quarta-feira, 4 de janeiro de 2017

A EXCELÊNCIA EDUCACIONAL E OS DESAFIOS DO ENSINO MÉDIO E DA ALIMENTAÇÃO NA SUSTENTABILIDADE

“Evolução do ensino médio
        Diante das diversas discussões acerca da reforma do ensino médio, destaca-se o formato obsoleto que sustenta esse nível da educação, principalmente nas escolas públicas brasileiras. Na opinião do diretor institucional do Conselho Nacional de Secretários de Educação (Consed), professor Antônio Vieira Paiva Neto, o modelo atual foi estruturado de forma fabril, pois proporciona a fragmentação do conhecimento.
         Para Paiva Neto, o pensamento de organização da escola é antiquado e avesso ao pensamento crítico e ao desenvolvimento do jovem. De fato, a realidade identificada nas salas de aula comprova que o professor assume a responsabilidade sobre uma disciplina e precisa trabalhar com conteúdo e horário predeterminados pela instituição de ensino. Sem flexibilização, o docente é desafiado a usar sua criatividade para fazer o estudante compreender o que está sendo ensinado, independentemente da aplicação prática do conteúdo em seu dia a dia. Em muitos casos, o professor está despreparado para desenvolver e estimular o pensamento crítico do aluno.
         Devemos ter consciência de que a qualidade do ensino dos nossos jovens é uma responsabilidade da sociedade como um todo e depende de investimentos na preparação adequada de professores. Portanto, as discussões para uma reformulação que atenda às demandas atuais devem envolver diretores e gestores de escolas, educadores, estudantes, familiares, bem como representantes de instituições e organizações contratantes desses futuros talentos como profissionais no mercado de trabalho.
         Quanto às deficiências percebidas no modelo atual, essas são consequência da falta de uma política pública séria voltada para a educação e que deveria contemplar investimentos na melhoria da estrutura das escolas, na qualificação e formação dos professores, nos recursos tecnológicos, bem como ações que permitam a discussão, a interatividade e o estímulo do pensamento crítico no ambiente escolar e para fora dele.
         O Consed vem discutindo, desde 2013, mudanças na educação que tem como ponto alto a flexibilização do currículo no ensino médio, para que as escolas tenham uma carga horária mais flexível, com a valorização da prática como complemento da teoria.
         A promoção e o estímulo de atividades práticas farão com que o jovem seja desafiado a pensar diferente e coloque em prática seus conhecimentos para resolver questões reais, relacionadas ao seu dia a dia ou da sua comunidade. Da busca de soluções para os problemas do cotidiano, poderão surgir ideias e ações empreendedoras que possibilitarão que o estudante se transforme em protagonista de seu próprio sucesso.
         O sucesso do aluno que deixa para trás o papel de coadjuvante do saber para assumir o de protagonista do fazer, consolidará o êxito dessa mudança no nível médio do ensino. A mesma passará ainda por muitas discussões e adaptações antes de ser sancionada, mas a sociedade precisa acompanhar e participar desse processo visando garantir que, por meio da nova proposta, a educação brasileira evolua para um patamar melhor, acompanhando o movimento que ocorre em outros países.”.

(ALEXANDRE CÉZAR DE OLIVEIRA MELO. Professor, administrador e mestre em educação tecnológica e supervisor de comunicação do Centro de Integração Empresa-Escola de Minas Gerais, em artigo publicado no jornal ESTADO DE MINAS, edição de 4 de janeiro de 2017, caderno OPINIÃO, página 7).

Mais uma importante e oportuna contribuição para o nosso trabalho de Mobilização para a Excelência Educacional vem de artigo publicado no mesmo veículo, edição, caderno e página, de autoria de RONALDO MOTA, reitor da Universidade Estácio de Sá, e que merece igualmente integral transcrição:

