(Abril = mês 6; faltam 164 meses para a Primavera Brasileira)
“O cuidado centrado na pessoa
“O cuidado centrado na pessoa
O processo de decisão
do tratamento, durante muitos anos, foi centrado exclusivamente na decisão do
médico. Reconhecido, por seu notório saber, competia a ele prescrever o melhor
tratamento e, ao paciente, seguir sua orientação sem contestação.
A
importância da participação ativa do paciente nos processos de discussão e
decisão quanto ao seu tratamento só muito recentemente foi reconhecida como
parte essencial dos cuidados médicos. O conceito atual, que tem norteado a
prática médica, se baseia na filosofia conhecida como medicina baseada em
evidência. Ela se apoia em três princípios: o médico deve basear suas decisões
em orientações que apresentem a melhor evidência externa disponível, ou seja,
estudos bem elaborados e publicados em revistas médicas de reconhecida
excelência; deve usar sua experiência acumulada e seu senso crítico em
benefício do paciente; e, finalmente, ouvi-lo respeitosamente. Nenhum ato
médico pode ser realizado sem que a pessoa seja adequadamente informada de
efeitos colaterais e benefícios. O tratamento deve ser realizado, portanto,
apenas se houver expresso consentimento do paciente. Mais recentemente, a
Health Foundation, entidade filantrópica independente do Reino Unido,
recomendou que se ampliassem os limites do modelo tradicional biomédico,
centrado na doença, para a prática do tratamento centrado na pessoa. Sugere que
se avalie de forma mais global o significado da doença para o paciente,
considerando três direitos fundamentais: dignidade, respeito e compaixão; e
buscando os valores que são importantes para a pessoa que receberá o
tratamento.
Todos
nós somos diferentes e reconhecemos o adoecer de maneira muito particular.
Temos temores, fundados ou fantasiosos, e somos capazes de enfrentar a
realidade de forma muito própria. O tratamento deve ser adaptado às
necessidades e aspirações de cada indivíduo e, não obrigatoriamente, ser
realizado de forma padronizada.
Muitos
fatores podem influenciar no desejo do paciente opinar e se envolver nos
processos de decisão do tratamento, como os sociais, culturais, o tipo de
doença, estado físico, crenças e preferências individuais. Alguns pacientes,
voluntariamente, transferem seu direito de opinar a seus familiares ou ao
médico, sendo indispensável respeitar suas limitações. Em outros casos, os
pacientes querem desenvolver um papel ativo na escolha do tratamento e os
profissionais de saúde devem apoiá-los em suas decisões. Existem pesquisas que
demonstram que em casos de participação ativa, os pacientes são mais aderentes
ao tratamento e mais satisfeitos com os cuidados; também os profissionais de
saúde se sentem mais gratificados com o aumento do senso de integração e
melhora no relacionamento com os pacientes.
No
contexto atual, muito se discute sobre a necessidade de humanização dos
cuidados, e, seguramente, um passo nessa direção é a adoção das medidas
sugeridas pela medicina centrada no paciente.”.
(MIGUEL
TORRES TEIXEIRA LEITE. Radio-oncologista da Radiocare, em artigo publicado
no jornal ESTADO DE MINAS, edição de
2 de abril de 2017, caderno OPINIÃO,
página 7).
Mais uma importante e oportuna contribuição para o
nosso trabalho de Mobilização para a
Excelência Educacional vem de artigo publicado no mesmo veículo, edição de
22 de março de 2017, mesmo caderno, página 15, de autoria de PEDRO MARCOS LINARDI, biólogo,
entomologista, professor emérito da UFMG, autor de Fábulas parasitológicas, e que merece igualmente integral
transcrição:
“Recrudescimento
de zoonoses
Zoonoses são doenças
que circulam naturalmente entre os animais vertebrados e humanos. Artrópodos ou
vetores podem ser mosquitos, flebótomos, pulgas, barbeiros e carrapatos, com
várias espécies se alimentando de sangue humano e de outros animais e com
potencial para a transmissão de diversos agentes infecciosos. Quase todas as
zoonoses veiculadas por artrópodos hematófagos têm, além do homem e dos animais
domésticos, outros hospedeiros silvestres, mantenedores das infecções
(reservatórios): doença de Chagas, peste, leishmaniose tegumentar,
leischmaniose visceral (calazar), febre maculosa, febre amarela, dengue,
chikungunya, zika e várias outras arboviroses. As infecções em reservatórios
silvestres constituem um fenômeno natural, já que podem ser mantidas em
equilíbrio e em caráter usual durante alguns anos, além do que, até o presente,
nenhuma dessas zoonoses, seus agentes causadores, ou mesmo seus transmissores,
foi extinta da natureza.
Nas
zoonoses pode existir, entre os ambientes silvestre e urbano, o ambiente rural,
onde circulam animais vertebrados e vetores, deslocando-se quer do meio
silvestre para o urbano, ou vice-versa. O sentido mais comum da migração é do
meio silvestre para o urbano, proporcionando, de tempos em tempos, o
recrudescimento de várias doenças infecciosas e parasitárias, em que o número
de animais mortos ou comprometidos pode aumentar significativamente
(epizootias). Um caso típico desse fluxo é a presença de capivaras na orla da
Pampulha. A sua manutenção e a de seus carrapatos infectados com riquétsias é
um sério risco para a disseminação da febre maculosa.
Ainda
que tais epizootias possam ser, em algumas ocasiões, atribuídas a fenômenos
naturais, tais como mudanças climáticas, alterações ambientais, avanço e
retração de biomas etc. geralmente, são elas resultantes de duas diferentes
causas: 1) quando o homem, invadindo o reino silvestre, adquire a infecção pela
ação de vetores silvestres, tais como durante a construção de casas de pau a
pique (doença de Chagas), sítios e pousadas, ou exercendo atividades de
ecoturismo, caça ou pesca (arboviroses), ou mesmo para a colheita de alguns
frutos e cereais (peste bubônica). Ao regressar para o meio urbano, ele pode
atuar como fonte para outros contatos, em que a transmissão, agora, poderá ser
garantida através de outros vetores que proliferam nesse meio: 2) por ações
nefastas do homem sobre o meio ambiente, caracterizadas por desflorestamento,
pastoreio, incêndios indiscriminados, abertura de rodovias, alagamento de
grandes áreas para construção de hidrelétricas etc., e que promovem a fuga ou o
deslocamento de animais infectados do meio silvestre para o meio rural ou
urbano. Neste contexto, tendo em vista o desastre ambiental recentemente
ocorrido na região de Mariana e que poluiu o Rio Doce, até que ponto tal
catástrofe poderia estar relacionada com o aparecimento de casos de febre
amarela silvestre? E o que dizer sobre a poluição do rio, provocando
significativa mortalidade de organismos predadores das formas jovens de
mosquitos?
O
diagnóstico de infecções em animais silvestres é de capital importância, porque
elas representam um sinal de alerta para a vigilância sanitária, já que alguns
desses animais exercem o papel de hospedeiros sentinelas, tais como os roedores
silvestres para a peste bubônica ou os primatas para a febre amarela. Por outro
lado, o fato de algumas espécies vetoras poderem se alimentar tanto de sangue
humano como de outros animais (vetores-ponte), bem como poderem ser encontradas
nos dois ambientes, isso significa um alto fator de risco. Assim, considerando
a febre amarela, ainda que espécies dos gêneros Haemagogus e Sabethes sejam típicas do ambiente silvestre, e o Aedes aegypti, próprio do meio urbano,
uma maior atenção deveria ser dada ao Aedes
albopictus, vulgarmente conhecido como “tigre asiático”, tendo em vista a
sua hematologia eclética e o seu potencial em colonizar nesses dois ambientes!
Ainda mais que tal espécie é, também, vetora secundária da dengue.
Nos
últimos tempos, várias zoonoses transmitidas por artrópodos hematófagos e que
são típicas de ambientes silvestres têm recrudescido. Aqui mesmo em Belo
Horizonte temos, sucessivamente, convivido com calazar, denque, chikungunya,
zika, febre maculosa e amarela. Cada novo surto relega, quase ao esquecimento,
as ações e providências tomadas em relação à enfermidade anterior... Atualmente,
diante das nossas precárias condições de higiene, da quantidade de lixo
acumulado, dos cursos d’água contaminados, dos ambientes degradados e de tantos
agravos à natureza que diuturnamente presenciamos, qual será a próxima moléstia
a nos “mostrar a cara”? Aguardemos!...”.
Eis, portanto, mais páginas contendo importantes, incisivas e
oportunas abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança
de nossa história – que é de ética, de
moral, de princípios, de valores –, para
a imperiosa e urgente necessidade de profundas
mudanças em nossas estruturas educacionais,
governamentais, jurídicas, políticas, sociais, culturais, econômicas,
financeiras e ambientais, de modo a promovermos a inserção do País no
concerto das potências mundiais livres, civilizadas, soberanas, democráticas e
sustentavelmente desenvolvidas...
Assim, urge ainda a efetiva problematização de questões deveras
cruciais como:
a) a excelência educacional – pleno
desenvolvimento da pessoa, da cidadania e da qualificação profissional –, desde
a educação infantil (0 a 3 anos de
idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo
da modernidade de matricularmos nossas crianças de 6 anos de idade na primeira
série do ensino fundamental, independentemente
do mês de seu nascimento –, até a pós-graduação
(especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade absoluta de nossas políticas
públicas, gerando o pleno
desenvolvimento da pessoa, da cidadania e da qualificação profissional
(enfim, 125 anos depois, a República proclama o que esperamos seja
verdadeiramente o início de uma revolução educacional, mobilizando de maneira
incondicional todas as forças vivas do país, para a realização da nova pátria;
a pátria da educação, da ética, da justiça, da civilidade, da democracia, da
participação, da sustentabilidade...);
b) o combate implacável, sem eufemismos e
sem tréguas, aos três dos nossos maiores e mais devastadores inimigos que são:
I – a inflação, a exigir permanente,
competente e diuturna vigilância, de forma a manter-se em patamares
civilizados, ou seja, próximos de zero (segundo dados do Banco Central, a taxa
de juros do cartão de crédito atingiu em fevereiro/2017 a ainda estratosférica
marca de 481,46% nos últimos doze meses,
e a taxa de juros do cheque especial registrou históricos 326,96%; e já o IPCA
também acumulado nos últimos doze meses, chegou a 4,76%); II – a corrupção, há séculos, na mais perversa
promiscuidade – “dinheiro público versus interesses privados”
–, como um câncer a se espalhar por todas as esferas da vida nacional, gerando
incalculáveis prejuízos e comprometimentos de vária ordem (a propósito, a
lúcida observação do procurador chefe da força-tarefa da Operação Lava Jato,
Deltan Dallagnol: “A Lava Jato ela trata hoje de um tumor, de um caso
específico de corrupção, mas o problema é que o sistema é cancerígeno...” – e
que vem mostrando também o seu caráter transnacional; eis, portanto, que todos os valores que vão
sendo apresentados aos borbotões, são apenas simbólicos, pois em nossos 516
anos já se formou um verdadeiro oceano de suborno, propina, fraudes, desvios,
malversação, saque, rapina e dilapidação do nosso patrimônio... Então, a
corrupção mata, e, assim, é crime...); III – o desperdício, em todas as suas modalidades, também a ocasionar
inestimáveis perdas e danos, indubitavelmente irreparáveis (por exemplo,
segundo Lucas Massari, no artigo ‘O Desperdício na Logística Brasileira’, a
“... Desconfiança das empresas e das famílias é
grande. Todos os anos, cerca de R$ 1 trilhão, é desperdiçado no Brasil. Quase
nada está imune à perda. Uma lista sem fim de problemas tem levado esses
recursos e muito mais. De cada R$ 100 produzidos, quase R$ 25 somem em meio à
ineficiência do Estado e do setor privado, a falhas de logística e de
infraestrutura, ao excesso de burocracia, ao descaso, à corrupção e à falta de
planejamento...”;
c) a dívida pública brasileira - (interna e
externa; federal, estadual, distrital e municipal) –, com previsão para
2017, apenas segundo o Orçamento Geral da União, de exorbitante e insuportável
desembolso de cerca de R$ 1,722 trilhão,
a título de juros, encargos, amortização e refinanciamentos (ao menos com
esta rubrica, previsão de R$ 946,4
bilhões), a exigir alguns fundamentos da sabedoria grega:
- pagar,
sim, até o último centavo;
-
rigorosamente, não pagar com o pão do povo;
-
realizar uma IMEDIATA, abrangente,
qualificada, independente e eficaz auditoria...
(ver também www.auditoriacidada.org.br)
(e ainda
a propósito, no artigo Melancolia,
Vinicius Torres Freire, diz: “... Não será possível conter a presente
degradação econômica sem pelo menos, mínimo do mínimo, controle da ruína das
contas do governo: o aumento sem limite da dívida pública...”);
Destarte,
torna-se absolutamente inútil lamentarmos
a falta de recursos diante de tão
descomunal sangria que dilapida o nosso já combalido dinheiro público, mina a
nossa capacidade de investimento e de poupança e, mais grave ainda, afeta a
credibilidade de nossas instituições, negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à pátria, ao lado de abissais desigualdades sociais e
regionais e de extremas e sempre crescentes necessidades de ampliação e modernização de setores
como: a gestão pública; a infraestrutura (rodovias, ferrovias,
hidrovias, portos, aeroportos); a educação;
a saúde; o saneamento ambiental (água tratada, esgoto tratado, resíduos
sólidos tratados, macrodrenagem urbana, logística reversa); meio ambiente; habitação; mobilidade urbana
(trânsito, transporte, acessibilidade); minas e energia; emprego, trabalho e renda; agregação de valor às
commodities; sistema financeiro nacional; assistência social; previdência
social; segurança alimentar e nutricional; segurança pública; forças armadas;
polícia federal; defesa civil; logística; pesquisa e desenvolvimento; ciência,
tecnologia e inovação; cultura, esporte e lazer; turismo; comunicações;
qualidade (planejamento – estratégico, tático e operacional –,
transparência, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade – “fazer mais e
melhor, com menos” –, criatividade, produtividade, competitividade); entre
outros...
São, e bem o sabemos, gigantescos desafios mas que, de maneira
alguma, abatem o nosso ânimo e nem
arrefecem o nosso entusiasmo e otimismo nesta
grande cruzada nacional pela excelência
educacional, visando à construção de uma Nação verdadeiramente participativa, justa, ética, educada,
civilizada, qualificada, livre, soberana, democrática e desenvolvida, que
possa partilhar suas extraordinárias e generosas riquezas, oportunidades e
potencialidades com todas as
brasileiras e com todos os
brasileiros. Ainda mais especialmente no horizonte de investimentos bilionários
previstos em inadiáveis e fundamentais empreendimentos de infraestrutura, além
de projetos do Pré-Sal e de novas fontes energéticas, à luz das exigências do
século 21, da era da globalização, da internacionalização das organizações, da
informação, do conhecimento, da inovação, das novas tecnologias, da
sustentabilidade e de um possível e novo mundo do direito, da justiça, da verdade, do diálogo, da liberdade, da
paz, da solidariedade, da igualdade
– e com equidade –, e da fraternidade
universal...
Este é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a nossa fé, a
nossa esperança... e perseverança!
“VI,
OUVI E VIVI: O BRASIL TEM JEITO!”
- 55 anos
de testemunho de um servidor público (1961 – 2016) ...
-
Estamos nos descobrindo através da Excelência Educacional ...
-
ANTICORRUPÇÃO: Prevenir e vencer, usando nossas defesas democráticas...
- Por
uma Nova Política Brasileira...
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