segunda-feira, 3 de abril de 2017

A EXCELÊNCIA EDUCACIONAL, A PRIMAZIA DA DIGNIDADE HUMANA NA SAÚDE E AS EXIGÊNCIAS DO COMBATE ÀS ZOONOSES NA SUSTENTABILIDADE (6/164)

(Abril = mês 6; faltam 164 meses para a Primavera Brasileira)

“O cuidado centrado na pessoa
       O processo de decisão do tratamento, durante muitos anos, foi centrado exclusivamente na decisão do médico. Reconhecido, por seu notório saber, competia a ele prescrever o melhor tratamento e, ao paciente, seguir sua orientação sem contestação.
          A importância da participação ativa do paciente nos processos de discussão e decisão quanto ao seu tratamento só muito recentemente foi reconhecida como parte essencial dos cuidados médicos. O conceito atual, que tem norteado a prática médica, se baseia na filosofia conhecida como medicina baseada em evidência. Ela se apoia em três princípios: o médico deve basear suas decisões em orientações que apresentem a melhor evidência externa disponível, ou seja, estudos bem elaborados e publicados em revistas médicas de reconhecida excelência; deve usar sua experiência acumulada e seu senso crítico em benefício do paciente; e, finalmente, ouvi-lo respeitosamente. Nenhum ato médico pode ser realizado sem que a pessoa seja adequadamente informada de efeitos colaterais e benefícios. O tratamento deve ser realizado, portanto, apenas se houver expresso consentimento do paciente. Mais recentemente, a Health Foundation, entidade filantrópica independente do Reino Unido, recomendou que se ampliassem os limites do modelo tradicional biomédico, centrado na doença, para a prática do tratamento centrado na pessoa. Sugere que se avalie de forma mais global o significado da doença para o paciente, considerando três direitos fundamentais: dignidade, respeito e compaixão; e buscando os valores que são importantes para a pessoa que receberá o tratamento.
          Todos nós somos diferentes e reconhecemos o adoecer de maneira muito particular. Temos temores, fundados ou fantasiosos, e somos capazes de enfrentar a realidade de forma muito própria. O tratamento deve ser adaptado às necessidades e aspirações de cada indivíduo e, não obrigatoriamente, ser realizado de forma padronizada.
          Muitos fatores podem influenciar no desejo do paciente opinar e se envolver nos processos de decisão do tratamento, como os sociais, culturais, o tipo de doença, estado físico, crenças e preferências individuais. Alguns pacientes, voluntariamente, transferem seu direito de opinar a seus familiares ou ao médico, sendo indispensável respeitar suas limitações. Em outros casos, os pacientes querem desenvolver um papel ativo na escolha do tratamento e os profissionais de saúde devem apoiá-los em suas decisões. Existem pesquisas que demonstram que em casos de participação ativa, os pacientes são mais aderentes ao tratamento e mais satisfeitos com os cuidados; também os profissionais de saúde se sentem mais gratificados com o aumento do senso de integração e melhora no relacionamento com os pacientes.
          No contexto atual, muito se discute sobre a necessidade de humanização dos cuidados, e, seguramente, um passo nessa direção é a adoção das medidas sugeridas pela medicina centrada no paciente.”.

(MIGUEL TORRES TEIXEIRA LEITE. Radio-oncologista da Radiocare, em artigo publicado no jornal ESTADO DE MINAS, edição de 2 de abril de 2017, caderno OPINIÃO, página 7).

