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quarta-feira, 12 de julho de 2017

A EXCELÊNCIA EDUCACIONAL, A LUZ DO DESENVOLVIMENTO HUMANO E OS DESAFIOS DA GESTÃO E DA LIDERANÇA NA SUSTENTABILIDADE

“Educação e escolhas
        Platão dizia que “aquele que não tem algo, e não sabe que preciso desse algo, jamais o busca”. Essa frase é especialmente verdade quando imaginamos uma pessoa que, por fatores diversos, foi afastada da chance de ser educada, ou de se educar. Muitos são aqueles que, não tendo educação, acreditam que dela não necessitam para seguir suas vidas e, portanto, não a buscam.
         Nesse sentido, a vida das pessoas pode ser limitada pela falta de consciência daquilo que lhes falta. Assim sendo, as pessoas que não tiveram acesso à educação tendem reproduzir opiniões históricas ou visões de mundo que lhe são ditas ou partilhadas pela cultura que habitam, e isso é especialmente verdade para os preconceitos que existem na sociedade.
         Mas não apenas de opiniões e preconceitos vive um homem que não se educou: especialmente no campo do trabalho, esse mesmo homem tende a fazer o que os seus ancestrais fizeram, e a pensar como eles pensaram, buscando alcançar aquilo que alcançaram. Em suma, esse ser humano executa os passos em direção ao seu destino, ou seja, ao fatal resultado que sua vida já estava destinada a realizar. Mas, por que isso acontece? Porque a ausência de educação tende a limitar as possibilidades de quebrar as amarras, pular os muros, sair das caixas, de discordar.
         Dito isso, tenho forte convicção de que o fato de alguém não ter educação limita severamente suas escolhas sobre o mundo. A educação amplia sobremaneira o contato do homem com ideias, com exemplos diversificados, com histórias diferentes, com pontos de vista. Nesse sentido, é como se a educação permitisse que a pessoa passasse as opções de escolha em sua vida de uma moeda para um lado, de um dado para um baralho, de um baralho para um jogo de xadrez. A educação nos permite escolher, e a escolha é um ato de liberdade.
         Nelson Mandela dizia que “a educação é a arma mais poderosa que você pode usar para mudar o mundo”. Pessoas educadas não precisam mudar o mundo, mas elas têm a opção de fazer isso. A educação lhes garante uma visão plural sobre o mesmo problema que lhes permite atuar em várias frentes ou tentar e testar várias hipóteses sobre as coisas. Elas discutem, discordam, concordam, tomam posição, refletem sobre as necessidades públicas e privadas e o melhor para o bem comum, que é um princípio ético.
         Aliás, como as pessoas não nascem éticas, é necessário educá-las para a ética. Como as pessoas não nascem pensando no bem comum e não têm um gene dizendo “respeite os mais velhos”, é necessário educá-las para tal. Geralmente, pessoas mal-educadas tendem a seguir o senso comum social, que é carregado de juízos preconcebidos. Pessoas bem-educadas tendem a pensar sobre o problema e tomar uma decisão, ainda que seja seguir o senso comum social. Porque a quem foi dada (ou buscou) educação foi dada escolha, a quem não a teve (ou não a buscou) foi determinado um destino.
         E para completar a frase acima de Nelson Mandela, invoco o inspirador Paulo Freire, para quem a “educação não muda o mundo. A educação muda as pessoas, e as pessoas mudam o mundo”. É nesse sentido que imagino que feliz é o ser humano que é educado ou se educa, pois à sua frente vai se descortinando sempre um fabuloso leque de opções de entendimento sobre um mundo infinito, incompleto e em permanente estado de construção... ou descontrução, se você for muito bem educado!”.

(JULIANO COSTA. Mestre em educação pela Ufal e diretor pedagógico da Pearson Brasil, em artigo publicado no jornal ESTADO DE MINAS, edição de 10 de julho de 2017, caderno OPINIÃO, página 7).

