segunda-feira, 16 de janeiro de 2017

A EXCELÊNCIA EDUCACIONAL, A GERAÇÃO MULTI-IDADE , O PROGRESSO DA CIÊNCIA E A HUMANIDADE NA SUSTENTABILIDADE

“A geração MI e o progresso da ciência
        Nesta segunda década do século 21, o ambiente do trabalho, em todos os ramos de atividade, vive uma situação privilegiada: a convivência de profissionais de todas as gerações responsáveis pelas maiores transformações da tecnologia, processos e avanços culturais e sociológicos, desde os baby boomers, filhos da Segunda Guerra Mundial, até os millennials (1991), que começam a ingressar no mercado, passando pelos X (1964/1977) e Y (1990).
         Mais do que rotular cada uma dessas faixas etárias, como se costuma corriqueira e didaticamente proceder, é importante observar e tirar proveito de tudo o que a sua interação no cotidiano das empresas, universidades e organizações de toda ordem pode produzir de útil para cada país e a civilização global. Vivemos, na verdade, o tempo do que poderíamos chamar de Geração MI (multi-Idade), cuja miscigenação intelectual tem sido extremamente fértil em ideias, novas tecnologias, gestão inovadora, capacidade de pesquisa e compliance.
         As organizações contemporâneas somam em suas estruturas de recursos humanos a experiência e o espírito desbravador dos baby boomers, o caráter mais tolerante, humanitário e político da geração X, a cultura da internet, o ímpeto tecnológico, objetividade e imediatismo da Y, e a ansiedade construtiva dos millennials. Quando mais esses elementos foram sinérgicos e houver o compartilhamento de conhecimentos e informações, mais eficaz será o resultado de cada célula de trabalho e das organizações como um todo.
         Assim também é na ciência e na academia. Esta área tão decisiva para o desenvolvimento humano é um exemplo de como as heranças de cada geração vão se agregando aos novos elementos, mesclando-se e contribuindo para os avanços. Ainda na era dos baby boomers, as pesquisas eram integralmente feitas por um único cientista ou grupo de determinada universidade. Hoje, no embalo da geração Y, mais focada em especializações, cada inovação, tecnologia e trabalho em distintas áreas resulta de uma diversidade de estudos, pesquisadores e instituições.
         O novo modelo, contudo, não foi instantâneo. Moldou-se paulatinamente, à medida que se mesclaram culturas das sucessivas gerações. Tempos exemplos muito elucidativos desse processo de transição no Prêmio Péter Murányi, que reconhece trabalhos acadêmicos capazes de transformar a vida de comunidades nos países em desenvolvimento.
         Na edição de 2002, o vencedor foi um estudo desenvolvido na Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, em Ribeirão Preto, realizado pelo professor e doutor Sérgio Henrique Ferreira. Ao identificar, no veneno da serpente jararaca, agentes capazes de potencializar o efeito da bradicinina, substância vital no controle da pressão arterial, ele possibilitou  que cientistas dos Estados Unidos dessem andamento à sua pesquisa e criassem o captopril, medicamento para o tratamento da hipertensão. No prêmio de 2012, o vencedor foi trabalho da doutora Teresa Losada Valle, do Instituto Agronômico de Campinas (IAC), sobre o melhoramento das variedades de mandioca. O estudo é uma sequência de pesquisas do IAC, iniciadas em 1935, sobre tubérculos e raízes mais resistentes a pragas e doenças. Nos dois casos, observa-se o viés da diversidade de fontes, tão presente hoje no chamado universo dos Y.
         Ao sugerir a ideia da geração MI, que reflete melhor a realidade da estrutura do trabalho, na qual se mesclam profissionais de distintas idades, busco alertar para a importância, em especial no caso de P&D, de se somarem todas as competências, conhecimentos e experiências, para se eliminar equívocos e se agregar novas práticas. A ciência só tem a ganhar com essa sinergia, em especial se, no embalo dos jovens pesquisadores, empresários e executivos, a produção acadêmica brasileira passar a ter aplicação prática mais ampla nos setores produtivos, registro de patentes e ganhos de competitividade. Nesse processo, a sociedade será a grande vencedora!”.