Mais uma importante e oportuna contribuição para o nosso trabalho de Mobilização para a Excelência Educacional vem de artigo publicado no mesmo veículo, edição de 22 de março de 2017, mesmo caderno, página 15, de autoria de PEDRO MARCOS LINARDI, biólogo, entomologista, professor emérito da UFMG, autor de Fábulas parasitológicas, e que merece igualmente integral transcrição:

“Recrudescimento de zoonoses
       Zoonoses são doenças que circulam naturalmente entre os animais vertebrados e humanos. Artrópodos ou vetores podem ser mosquitos, flebótomos, pulgas, barbeiros e carrapatos, com várias espécies se alimentando de sangue humano e de outros animais e com potencial para a transmissão de diversos agentes infecciosos. Quase todas as zoonoses veiculadas por artrópodos hematófagos têm, além do homem e dos animais domésticos, outros hospedeiros silvestres, mantenedores das infecções (reservatórios): doença de Chagas, peste, leishmaniose tegumentar, leischmaniose visceral (calazar), febre maculosa, febre amarela, dengue, chikungunya, zika e várias outras arboviroses. As infecções em reservatórios silvestres constituem um fenômeno natural, já que podem ser mantidas em equilíbrio e em caráter usual durante alguns anos, além do que, até o presente, nenhuma dessas zoonoses, seus agentes causadores, ou mesmo seus transmissores, foi extinta da natureza.
          Nas zoonoses pode existir, entre os ambientes silvestre e urbano, o ambiente rural, onde circulam animais vertebrados e vetores, deslocando-se quer do meio silvestre para o urbano, ou vice-versa. O sentido mais comum da migração é do meio silvestre para o urbano, proporcionando, de tempos em tempos, o recrudescimento de várias doenças infecciosas e parasitárias, em que o número de animais mortos ou comprometidos pode aumentar significativamente (epizootias). Um caso típico desse fluxo é a presença de capivaras na orla da Pampulha. A sua manutenção e a de seus carrapatos infectados com riquétsias é um sério risco para a disseminação da febre maculosa.
          Ainda que tais epizootias possam ser, em algumas ocasiões, atribuídas a fenômenos naturais, tais como mudanças climáticas, alterações ambientais, avanço e retração de biomas etc. geralmente, são elas resultantes de duas diferentes causas: 1) quando o homem, invadindo o reino silvestre, adquire a infecção pela ação de vetores silvestres, tais como durante a construção de casas de pau a pique (doença de Chagas), sítios e pousadas, ou exercendo atividades de ecoturismo, caça ou pesca (arboviroses), ou mesmo para a colheita de alguns frutos e cereais (peste bubônica). Ao regressar para o meio urbano, ele pode atuar como fonte para outros contatos, em que a transmissão, agora, poderá ser garantida através de outros vetores que proliferam nesse meio: 2) por ações nefastas do homem sobre o meio ambiente, caracterizadas por desflorestamento, pastoreio, incêndios indiscriminados, abertura de rodovias, alagamento de grandes áreas para construção de hidrelétricas etc., e que promovem a fuga ou o deslocamento de animais infectados do meio silvestre para o meio rural ou urbano. Neste contexto, tendo em vista o desastre ambiental recentemente ocorrido na região de Mariana e que poluiu o Rio Doce, até que ponto tal catástrofe poderia estar relacionada com o aparecimento de casos de febre amarela silvestre? E o que dizer sobre a poluição do rio, provocando significativa mortalidade de organismos predadores das formas jovens de mosquitos?
          O diagnóstico de infecções em animais silvestres é de capital importância, porque elas representam um sinal de alerta para a vigilância sanitária, já que alguns desses animais exercem o papel de hospedeiros sentinelas, tais como os roedores silvestres para a peste bubônica ou os primatas para a febre amarela. Por outro lado, o fato de algumas espécies vetoras poderem se alimentar tanto de sangue humano como de outros animais (vetores-ponte), bem como poderem ser encontradas nos dois ambientes, isso significa um alto fator de risco. Assim, considerando a febre amarela, ainda que espécies dos gêneros Haemagogus e Sabethes sejam típicas do ambiente silvestre, e o Aedes aegypti, próprio do meio urbano, uma maior atenção deveria ser dada ao Aedes albopictus, vulgarmente conhecido como “tigre asiático”, tendo em vista a sua hematologia eclética e o seu potencial em colonizar nesses dois ambientes! Ainda mais que tal espécie é, também, vetora secundária da dengue.
          Nos últimos tempos, várias zoonoses transmitidas por artrópodos hematófagos e que são típicas de ambientes silvestres têm recrudescido. Aqui mesmo em Belo Horizonte temos, sucessivamente, convivido com calazar, denque, chikungunya, zika, febre maculosa e amarela. Cada novo surto relega, quase ao esquecimento, as ações e providências tomadas em relação à enfermidade anterior... Atualmente, diante das nossas precárias condições de higiene, da quantidade de lixo acumulado, dos cursos d’água contaminados, dos ambientes degradados e de tantos agravos à natureza que diuturnamente presenciamos, qual será a próxima moléstia a nos “mostrar a cara”? Aguardemos!...”.