Mais uma importante e oportuna contribuição para o nosso trabalho de Mobilização para a Excelência Educacional vem de artigo publicado no mesmo veículo, edição de 11 de julho de 2017, mesmo caderno e página, de autoria de RAIMUNDO GODOY, diretor do Instituto Aquila e autor do livro Como gerenciar e enfrentar desafios, e que merece igualmente integral transcrição:

“Gerenciar e enfrentar desafios
        Um líder fraco e sem capacidade para identificar os sinais de problemas financeiros na empresa é uma das causas da falência de diversos negócios. Conforma dados do Boa Vista Serviço Central de Proteção ao Crédito (SCPC), o volume de empresa que fecharam as portas cresceu 11,5% nos últimos 12 meses. O resultado das operações financeiras e seu respectivo impacto na disponibilidade do caixa é mais um aspecto que compromete diretamente a perenidade da empresa. O caixa é um importante indicador e muitos líderes não percebem esse fato como mais um sinal de falência.
         A empresa começa a perder espaço para a concorrência à medida que os líderes não estabelecem uma política comercial clara e desafiadora, desprezando o cenário de atuação do setor. A falta de definição, ambições e conhecimento adequado do valor agregado (receitas e custos) dos produtos e serviços comprometem os resultados. Quando o líder não observa seu campo de atuação, as vendas caem e os concorrentes tomam o mercado, e uma empresa sem clientes não consegue honrar seus compromissos. Paulatinamente, diretor e marca perdem credibilidade e reputação.
         Já vai longe o tempo em que o gestor administrava somente na própria intuição e em resultados anteriores. A queda nas vendas, o aumento exagerado dos custos, os produtos e os serviços pouco atrativos e, finalmente, um saldo de caixa negativo são fatores que decretam a falência de qualquer tipo de negócio.
         O crescimento da quebradeira não pode ser diretamente ligado ao atual desaquecimento econômico. É claro que, durante qualquer processo de crise externa, toda empresa do setor pode ser diretamente afetada. Contudo, quem tem “lastro”, oxigênio e liquidez financeira sobrevive. As empresas com liquidez financeira investem durante esse período em novas tecnologias, processos e treinamentos. As crises passam.
         A falta de disciplina do líder para administrar e não escutar a voz dos clientes são situações comprometedoras em qualquer cotidiano empresarial. Em momentos críticos, deve-se agir rápido e não ficar protelando. Uma gestão eficaz requer sempre um olhar externo e imparcial para criticar e orientar o plano de negócio.
         A recomendação é que, ao pensar num negócio, deve-se sempre elaborar planos A e B. Qualquer empresa com um plano A, elaborado inadequadamente, pode falir ou enfrentar muitos problemas diante de qualquer situação de grandes dificuldades. A falta de um plano alternativo poderá decretar o fim do negócio. Vale lembrar que, em situações de crises, os problemas são os mesmos, tanto para a pequena quanto para a média e/ou grande empresa. As diferenças estão nas dimensões e valores, alterando a forma de atuação.
         No caso das pequenas e médias empresas, o que acontece é que o dono, em função de seu conhecimento, atua em todas as frentes, sempre apagando incêndios, e acaba saindo da estratégia para a operação. Nas grandes empresas, em geral, existe um organograma com funções bem definidas e, normalmente, um plano estratégico, normas e procedimentos bem definidos. Os problemas são enfrentados pelas áreas e diretorias correspondentes e a dificuldade fica em perder foco e energia por equipes que não se comunicam adequadamente.
         Em mais de 30 anos como consultor, convivi com centenas de líderes e empresas passando por essas situações. O livro Como gerenciar e enfrentar desafios apresenta modernos conceitos de gestão, demonstrando métodos gerenciais, como o PDCA, imprescindíveis para o sucesso de uma estratégia. A linguagem simples e envolvente convida o gestor a refletir sobre e como enfrentar e superar desafios sem desistir diante das dificuldades.
         O futuro não tem lugar marcado para ninguém. O sucesso é um ciclo contínuo e para ser sustentável a empresa precisa inovar sempre em busca da sua vantagem competitiva no mercado em que atua. Liderança requer paixão, emoção e força de trabalho. É preciso enxergar o que os outros não veem. Empreender não é difícil. Empreender e ter sucesso, sim, é muito difícil. O líder deve ter conhecimento sobre sua cadeia de valor, manter um eficiente trabalho de equipe e acompanhar a contribuição dos processos para identificar os gargalos e restrições. O fato é que não existe um negócio bom ou ruim, mas uma empresa bem ou mal administrada.”.

Eis, portanto, mais páginas contendo importantes, incisivas e oportunas abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança de nossa história – que é de ética, de moral, de princípios, de valores –, para a imperiosa e urgente necessidade de profundas mudanças em nossas estruturas educacionais, governamentais, jurídicas, políticas, sociais, culturais, econômicas, financeiras e ambientais, de modo a promovermos a inserção do País no concerto das potências mundiais livres, civilizadas, soberanas, democráticas e sustentavelmente desenvolvidas...

