(Janeiro
= mês 3; faltam 167 meses para a Primavera Brasileira)
“Mudanças
climáticas
O governo brasileiro
deve manter sua determinação em participar do esforço mundial no combate às
mudanças climáticas, que a cada dia deixam os cientistas mais preocupados com o
futuro do planeta. O ano que está se findando assistiu, praticamente ao mesmo tempo,
a ratificação do Acordo de Paris – 197 signatários se comprometeram a limitar a
2ºC o crescimento do aquecimento global até 2100, e se possível reduzir esta
meta para 1,5ºC – e a eleição de Donald Trump para presidente dos Estados
Unidos, que em sua campanha eleitoral deixou claro que não pretende diminuir a
dependência de seu país dos combustíveis fósseis, fonte maior na liberação de
gases do efeito estufa, e que cancelaria a assinatura dos EUA nos acordos do
clima.
O
desafio que se coloca para a comunidade internacional é se a humanidade
caminhará para uma economia verde, com o enfrentamento sistemático às fontes
poluidoras, em todos os seus níveis, ou se escolherá continuar na trilha de uma
economia predatória, sem qualquer preocupação com a sustentabilidade do
planeta.
Neste
contexto, o Brasil tem relevante papel, por ser um dos maiores emissores de
gases do efeito estufa – os esforços terão que se concentrar na agropecuária,
responsável por 69% das emissões no país – e por ter em seu território a maior
floresta tropical do mundo, a Amazônia. Causa grande preocupação nos meios
científicos o aumento da taxa de desmatamento na região amazônica, com
crescimento de 3,5% nas emissões de gases-estufa, de acordo com levantamento do
Observatório do Clima.
Cientistas
e ambientalistas cobram um envolvimento maior do governo federal nos esforços
para mitigar os impactos das mudanças climáticas no país, nas mais diversas
áreas. Não se trata apenas de controlar as emissões dos gases do efeito estufa,
mas também de encarar questões como a redução das fontes de água potável, mais
consumo de energia, maior risco de catástrofes naturais nas cidades.
Pelas
estimativas dos especialistas, dentro de três anos 90% da população brasileira
estará vivendo em conglomerados urbanos, e toda essa massa humana precisará de
mais energia no seu dia a dia – hoje, 70% do consumo de energia se dá nas
cidades, onde produzem 40% das emissões dos gases-estufa. Uma das preocupações
da comunidade científica é que existem poucos inventários de gases do efeito
estufa, da potabilidade da água e do consumo de energia, entre outros, que
dificulta o desenvolvimento de políticas consistentes para o enfrentamento das
causas e consequências das mudanças climáticas que já afetam todo o globo.”.
(EDITORIAL do
jornal ESTADO DE MINAS, edição de 30
de dezembro de 2016, caderno OPINIÃO,
página 6).
Mais uma importante e oportuna contribuição para o
nosso trabalho de Mobilização para a
Excelência Educacional vem de artigo publicado no mesmo veículo, edição e
caderno, página 7, de autoria de DOM
WALMOR OLIVEIRA DE AZEVEDO, arcebispo metropolitano de Belo Horizonte, e
que merece igualmente integral transcrição:
“Por
um ano novo
Os descompassos da vida
cotidiana de cada cidadão fazem aflorar no coração o desejo, a prece e o sonho
de um ano verdadeiramente novo. Uma novidade que não se refere ao início da
inevitável contagem dos próximos 365 dias. São esperadas, principalmente, novas
atitudes, amadurecimento da cidadania e a competência para reinventar projetos,
programas e ações que tirem a sociedade brasileira de sua preocupante situação.
Para isso, as instituições sociais, em todos os seus segmentos, devem se tornar
capazes de oferecer novas respostas, o que inclui aproveitar, de modo mais
inteligente e humanitário, as riquezas do Brasil e as potencialidades do povo
brasileiro.
A
primeira e mais determinante ação para se efetivar o desejo de um ano realmente
novo é voltar-se para o próprio coração. Nele deve ocorrer a intervenção mais
revolucionária, configurando-o como “coração da paz”. Se você, o outro, todos,
mundo afora, se tornarem “coração da paz”, a humanidade terá um tecido cultural
capaz de regrar funcionamentos, reger consciências e fazer despertar o mais
fecundo sentido de cidadania. Tudo seria balizado pelo princípio incondicional
do respeito à vida de cada pessoa, em uma luta cotidiana para combater o que
ameaça esse dom inviolável. “Coração da paz” é quem se compromete e, dentro das
próprias responsabilidades e no dia a dia, a amparar as muitas vítimas de
conflitos armados, dos terrorismos, das mortes silenciosas provocadas pela
fome, pelo aborto e pelas discriminações.
O
sábio princípio de que todos são irmãos precisa ser reconhecido e vivido. Pois o
amor rege a relação entre irmãos, fazendo-os partilhar tudo o que proporciona o
bem. Assim, esse princípio é determinante no ajuste moral que cada um dos
integrantes da sociedade precisa. Desconsiderá-lo inviabiliza a tarefa de
encontrar saídas para os muitos problemas. E as consequências são as prisões
cada vez mais cheias, os entraves para o crescimento e desenvolvimento, os
conflitos entre os poderes, a expansão da pobreza e a continuidade dos
privilégios que revoltam. Por tudo isso, no horizonte, há de se desenhar a
silhueta da grande família humana. Não somente a família biológica, ou a que
reúne pessoas conhecidas. A convocação é para que, diariamente, cada pessoas
amplie as medidas do próprio coração para nele acolher princípios morais que
motivam o respeito ao bem comum e o compromisso com os mais pobres.
Diante
dessa necessidade de fazer com que cada pessoa torne-se coração da paz, é
preciso dedicar atenção especial à família, enquanto comunidade íntima de vida
e amor fundada sobre o matrimônio entre um homem e uma mulher. Trata-se do
lugar primário da humanização. Por isso, urgente e indispensável é investir na
construção da vida familiar, sem fantasia, conscientes dos desafios culturais
que existem, das mudanças que atropelam e confundem. A família é fonte da
experiência da paz e do amor entre irmãos e irmãs, ambiente para a aprendizagem
insubstituível da função da autoridade, manifestada pelos pais. É também lugar
para se exercer a dedicação aos mais fracos e pobres, doentes e idosos, onde se
cultiva o gosto pela ajuda mútua e se exercita a inigualável virtude de sempre
perdoar. Há um léxico da paz que a escola da família tem propriedade para
ensinar, exercitar e selar, como a impressão de uma indelével marca.
Cuidar
da família é fundamental para se proteger a verdade, tão ameaçada no mundo contemporâneo.
E as consequências desse comprometimento se manifestam nos muitos descompassos
sociais. Quando não se é transparente no que se faz, os impactos negativos
incidem na rede de relações entre pessoas, no dia a dia, incluindo a prática de
“mentirinhas” até os absurdos esquemas de corrupção. Deixar-se iluminar pelo
esplendor da verdade é fundamental para que ela, com a sua força libertadora
sem igual, construa o caminho novo, o novo ano que se quer.
A
mentira, seja qual for, é a manifestação do fracasso. Ela não é alicerce capaz
de sustentar os cidadãos e os projetos exitosos. Já a verdade, com sua força de
transparência, gera a prosperidade, a alegria que não morre. Dela brota o novo
que se sonha alcançar. Para que cada pessoa aproxime-se da verdade e,
consequentemente, ajude a construir o novo almejado no ano que se inicia, é
oportuno acolher o convite e os votos do papa Francisco, apresentados em sua
mensagem para o Dia Mundial da Paz: “No início deste novo ano, formulo sinceros
votos de paz aos povos e nações do mundo inteiro, aos chefes de Estado e de
governo, bem como aos responsáveis pelas comunidades religiosas e pelas várias
expressões da sociedade civil. Almejo paz a todo homem, mulher, menino e
menina, e rezo para que a imagem e semelhança de Deus em cada pessoa nos
permitam reconhecer-nos mutuamente como dos sagrados com uma dignidade imensa.
Sobretudo nas situações de conflito, respeitemos essa dignidade mais profunda e
façamos da não-violência o nosso estilo de vida”. No compromisso de acolher o
convite e os votos do papa Francisco, cada pessoa reconheça que muitos são os
caminhos, mas tudo depende de cada um para que se alcance o “novo” esperado
neste ano de 2017.”.
Eis, portanto, mais páginas contendo importantes, incisivas e
oportunas abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança
de nossa história – que é de ética, de
moral, de princípios, de valores –, para
a imperiosa e urgente necessidade de profundas
mudanças em nossas estruturas educacionais,
governamentais, jurídicas, políticas, sociais, culturais, econômicas,
financeiras e ambientais, de modo a promovermos a inserção do País no
concerto das potências mundiais livres, civilizadas, soberanas, democráticas e
sustentavelmente desenvolvidas...
Assim, urge ainda a efetiva problematização de questões deveras
cruciais como:
a) a excelência educacional – pleno
desenvolvimento da pessoa, da cidadania e da qualificação profissional –, desde
a educação infantil (0 a 3 anos de
idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo
da modernidade de matricularmos nossas crianças de 6 anos de idade na primeira
série do ensino fundamental, independentemente
do mês de seu nascimento –, até a pós-graduação
(especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade absoluta de nossas políticas
públicas, gerando o pleno
desenvolvimento da pessoa, da cidadania e da qualificação profissional
(enfim, 125 anos depois, a República proclama o que esperamos seja
verdadeiramente o início de uma revolução educacional, mobilizando de maneira
incondicional todas as forças vivas do país, para a realização da nova pátria;
a pátria da educação, da ética, da justiça, da civilidade, da democracia, da
participação, da sustentabilidade...);
b) o combate implacável, sem eufemismos e
sem tréguas, aos três dos nossos maiores e mais devastadores inimigos que são:
I – a inflação, a exigir permanente,
competente e diuturna vigilância, de forma a manter-se em patamares civilizados,
ou seja, próximos de zero (segundo dados do Banco Central, a taxa de juros do
cartão de crédito atingiu em novembro a ainda estratosférica marca de 482,05%
nos últimos doze meses, e a taxa de
juros do cheque especial registrou históricos 330,65%; e também em novembro o
IPCA acumulado nos últimos doze meses chegou a 6,99%); II – a corrupção, há séculos, na mais perversa
promiscuidade – “dinheiro público versus interesses privados”
–, como um câncer a se espalhar por todas as esferas da vida nacional, gerando
incalculáveis prejuízos e comprometimentos de vária ordem (a propósito, a
lúcida observação do procurador chefe da força-tarefa da Operação Lava Jato,
Deltan Dallagnol: “A Lava Jato ela trata hoje de um tumor, de um caso
específico de corrupção, mas o problema é que o sistema é cancerígeno...” – e
que vem mostrando também o seu caráter transnacional; eis, portanto, que todos os valores que vão
sendo apresentados aos borbotões, são apenas simbólicos, pois em nossos 516
anos já se formou um verdadeiro oceano de suborno, propina, fraudes, desvios,
malversação, saque, rapina e dilapidação do nosso patrimônio... Então, a
corrupção mata, e, assim, é crime...); III – o desperdício, em todas as suas modalidades, também a ocasionar
inestimáveis perdas e danos, indubitavelmente irreparáveis (por exemplo,
segundo Lucas Massari, no artigo ‘O Desperdício na Logística Brasileira’, a
“... Desconfiança das empresas e das famílias é
grande. Todos os anos, cerca de R$ 1 trilhão, é desperdiçado no Brasil. Quase
nada está imune à perda. Uma lista sem fim de problemas tem levado esses
recursos e muito mais. De cada R$ 100 produzidos, quase R$ 25 somem em meio à
ineficiência do Estado e do setor privado, a falhas de logística e de
infraestrutura, ao excesso de burocracia, ao descaso, à corrupção e à falta de
planejamento...”;
c) a dívida pública brasileira - (interna e
externa; federal, estadual, distrital e municipal) –, com previsão para
2017, apenas segundo o Orçamento Geral da União, de exorbitante e
insuportável desembolso de cerca de R$
1,722 trilhão, a título de juros, encargos, amortização e refinanciamentos
(ao menos com esta rubrica, previsão de R$ 946,4 bilhões), a exigir alguns fundamentos da sabedoria grega:
- pagar,
sim, até o último centavo;
- rigorosamente,
não pagar com o pão do povo;
-
realizar uma IMEDIATA, abrangente,
qualificada, independente e eficaz auditoria...
(ver também www.auditoriacidada.org.br)
(e ainda
a propósito, no artigo Melancolia,
Vinicius Torres Freire, diz: “... Não será possível conter a presente
degradação econômica sem pelo menos, mínimo do mínimo, controle da ruína das
contas do governo: o aumento sem limite da dívida pública...”);
Isto
posto, torna-se absolutamente inútil lamentarmos
a falta de recursos diante de tão
descomunal sangria que dilapida o nosso já combalido dinheiro público, mina a
nossa capacidade de investimento e de poupança e, mais grave ainda, afeta a
credibilidade de nossas instituições, negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à pátria, ao lado de abissais desigualdades sociais e
regionais e de extremas e sempre crescentes necessidades de ampliação e modernização de setores
como: a gestão pública; a infraestrutura (rodovias, ferrovias,
hidrovias, portos, aeroportos); a educação;
a saúde; o saneamento ambiental (água tratada, esgoto tratado, resíduos
sólidos tratados, macrodrenagem urbana, logística reversa); meio ambiente; habitação; mobilidade urbana
(trânsito, transporte, acessibilidade); minas e energia; emprego, trabalho e renda; agregação de valor às
commodities; sistema financeiro nacional; assistência social; previdência
social; segurança alimentar e nutricional; segurança pública; forças armadas;
polícia federal; defesa civil; logística; pesquisa e desenvolvimento; ciência,
tecnologia e inovação; cultura, esporte e lazer; turismo; comunicações;
qualidade (planejamento – estratégico, tático e operacional –,
transparência, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade – “fazer mais e
melhor, com menos” –, criatividade, produtividade, competitividade); entre
outros...
São, e bem o sabemos, gigantescos desafios mas que, de maneira
alguma, abatem o nosso ânimo e nem
arrefecem o nosso entusiasmo e otimismo nesta
grande cruzada nacional pela excelência
educacional, visando à construção de uma Nação verdadeiramente participativa, justa, ética, educada,
civilizada, qualificada, livre, soberana, democrática e desenvolvida, que
possa partilhar suas extraordinárias e generosas riquezas, oportunidades e
potencialidades com todas as
brasileiras e com todos os
brasileiros. Ainda mais especialmente no horizonte de investimentos bilionários
previstos em inadiáveis e fundamentais empreendimentos de infraestrutura, além
de projetos do Pré-Sal e de novas fontes energéticas, à luz das exigências do
século 21, da era da globalização, da internacionalização das organizações, da
informação, do conhecimento, da inovação, das novas tecnologias, da
sustentabilidade e de um possível e novo mundo da justiça, da liberdade, da
paz, da igualdade – e com equidade –, e da fraternidade universal...
Este é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a nossa fé, a
nossa esperança... e perseverança!
“VI,
OUVI E VIVI: O BRASIL TEM JEITO!”
- 55 anos
de testemunho de um servidor público (1961 – 2016) ...
-
Estamos nos descobrindo através da Excelência Educacional ...
-
ANTICORRUPÇÃO: Prevenir e vencer, usando nossas defesas democráticas...
- Por
uma Nova Política Brasileira...
Nenhum comentário:
Postar um comentário