Eis, portanto, mais páginas contendo importantes, incisivas e oportunas abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança de nossa história – que é de ética, de moral, de princípios, de valores –, para a imperiosa e urgente necessidade de profundas mudanças em nossas estruturas educacionais, governamentais, jurídicas, políticas, sociais, culturais, econômicas, financeiras e ambientais, de modo a promovermos a inserção do País no concerto das potências mundiais livres, civilizadas, soberanas, democráticas e sustentavelmente desenvolvidas...

Assim, urge ainda a efetiva problematização de questões deveras cruciais como:
a)    a excelência educacional – pleno desenvolvimento da pessoa, da cidadania e da qualificação profissional –, desde a educação infantil (0 a 3 anos de idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo da modernidade de matricularmos nossas crianças de 6 anos de idade na primeira série do ensino fundamental, independentemente do mês de seu nascimento –, até a pós-graduação (especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade absoluta de nossas políticas públicas, gerando o pleno desenvolvimento da pessoa, da cidadania e da qualificação profissional (enfim, 125 anos depois, a República proclama o que esperamos seja verdadeiramente o início de uma revolução educacional, mobilizando de maneira incondicional todas as forças vivas do país, para a realização da nova pátria; a pátria da educação, da ética, da justiça, da civilidade, da democracia, da participação, da sustentabilidade...);
b)    o combate implacável, sem eufemismos e sem tréguas, aos três dos nossos maiores e mais devastadores inimigos que são: I – a inflação, a exigir permanente, competente e diuturna vigilância, de forma a manter-se em patamares civilizados, ou seja, próximos de zero (segundo dados do Banco Central, a taxa de juros do cartão de crédito atingiu em fevereiro/2017 a ainda estratosférica marca de 481,46% nos últimos  doze meses, e a taxa de juros do cheque especial registrou históricos 326,96%; e já o IPCA também acumulado nos últimos doze meses, chegou a 4,76%); II – a corrupção, há séculos, na mais perversa promiscuidade  –  “dinheiro público versus interesses privados” –, como um câncer a se espalhar por todas as esferas da vida nacional, gerando incalculáveis prejuízos e comprometimentos de vária ordem (a propósito, a lúcida observação do procurador chefe da força-tarefa da Operação Lava Jato, Deltan Dallagnol: “A Lava Jato ela trata hoje de um tumor, de um caso específico de corrupção, mas o problema é que o sistema é cancerígeno...” – e que vem mostrando também o seu caráter transnacional;  eis, portanto, que todos os valores que vão sendo apresentados aos borbotões, são apenas simbólicos, pois em nossos 516 anos já se formou um verdadeiro oceano de suborno, propina, fraudes, desvios, malversação, saque, rapina e dilapidação do nosso patrimônio... Então, a corrupção mata, e, assim, é crime...); III – o desperdício, em todas as suas modalidades, também a ocasionar inestimáveis perdas e danos, indubitavelmente irreparáveis (por exemplo, segundo Lucas Massari, no artigo ‘O Desperdício na Logística Brasileira’, a “... Desconfiança das empresas e das famílias é grande. Todos os anos, cerca de R$ 1 trilhão, é desperdiçado no Brasil. Quase nada está imune à perda. Uma lista sem fim de problemas tem levado esses recursos e muito mais. De cada R$ 100 produzidos, quase R$ 25 somem em meio à ineficiência do Estado e do setor privado, a falhas de logística e de infraestrutura, ao excesso de burocracia, ao descaso, à corrupção e à falta de planejamento...”;
c)    a dívida pública brasileira - (interna e externa; federal, estadual, distrital e municipal) –, com previsão para 2017, apenas segundo o Orçamento Geral da União, de exorbitante e insuportável desembolso de cerca de R$ 1,722 trilhão, a título de juros, encargos, amortização e refinanciamentos (ao menos com esta rubrica, previsão de R$ 946,4 bilhões), a exigir alguns fundamentos da sabedoria grega:
- pagar, sim, até o último centavo;
- rigorosamente, não pagar com o pão do povo;
- realizar uma IMEDIATA, abrangente, qualificada, independente e eficaz auditoria... (ver também www.auditoriacidada.org.br)
(e ainda a propósito, no artigo Melancolia, Vinicius Torres Freire, diz: “... Não será possível conter a presente degradação econômica sem pelo menos, mínimo do mínimo, controle da ruína das contas do governo: o aumento sem limite da dívida pública...”);

