sexta-feira, 20 de janeiro de 2017

A EXCELÊNCIA EDUCACIONAL, OS DESAFIOS DA EDUCAÇÃO E AS EXIGÊNCIAS DA PAZ NA SUSTENTABILIDADE

“Realidade lamentável
        Há décadas se discute a necessidade de uma reformulação profunda no sistema educacional brasileiro, apontado pela maioria dos especialistas do setor como ineficiente para levar o país a ingressar no seleto clube das nações desenvolvidas. Inegavelmente, uma nação só alcança o estágio de pleno desenvolvimento econômico e social se tiver uma política educacional capaz de levar a sociedade a um estágio civilizatório sonhado por todos que acreditam na evolução humana. Esforços são feitos para a universalização do ensino, mas de nada adianta investimentos no setor se os mesmos não forem bem direcionados, como apontam educadores de todas as matizes políticas e ideológicas.
         O expressivo aumento na oferta de matrículas nas escolas públicas não se traduziu em melhoria na qualidade do ensino, o que pode ser comprovado pelas pesquisas comparativas com outros países. O Brasil continua amargando as últimas posições no ranking mundial da educação, como mostrou recentemente relatório do Programa Internacional de Avaliação de Alunos (Pisa). Todos os governantes, ao assumir seus cargos, prometem envidar todos os esforços para a reformulação do sistema educacional, mas suas iniciativas não foram capazes de equacionar o grave problema.
         É inegável que a educação brasileira apresenta dois tipos de pobreza. Ela é pobre se comparada aos padrões internacionais, mas é ainda mais pobre quando é dada a estudantes filhos de pais pobres. A verdade é que os alunos mais desfavorecidos materialmente não têm as mesmas oportunidades dos mais favorecidos economicamente, depois de concluídos os estudos. O desempenho escolar dos mais pobres deixa a desejar, o que acaba refletindo quando os jovens buscam uma colocação no mercado de trabalho.
         Uma questão que preocupa os educadores é a forma como vêm sendo investidos os recursos financeiros disponíveis. Para eles, um ponto vulnerável do sistema educacional é o maciço investimento no ensino superior, em detrimento dos ensinos básico e médio. E recursos não faltam, já que em 12 anos o orçamento da educação triplicou, passando de           R$ 43 bilhões para R$ 130 bilhões. O que não pode ser negligenciado é a forma como esses recursos são aplicados, com o intuito de se evitarem desperdícios.
         Nesta semana, o governo federal anunciou o novo piso salarial dos professores, com reajuste de 7,64%, passando de R$ 2.135,64 para           R$ 2.298,80, tido como insuficiente para o desempenho profissional dos responsáveis pela formação intelectual da juventude. Pior: 14 estamos não cumprem nem o piso. Diante do quadro atual, pode-se dizer que a sociedade brasileira testemunha uma verdadeira tragédia no setor, mas com a mobilização de toda a sociedade é possível reverter esta lamentável realidade.”.

(EDITORIAL do jornal ESTADO DE MINAS, edição de 14 de janeiro de 2017, caderno OPINIÃO, página 6).

Mais uma importante e oportuna contribuição para o nosso trabalho de Mobilização para a Excelência Educacional vem de artigo publicado no mesmo veículo, edição de 23 de setembro de 2016, mesmo caderno, página 7, de autoria de DOM WALMOR OLIVEIRA DE AZEVEDO, arcebispo metropolitano de Belo Horizonte, e que merece igualmente integral transcrição:

“Cidadão, operário da paz
        A importância da paz em nossas vidas e, sobretudo, a corresponsabilidade em se conquistá-la e promovê-la, é necessidade permanente, pois o comprometimento desse dom vem de deficiências em posturas individuais. Essas condutas geram terríveis focos de tensão: conflitos causados pelas desigualdades entre ricos e pobres, a mentalidade egoísta e individualista do capital financeiro desregrado, terrorismo e criminalidades, fanatismos e fundamentalismos religiosos. Esses e outros males ameaçam, continuamente, a paz.
         Na direção oposta das atitudes que geram colapsos há uma lista de “obras do bem” que enriquecem o mundo e indicam que a vocação natural de cada pessoa é ser operário da paz. Importa, nesse sentido, investir sempre, em todas as circunstâncias e de diversos modos, no cultivo pessoal da aspiração pela paz, compreender esse anseio como essencial. Assim, todos precisam reconhecer que cada ser humano nutre, na sua interioridade, o desejo de uma vida feliz, plena e bem-sucedida. Não se alcança essa meta sem que cada um, com a própria força, faça de si um coração de paz. Quem não se dedica a esse compromisso torna-se empecilho para a paz. Esse dom de Deus depende do comprometimento e convicção na busca por uma humanismo integral, fundamentado no irrestrito respeito à dignidade de cada pessoa.
         Por isso, é preocupante a desumanização em curso no cenário mundial, impeditivo para a consolidação dos alicerces fundamentais às sociedades solidárias e fraternas. Esse grave processo gera desgastes e perdas que podem se tornar irreversíveis. Na sua raiz estão pessoas perigosas, que desconhecem qualquer sentido humanístico e, portanto, ignoram o significado do dom de viver. Consequentemente, tornam-se peso sobre os ombros da humanidade e fazem da conquista da paz, uma tarefa ainda mais difícil. Percebe-se, assim, que é indispensável a cada pessoa recompor a gramática inscrita em seu coração pelo Divino Criador, com a ajuda indispensável de vivência familiares, dinâmicas educativas e culturais.
         Nesse horizonte, é inquestionável a importância de se reconhecer que há um direito natural e, ao mesmo tempo, diretriz, que não se estabelece a partir do que está no lado de foram da interioridade. Trata-se de uma convocação que se inscreve na natureza do ser humano, para realizar, fielmente, o projeto universal do divino. Desconhecer ou tratar com descaso e indiferença essa verdade corrói a possibilidade da conquista da paz, pois compromete a condição humana de ser coração da paz. Não basta a quietude ou se compreender como “inofensivo”. Quando um indivíduo adota princípios individualistas que se transformam em mesquinharia, contribui para enfraquecer a dimensão social e comunitária que é intrínseca ao sentido autêntico da paz.
         Assim, é imprescindível o irrestrito e incondicional respeito à dignidade de cada ser humano, que é imagem do Criador. Trilhar essa direção traz como consequência a superação de toda arbitrariedade. É conduta com força transformadora, que reconfigura os cenários da sociedade. Faz com que as pessoas detentoras de maior poder econômico e político não aproveitem dessa condição para atropelar direitos dos menos favorecidos. Quando se respeita a dignidade de cada pessoa, adotando essa conduta como princípio, realidades degradantes são reconfiguradas como velocidade meteórica.
         Por isso mesmo, as instituições todas têm o dever de se tornar protetoras dos direitos fundamentais. De modo muito especial, é preciso promover o respeito à vida e à liberdade religiosa, sob pena de nunca se poder alcançar a paz. O respeito à vida em todas as suas etapas há de se tornar um compromisso inegociável. A defesa da liberdade na vivência da fé exige diálogo e reciprocidade, a consideração fundamental de que o ser humano está em permanente relação com um princípio transcendente e fundamental para a existência.
         Com convicção, deve-se reconhecer que o direito à vida e à livre expressão da fé em Deus não está nas mãos do homem. São princípios que não podem ser desrespeitados por relativismos éticos e morais. Quando são desconsiderados esses direitos, há séria ameaça à cidadania, ao compromisso de cada pessoa em se empenhar para promover a paz. E os resultados serão sempre nefastos para a humanidade, que vagará, cada vez mais, sem rumo, como gente perdida justamente por não conseguir ser cidadão, operário da paz.”.

Eis, portanto, mais páginas contendo importantes, incisivas e oportunas abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança de nossa história – que é de ética, de moral, de princípios, de valores –, para a imperiosa e urgente necessidade de profundas mudanças em nossas estruturas educacionais, governamentais, jurídicas, políticas, sociais, culturais, econômicas, financeiras e ambientais, de modo a promovermos a inserção do País no concerto das potências mundiais livres, civilizadas, soberanas, democráticas e sustentavelmente desenvolvidas...

Assim, urge ainda a efetiva problematização de questões deveras cruciais como:
a)     a excelência educacional – pleno desenvolvimento da pessoa, da cidadania e da qualificação profissional –, desde a educação infantil (0 a 3 anos de idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo da modernidade de matricularmos nossas crianças de 6 anos de idade na primeira série do ensino fundamental, independentemente do mês de seu nascimento –, até a pós-graduação (especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade absoluta de nossas políticas públicas, gerando o pleno desenvolvimento da pessoa, da cidadania e da qualificação profissional (enfim, 125 anos depois, a República proclama o que esperamos seja verdadeiramente o início de uma revolução educacional, mobilizando de maneira incondicional todas as forças vivas do país, para a realização da nova pátria; a pátria da educação, da ética, da justiça, da civilidade, da democracia, da participação, da sustentabilidade...);
b)    o combate implacável, sem eufemismos e sem tréguas, aos três dos nossos maiores e mais devastadores inimigos que são: I – a inflação, a exigir permanente, competente e diuturna vigilância, de forma a manter-se em patamares civilizados, ou seja, próximos de zero (segundo dados do Banco Central, a taxa de juros do cartão de crédito atingiu em novembro a ainda estratosférica marca de 482,05% nos últimos  doze meses, e a taxa de juros do cheque especial registrou históricos 330,65%; e já em dezembro o IPCA acumulado nos últimos doze meses chegou a 6,29%); II – a corrupção, há séculos, na mais perversa promiscuidade  –  “dinheiro público versus interesses privados” –, como um câncer a se espalhar por todas as esferas da vida nacional, gerando incalculáveis prejuízos e comprometimentos de vária ordem (a propósito, a lúcida observação do procurador chefe da força-tarefa da Operação Lava Jato, Deltan Dallagnol: “A Lava Jato ela trata hoje de um tumor, de um caso específico de corrupção, mas o problema é que o sistema é cancerígeno...” – e que vem mostrando também o seu caráter transnacional;  eis, portanto, que todos os valores que vão sendo apresentados aos borbotões, são apenas simbólicos, pois em nossos 516 anos já se formou um verdadeiro oceano de suborno, propina, fraudes, desvios, malversação, saque, rapina e dilapidação do nosso patrimônio... Então, a corrupção mata, e, assim, é crime...); III – o desperdício, em todas as suas modalidades, também a ocasionar inestimáveis perdas e danos, indubitavelmente irreparáveis (por exemplo, segundo Lucas Massari, no artigo ‘O Desperdício na Logística Brasileira’, a “... Desconfiança das empresas e das famílias é grande. Todos os anos, cerca de R$ 1 trilhão, é desperdiçado no Brasil. Quase nada está imune à perda. Uma lista sem fim de problemas tem levado esses recursos e muito mais. De cada R$ 100 produzidos, quase R$ 25 somem em meio à ineficiência do Estado e do setor privado, a falhas de logística e de infraestrutura, ao excesso de burocracia, ao descaso, à corrupção e à falta de planejamento...”;
c)     a dívida pública brasileira - (interna e externa; federal, estadual, distrital e municipal) –, com previsão para 2017, apenas segundo o Orçamento Geral da União, de exorbitante e insuportável desembolso de cerca de R$ 1,722 trilhão, a título de juros, encargos, amortização e refinanciamentos (ao menos com esta rubrica, previsão de R$ 946,4 bilhões), a exigir alguns fundamentos da sabedoria grega:
- pagar, sim, até o último centavo;
- rigorosamente, não pagar com o pão do povo;
- realizar uma IMEDIATA, abrangente, qualificada, independente e eficaz auditoria... (ver também www.auditoriacidada.org.br)
(e ainda a propósito, no artigo Melancolia, Vinicius Torres Freire, diz: “... Não será possível conter a presente degradação econômica sem pelo menos, mínimo do mínimo, controle da ruína das contas do governo: o aumento sem limite da dívida pública...”);

Destarte, torna-se absolutamente inútil lamentarmos a falta de recursos diante de tão descomunal sangria que dilapida o nosso já combalido dinheiro público, mina a nossa capacidade de investimento e de poupança e, mais grave ainda, afeta a credibilidade de nossas instituições, negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à pátria, ao lado de abissais desigualdades sociais e regionais e de extremas e sempre crescentes necessidades de ampliação e modernização de setores como: a gestão pública; a infraestrutura (rodovias, ferrovias, hidrovias, portos, aeroportos); a educação; a saúde; o saneamento ambiental (água tratada, esgoto tratado, resíduos sólidos tratados, macrodrenagem urbana, logística reversa); meio ambiente; habitação; mobilidade urbana (trânsito, transporte, acessibilidade); minas e energia; emprego, trabalho e renda; agregação de valor às commodities; sistema financeiro nacional; assistência social; previdência social; segurança alimentar e nutricional; segurança pública; forças armadas; polícia federal; defesa civil; logística; pesquisa e desenvolvimento; ciência, tecnologia e inovação; cultura, esporte e lazer; turismo; comunicações; qualidade (planejamento – estratégico, tático e operacional –, transparência, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade – “fazer mais e melhor, com menos” –, criatividade, produtividade, competitividade); entre outros...

São, e bem o sabemos, gigantescos desafios mas que, de maneira alguma, abatem o nosso ânimo e nem arrefecem o nosso entusiasmo e otimismo nesta grande cruzada nacional pela excelência educacional, visando à construção de uma Nação verdadeiramente participativa, justa, ética, educada, civilizada, qualificada, livre, soberana, democrática e desenvolvida, que possa partilhar suas extraordinárias e generosas riquezas, oportunidades e potencialidades com todas as brasileiras e com todos os brasileiros. Ainda mais especialmente no horizonte de investimentos bilionários previstos em inadiáveis e fundamentais empreendimentos de infraestrutura, além de projetos do Pré-Sal e de novas fontes energéticas, à luz das exigências do século 21, da era da globalização, da internacionalização das organizações, da informação, do conhecimento, da inovação, das novas tecnologias, da sustentabilidade e de um possível e novo mundo da justiça, da liberdade, da paz, da igualdade – e com equidade –, e da fraternidade universal...

Este é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a nossa fé, a nossa esperança... e perseverança!

“VI, OUVI E VIVI: O BRASIL TEM JEITO!”

- 55 anos de testemunho de um servidor público (1961 – 2016) ...

- Estamos nos descobrindo através da Excelência Educacional ...
- ANTICORRUPÇÃO: Prevenir e vencer, usando nossas defesas democráticas...
- Por uma Nova Política Brasileira...  
        
 


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