“Dia
da Terra, temos o que comemorar consumindo mais?
Parabéns, mãe Terra!
Felicidade e milênios de vida!
Vamos
comemorar com um presente? Que tal um bolo? Que tal uma festa com balões, muita
comida e bebida? Ou um daqueles produtos eletrônicos e bonitos, cheio de
botões, embrulhado naquele papel celofane brilhante e com um plástico
transparente? É assim que pensamos numa festa, certo?
Pois
é, amanhã, 22 de abril, é o dia Internacional da Mãe Terra, reconhecido pela
Organização das Nações Unidas em 2009. Porém, foi criado em 1970 pelo senador
norte-americano Gaylord Nelson para criar consciência sobre as questões de
poluição, conservação da biodiversidade, desenvolvimento sustentável e cada dia
mais pensarmos no impacto do consumo para o meio ambiente e para as questões
sociais.
Sem
pensarmos nesta mãe Terra como um organismo vivo, como muitos chamam de Gaia,
temos que entender que cada vez mais existe um organismo que está se
multiplicando rápido demais em cima da sua “pele” e extraindo os seus minerais,
usando sua água, aquecendo seu clima, derretendo os seus “pontos gelados” e
tirando sua cobertura vegetal.
Este
organismo chamado ser humano possui 7,3 bilhões de representantes (em 2015) e
pode chegar a 10 bilhões em 2050. O problema é exatamente o crescimento
exagerado. Há 2 mil anos éramos 300 milhões, em 1800 chegamos ao primeiro
bilhão, dois bilhões em 1927, três bilhões em 1959 e quatro em 1974, só para
ter uma ideia de como estamos povoando rápido demais. O problema não é estarmos
aqui e sim o que precisamos para estarmos aqui.
Diziam
antigamente que precisávamos de ar para respirar, água, alimento, moradia e
vestimenta, segundo as necessidades fisiológicas da pirâmide de Maslow. Mas
fomos subindo nesta pirâmide das necessidades, “evoluindo” segundo alguns
pensadores, buscando segurança, questões sociais e psicológicas, e agora cada
dia mais autorrealização. Óbvio, se pensarmos em todos os habitantes do
planeta, a maioria ainda está buscando as necessidades básicas. Isso mostra o
primeiro ponto de repensarmos neste dia da mãe Terra, que seus filhos estão
sofrendo e sendo tratados desigualmente em suas necessidades. Acho que nenhuma
mãe gosta disso!
Outro
ponto é que, para aqueles que já passaram dos pontos básicos da pirâmide de
Maslow, estão buscando satisfazer a sua necessidade de autorrealização,
comprando produtos e serviços que muitas vezes não precisam ou nem queriam.
Pois é, estranho, não? Compram ou consomem para poder mostrar status e poder. O
problema disso é que para esse produto ou serviço ser feito, utilizará
“pedaços” da mãe Terra. Segundo o Global Footprint Network (GFN), uma
organização de pesquisa que mede a pegada ecológica das atividades humanas do
mundo, os “organismos pensantes” utilizam os recursos existentes da nossa mãe
Terra que seriam para o ano inteiro em apenas 8 meses, os outros meses já
seriam o “cheque especial” dos recursos. Ou seja, em função do atual ritmo de
consumo, a demanda por recursos naturais excede a capacidade de reposição da
mãe Terra. Sendo assim, dependendo do seu estilo de vida, precisaremos de 1,5 a
3 planetas para sustentá-los. Lembrando: temos só UM planeta!
Ufa!
Que comemoração mais triste!
Não, a
ideia é conscientizar que precisamos repensar o nosso consumo, o nosso jeito de
produzir energia, de valorizar o que vale a pena para a nossa autorrealização.
Entender que o consumo é necessário, porém, com menos impacto social e
ambiental. Necessitamos explicar para nossas queridas marcas, produtos e
serviços que a mãe Terra não vai suportar este modelo atual de captação de
recursos naturais e descarte no ar e no mar. Entender que para a sobrevivência
e perenidade destas empresas, os processos e mentalidade precisam mudar, e que
com isso os acionistas poderão ter seus retornos mais sustentáveis do ponto de
vista financeiro, ambiental e social.
Vida
longa à nossa mãe Terra que sempre nos suportou e nos ajudou a evoluir! E que
agora consigamos, com esta evolução, devolver o “cheque especial” que estamos
emprestando dela e harmonicamente consumir para as nossas necessidades, sejam
elas quais forem.”.
(MARCUS
NAKAGAWA. Professor da ESPM; sócio-diretor da iSetor; idealizador e diretor
da Abraps; e palestrante sobre sustentabilidade, empreendedorismo e estilo de
vida, em artigo publicado no jornal ESTADO
DE MINAS, edição de 21 de abril de 2017, caderno OPINIÃO, página 7).
Mais uma importante e oportuna contribuição para o
nosso trabalho de Mobilização para a
Excelência Educacional vem de artigo publicado no mesmo veículo, edição,
caderno e página, de autoria de DOM
WALMOR OLIVEIRA DE AZEVEDO, arcebispo metropolitano de Belo Horizonte, e
que merece igualmente integral transcrição:
“Piedade,
a serra nobre
Minas Gerais são
muitas. Um axioma incontestável que registra as marcas culturais que desenham o
território mineiro com singularidades, tradições, riquezas e valores
diversificados do Norte ao Sul, do Leste ao Oeste. Singularidades que
responsabilizam a cidadania mineira na tarefa de bem administrar essas riquezas
todas. Em quando se tem pouco, administrar é mais simples, mas se os bens são
muitos, a exemplo do que ocorre nas diferentes culturas que tecem as muitas
Minas, esse empreendimento é complexo. Exige qualificado exercício da
cidadania, atenção amorosa redobrada e a competência inventiva para
intervenções de maior alcance. Desconsiderar essas necessidades alimenta um
risco abominável: o de negociar, a qualquer preço, as identidades culturais de
Minas que podem impulsionar projetos com potencial para beneficiar toda a
nação.
Assim,
deve crescer a consciência entre os mineiros a respeito do inestimável valor
das muitas culturas que integram o estado. O começo de tudo é acabar com
antipáticas chacotas a respeito da própria identidade. É preciso valorizar a
mineiridade e entender a sua riqueza – tão importante quanto a terra e a
natureza de Minas Gerais. Uma cultura sustentada pela história tricentenária
deste estado, fecundada pela religiosidade e pela nobreza da fé cristã. Eivada,
sobretudo, pelos personagens de destaque nos mais diferentes âmbitos – cultura,
artes, educação e política. O magnífico patrimônio de Minas exige mais, muito
mais, de todos. E o primeiro passo é o respeito reverente à própria memória,
que integra a religiosidade, a cultua e a história.
Por
isso, a tarefa primeira de cada mineiro é enraizar-se mais no próprio chão
contribuir no seu desenvolvimento integral, promovendo, assim, avanços e
conquistas para todos. Esse é o único caminho que as autoridades também devem
percorrer para exercer, de modo nobre, a representatividade do cidadão nas
instituições todas. Olhar para si, reconhecer-se como povo que partilha rica
história e cultura, reconhecer valores, é desafio dos mineiros. Oportunidade
para o crescimento da consciência cidadã de pertencer a Minas Gerais e cultivar
o orgulho de ser gente dessa terra. Assim, cresce a força e o destemor para
defender Minas, trabalhar por seu desenvolvimento e buscar o seu progresso, com
ações efetivas nos campos da infraestrutura, da educação e da preservação do
seu rico patrimônio material e imaterial.
A
consciência de pertencer a Minas deve ser testemunhada por todos para gerar uma
união que faça justiça ao protagonismo do estado no cenário nacional. Nesse
sentido, são indispensáveis a correção de rumos, a ampliação de horizontes e o
diálogo para desenvolver projetos inovadores, audaciosos. Tarefas que exigem
superar a subestimação do patrimônio do povo mineiro. E no cenário rico de
pluralidades culturais de riquezas naturais de Minas, há um tesouro que merece
atenção redobrada: a Serra da Piedade.
Entre
as serras e as montanhas do estado, muitas danificadas pela mineração – um
alerta para a necessidade de novos marcos regulatórios –, altaneira e nobre
está a Serra da Piedade. Minas, “Estado Diamante”, tem muitas cadeias de
montanhas que oferecem inúmeras belezas naturais, a aragem e o silêncio,
características únicas que edificam identidades, moldam um jeito cativante de
ser. E a Serra da Piedade abriga uma singularidade entre tantas outras: lá está
o Santuário da Padroeira de Minas, um complexo paisagístico e ambiental que
agrega biomas importantes – a mata atlântica, o cerrado e os campos rupestres.
Guarda o tesouro de uma história – 250 anos do povo peregrinando na fé.
Uma
serra, herança mineira que todos devem sempre preservar e defender, para
livrá-la das iniciativas movidas pelo lucro que cega e produz situações
terríveis: as feridas no seu entorno.
Preservar
a Serra da Piedade é tarefa de cada cidadão, com o qualificado discernimento
das instâncias judiciárias, a garra do Ministério Público e a inteligência de
todo o mundo político. A intocabilidade da Serra da Piedade e dos seu entorno
deve ser compromisso legal, bandeira e símbolo de uma cidadania mineira lúcida,
capaz de respeitar o patrimônio que é de todos, sob a missão guardiã da
Arquidiocese de Belo Horizonte. Eleger e selar no coração a Piedade, o que ela
é, a serra nobre, eis uma questão de honra para Minas e para os mineiros.”.
Eis, portanto, mais páginas contendo importantes, incisivas e
oportunas abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança
de nossa história – que é de ética, de
moral, de princípios, de valores –, para
a imperiosa e urgente necessidade de profundas
mudanças em nossas estruturas educacionais,
governamentais, jurídicas, políticas, sociais, culturais, econômicas,
financeiras e ambientais, de modo a promovermos a inserção do País no
concerto das potências mundiais livres, civilizadas, soberanas, democráticas e
sustentavelmente desenvolvidas...
Assim, urge ainda a efetiva problematização de questões deveras
cruciais como:
a) a excelência educacional – pleno
desenvolvimento da pessoa, da cidadania e da qualificação profissional –, desde
a educação infantil (0 a 3 anos de
idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo
da modernidade de matricularmos nossas crianças de 6 anos de idade na primeira
série do ensino fundamental, independentemente
do mês de seu nascimento –, até a pós-graduação
(especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade absoluta de nossas políticas
públicas, gerando o pleno
desenvolvimento da pessoa, da cidadania e da qualificação profissional
(enfim, 125 anos depois, a República proclama o que esperamos seja
verdadeiramente o início de uma revolução educacional, mobilizando de maneira
incondicional todas as forças vivas do país, para a realização da nova pátria;
a pátria da educação, da ética, da justiça, da civilidade, da democracia, da
participação, da sustentabilidade...);
b) o combate implacável, sem eufemismos e
sem tréguas, aos três dos nossos maiores e mais devastadores inimigos que são:
I – a inflação, a exigir permanente,
competente e diuturna vigilância, de forma a manter-se em patamares
civilizados, ou seja, próximos de zero (segundo dados do Banco Central, a taxa
de juros do cartão de crédito atingiu em fevereiro/2017 a ainda estratosférica
marca de 481,46% nos últimos doze meses,
e a taxa de juros do cheque especial registrou históricos 326,96%; e já o IPCA
em março, no acumulado dos últimos doze meses, chegou a 4,57%); II – a corrupção, há séculos, na mais perversa
promiscuidade – “dinheiro público versus interesses privados”
–, como um câncer a se espalhar por todas as esferas da vida nacional, gerando
incalculáveis prejuízos e comprometimentos de vária ordem (a propósito, a
lúcida observação do procurador chefe da força-tarefa da Operação Lava Jato,
Deltan Dallagnol: “A Lava Jato ela trata hoje de um tumor, de um caso
específico de corrupção, mas o problema é que o sistema é cancerígeno...” – e
que vem mostrando também o seu caráter transnacional; eis, portanto, que todos os valores que vão
sendo apresentados aos borbotões, são apenas simbólicos, pois em nossos 516
anos já se formou um verdadeiro oceano de suborno, propina, fraudes, desvios,
malversação, saque, rapina e dilapidação do nosso patrimônio... Então, a
corrupção mata, e, assim, é crime...); III – o desperdício, em todas as suas modalidades, também a ocasionar
inestimáveis perdas e danos, indubitavelmente irreparáveis (por exemplo,
segundo Lucas Massari, no artigo ‘O Desperdício na Logística Brasileira’, a
“... Desconfiança das empresas e das famílias é
grande. Todos os anos, cerca de R$ 1 trilhão, é desperdiçado no Brasil. Quase
nada está imune à perda. Uma lista sem fim de problemas tem levado esses
recursos e muito mais. De cada R$ 100 produzidos, quase R$ 25 somem em meio à
ineficiência do Estado e do setor privado, a falhas de logística e de infraestrutura,
ao excesso de burocracia, ao descaso, à corrupção e à falta de
planejamento...”;
c) a dívida pública brasileira - (interna e
externa; federal, estadual, distrital e municipal) –, com previsão para
2017, apenas segundo o Orçamento Geral da União, de exorbitante e insuportável
desembolso de cerca de R$ 1,722 trilhão,
a título de juros, encargos, amortização e refinanciamentos (ao menos com
esta rubrica, previsão de R$ 946,4
bilhões), a exigir alguns fundamentos da sabedoria grega:
- pagar,
sim, até o último centavo;
-
rigorosamente, não pagar com o pão do povo;
-
realizar uma IMEDIATA, abrangente,
qualificada, independente e eficaz auditoria...
(ver também www.auditoriacidada.org.br)
(e ainda
a propósito, no artigo Melancolia,
Vinicius Torres Freire, diz: “... Não será possível conter a presente
degradação econômica sem pelo menos, mínimo do mínimo, controle da ruína das
contas do governo: o aumento sem limite da dívida pública...”);
Destarte,
torna-se absolutamente inútil lamentarmos
a falta de recursos diante de tão
descomunal sangria que dilapida o nosso já combalido dinheiro público, mina a
nossa capacidade de investimento e de poupança e, mais grave ainda, afeta a
credibilidade de nossas instituições, negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à pátria, ao lado de abissais desigualdades sociais e
regionais e de extremas e sempre crescentes necessidades de ampliação e modernização de setores
como: a gestão pública; a infraestrutura (rodovias, ferrovias,
hidrovias, portos, aeroportos); a educação;
a saúde; o saneamento ambiental (água tratada, esgoto tratado, resíduos
sólidos tratados, macrodrenagem urbana, logística reversa); meio ambiente; habitação; mobilidade urbana
(trânsito, transporte, acessibilidade); minas e energia; emprego, trabalho e renda; agregação de valor às
commodities; sistema financeiro nacional; assistência social; previdência
social; segurança alimentar e nutricional; segurança pública; forças armadas;
polícia federal; defesa civil; logística; pesquisa e desenvolvimento; ciência,
tecnologia e inovação; cultura, esporte e lazer; turismo; comunicações;
qualidade (planejamento – estratégico, tático e operacional –,
transparência, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade – “fazer mais e
melhor, com menos” –, criatividade, produtividade, competitividade); entre
outros...
São, e bem o sabemos, gigantescos desafios mas que, de maneira
alguma, abatem o nosso ânimo e nem
arrefecem o nosso entusiasmo e otimismo nesta
grande cruzada nacional pela excelência
educacional, visando à construção de uma Nação verdadeiramente participativa, justa, ética, educada,
civilizada, qualificada, livre, soberana, democrática e desenvolvida, que
possa partilhar suas extraordinárias e generosas riquezas, oportunidades e
potencialidades com todas as
brasileiras e com todos os
brasileiros. Ainda mais especialmente no horizonte de investimentos bilionários
previstos em inadiáveis e fundamentais empreendimentos de infraestrutura, além
de projetos do Pré-Sal e de novas fontes energéticas, à luz das exigências do
século 21, da era da globalização, da internacionalização das organizações, da
informação, do conhecimento, da inovação, das novas tecnologias, da
sustentabilidade e de um possível e novo mundo do direito, da justiça, da verdade, do diálogo, da liberdade, da
paz, da solidariedade, da igualdade
– e com equidade –, e da fraternidade
universal...
Este é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a nossa fé, a
nossa esperança... e perseverança!
“VI,
OUVI E VIVI: O BRASIL TEM JEITO!”
- 55
anos de testemunho de um servidor público (1961 – 2016) ...
-
Estamos nos descobrindo através da Excelência Educacional ...
-
ANTICORRUPÇÃO: Prevenir e vencer, usando nossas defesas democráticas...
- Por
uma Nova Política Brasileira...
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