segunda-feira, 17 de abril de 2017

A EXCELÊNCIA EDUCACIONAL, O PODER DA ÉTICA NO COTIDIANO E A LUZ DA HUMANIDADE NA SUSTENTABILIDADE

“A ética do cotidiano e a crise
        A palavra ética é utilizada, com muita frequência, em vários espaços de discussão. Pelo seu uso corriqueiro entre nós, passou a adquirir significados diferentes e, algumas vezes, divergentes. Perdeu, com isso, em muitos contextos, a sua força questionadora e a sua capacidade de reflexão sobre os comportamentos e atitudes humanas.
         Ao contrário do que possa parecer e soar, quando falamos em ética não estamos nos referindo a uma prática estática, acomodada. Ética, muito menos, é sinônimo de moralismo e conservadorismo. Pelo contrário, é movimento. É inquietação sadia que busca a vida boa, a arte de viver, conforme afirma o filósofo Fernando Savater. A prática da ética é libertadora e geradora de vida e, por isso, se debruça na defesa da dignidade das pessoas, da justiça social e da proteção do planeta.
         Aprendemos em nossa tradição judaico-cristã que “quem é fiel nas pequenas coisas também o será nas grandes”. Esta mensagem, rica em sabedoria, nos aproxima do que pretendemos discutir quando falamos em ética do cotidiano, que é uma perspectiva que nos remete a valores como responsabilidade, coerência, honestidade, respeito, reconhecimento, entre outros, que devem iluminar e nortear a nossa prática no dia a dia.
         Ao pensarmos no agir ético, estamos nos preparando – e a nossos filhos e netos – para lidar de forma responsável e humana com questões que nos acontecem. É nesse instante que o texto bíblico se faz presente e com ele fazemos uma analogia, dizendo que se formos éticos nas pequenas coisas, também o seremos nas grandes.
         A crise que assola o nosso país convida a um resgate dos valores morais e, mais do que isso, a um questionamento ético sobre o nosso agir. Sabemos que não foi um estalar de dedos que desencadeou a situação atual. Ela é fruto de comportamentos aprendidos e práticas desenvolvidas anos a fio. Lamentavelmente. Observando o pipocar dos escândalos em diversos locais – alguns inesperados –, perguntamo-nos se teremos um país onde não se ouça mais falar de propinas e corrupções. Mesmo admitindo que tais desvios de comportamento não desaparecerão por completo, acreditamos que movimento desencadeado pelas mobilizações populares e pelas apurações do Judiciário terá um efeito benéfico na construção de novas práticas.
         A reflexão sobre a crise nos remete à busca de alternativas. A nosso ver, a ética do e no cotidiano da vida nos parece ser o melhor caminho para superar os fatores envolvidos na causalidade da situação atual pela qual nosso país está passando e a prevenção necessária e eficaz dos escândalos que comprometem a nossa tranquilidade e segurança.
         A crise brasileira atual tende a nos desestabilizar e a nos tornar descrentes com o presente e com o futuro. A ética do cotidiano nos anima. Mostra-nos a beleza de seguir em frente, com a cabeça erguida. Não nos isenta dos conflitos, dos dilemas, dos insucessos, mas nos amadurece, nos torna mais humanos e acolhedores e, por isso, torna-nos pessoas mais felizes. Traz-nos, como desafio, o exercício diário e persistente de nos inquietarmos com aquilo que nos parece desumano e ultrapassado. Dá-nos uma boa sacudida. E fortalece em nós o desejo de acolher o que gera mais vida, o que supera e previne as crises e nos faz pessoas mais autênticas e livres.
          A ética do cotidiano desafia-nos a descobrir o conteúdo ético presente nos encontros mais simples da vida familiar, do trabalho, da escola, dos negócios, das relações sociais e políticas. Tira-nos da mesmice. Coloca-nos em marcha e dá um colorido especial aos nossos dias.”.

(ARISTIDES JOSÉ VIEIRA CARVALHO. Médico, mestre em medicina, especialista em medicina de família e comunidade, especialista em clínica médica, em artigo publicado no jornal ESTADO DE MINAS, edição de 14 de abril de 2017, caderno OPINIÃO, página 7).

Mais uma importante e oportuna contribuição para o nosso trabalho de Mobilização para a Excelência Educacional vem de artigo publicado no mesmo veículo, edição, caderno e página, de autoria de DOM WALMOR OLIVEIRA DE AZEVEDO, arcebispo metropolitano de Belo Horizonte, e que merece igualmente integral transcrição:

“Deus amou tanto o mundo
        O silêncio desta Sexta-Feira da Paixão não é apenas uma inquietação para uma sociedade que não costuma silenciar. Trata-se de possiblidade única para fixar o olhar em um momento fundamental, capaz de corrigir dinâmicas equivocadas da sociedade, de cultivar no coração humano a sensatez e a sensibilidade necessárias para condutas solidárias. No centro desse momento principal está Cristo crucificado: a escolha de Deus para revelar ao mundo o seu supremo amor, ensinando a cada pessoa que o caminho é amar o próximo. Deus deu o seu Filho único por amor à humanidade, para a salvação do mundo.
         O amor é, pois, o único parâmetro de toda medida, de toda meta, de todo o sentido a ser dado à vida, de toda a razão para se viver. Ultrapassa o limite de normas e leis. Oportuno é lembrar que Jesus desafia a compreensão reduzida à norma de um mestre da lei. Instigando-o a compreender que o horizonte maior e verdadeiro é o amor. E a paixão, morte e ressurreição de Cristo, acontecimento insubstituível e inigualável, a sua condição de Filho de Deus – Deus e homem –, o tornam fonte inesgotável do amor.
         O horizonte religioso e confessional ensina que Cristo crucificado, morto e ressuscitado é a referência para que o ser humano defina seus caminhos. Perder esse fundamento central oferecido no silêncio da Sexta-Feira Santa é um risco perigoso, pois esse momento é a possiblidade de reencontrar rumos perdidos e de superar dinâmicas que provocam descompassos no coração da humanidade. É justamente o distanciamento da reverência a Cristo crucificado, a indiferença em relação à paixão e morte de Jesus, que explicam as dificuldades da sociedade para articular-se em novos padrões civilizatório, à altura de outros avanços e conquistas.
         Diferentemente de reconhecer o ensinamento de Jesus, que entrega sua vida para salvar a humanidade, o mundo insiste nas escolhas mesquinhas, nas interpretações das leis que estão muito aquém do alcance do amor. Com entendimentos estreitos, não são conseguidas as respostas urgentes esperadas. A quebra do silêncio meditativo na Sexta-Feira Santa, que qualifica o coração a partir do misericordioso gesto de Jesus Cristo, Deus e Homem, comprova o preço alto que se paga numa sociedade em que outras pessoas – e não Jesus – são compreendidas como parâmetro para juízos.
         A pretensão humana de ser em si o parâmetro ético de decisões e escolhas, com subjetivismos destruidores, é um equívoco. Há uma referência maior que pode oferecer fundamentos adequados para normatizações e escolhas acertadas. Essa referência é o amor, que tem como fonte Cristo crucificado. Na oferta que faz de si, Jesus manifesta a sua autoridade, alicerce que sustenta a vida humana no amor de Deus. Reconhecer que Deus amou tanto o mundo a ponto de oferecer o seu Filho único para a salvação da humanidade é necessidade urgente para evitar situações que são terríveis: os envolvidos em corrupção, os terroristas que atentam contra a vida, os juízes e os representantes do povo que também o a ameaçam quando consideram legalizar o aborto, cidadãos que não se comprometem com as práticas que objetivam a ética, o bem, a paz e a justiça.
         O silêncio da Sexta-Feira Santa, a coragem de fixar o olhar n’Ele, o crucificado, fecunde em cada coração uma instigante interpretação para se orientar a partir do amor, do amor em Cristo Jesus revelado. Desse modo, ecoe nos corações a lógica inigualável e convincente de Deus, que amou tanto o mundo e por isso deu o seu Filho único para que todo aquele que n’Ele crer não pereça, mas tenha a vida eterna.”.

Eis, portanto, mais páginas contendo importantes, incisivas e oportunas abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança de nossa história – que é de ética, de moral, de princípios, de valores –, para a imperiosa e urgente necessidade de profundas mudanças em nossas estruturas educacionais, governamentais, jurídicas, políticas, sociais, culturais, econômicas, financeiras e ambientais, de modo a promovermos a inserção do País no concerto das potências mundiais livres, civilizadas, soberanas, democráticas e sustentavelmente desenvolvidas...

Assim, urge ainda a efetiva problematização de questões deveras cruciais como:
a)     a excelência educacional – pleno desenvolvimento da pessoa, da cidadania e da qualificação profissional –, desde a educação infantil (0 a 3 anos de idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo da modernidade de matricularmos nossas crianças de 6 anos de idade na primeira série do ensino fundamental, independentemente do mês de seu nascimento –, até a pós-graduação (especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade absoluta de nossas políticas públicas, gerando o pleno desenvolvimento da pessoa, da cidadania e da qualificação profissional (enfim, 125 anos depois, a República proclama o que esperamos seja verdadeiramente o início de uma revolução educacional, mobilizando de maneira incondicional todas as forças vivas do país, para a realização da nova pátria; a pátria da educação, da ética, da justiça, da civilidade, da democracia, da participação, da sustentabilidade...);
b)    o combate implacável, sem eufemismos e sem tréguas, aos três dos nossos maiores e mais devastadores inimigos que são: I – a inflação, a exigir permanente, competente e diuturna vigilância, de forma a manter-se em patamares civilizados, ou seja, próximos de zero (segundo dados do Banco Central, a taxa de juros do cartão de crédito atingiu em fevereiro/2017 a ainda estratosférica marca de 481,46% nos últimos  doze meses, e a taxa de juros do cheque especial registrou históricos 326,96%; e já o IPCA em março, no acumulado dos últimos doze meses, chegou a 4,57%); II – a corrupção, há séculos, na mais perversa promiscuidade  –  “dinheiro público versus interesses privados” –, como um câncer a se espalhar por todas as esferas da vida nacional, gerando incalculáveis prejuízos e comprometimentos de vária ordem (a propósito, a lúcida observação do procurador chefe da força-tarefa da Operação Lava Jato, Deltan Dallagnol: “A Lava Jato ela trata hoje de um tumor, de um caso específico de corrupção, mas o problema é que o sistema é cancerígeno...” – e que vem mostrando também o seu caráter transnacional;  eis, portanto, que todos os valores que vão sendo apresentados aos borbotões, são apenas simbólicos, pois em nossos 516 anos já se formou um verdadeiro oceano de suborno, propina, fraudes, desvios, malversação, saque, rapina e dilapidação do nosso patrimônio... Então, a corrupção mata, e, assim, é crime...); III – o desperdício, em todas as suas modalidades, também a ocasionar inestimáveis perdas e danos, indubitavelmente irreparáveis (por exemplo, segundo Lucas Massari, no artigo ‘O Desperdício na Logística Brasileira’, a “... Desconfiança das empresas e das famílias é grande. Todos os anos, cerca de R$ 1 trilhão, é desperdiçado no Brasil. Quase nada está imune à perda. Uma lista sem fim de problemas tem levado esses recursos e muito mais. De cada R$ 100 produzidos, quase R$ 25 somem em meio à ineficiência do Estado e do setor privado, a falhas de logística e de infraestrutura, ao excesso de burocracia, ao descaso, à corrupção e à falta de planejamento...”;
c)     a dívida pública brasileira - (interna e externa; federal, estadual, distrital e municipal) –, com previsão para 2017, apenas segundo o Orçamento Geral da União, de exorbitante e insuportável desembolso de cerca de R$ 1,722 trilhão, a título de juros, encargos, amortização e refinanciamentos (ao menos com esta rubrica, previsão de R$ 946,4 bilhões), a exigir alguns fundamentos da sabedoria grega:
- pagar, sim, até o último centavo;
- rigorosamente, não pagar com o pão do povo;
- realizar uma IMEDIATA, abrangente, qualificada, independente e eficaz auditoria... (ver também www.auditoriacidada.org.br)
(e ainda a propósito, no artigo Melancolia, Vinicius Torres Freire, diz: “... Não será possível conter a presente degradação econômica sem pelo menos, mínimo do mínimo, controle da ruína das contas do governo: o aumento sem limite da dívida pública...”);

Isto posto, torna-se absolutamente inútil lamentarmos a falta de recursos diante de tão descomunal sangria que dilapida o nosso já combalido dinheiro público, mina a nossa capacidade de investimento e de poupança e, mais grave ainda, afeta a credibilidade de nossas instituições, negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à pátria, ao lado de abissais desigualdades sociais e regionais e de extremas e sempre crescentes necessidades de ampliação e modernização de setores como: a gestão pública; a infraestrutura (rodovias, ferrovias, hidrovias, portos, aeroportos); a educação; a saúde; o saneamento ambiental (água tratada, esgoto tratado, resíduos sólidos tratados, macrodrenagem urbana, logística reversa); meio ambiente; habitação; mobilidade urbana (trânsito, transporte, acessibilidade); minas e energia; emprego, trabalho e renda; agregação de valor às commodities; sistema financeiro nacional; assistência social; previdência social; segurança alimentar e nutricional; segurança pública; forças armadas; polícia federal; defesa civil; logística; pesquisa e desenvolvimento; ciência, tecnologia e inovação; cultura, esporte e lazer; turismo; comunicações; qualidade (planejamento – estratégico, tático e operacional –, transparência, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade – “fazer mais e melhor, com menos” –, criatividade, produtividade, competitividade); entre outros...

São, e bem o sabemos, gigantescos desafios mas que, de maneira alguma, abatem o nosso ânimo e nem arrefecem o nosso entusiasmo e otimismo nesta grande cruzada nacional pela excelência educacional, visando à construção de uma Nação verdadeiramente participativa, justa, ética, educada, civilizada, qualificada, livre, soberana, democrática e desenvolvida, que possa partilhar suas extraordinárias e generosas riquezas, oportunidades e potencialidades com todas as brasileiras e com todos os brasileiros. Ainda mais especialmente no horizonte de investimentos bilionários previstos em inadiáveis e fundamentais empreendimentos de infraestrutura, além de projetos do Pré-Sal e de novas fontes energéticas, à luz das exigências do século 21, da era da globalização, da internacionalização das organizações, da informação, do conhecimento, da inovação, das novas tecnologias, da sustentabilidade e de um possível e novo mundo do direito, da justiça, da verdade, do diálogo, da liberdade, da paz, da solidariedade, da igualdade – e com equidade –, e da fraternidade universal...

Este é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a nossa fé, a nossa esperança... e perseverança!

“VI, OUVI E VIVI: O BRASIL TEM JEITO!”

- 55 anos de testemunho de um servidor público (1961 – 2016) ...

- Estamos nos descobrindo através da Excelência Educacional ...
- ANTICORRUPÇÃO: Prevenir e vencer, usando nossas defesas democráticas...
- Por uma Nova Política Brasileira...  
        
 

            
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