(PÉTER MURÁNYI, formado em engenharia pela Faap, é vice-presidente da Fundação Péter Murányi, em artigo publicado no jornal ESTADO DE MINAS, edição de 13 de janeiro de 2017, caderno OPINIÃO, página 7).

Mais uma importante e oportuna contribuição para o nosso trabalho de Mobilização para a Excelência Educacional vem de artigo publicado no mesmo veículo, edição, caderno e página, de autoria de DOM WALMOR OLIVEIRA DE AZEVEDO, arcebispo metropolitano de Belo Horizonte, e que merece igualmente integral transcrição:

“Frear as banalizações
        A progressiva banalização do mal revela uma exigência: o confronto dos processos que deterioram o núcleo humanístico essencial de cada pessoa, recôndito sacrossanto da consciência que conduz atitudes e escolhas nos trilhos do bem e da justiça. Sem a superação do sentimento de que o mal é algo natural, não se conquistará a paz. Essas banalizações são uma sucursal do inferno, aprisionando a humanidade. Gradativamente, perde-se a sensibilidade fundamental que capacita, motiva e impulsiona o coração para o perdão e a reconciliação. Consequentemente, prevalece a incapacidade para a convivência fraterna e pacífica. Multiplicam-se os cenários aterrorizantes dos atentados, das chacinas e de outras diversas violências que, além dos prejuízos nefastos e das perdas irreversíveis, vão adoecendo consciências, deturpando entendimentos e formatando – com vícios – as escolhas. Ficam comprometidas as condutas, pois é banido o sentido que se conquista na experiência convincente de que é bom ser bom.
         A reação contrária às banalizações do mal deve nascer de uma articulada e contemporânea retomada do compromisso de se investir na formação moral. Obviamente, isso não pode ser um posicionamento  reacionário marcado por rigidez e intolerâncias. Em vez disso, é um enfrentamento dos descompassos que inviabilizam a convivência solidária, aumentam a indiferença, levando-a um patamar que produz brutalidades, estampadas em chacinas como as ocorridas em presídios, nos homicídios registrados nas cidades, atentados contra a vida em muitos outros lugares. Esses crimes ocorrem de modo fragmentado, disperso, mas, se somados, evidenciam números de uma sociedade em guerra.
         A moralidade tem força pra frear as banalizações agravadas ainda mais pela influência das tecnologias sobre o comportamento humano. De um lado, são verificados avanços fantásticos no universo tecnológico, mas, por outro, surgem verdadeiras “armas de destruição”, quando as relações presenciais são substituídas por “contatos virtuais”. Um contexto preocupante em que, muitas vezes, as interações renunciam ao mais elementar sentido de respeito pelo outro e pelas singularidades. Eis um dos nascedouros da banalização do mal que, nessas situações, se revela na ausência do sentido de igualdade, do apreço pelo outro. As consequências são a perversão do deboche e da manipulação das pessoas, desconsiderando a sacralidade de todos. Trata-se o outro como descartável, compreendendo-o como simples instrumento para se alcançarem certos objetivos pessoais. Por isso, não há alianças e vínculos duradouros, necessários alicerces para uma vida qualificada e verdadeiramente humana.
         Os instrumentos na ordem moral devem incidir na esfera individual, com o balizamento do núcleo familiar, célula da sociedade, e com o empenho das mais diferentes instituições e segmentos, todos comprometidos com um funcionamento eticamente exemplar. Há um terrível dilaceramento do tecido moral que precisa ser recuperado. Isso só é possível a partir da redescoberta dos valores que promovem o altruísmo. Assim, as escolhas não serão somente orientadas pelos critérios do lucro, das vantagens e das comodidades, mas regidas pelo compromisso de se fazer o bem.
         Essa reação exige que todos reconheçam um preocupante fenômeno, consequência da banalização do mal: a perda do sentido da gratidão e da competência para a generosidade. As portas, assim, escancaram-se, cada vez mais, para todo tipo de violência. Nada tem sentido de sagrado, tudo é vulnerável e descartável. O ser humano passa a se habituar a tudo que deveria ser condenado. Banalizam-se as chamadas “pequenas mentiras”, os enganos que sordidamente são produzidos para manipular pessoas e esconder esquemas de corrupção.
         Importante é reconhecer que as violências alimentam essas situações, que, por sua vez, fomentam as violências. Para superar essa perversa dinâmica, é preciso acolher a orientação de Jesus, que também viveu tempos de violência. O Mestre ensinou que o verdadeiro campo de batalha, onde se defrontam a violência e a paz, é o coração humano. Nesse sentido, o papa Francisco pede a cada pessoa, em sua mensagem para o Dia Mundial da Paz: comprometamo-nos, por meio da oração e da ação, a nos tornar pessoas que baniram dos seus corações palavras e gestos a violência, e a construir comunidades não violentas, que cuidem da “casa comum”. O estilo adotado de se viver pautado pela não violência depende de que cada pessoa seja um “coração da paz”. Nobre e pertinente, interpelante e indicativa é também a palavra do papa emérito Bento XVI, ao dizer que a não violência para os cristãos não é mero comportamento tático mas um modo de ser da pessoa, uma atitude de quem está tão convicto do amor de Deus e de seu poder que não tem medo de enfrentar o mal com as armas do amor e da verdade. Assumir esse modo de ser: aí está o caminho único para a moralização capaz de frear as banalizações do mal que deterioram a humanidade.”.

