro às hábeis mãos do oleiro, e recebe nova forma,
revelando a Ideia Suprema. Assim, a vida externa não se desenvolve apartada da
verdadeira existência: a consciência reconhece o Propósito Superior e a matéria
pode manifestá-lo. Essa perfeita harmonia, expressão de energias em seus
aspectos puros, é vida que, em mergulho profundo, deve encontrar as fronteiras
do Absoluto.
Em se
tratando de contatos internos, não nos prendamos às tendências materiais
naturalmente estabelecidas em nosso ser; lidamos com elas como se fossem barro
e espátula nas mãos de um exímio escultor, deixando-nos guiar pelo Espírito
para que a Vontade Suprema possa moldar, por nosso intermédio, o que tiver de
ser manifestado.”
(TRIGUEIRINHO.
Escritor, em artigo publicado no jornal O TEMPO Belo Horizonte, edição de 10 de janeiro de 2016, caderno O.PINIÃO, página 14).
Mais uma importante e oportuna contribuição para o
nosso trabalho de Mobilização para a
Cidadania e Qualidade vem de artigo publicado no jornal ESTADO DE MINAS, edição de 15 de
janeiro de 2016, caderno OPINIÃO,
página 7, de autoria de DOM WALMOR
OLIVEIRA DE AZEVEDO, arcebispo metropolitano de Belo Horizonte, e que
merece igualmente integral transcrição:
“Instrumento
da cultura
Os descompassos da
última década, particularmente os do ano passado, cantam um refrão de que é
preciso aprender novas lições e fazer diferente. As mudanças não significam
apenas substituir nomes, siglas, programas ou até mesmo prioridades. Essas
ações já são práticas comuns, com resultados pouco relevantes, diante das
necessidades e das oportunidades para saltos mais qualitativos no conjunto de
uma sociedade que vai perdendo chances importantes. É hora de retomar o
horizonte desenhado pela filosofia da cultura, disciplina não tão antiga que
muito agregou a filosofias de muitos tipos e matizes.
Simples
e de grande incidência na sociedade é a consideração da cultura como o
desenvolvimento e o exercício de capacidades humanas – segundo determinados
parâmetros e normas – que produzem mudanças e inauguram novos ciclos. Etapas
novas que são respostas às crises vividas geram possibilidades e superam a
esterilidade própria da repetição, da simples constatação e lamentação –
condutas comuns a quem não conhece “a saída” e não tem força para protagonizar
as ações transformadoras necessárias.
No
âmbito formal de uma filosofia da cultura, vale considerar, de maneira prática
e direta, os contextos sociopolíticos, religiosos e culturais dos substratos
que podem dar, ou não, consistência à cultura – motor ou estabilizador das
competências humanas indispensáveis. É extremamente importante não reduzir a busca
pelas soluções para as crises ao jogo político-partidário ou às dinâmicas
legislativas. Obviamente que esses âmbitos têm sua importância. Contudo, não
bastam apenas leis ou um convênio celebrado entre as instituições para se
alcançarem melhorias significativas. Também não são suficientes apenas os
juízos de valor a respeito das siglas partidárias. Há algo maior que precisa
ser buscado: o investimento na ordem da cultura.
Vale
lembra o filósofo Ortega y Gasset, que compreende a cultura como “um movimento
de natação, um bracejar do homem no mar sem fundo de sua existência com a
finalidade de não afundar”. Isso significa dizer que a cultura permite ao
“nadador” permanecer “à tona” e, consequentemente, recriar valores.
Compreende-se, assim, a cultura no seu parâmetro de grande amplitude: tudo o
que o homem faz e que passa a integrar um sistema cultural, transmitido entre
gerações e, ao mesmo tempo, capaz de se renovar. Há de se concluir que não se
pode reduzir o conjunto dos funcionamentos a estruturas rígidas. É preciso
investir nas dinâmicas culturais alimentadas por valores e princípios capazes
de ampliar as competências humanas. Desse modo, será possível encontrar novos
caminhos.