Destarte, torna-se absolutamente inútil lamentarmos a falta de recursos diante de tão descomunal sangria que dilapida o nosso já combalido dinheiro público, mina a nossa capacidade de investimento e de poupança e, mais grave ainda, afeta a credibilidade de nossas instituições, negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à pátria, ao lado de abissais desigualdades sociais e regionais e de extremas e sempre crescentes necessidades de ampliação e modernização de setores como: a gestão pública; a infraestrutura (rodovias, ferrovias, hidrovias, portos, aeroportos); a educação; a saúde; o saneamento ambiental (água tratada, esgoto tratado, resíduos sólidos tratados, macrodrenagem urbana, logística reversa); meio ambiente; habitação; mobilidade urbana (trânsito, transporte, acessibilidade); minas e energia; emprego, trabalho e renda; agregação de valor às commodities; sistema financeiro nacional; assistência social; previdência social; segurança alimentar e nutricional; segurança pública; forças armadas; polícia federal; defesa civil; logística; pesquisa e desenvolvimento; ciência, tecnologia e inovação; cultura, esporte e lazer; turismo; comunicações; qualidade (planejamento – estratégico, tático e operacional –, transparência, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade – “fazer mais e melhor, com menos” –, criatividade, produtividade, competitividade); entre outros...

São, e bem o sabemos, gigantescos desafios mas que, de maneira alguma, abatem o nosso ânimo e nem arrefecem o nosso entusiasmo e otimismo nesta grande cruzada nacional pela excelência educacional, visando à construção de uma Nação verdadeiramente participativa, justa, ética, educada, civilizada, qualificada, livre, soberana, democrática e desenvolvida, que possa partilhar suas extraordinárias e generosas riquezas, oportunidades e potencialidades com todas as brasileiras e com todos os brasileiros. Ainda mais especialmente no horizonte de investimentos bilionários previstos em inadiáveis e fundamentais empreendimentos de infraestrutura, além de projetos do Pré-Sal e de novas fontes energéticas, à luz das exigências do século 21, da era da globalização, da internacionalização das organizações, da informação, do conhecimento, da inovação, das novas tecnologias, da sustentabilidade e de um possível e novo mundo do direito, da justiça, da verdade, do diálogo, da liberdade, da paz, da solidariedade, da igualdade – e com equidade –, e da fraternidade universal...

Este é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a nossa fé, a nossa esperança... e perseverança!

“VI, OUVI E VIVI: O BRASIL TEM JEITO!”

- 55 anos de testemunho de um servidor público (1961 – 2016) ...

- Estamos nos descobrindo através da Excelência Educacional ...
- ANTICORRUPÇÃO: Prevenir e vencer, usando nossas defesas democráticas...
- Por uma Nova Política Brasileira...  
         
 
 
   
           


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