Eis, portanto, mais páginas contendo importantes, incisivas e oportunas abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança de nossa história – que é de ética, de moral, de princípios, de valores –, para a imperiosa e urgente necessidade de profundas mudanças em nossas estruturas educacionais, governamentais, jurídicas, políticas, sociais, culturais, econômicas, financeiras e ambientais, de modo a promovermos a inserção do País no concerto das potências mundiais livres, civilizadas, soberanas, democráticas e sustentavelmente desenvolvidas...

Assim, urge ainda a efetiva problematização de questões deveras cruciais como:
a)     a excelência educacional – pleno desenvolvimento da pessoa, da cidadania e da qualificação profissional –, desde a educação infantil (0 a 3 anos de idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo da modernidade de matricularmos nossas crianças de 6 anos de idade na primeira série do ensino fundamental, independentemente do mês de seu nascimento –, até a pós-graduação (especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade absoluta de nossas políticas públicas, gerando o pleno desenvolvimento da pessoa, da cidadania e da qualificação profissional (enfim, 125 anos depois, a República proclama o que esperamos seja verdadeiramente o início de uma revolução educacional, mobilizando de maneira incondicional todas as forças vivas do país, para a realização da nova pátria; a pátria da educação, da ética, da justiça, da civilidade, da democracia, da participação, da sustentabilidade...);
b)    o combate implacável, sem eufemismos e sem tréguas, aos três dos nossos maiores e mais devastadores inimigos que são: I – a inflação, a exigir permanente, competente e diuturna vigilância, de forma a manter-se em patamares civilizados, ou seja, próximos de zero (segundo dados do Banco Central, a taxa de juros do cartão de crédito atingiu em novembro a ainda estratosférica marca de 482,05% nos últimos  doze meses, e a taxa de juros do cheque especial registrou históricos 330,65%; e já em dezembro o IPCA acumulado nos últimos doze meses chegou a 6,29%); II – a corrupção, há séculos, na mais perversa promiscuidade  –  “dinheiro público versus interesses privados” –, como um câncer a se espalhar por todas as esferas da vida nacional, gerando incalculáveis prejuízos e comprometimentos de vária ordem (a propósito, a lúcida observação do procurador chefe da força-tarefa da Operação Lava Jato, Deltan Dallagnol: “A Lava Jato ela trata hoje de um tumor, de um caso específico de corrupção, mas o problema é que o sistema é cancerígeno...” – e que vem mostrando também o seu caráter transnacional;  eis, portanto, que todos os valores que vão sendo apresentados aos borbotões, são apenas simbólicos, pois em nossos 516 anos já se formou um verdadeiro oceano de suborno, propina, fraudes, desvios, malversação, saque, rapina e dilapidação do nosso patrimônio... Então, a corrupção mata, e, assim, é crime...); III – o desperdício, em todas as suas modalidades, também a ocasionar inestimáveis perdas e danos, indubitavelmente irreparáveis (por exemplo, segundo Lucas Massari, no artigo ‘O Desperdício na Logística Brasileira’, a “... Desconfiança das empresas e das famílias é grande. Todos os anos, cerca de R$ 1 trilhão, é desperdiçado no Brasil. Quase nada está imune à perda. Uma lista sem fim de problemas tem levado esses recursos e muito mais. De cada R$ 100 produzidos, quase R$ 25 somem em meio à ineficiência do Estado e do setor privado, a falhas de logística e de infraestrutura, ao excesso de burocracia, ao descaso, à corrupção e à falta de planejamento...”;
c)     a dívida pública brasileira - (interna e externa; federal, estadual, distrital e municipal) –, com previsão para 2017, apenas segundo o Orçamento Geral da União, de exorbitante e insuportável desembolso de cerca de R$ 1,722 trilhão, a título de juros, encargos, amortização e refinanciamentos (ao menos com esta rubrica, previsão de R$ 946,4 bilhões), a exigir alguns fundamentos da sabedoria grega:
- pagar, sim, até o último centavo;
- rigorosamente, não pagar com o pão do povo;
- realizar uma IMEDIATA, abrangente, qualificada, independente e eficaz auditoria... (ver também www.auditoriacidada.org.br)
(e ainda a propósito, no artigo Melancolia, Vinicius Torres Freire, diz: “... Não será possível conter a presente degradação econômica sem pelo menos, mínimo do mínimo, controle da ruína das contas do governo: o aumento sem limite da dívida pública...”);