O futuro da alimentação
        No início do século passado, as ocupações rurais eram responsáveis por algo da ordem de 90% dos empregos e, hoje, respondem por menos de 5%. Mesmo assim, a cadeia que envolve produção, armazenagem, transformação, transporte e consumo de alimentos tem crescido sistematicamente e é um dos setores econômicos que permanecerão crescendo nos cenários futuros. O ciclo completo, desde a produção ao consumo, responde por, no mínimo, 6% do PIB global e representa, para uma cidadão de classe média, em torno de 15% das despesas diárias.
         Peter Diamandis, visionário e fundador da Singulary University (https://su.org/), tem apresentado interessantes discussões acerca do tema alimentos no futuro. Segundo Diamandis, atualmente, para alimentar os mais de sete bilhões de habitantes do planeta, cuidamos de mais de 60 bilhões de animais, os quais ocupam mais de um terço do território, consomem 8% da água disponível e são responsáveis por 18% dos gases do efeito estufa. A empresa Modern Meadow (http://www.modernmeadow.com/) já produz, em laboratórios, carnes bovinas, de suínos e de frangos, bem como couros, via sofisticadas engenharias de alimentos e impressoras 3D. Tais inovações podem contribuir com a diminuição de danos ambientais, sendo que, com essas tecnologias, usaremos 99% menos água, 45% menos energia e poderemos reduzir os efeitos nocivos de gases na ordem de 96%. Não é claro onde estas inovações nos conduzirão, mas melhor entende-las bem até mesmo para evitarmos exageros.
         Os alimentos em seu prato, por incrível que pareça, percorreram algumas centenas, às vezes, milhares de quilômetros a partir de onde foram produzidos, fazendo com que mais da metade do custo final de varejo decorra de transporte, armazenagem e demais cuidados decorrentes. Portanto, soluções que viabilizem aproximar os centros produtores e consumidores podem significar grandes ganhos, em custos e em qualidade. A solução passa, também, por fazendas verticais, onde cada andar ou setor seja dedicado a um tipo diferente de alimento, todos controlados por inteligência artificial regulando as necessidades de luz, água e demais nutrientes. Ambientes monitorados e limpos podem dispensar pesticidas e herbicidas, além de estarem imunes às intempéries climáticas e produzindo com muito mais eficiência. Tal conceito já contou com investimentos de mais de US$ 1 bilhão, em 2015, e há projetos em curso com previsão de investimentos de mais de US$ 6 bilhões para os próximos anos. É possível explorar a permacultura nas fazendas verticais, ou seja, um sistema de justaposição de plantas complementares para a criação de ambientes humanos sustentáveis e produtivos em equilíbrio e harmonia com a natureza.
         Hoje, como regra geral, todos comemos de tudo, a partir do que está disponível e daquilo que nos apetece. Um novo ingrediente estará cada vez mais presente: o que efetivamente necessitamos, individualmente e a cada momento. É a chamada alimentação personalizada e customizada. Biosensores, a partir da genética específica e das peculiaridades de cada um, aconselharão os ingredientes mais indicados e os melhores horários de ingestão dos mesmos. Obviamente, espera-se, resguardando os legítimos prazeres de podermos preparar e degustar o que mais gostamos e na hora que melhor nos agrada.
         Por fim, do ponto de vista da entrega de alimentos em sua porta, além das incríveis facilidades já existentes (quase todos os supermercados e restaurantes já têm disponível, via internet, esta opção, incluindo até drones de entrega), acredito que teremos, em breve, algo ainda mais revolucionário. Cada família, ao fazer sua alimentação doméstica, em caso de excedentes (pequenas porções), poderá colocar, via aplicativos de compartilhamento, à disposição de seus vizinhos pratos saudáveis e diversificados a custos muito acessíveis.
         A escola contemporânea, neste novo cenário, terá de lidar com temas que vão desde alimentação saudável e obesidade às discussões envolvendo a adoção de tecnologias inovadoras, sustentabilidade, economia doméstica, hábitos e costumes que marcarão os próximos tempos.”.

Eis, portanto, mais páginas contendo importantes, incisivas e oportunas abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança de nossa história – que é de ética, de moral, de princípios, de valores –, para a imperiosa e urgente necessidade de profundas mudanças em nossas estruturas educacionais, governamentais, jurídicas, políticas, sociais, culturais, econômicas, financeiras e ambientais, de modo a promovermos a inserção do País no concerto das potências mundiais livres, civilizadas, soberanas, democráticas e sustentavelmente desenvolvidas...

Assim, urge ainda a efetiva problematização de questões deveras cruciais como:
a)     a excelência educacional – pleno desenvolvimento da pessoa, da cidadania e da qualificação profissional –, desde a educação infantil (0 a 3 anos de idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo da modernidade de matricularmos nossas crianças de 6 anos de idade na primeira série do ensino fundamental, independentemente do mês de seu nascimento –, até a pós-graduação (especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade absoluta de nossas políticas públicas, gerando o pleno desenvolvimento da pessoa, da cidadania e da qualificação profissional (enfim, 125 anos depois, a República proclama o que esperamos seja verdadeiramente o início de uma revolução educacional, mobilizando de maneira incondicional todas as forças vivas do país, para a realização da nova pátria; a pátria da educação, da ética, da justiça, da civilidade, da democracia, da participação, da sustentabilidade...);
b)    o combate implacável, sem eufemismos e sem tréguas, aos três dos nossos maiores e mais devastadores inimigos que são: I – a inflação, a exigir permanente, competente e diuturna vigilância, de forma a manter-se em patamares civilizados, ou seja, próximos de zero (segundo dados do Banco Central, a taxa de juros do cartão de crédito atingiu em novembro a ainda estratosférica marca de 482,05% nos últimos  doze meses, e a taxa de juros do cheque especial registrou históricos 330,65%; e também em novembro o IPCA acumulado nos últimos doze meses chegou a 6,99%); II – a corrupção, há séculos, na mais perversa promiscuidade  –  “dinheiro público versus interesses privados” –, como um câncer a se espalhar por todas as esferas da vida nacional, gerando incalculáveis prejuízos e comprometimentos de vária ordem (a propósito, a lúcida observação do procurador chefe da força-tarefa da Operação Lava Jato, Deltan Dallagnol: “A Lava Jato ela trata hoje de um tumor, de um caso específico de corrupção, mas o problema é que o sistema é cancerígeno...” – e que vem mostrando também o seu caráter transnacional;  eis, portanto, que todos os valores que vão sendo apresentados aos borbotões, são apenas simbólicos, pois em nossos 516 anos já se formou um verdadeiro oceano de suborno, propina, fraudes, desvios, malversação, saque, rapina e dilapidação do nosso patrimônio... Então, a corrupção mata, e, assim, é crime...); III – o desperdício, em todas as suas modalidades, também a ocasionar inestimáveis perdas e danos, indubitavelmente irreparáveis (por exemplo, segundo Lucas Massari, no artigo ‘O Desperdício na Logística Brasileira’, a “... Desconfiança das empresas e das famílias é grande. Todos os anos, cerca de R$ 1 trilhão, é desperdiçado no Brasil. Quase nada está imune à perda. Uma lista sem fim de problemas tem levado esses recursos e muito mais. De cada R$ 100 produzidos, quase R$ 25 somem em meio à ineficiência do Estado e do setor privado, a falhas de logística e de infraestrutura, ao excesso de burocracia, ao descaso, à corrupção e à falta de planejamento...”;
c)     a dívida pública brasileira - (interna e externa; federal, estadual, distrital e municipal) –, com previsão para 2017, apenas segundo o Orçamento Geral da União, de exorbitante e insuportável desembolso de cerca de R$ 1,722 trilhão, a título de juros, encargos, amortização e refinanciamentos (ao menos com esta rubrica, previsão de R$ 946,4 bilhões), a exigir alguns fundamentos da sabedoria grega:
- pagar, sim, até o último centavo;
- rigorosamente, não pagar com o pão do povo;
- realizar uma IMEDIATA, abrangente, qualificada, independente e eficaz auditoria... (ver também www.auditoriacidada.org.br)
(e ainda a propósito, no artigo Melancolia, Vinicius Torres Freire, diz: “... Não será possível conter a presente degradação econômica sem pelo menos, mínimo do mínimo, controle da ruína das contas do governo: o aumento sem limite da dívida pública...”);

Destarte, torna-se absolutamente inútil lamentarmos a falta de recursos diante de tão descomunal sangria que dilapida o nosso já combalido dinheiro público, mina a nossa capacidade de investimento e de poupança e, mais grave ainda, afeta a credibilidade de nossas instituições, negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à pátria, ao lado de abissais desigualdades sociais e regionais e de extremas e sempre crescentes necessidades de ampliação e modernização de setores como: a gestão pública; a infraestrutura (rodovias, ferrovias, hidrovias, portos, aeroportos); a educação; a saúde; o saneamento ambiental (água tratada, esgoto tratado, resíduos sólidos tratados, macrodrenagem urbana, logística reversa); meio ambiente; habitação; mobilidade urbana (trânsito, transporte, acessibilidade); minas e energia; emprego, trabalho e renda; agregação de valor às commodities; sistema financeiro nacional; assistência social; previdência social; segurança alimentar e nutricional; segurança pública; forças armadas; polícia federal; defesa civil; logística; pesquisa e desenvolvimento; ciência, tecnologia e inovação; cultura, esporte e lazer; turismo; comunicações; qualidade (planejamento – estratégico, tático e operacional –, transparência, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade – “fazer mais e melhor, com menos” –, criatividade, produtividade, competitividade); entre outros...

São, e bem o sabemos, gigantescos desafios mas que, de maneira alguma, abatem o nosso ânimo e nem arrefecem o nosso entusiasmo e otimismo nesta grande cruzada nacional pela excelência educacional, visando à construção de uma Nação verdadeiramente participativa, justa, ética, educada, civilizada, qualificada, livre, soberana, democrática e desenvolvida, que possa partilhar suas extraordinárias e generosas riquezas, oportunidades e potencialidades com todas as brasileiras e com todos os brasileiros. Ainda mais especialmente no horizonte de investimentos bilionários previstos em inadiáveis e fundamentais empreendimentos de infraestrutura, além de projetos do Pré-Sal e de novas fontes energéticas, à luz das exigências do século 21, da era da globalização, da internacionalização das organizações, da informação, do conhecimento, da inovação, das novas tecnologias, da sustentabilidade e de um possível e novo mundo da justiça, da liberdade, da paz, da igualdade – e com equidade –, e da fraternidade universal...

Este é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a nossa fé, a nossa esperança... e perseverança!

“VI, OUVI E VIVI: O BRASIL TEM JEITO!”

- 55 anos de testemunho de um servidor público (1961 – 2016) ...

- Estamos nos descobrindo através da Excelência Educacional ...
- ANTICORRUPÇÃO: Prevenir e vencer, usando nossas defesas democráticas...
- Por uma Nova Política Brasileira...  
        
 
 



  
          

         

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