Importa
considerar o conjunto de cada cultura, suas operações e procedimentos, em vista
da confecção de um tecido que dê suporte a novas práticas, favoreça adequada
interpretação de valores, crie autêntica consciência sociopolítica. Essa é a
direção a ser seguida para alcançar a configuração com força para subsidiar um
passo decisivo no coração de uma sociedade. Esse horizonte conceitual refletido
indica caminhos que precisam ser trilhados como investimento cultural. Sem
desconsiderar o olhar e o acompanhamento dos funcionamentos institucionais, é
necessário investir, sobre o alicerce de valores e forças existentes, numa
cultura cujo tecido reconfigure o jeito de exercer as competências humanas.
Trata-se de prioridade, que permite construir contextos propícios para o
surgimento de líderes com lucidez e capacidade para o diálogo.
Essas
competências são necessárias para os exercícios governamentais e cidadãos,
alicerçados no compromisso comunitário e em qualificado sentido social. O
diálogo, incontestavelmente, é a dinâmica que mais pode garantir a esperada
melhoria do substrato cultural, base para configurar práticas e hábitos
coletivos que promovam a justiça e priorizem o bem comum. O diálogo, para além
de conchavos, da promoção de consensos interesseiros e partidários, é condição
fundamental para fazer da cultura um verdadeiro instrumento de transformação.”
Eis, portanto, mais páginas contendo importantes, incisivas e
oportunas abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança
de nossa história – que é de ética, de
moral, de princípios, de valores –, para
a imperiosa e urgente necessidade de profundas
mudanças em nossas estruturas educacionais,
governamentais, jurídicas, políticas, sociais, culturais, econômicas,
financeiras e ambientais, de modo a promovermos a inserção do País no
concerto das potências mundiais livres, civilizadas, soberanas, democráticas e
sustentavelmente desenvolvidas...
Assim, urge ainda a efetiva problematização de questões deveras
cruciais como:
a) a
educação – universal e de qualidade –, desde
a educação infantil (0 a 3 anos de
idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo
da modernidade de matricularmos nossas crianças de 6 anos de idade na primeira
série do ensino fundamental, independentemente
do mês de seu nascimento –, até a pós-graduação
(especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade absoluta de nossas políticas
públicas (enfim, 125 anos depois, a República proclama o que esperamos seja
verdadeiramente o início de uma revolução educacional, mobilizando de maneira
incondicional todas as forças vivas do país, para a realização da nova pátria;
a pátria da educação, da ética, da justiça, da civilidade, da democracia, da
participação, da sustentabilidade...);
b) o
combate implacável, sem eufemismos e
sem tréguas, aos três dos nossos maiores e mais devastadores inimigos que são:
I – a inflação, a exigir permanente,
competente e diuturna vigilância, de forma a manter-se em patamares
civilizados, ou seja, próximos de zero (segundo dados do Banco Central, a taxa
de juros do cartão de crédito atingiu em novembro a também estratosférica marca
de 378,76% para um período de doze meses; e mais, em 2015, o IPCA acumulado nos doze meses
chegou a 10,67%...); II – a corrupção, há
séculos, na mais perversa promiscuidade
– “dinheiro público versus
interesses privados” –, como um câncer a se espalhar por todas as esferas da
vida nacional, gerando incalculáveis prejuízos e comprometimentos de vária
ordem (a propósito, a lúcida observação do procurador chefe da força-tarefa da
Operação Lava Jato, Deltan Dallagnol: “A Lava Jato ela trata hoje de um tumor,
de um caso específico de corrupção, mas o problema é que o sistema é
cancerígeno...” – e que vem mostrando também o seu caráter transnacional; eis, portanto, que todos os valores que vão
sendo apresentados aos borbotões, são apenas simbólicos, pois em nossos 515
anos já se formou um verdadeiro oceano de suborno, propina, fraudes, desvios,
malversação, saque, rapina e dilapidação do nosso patrimônio... Então, a
corrupção mata, e, assim, é crime...); III – o desperdício, em todas as suas modalidades, também a ocasionar
inestimáveis perdas e danos, indubitavelmente irreparáveis (por exemplo,
segundo Lucas Massari, no artigo ‘O Desperdício na Logística Brasileira’, a
“... Desconfiança das empresas e das famílias é
grande. Todos os anos, cerca de R$ 1 trilhão, é desperdiçado no Brasil. Quase
nada está imune à perda. Uma lista sem fim de problemas tem levado esses
recursos e muito mais. De cada R$ 100 produzidos, quase R$ 25 somem em meio à
ineficiência do Estado e do setor privado, a falhas de logística e de
infraestrutura, ao excesso de burocracia, ao descaso, à corrupção e à falta de
planejamento...”;
c) a
dívida pública brasileira - (interna e
externa; federal, estadual, distrital e municipal) –, com projeção para
2016, apenas segundo a proposta do Orçamento Geral da União, de exorbitante e
insuportável desembolso de cerca de R$
1,348 trilhão, a título de juros, encargos, amortização e refinanciamentos
(ao menos com esta rubrica, previsão de R$
1,044 trilhão), a exigir alguns fundamentos da sabedoria grega:
-
pagar,
sim, até o último centavo;
-
rigorosamente, não pagar com o pão do povo;
-
realizar uma IMEDIATA, abrangente,
qualificada, independente e eficaz auditoria...
(ver também www.auditoriacidada.org.br)
(e
ainda a propósito, no artigo Melancolia,
Vinicius Torres Freire, diz: “... Não será possível conter a presente
degradação econômica sem pelo menos, mínimo do mínimo, controle da ruína das
contas do governo: o aumento sem limite da dívida pública...”);
Destarte, torna-se absolutamente inútil lamentarmos a falta
de recursos diante de tão descomunal sangria que dilapida o nosso já
combalido dinheiro público, mina a nossa capacidade de investimento e de
poupança e, mais grave ainda, afeta a credibilidade de nossas instituições,
negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à
pátria, ao lado de abissais desigualdades sociais e regionais e de extremas
e sempre crescentes necessidades de ampliação
e modernização de setores como: a gestão
pública; a infraestrutura (rodovias,
ferrovias, hidrovias, portos, aeroportos); a educação; a saúde; o saneamento ambiental (água tratada,
esgoto tratado, resíduos sólidos tratados, macrodrenagem urbana, logística
reversa); meio ambiente; habitação;
mobilidade urbana (trânsito, transporte, acessibilidade); minas e energia; emprego, trabalho e renda;
agregação de valor às commodities; sistema financeiro nacional; assistência
social; previdência social; segurança alimentar e nutricional; segurança
pública; forças armadas; polícia federal; defesa civil; logística; pesquisa e
desenvolvimento; ciência, tecnologia e inovação; cultura, esporte e lazer;
turismo; comunicações; qualidade (planejamento – estratégico, tático e
operacional –, transparência, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade
– “fazer mais e melhor, com menos” –, criatividade, produtividade,
competitividade); entre outros...
São, e bem o sabemos, gigantescos desafios mas que, de maneira
alguma, abatem o nosso ânimo e nem
arrefecem o nosso entusiasmo e otimismo nesta
grande cruzada nacional pela cidadania e
qualidade, visando à construção de uma Nação verdadeiramente participativa, justa, ética, educada,
civilizada, qualificada, livre, soberana, democrática e desenvolvida, que
possa partilhar suas extraordinárias e generosas riquezas, oportunidades e
potencialidades com todas as
brasileiras e com todos os
brasileiros. Ainda mais especialmente no horizonte de investimentos bilionários
previstos e que contemplam eventos como a
Olimpíada de 2016; as obras do PAC e os projetos do Pré-Sal, à luz das
exigências do século 21, da era da globalização, da internacionalização das
organizações, da informação, do conhecimento, da inovação, das novas
tecnologias, da sustentabilidade e de um possível e novo mundo da justiça, da liberdade, da paz, da igualdade – e com equidade –, e da fraternidade universal...
Este é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a nossa fé, a
nossa esperança... e perseverança!
“VI,
OUVI E VIVI: O BRASIL TEM JEITO!”
-
Estamos nos descobrindo através da Cidadania e Qualidade...
-
ANTICORRUPÇÃO: Prevenir e vencer, usando nossas defesas democráticas...
- Por
uma Nova Política Brasileira...
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