Destarte, torna-se absolutamente inútil lamentarmos a falta de recursos diante de tão descomunal sangria que dilapida o nosso já combalido dinheiro público, mina a nossa capacidade de investimento e de poupança e, mais grave ainda, afeta a credibilidade de nossas instituições, negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à pátria, ao lado de abissais desigualdades sociais e regionais e de extremas e sempre crescentes necessidades de ampliação e modernização de setores como: a gestão pública; a infraestrutura (rodovias, ferrovias, hidrovias, portos, aeroportos); a educação; a saúde; o saneamento ambiental (água tratada, esgoto tratado, resíduos sólidos tratados, macrodrenagem urbana, logística reversa); meio ambiente; habitação; mobilidade urbana (trânsito, transporte, acessibilidade); minas e energia; emprego, trabalho e renda; agregação de valor às commodities; sistema financeiro nacional; assistência social; previdência social; segurança alimentar e nutricional; segurança pública; forças armadas; polícia federal; defesa civil; logística; pesquisa e desenvolvimento; ciência, tecnologia e inovação; cultura, esporte e lazer; turismo; comunicações; qualidade (planejamento – estratégico, tático e operacional –, transparência, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade – “fazer mais e melhor, com menos” –, criatividade, produtividade, competitividade); entre outros...

São, e bem o sabemos, gigantescos desafios mas que, de maneira alguma, abatem o nosso ânimo e nem arrefecem o nosso entusiasmo e otimismo nesta grande cruzada nacional pela excelência educacional, visando à construção de uma Nação verdadeiramente participativa, justa, ética, educada, civilizada, qualificada, livre, soberana, democrática e desenvolvida, que possa partilhar suas extraordinárias e generosas riquezas, oportunidades e potencialidades com todas as brasileiras e com todos os brasileiros. Ainda mais especialmente no horizonte de investimentos bilionários previstos em inadiáveis e fundamentais empreendimentos de infraestrutura, além de projetos do Pré-Sal e de novas fontes energéticas, à luz das exigências do século 21, da era da globalização, da internacionalização das organizações, da informação, do conhecimento, da inovação, das novas tecnologias, da sustentabilidade e de um possível e novo mundo da justiça, da liberdade, da paz, da igualdade – e com equidade –, e da fraternidade universal...

Este é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a nossa fé, a nossa esperança... e perseverança!

“VI, OUVI E VIVI: O BRASIL TEM JEITO!”

- 55 anos de testemunho de um servidor público (1961 – 2016) ...

- Estamos nos descobrindo através da Excelência Educacional ...
- ANTICORRUPÇÃO: Prevenir e vencer, usando nossas defesas democráticas...
- Por uma Nova Política Brasileira...  
        
 
 





          


         

Nenhum comentário: