quarta-feira, 5 de abril de 2017

A EXCELÊNCIA EDUCACIONAL, A QUALIFICAÇÃO DA CIDADANIA E OS FUNDAMENTOS DA ÉTICA E DA SOBERANIA NA SUSTENTABILIDADE

“A obra da cidadania
       Os seres humanos evoluíram e fez parte dessa evolução passar a construir suas moradias. No início, taipa, depois adobe, tijolos cozidos e, contemporaneamente, as estruturas de concreto armado. Esta experiência humanitária incutiu no consciente e inconsciente de todos a compreensão de que uma casa somente é construída com bons fundamentos, ou alicerces, como se diz comumente.
          Para que a base seja bem construída é necessário cavar e preencher a abertura com concreto, normalmente elaborado com cimento, pedra, areia e água. Isso vai proporcionar na parte superior da construção uma vida regular e comum.
          A Constituição, ao falar dos fundamentos da vida dos brasileiros, num Estado democrático de direito, proclama cinco deles: soberania, cidadania, dignidade da pessoa humana, valores sociais do trabalho e da livre iniciativa, e pluralismo político.
          Assim como a construção de uma moradia levará aos seus moradores problemas se os fundamentos não forem bem edificados, a sociedade brasileira sofre em razão da inobservância dos fundamentos da República.
          No plano internacional, o Brasil tem se mostrado um país fraco. Para realização da Copa do Mundo, sofreu forte influência de uma instituição privada de caráter mundial, cujo representante ofendeu o povo brasileiro sem maiores consequências.
          O aspecto da cidadania também não é dos mais motivadores. O déficit de moradias, saúde, saneamento básico e educação no país, legiões de moradores de rua, e o extermínio de jovens negros são fatores que mostram estar o exercício de direitos deficitário.
          A dignidade da pessoa humana é uma expressão que traz uma carga de subjetividade grande. Cada pessoa pode ter uma percepção diferente, o que faz o tema polêmico, permitindo, porém, a emissão livre de opiniões. Mas a expressão lançada nos fundamentos da República obriga a pensar um mínimo conceitual para a dignidade de todos que palmilham o território brasileiro. Ter o que comer, acesso à agua, ter abrigo, trabalho, reconhecimento humano pelo Estado e o que se traduz no porte de documentos pessoais. Que é base para o exercício da cidadania.
          Os fundamentos dos valores sociais do trabalho e da livre iniciativa reclamam reconhecimento no país tanto do proletariado, com direitos sociais reconhecidos e efetivados, como do empresariado, com estímulo a empreender. Devendo a correlação de forças entre patrões e empregados ser mediada pelo Estado para evitar abuso do poder econômico.
          O pluralismo político permite que cada pessoa ou grupo pense livremente os modos como o Estado deve se organizar e para onde deve direcionar o exercício da força coercitiva. Ênfase no social ou ênfase no financeiro. O equilíbrio dessas forças e pensamentos é que fará o país se mover.
          Há muito para caminhar nos fundamentos do país. Da forma como está hoje não cumpre a Carta Magna. A Constituição declara como deve ser e cabe à sociedade caminhar para realizar este dever ser.”.

(WAGNER DIAS FERREIRA. Advogado e membro da Comissão de Direitos Humanos da OAB/MG, em artigo publicado no jornal ESTADO DE MINAS, edição de 4 de abril de 2017, caderno OPINIÃO, página 7).

Mais uma importante e oportuna contribuição para o nosso trabalho de Mobilização para a Excelência Educacional vem de artigo publicado no mesmo veículo, edição de 17 de fevereiro de 2017, mesmo caderno e página, de autoria de DOM WALMOR OLIVEIRA DE AZEVEDO, arcebispo metropolitano de Belo Horizonte, e que merece igualmente integral transcrição:

“Ética civil e soberania
       A sociedade convive com a lamentável perda da soberania da ética que, gradativamente, deixa de presidir a conduta cidadã e os funcionamentos institucionais diversos. E quando se desconsidera a soberania da ética, perde-se a credibilidade e a possiblidade de corrigir rumos. As consequências são as derrocadas que vão corroendo o tecido social e político. Não se confia mais no que deveria ser inquestionável: a palavra das pessoas, inclusive de líderes. Tornam-se escassos os que são merecedores de reconhecimento. E cada vez mais raras são as práticas alicerçadas em princípios que convençam os indivíduos, no mais recôndito de suas consciências, a agir conforme os valores que refletem o respeito incondicional à soberania da ética.
          Hoje, infelizmente, vale tudo, conforme conveniências e interesses. Perde-se o rumo, pois quando se abandona a soberania da ética, a sociedade tende a descompassar-se violentamente. São produzidos cenários abomináveis que danificam a identidade social e política de uma nação. Tudo em consequência do desrespeito de governos e de segmentos variados, que pautam seus funcionamentos nos interesses cartoriais e partidários. Por isso mesmo, o noticiário está repleto de referências aos esquemas de corrupção, às muitas formas de violência, às abomináveis ações que revelam a perda do sentido de respeito e de sacralidade da dignidade humana.
          Considerações subjetivas, com a força arbitrária de relativização negativa, impactam no sistema de valores que deveriam ser capitaneados pela ética. Isso provoca uma deterioração do núcleo da consciência e escancara as portas para atos ilícitos. Assim, constata-se a falta de ética nas escolhas, nas decisões e nas atitudes. Uma situação ainda mais preocupante quando se considera que a formação da consciência cidadã requer longo percurso, com práticas cotidianas e a exemplaridade de testemunhos. Já a deterioração dessa consciência ocorre “da noite para o dia”, desencadeada pela hegemonia que se confere aos interesses relacionados à patológica ganância por dinheiro, às condutas que revelam mesquinhez e indiferença com o que é digno. Por isso, urgente é promover a recuperação da ética civil, com investimentos na dimensão moral da sociedade.
          Sem esses investimentos, as reformas da sociedade ficam enfraquecidas. A racionalidade que poderia produzir avanços e garantir conquistas torna-se ineficaz pela ausência da ética civil. Há, pois, urgência em priorizar a moralidade na sociedade contemporânea. O pluralismo não pode jamais dispensar o compromisso e a responsabilidade de todos, particularmente de dirigentes, líderes e formadores de opinião, em colaborar com um projeto legítimo e unificador: o resgate do gosto de ser honesto. Envergonhar-se das dinâmicas prejudiciais ao bem comum, com atentados à dignidade humana. Se esse projeto unificador não for assumido, os segmentos sociais e políticos continuarão a gastar suas maiores e mais importantes forças na tentativa de recuperar os prejuízos da corrupção.
          Toda a sociedade está desafiada a redesenhar ou retomar o horizonte ético e moral, que deve orientar desde as práticas mais simples do cotidiano até o respeito incondicional a leis e normas. Trata-se de caminho para garantir a justiça e a paz. Nesse sentido, é importante pautar a ética civil como prioridade e razão dos investimentos. É hora de assumir os valores próprios de uma ética civil soberana.”.

Eis, portanto, mais páginas contendo importantes, incisivas e oportunas abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança de nossa história – que é de ética, de moral, de princípios, de valores –, para a imperiosa e urgente necessidade de profundas mudanças em nossas estruturas educacionais, governamentais, jurídicas, políticas, sociais, culturais, econômicas, financeiras e ambientais, de modo a promovermos a inserção do País no concerto das potências mundiais livres, civilizadas, soberanas, democráticas e sustentavelmente desenvolvidas...

Assim, urge ainda a efetiva problematização de questões deveras cruciais como:
a)    a excelência educacional – pleno desenvolvimento da pessoa, da cidadania e da qualificação profissional –, desde a educação infantil (0 a 3 anos de idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo da modernidade de matricularmos nossas crianças de 6 anos de idade na primeira série do ensino fundamental, independentemente do mês de seu nascimento –, até a pós-graduação (especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade absoluta de nossas políticas públicas, gerando o pleno desenvolvimento da pessoa, da cidadania e da qualificação profissional (enfim, 125 anos depois, a República proclama o que esperamos seja verdadeiramente o início de uma revolução educacional, mobilizando de maneira incondicional todas as forças vivas do país, para a realização da nova pátria; a pátria da educação, da ética, da justiça, da civilidade, da democracia, da participação, da sustentabilidade...);
b)    o combate implacável, sem eufemismos e sem tréguas, aos três dos nossos maiores e mais devastadores inimigos que são: I – a inflação, a exigir permanente, competente e diuturna vigilância, de forma a manter-se em patamares civilizados, ou seja, próximos de zero (segundo dados do Banco Central, a taxa de juros do cartão de crédito atingiu em fevereiro/2017 a ainda estratosférica marca de 481,46% nos últimos  doze meses, e a taxa de juros do cheque especial registrou históricos 326,96%; e já o IPCA também acumulado nos últimos doze meses, chegou a 4,76%); II – a corrupção, há séculos, na mais perversa promiscuidade  –  “dinheiro público versus interesses privados” –, como um câncer a se espalhar por todas as esferas da vida nacional, gerando incalculáveis prejuízos e comprometimentos de vária ordem (a propósito, a lúcida observação do procurador chefe da força-tarefa da Operação Lava Jato, Deltan Dallagnol: “A Lava Jato ela trata hoje de um tumor, de um caso específico de corrupção, mas o problema é que o sistema é cancerígeno...” – e que vem mostrando também o seu caráter transnacional;  eis, portanto, que todos os valores que vão sendo apresentados aos borbotões, são apenas simbólicos, pois em nossos 516 anos já se formou um verdadeiro oceano de suborno, propina, fraudes, desvios, malversação, saque, rapina e dilapidação do nosso patrimônio... Então, a corrupção mata, e, assim, é crime...); III – o desperdício, em todas as suas modalidades, também a ocasionar inestimáveis perdas e danos, indubitavelmente irreparáveis (por exemplo, segundo Lucas Massari, no artigo ‘O Desperdício na Logística Brasileira’, a “... Desconfiança das empresas e das famílias é grande. Todos os anos, cerca de R$ 1 trilhão, é desperdiçado no Brasil. Quase nada está imune à perda. Uma lista sem fim de problemas tem levado esses recursos e muito mais. De cada R$ 100 produzidos, quase R$ 25 somem em meio à ineficiência do Estado e do setor privado, a falhas de logística e de infraestrutura, ao excesso de burocracia, ao descaso, à corrupção e à falta de planejamento...”;
c)    a dívida pública brasileira - (interna e externa; federal, estadual, distrital e municipal) –, com previsão para 2017, apenas segundo o Orçamento Geral da União, de exorbitante e insuportável desembolso de cerca de R$ 1,722 trilhão, a título de juros, encargos, amortização e refinanciamentos (ao menos com esta rubrica, previsão de R$ 946,4 bilhões), a exigir alguns fundamentos da sabedoria grega:
- pagar, sim, até o último centavo;
- rigorosamente, não pagar com o pão do povo;
- realizar uma IMEDIATA, abrangente, qualificada, independente e eficaz auditoria... (ver também www.auditoriacidada.org.br)
(e ainda a propósito, no artigo Melancolia, Vinicius Torres Freire, diz: “... Não será possível conter a presente degradação econômica sem pelo menos, mínimo do mínimo, controle da ruína das contas do governo: o aumento sem limite da dívida pública...”);

Isto posto, torna-se absolutamente inútil lamentarmos a falta de recursos diante de tão descomunal sangria que dilapida o nosso já combalido dinheiro público, mina a nossa capacidade de investimento e de poupança e, mais grave ainda, afeta a credibilidade de nossas instituições, negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à pátria, ao lado de abissais desigualdades sociais e regionais e de extremas e sempre crescentes necessidades de ampliação e modernização de setores como: a gestão pública; a infraestrutura (rodovias, ferrovias, hidrovias, portos, aeroportos); a educação; a saúde; o saneamento ambiental (água tratada, esgoto tratado, resíduos sólidos tratados, macrodrenagem urbana, logística reversa); meio ambiente; habitação; mobilidade urbana (trânsito, transporte, acessibilidade); minas e energia; emprego, trabalho e renda; agregação de valor às commodities; sistema financeiro nacional; assistência social; previdência social; segurança alimentar e nutricional; segurança pública; forças armadas; polícia federal; defesa civil; logística; pesquisa e desenvolvimento; ciência, tecnologia e inovação; cultura, esporte e lazer; turismo; comunicações; qualidade (planejamento – estratégico, tático e operacional –, transparência, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade – “fazer mais e melhor, com menos” –, criatividade, produtividade, competitividade); entre outros...

São, e bem o sabemos, gigantescos desafios mas que, de maneira alguma, abatem o nosso ânimo e nem arrefecem o nosso entusiasmo e otimismo nesta grande cruzada nacional pela excelência educacional, visando à construção de uma Nação verdadeiramente participativa, justa, ética, educada, civilizada, qualificada, livre, soberana, democrática e desenvolvida, que possa partilhar suas extraordinárias e generosas riquezas, oportunidades e potencialidades com todas as brasileiras e com todos os brasileiros. Ainda mais especialmente no horizonte de investimentos bilionários previstos em inadiáveis e fundamentais empreendimentos de infraestrutura, além de projetos do Pré-Sal e de novas fontes energéticas, à luz das exigências do século 21, da era da globalização, da internacionalização das organizações, da informação, do conhecimento, da inovação, das novas tecnologias, da sustentabilidade e de um possível e novo mundo do direito, da justiça, da verdade, do diálogo, da liberdade, da paz, da solidariedade, da igualdade – e com equidade –, e da fraternidade universal...

Este é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a nossa fé, a nossa esperança... e perseverança!

“VI, OUVI E VIVI: O BRASIL TEM JEITO!”

- 55 anos de testemunho de um servidor público (1961 – 2016) ...

- Estamos nos descobrindo através da Excelência Educacional ...
- ANTICORRUPÇÃO: Prevenir e vencer, usando nossas defesas democráticas...
- Por uma Nova Política Brasileira...  
         
 
 
   
           


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