Assim, urge ainda a efetiva problematização de questões deveras cruciais como:
a)     a excelência educacional – pleno desenvolvimento da pessoa, da cidadania e da qualificação profissional –, desde a educação infantil (0 a 3 anos de idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo da modernidade de matricularmos nossas crianças de 6 anos de idade na primeira série do ensino fundamental, independentemente do mês de seu nascimento –, até a pós-graduação (especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade absoluta de nossas políticas públicas, gerando o pleno desenvolvimento da pessoa, da cidadania e da qualificação profissional (enfim, 125 anos depois, a República proclama o que esperamos seja verdadeiramente o início de uma revolução educacional, mobilizando de maneira incondicional todas as forças vivas do país, para a realização da nova pátria; a pátria da educação, da ética, da justiça, da liberdade, da civilidade, da democracia, da participação, da solidariedade, da sustentabilidade...);
b)    o combate implacável, sem eufemismos e sem tréguas, aos três dos nossos maiores e mais devastadores inimigos que são: I – a inflação, a exigir permanente, competente e diuturna vigilância, de forma a manter-se em patamares civilizados, ou seja, próximos de zero (segundo dados do Banco Central, a taxa de juros do cartão de crédito atingiu em maio/2017 a ainda estratosférica marca de 345,10% nos últimos  doze meses, e a taxa de juros do cheque especial registrou históricos 301,45%; e já o IPCA também no acumulado dos últimos doze meses, em junho,  chegou a 3,00%); II – a corrupção, há séculos, na mais perversa promiscuidade  –  “dinheiro público versus interesses privados” –, como um câncer a se espalhar por todas as esferas da vida nacional, gerando incalculáveis e irreversíveis prejuízos, perdas e comprometimentos de vária ordem (a propósito, a lúcida observação do procurador chefe da força-tarefa da Operação Lava Jato, Deltan Dallagnol: “A Lava Jato ela trata hoje de um tumor, de um caso específico de corrupção, mas o problema é que o sistema é cancerígeno...” – e que vem mostrando também o seu caráter transnacional;  eis, portanto, que todos os valores que vão sendo apresentados aos borbotões, são apenas simbólicos, pois em nossos 516 anos já se formou um verdadeiro oceano de suborno, propina, fraudes, desvios, malversação, saque, rapina e dilapidação do nosso patrimônio... Então, a corrupção mata, e, assim, é crime...); III – o desperdício, em todas as suas modalidades, também a ocasionar inestimáveis perdas e danos, indubitavelmente irreparáveis (por exemplo, segundo Lucas Massari, no artigo ‘O Desperdício na Logística Brasileira’, a “... Desconfiança das empresas e das famílias é grande. Todos os anos, cerca de R$ 1 trilhão, é desperdiçado no Brasil. Quase nada está imune à perda. Uma lista sem fim de problemas tem levado esses recursos e muito mais. De cada R$ 100 produzidos, quase R$ 25 somem em meio à ineficiência do Estado e do setor privado, a falhas de logística e de infraestrutura, ao excesso de burocracia, ao descaso, à corrupção e à falta de planejamento...”;
c)     a dívida pública brasileira - (interna e externa; federal, estadual, distrital e municipal) –, com previsão para 2017, apenas segundo o Orçamento Geral da União, de exorbitante e insuportável desembolso de cerca de R$ 1,722 trilhão, a título de juros, encargos, amortização e refinanciamentos (ao menos com esta rubrica, previsão de R$ 946,4 bilhões), a exigir alguns fundamentos da sabedoria grega:
- pagar, sim, até o último centavo;
- rigorosamente, não pagar com o pão do povo;
- realizar uma IMEDIATA, abrangente, qualificada, independente e eficaz auditoria... (ver também www.auditoriacidada.org.br)
(e ainda a propósito, no artigo Melancolia, Vinicius Torres Freire, diz: “... Não será possível conter a presente degradação econômica sem pelo menos, mínimo do mínimo, controle da ruína das contas do governo: o aumento sem limite da dívida pública...”).

Destarte, torna-se absolutamente inútil lamentarmos a falta de recursos diante de tão descomunal sangria que dilapida o nosso já combalido dinheiro público, mina a nossa capacidade de investimento e de poupança e, mais grave ainda, afeta a credibilidade de nossas instituições, negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à pátria, ao lado de abissais desigualdades sociais e regionais e de extremas e sempre crescentes necessidades de ampliação e modernização de setores como: a gestão pública; a infraestrutura (rodovias, ferrovias, hidrovias, portos, aeroportos); a educação; a saúde; o saneamento ambiental (água tratada, esgoto tratado, resíduos sólidos tratados, macrodrenagem urbana, logística reversa); meio ambiente; habitação; mobilidade urbana (trânsito, transporte, acessibilidade); minas e energia; emprego, trabalho e renda; agregação de valor às commodities; sistema financeiro nacional; assistência social; previdência social; segurança alimentar e nutricional; segurança pública; forças armadas; polícia federal; defesa civil; logística; pesquisa e desenvolvimento; ciência, tecnologia e inovação; cultura, esporte e lazer; turismo; comunicações; qualidade (planejamento – estratégico, tático e operacional –, transparência, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade – “fazer mais e melhor, com menos” –, criatividade, produtividade, competitividade); entre outros...

São, e bem o sabemos, gigantescos desafios mas que, de maneira alguma, abatem o nosso ânimo e nem arrefecem o nosso entusiasmo e otimismo nesta grande cruzada nacional pela excelência educacional, visando à construção de uma Nação verdadeiramente participativa, justa, ética, educada, civilizada, qualificada, livre, soberana, democrática, solidária e desenvolvida, que possa partilhar suas extraordinárias e generosas riquezas, oportunidades e potencialidades com todas as brasileiras e com todos os brasileiros. Ainda mais especialmente no horizonte de investimentos bilionários previstos em inadiáveis e fundamentais empreendimentos de infraestrutura, além de projetos do Pré-Sal e de novas fontes energéticas, à luz das exigências do século 21, da era da globalização, da internacionalização das organizações, da informação, do conhecimento, da inovação, das novas tecnologias, da sustentabilidade e de um possível e novo mundo do direito, da justiça, da verdade, do diálogo, da liberdade, da paz, da solidariedade, da igualdade – e com equidade –, e da fraternidade universal...

Este é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a nossa fé, a nossa esperança... e perseverança!

“VI, OUVI E VIVI: O BRASIL TEM JEITO!”

- 55 anos de testemunho de um servidor público (1961 – 2016) ...

- Estamos nos descobrindo através da Excelência Educacional ...
- ANTICORRUPÇÃO: Prevenir e vencer, usando nossas defesas democráticas...
- Por uma Nova Política Brasileira...  
        




quarta-feira, 5 de fevereiro de 2014

A CIDADANIA, O AMOR À VIDA SUPERIOR E AS RAÍZES ECOLÓGICAS PARA A SUSTENTABILIDADE

“O poder desconhecido de uma vida dedicada 

ao Plano de Deus
        
         Ao longo de sua existência, o ser humano recebe cuidados e atenção para que possa amadurecer e atuar coligado à própria Luz interna, à alma, em momentos de maior necessidade, como esses que hoje vivemos. A energia que o Alto dispensa ao despertar dos indivíduos assemelha-se aos cuidados daquele que leva algo delicadíssimo nas mãos. Existem, portanto, as possibilidades para a vida interior tornar-se consciente e passar a ser a linha delineadora dos novos rumos da humanidade.
         O amor que se dedica à vida superior traz, àquilo que se vive externamente, a energia que a Fonte desse amor inspira, transformando um arbusto seco em uma árvore florida. Se o homem conhecesse  o poder de uma vida dedicada à Lei Suprema, à Lei Maior, não se distrairia tanto com coisas passageiras.
         A travessia, a nado, de grandes extensões, a escalada dos mais altos picos e cordilheiras, e o salto de imensas alturas, exemplificam a vontade íntima do homem de transcender seus próprios limites. Com essas proezas ele tenta superar fronteiras e tocar o desconhecido.
         Para que novos horizontes possam surgir na vida dos indivíduos, é preciso que cada um se disponha totalmente à tarefa que lhe foi confiada, e que se dedique à execução das atividades prioritárias, sem dispersar energia com coisas supérfluas.
         Dois caminhos aparentemente opostos se aproximam e se complementam: o da libertação material e o do serviço prestado nos planos materiais. Sem  busca por libertação não se pode servir e sem serviço não há campo que o indivíduo trilhe o caminho libertador.
         A reconstrução dos níveis materiais de um planeta degradado pelo que a humanidade gerou em sua superfície deve contar com meios adequados para isso. Se houvesse mãos suficientes para executar o que a vida interior indica, as energias que descem do Alto para os planos materiais, como a energia do Amor, ficariam liberadas para tarefas mais amplas.
         No caminho da purificação, o ser humano deve deixar de agir em proveito próprio, passando a servir aos demais. Porém, ele deve dedicar esse serviço unicamente à Lei Suprema, que conhece as necessidades de todos.
         A cada ser cabe uma tarefa, e somente a entrega à sua alma pode dinamizar o potencial que permitirá a cada um cumpri-la adequadamente, segundo o que for indicado pelo Plano Maior, de Deus.
         No caminho espiritual, a percepção interna, que vem da alma, é como a bússola para os navegantes: indica-lhes o rumo a seguir. Para que se estabeleça uma relação consciente com o mundo interior é preciso devotar-lhe obediência. Muitas vezes contatos internos importantes não são percebidos por simples falta de atenção. É como se uma orientação superior chegasse a se manifestar, mas não fosse acolhida por pura displicência.
         Basta que um indivíduo olhe outro imparcialmente para saber o que ele realmente necessita. Tal possibilidade deve ser considerada, lembrando-se, contudo, de que a percepção interior não pode ser forçada ou induzida artificialmente. A serena atenção ao próprio ser e a oferta de si com desapego pelos resultados são requisitos para que os contatos internos sejam percebidos, o que se torna essencial nesta época e neste mundo, já tão desorientado pelo personalismo e pelo movimento instintivo dos corpos físico, emocional e mental.”

(TRIGUEIRINHO. Escritor, em artigo publicado no jornal O TEMPO Belo Horizonte, edição de 2 de fevereiro de 2014, caderno O.PINIÃO, página 16).

Mais uma importante e oportuna contribuição para o nosso trabalho de Mobilização para a Cidadania e Qualidade vem de artigo publicado no jornal ESTADO DE MINAS, edição de 1º de fevereiro de 2014, caderno PENSAR, página 3, de autoria de MAURÍCIO ANDRÉS RIBEIRO, que é autor dos livros Ecologizar, Tesouros da Índia e Meio Ambiente e evolução humana, e que merece igualmente integral transcrição:

“Raízes ecológicas

DA REVOLTA
        
         Entre 2006 e 2013, ocorreram 843 protestos pelo mundo, em 87 países, nas esteira dos desdobramentos da crise econômica e financeira global. Em 2012 e 2013, houve protestos no Brasil, na Turquia, no Egito e na Tunísia, bem como revoltas na Espanha, Grécia, França e Estados Unidos. A maioria dos movimentos foi liderada por jovens, sem medo e autonomamente. Em todos os países, os manifestantes dos movimentos de protesto são pessoas comuns da classe média, bem-educadas e com expectativas crescentes. Sindicalistas, ativistas sociais em geral e idosos também constituíram parte significativa de tais manifestações.
         Os métodos de protesto consistiram majoritariamente de marchas pré-agendadas em grandes cidades e ocupação de ruas, bloqueios de vias, pequenos incêndios e barricadas, desobediência civil e ação direta de vazamentos de informações por hackers, com amplo uso das redes sociais. Os protestos foram acelerados pelo uso da internet e muitos desapareceram de repente, do mesmo modo como apareceram.
         Especialistas mostram as diferenças e semelhanças entre eles. Moisés Naim escreveu que os protestos na Tunísia, Chile, Turquia e Brasil revelam cinco aspectos surpreendentemente semelhantes: pequenos incidentes se tornam grandes, os governos reagem mal aos movimentos, não há líderes ou cadeia de comando, não há ninguém nem grupo específico com quem negociar ou a quem prender, e é impossível prever consequências. A prosperidade desses países não se fez acompanhar da estabilidade. Naim citou a observação de Samuel Huntington, segundo a qual, nos países em desenvolvimento, as demandas por serviços públicos crescem mais rápido do que a capacidade dos governos para satisfazê-las.
         Ademais, os protestos foram mais ativos nas democracias do que em regimes autoritários, que os reprimem e inibem. Aventa-se que a gestão das democracias tornou-se mais difícil devido às dificuldades para obter e alocar os recursos entre grupos com interesses concorrentes.
         A maior parte da violência nas manifestações sociais ocorreu nos países de menor renda. Violência e vandalismo ocorreram em 9% das manifestações. Entretanto, sua percepção é amplificada e parece que a violência é mais generalizada. Aqueles que perdem a paciência com a prática de modelos pacíficos apelam para a destrutividade como forma de dar visibilidade mais rápida a suas causas. Assim, não é incomum nestes contextos que tais atores queiram tornar-se visíveis por meio da quebradeira, da agressividade e da destruição. A radicalização e a polarização tornam-se métodos para se fazer ouvir, para se fazer enxergar, exigir cuidado, obter atenção.
         No Brasil, por mais de 20 anos não se viam movimentações nas ruas como as que ocorreram em junho de 2013. Em geral, elas foram pacíficas, mas em vários episódios, grupos maiores ou menores de manifestantes acreditam que sem violência não há possibilidade de mudanças. Provoca-se a violência com incêndios de veículos, depredações de bancos, invasões e pichações de prédios históricos, saques em lojas.
         Eventos tão díspares como a insatisfação de grupos com a gestão  de uma universidade, o ativismo de libertação animal, a comemoração da vitória de um time de futebol, ou até mesmo contra a intervenção policial bem-sucedida no sentido da coibição do tráfico de drogas têm levado a um desfecho comum: a destruição do patrimônio público e privado.

LOCAL E GLOBAL Não faltaram, portanto, razões locais e globais para a indignação, a insatisfação social e a revolta. Em outras palavra, não se trata da movimentação de “rebeldes sem causa”. Os motivos para iniciar os protestos variaram: no Brasil, o aumento das tarifas de ônibus teve o papel importante de detonar o início dos movimentos de protesto; na Turquia, foi a ameaça de destruição de um parque urbano; na Indonésia, o preço dos combustíveis; na zona do euro protestou-se contra a imposição do regime de austeridade. Na Índia, a corrupção e a falta de proteção para as mulheres.
         Nos países árabes, protestou-se contra tudo. Contra os governos nacionais, contra a austeridade imposta em períodos de crise econômica, contra o Fundo Monetário Internacional, contra as corporações e as elites, contra as desigualdades, contra os altos preços de alimentos e de energia, contra a corrupção, a falência da justiça. Demanda-se mais transparência, mais justiça econômica e melhoria nos serviços públicos; mais justiça fiscal, mais trabalho e emprego, mais moradia. Demanda-se também mais liberdade de expressão, mais justiça ambiental e mais direitos para grupos indígenas, étnicos, das mulheres, de minorias com as LGBT, de imigrantes, de população carcerária. Luta-se pela reforma da Previdência, pela reforma agrária e por outras reformas.
         Os protestos, de modo geral, evidenciaram e denunciaram a crise de legitimidade e o esgotamento do modelo de representação política. Eles condenaram a falta de ética na política e a corrupção como uma relação desarmônica de parasitismo social e de predação. Condenaram também a ineficiência e a arrogância das autoridades. Todos demandaram políticas para prover mais emprego, serviços públicos decentes e políticas sociais efetivas.
         Os protestos de 2013 mostraram que há crise de representação política tanto em governos autoritários como na democracia representativa, que estaria falida. Muitas pessoas em vários países não se sentem mais representadas nem pelos representantes eleitos, nem pelos partidos políticos existentes. Os manifestantes perderam a esperança e a confiança na democracia representativa e nas instituições democráticas do modo como existem hoje.
         Há percepção crescente de que os políticos não priorizam as demandas da população; há grande frustração com a política usual. Protestou-se em toda parte contra a falta de democracia real, que impede que as demandas econômicas e sociais sejam atendidas. Os governantes, de sua parte, tentam manter a ordem e apaziguar os conflitos, mas, em muitos casos, há carência de instrumentos e de métodos não violentos de processar os conflitos sociais.
         Esta geração de jovens manifestantes parece pressentir o peso que terá que suportar, trabalhando duro para sustentar uma Previdência Social cada vez mais cara, considerando o crescente envelhecimento da população. Presencia a implementação de políticas econômicas de curto prazo, que geram um dívida ambiental e climática crescente que lhes dificultará a vida, tornando-a mais pesada, com menor qualidade e sem facilidades a desfrutar.

AMBIENTE E CLIMA Pode ser valioso situar a insatisfação social num contexto de longo prazo e de encadeamento de causas e efeitos. Aos motivos mais visíveis e manifestados expressamente das insatisfações sociais, é oportuno explicitar que em sua origem muitas remontam a fatores ambientais e climáticos. Jared Diamond, em seu livro Colapso (Editora Record), mostrou que a instabilidade política e a insatisfação social em muitas sociedades decorreram de desequilíbrios ambientais, de destruição da base natural que sustenta as sociedades, da exaustão de recursos naturais.
         O encadeamento de problemas que leva ao colapso começa com a sobrecarga no ambiente, o esgotamento de recursos e da capacidade de suporte, mudanças climáticas, tensão social, empobrecimento econômico, conflitos políticos e finalmente o colapso. A escassez e encarecimento dos alimentos, por exemplo, frequentemente têm origem em secas e eventos climáticos extremos, que tendem a se tornar mais intensos e freqüentes.
         Muitas sociedades estão se tornando incapazes de relacionar-se, de modo duradouro, com a infraestrutura física na qual vivem. Tal incapacidade empobrece a base de riqueza natural, o que, por sua vez, resulta no empobrecimento econômico e no acirramento de conflitos políticos e sociais. Esses processos desagregadores provocam a decadência e o colapso. A cegueira e a surdez dos governantes decorrem em boa medida da falta de compreensão sobre esses encadeamentos de problemas. A ecoalfabetização pode, portanto, ser um modo eficaz de reduzir esse déficit de entendimento.
         As revoltas nas ruas se assemelham a terremotos oriundos do ajustamento das placas tectônicas, com liberação de forte energia. Em tsunamis, tal energia resulta na produção de uma grande onda e de sucessivas ondas menores. Os anos de 1848 (levantes na Europa), 1917 (Revolução Russa) e 1968 (maio em Paris) são historicamente rememorados como períodos de explosão de insatisfação social com violência. A independência da Índia, em 1947, a queda do muro de Berlim, em 1989, as lutas pela igualdade racial lideradas por Martin Luther King nos Estados Unidos, a conciliação promovida por Nelson Mandela na África do Sul e o fim do apartheid são, em contraste, referências relevantes de transformações realizadas de forma não violenta durante décadas.
         Procurar compreender as raízes ecológicas profundas das insatisfações sociais, situá-las como sinais e sintomas de uma crise maior no contexto da evolução social e política da humanidade, pode ser valioso para se participar ativamente ou como observadores conscientes nesses processos que se desenvolvem em nosso tempo.”

Eis, portanto, mais páginas contendo importantes, incisivas e oportunas abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança de nossa história – que é de ética, de moral, de princípios, de valores –, para a imperiosa e urgente necessidade de profundas mudanças em nossas estruturas educacionais, governamentais, jurídicas, políticas, sociais, culturais, econômicas, financeiras e ambientais, de modo a promovermos a inserção do País no concerto das potências mundiais livres, soberanas, democráticas e sustentavelmente desenvolvidas...

Assim, urge ainda a efetiva problematização de questões deveras cruciais como:

    a)     a educação – universal e de qualidade, desde a educação infantil (0 a 3 anos de idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo da modernidade de matricularmos nossas crianças de 6 anos de idade na primeira série do ensino fundamental, independentemente do mês de seu nascimento –, até a pós-graduação (especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade absoluta de nossas políticas públicas;

     b)    o combate, implacável e sem trégua, aos três dos nossos maiores e mais avassaladores inimigos que são: I – a inflação, a exigir permanente, competente e diuturna vigilância, de forma a manter-se - em patamares civilizados, ou seja, próximos de zero; II – a corrupção, como um câncer a se espalhar por todas as esferas da vida nacional, gerando incalculáveis prejuízos e comprometimentos de vária ordem; III – o desperdício, em todas as suas modalidades, também a ocasionar inestimáveis perdas e danos, inexoravelmente irreparáveis;

     c)     a dívida pública brasileira, com projeção para 2014, segundo o Orçamento Geral da União, de exorbitante e intolerável desembolso de cerca de R$ 1 trilhão, a título de juros, encargos, amortização e refinanciamentos (apenas com esta rubrica, previsão de R$ 639 bilhões), a exigir igualmente uma imediata, abrangente, qualificada e eficaz auditoria...

Destarte, torna-se absolutamente inútil lamentarmos a falta de recursos diante de tão descomunal sangria que dilapida o nosso já combalido dinheiro público, mina a nossa capacidade de investimento e de poupança e, mais contundente ainda, afeta a credibilidade de nossas instituições, negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à pátria, ao lado de abissais desigualdades sociais e regionais e de extremas e sempre crescentes necessidades de ampliação e modernização de setores como: a gestão pública; a infraestrutura (rodovias, ferrovias, hidrovias, portos, aeroportos); a educação; a saúde; o saneamento ambiental (água tratada, esgoto tratado, resíduos sólidos tratados, macrodrenagem urbana, logística reversa); meio ambiente; habitação; mobilidade urbana (trânsito, transporte, acessibilidade); minas e energia; emprego, trabalho e renda; agregação de valor às commodities; sistema financeiro nacional; assistência social; previdência social; segurança alimentar e nutricional; segurança pública; forças armadas; polícia federal; defesa civil; logística; pesquisa e desenvolvimento; ciência, tecnologia e inovação; cultura, esporte e lazer; turismo; comunicações; qualidade (planejamento – estratégico, tático e operacional –, transparência, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade, criatividade, produtividade, competitividade); entre outros...

São gigantescos desafios, e bem o sabemos, mas que, de maneira alguma, abatem o nosso ânimo nem arrefecem o nosso entusiasmo e otimismo nesta grande cruzada nacional pela cidadania e qualidade, visando à construção de uma Nação verdadeiramente justa, ética, educada, civilizada, qualificada, livre, soberana, democráticas, desenvolvida e solidária, que possa partilhar suas extraordinárias e generosas riquezas, oportunidades e potencialidades com todas as brasileiras e com todos os brasileiros, especialmente no horizonte de investimentos bilionários previstos e que contemplam eventos como a Copa do Mundo; a Olimpíada de 2016; as obras do PAC e os projetos do pré-sal, à luz das exigências do século 21, da era da globalização, da internacionalização das organizações, da informação, do conhecimento, da inovação, das novas tecnologias, da sustentabilidade e de um possível e novo mundo da justiça, da liberdade, da paz, da igualdade – e com equidade –, e da fraternidade universal...

Este é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a nossa fé, a nossa esperança... e perseverança!...


O BRASIL TEM JEITO!...   

segunda-feira, 16 de dezembro de 2013

A CIDADANIA, A UNIVERSALIDADE DA LIDERANÇA, O ADVENTO E A SOLIDARIEDADE

“O significado de Mandela para o futuro da humanidade
         
         Nelson Mandela, com sua morte, mergulhou no inconsciente coletivo da humanidade para nunca mais sair de lá, porque se transformou num arquétipo universal, do injustiçado que não guardou rancor, que soube perdoar, reconciliar pólos antagônicos e nos transmitir uma inarredável esperança de que o ser humano ainda pode ter jeito. Depois de passar 27 anos de reclusão e eleito presidente da África do Sul em 1994, se propôs e realizou o grande desafio de transformar uma sociedade estruturada na suprema injustiça do Apartheid, que desumanizava as grandes maiorias negras do país, condenando-as a não pessoas, numa sociedade única, unida, sem discriminação, democrática e livre.
         E conseguiu ao escolher o caminho da virtude, do perdão e da reconciliação. Perdoar não é esquecer. As chagas estão aí, muitas delas ainda abertas. Perdoar é não permitir que a amargura e o espírito de vingança tenham a última palavra e determinem o rumo da vida. Perdoar é libertar as pessoas das amarras do passado, é virar a página e começar a escrever outra a quatro mãos, de negros e de brancos.
         Uma solução dessas, seguramente originalíssima, pressupõe um conceito alheio à nossa cultura individualista: o ubuntu, que quer dizer “eu só posso ser eu através de você e com você”. Portanto, sem um laço permanente que liga todos com todos, a sociedade estará, como na nossa, sob o risco de dilaceração e de conflitos sem fim.
         Deverá figurar nos manuais escolares de todo mundo esta afirmação humaníssima de Mandela: “Eu lutei contra a dominação dos brancos e lutei contra a dominação dos negros. Eu cultivei a esperança do ideal de uma sociedade democrática e livre, na qual todas as pessoas vivem juntas e em harmonia e têm oportunidades iguais. É um ideal pelo qual eu espero viver e alcançar. Mas, se preciso for, é um ideal pelo qual estou disposto a morrer”.
         Por que a vida e a saga de Mandela fundam uma esperança no futuro da humanidade e de nossa civilização? Porque chegamos ao núcleo central de uma conjunção de crises que pode ameaçar nosso futuro como espécie humana. Estamos em plena sexta grande extinção em massa. Cosmólogos e biólogos nos advertem que, a correrem as coisas como estão, chegaremos por volta do ano de 2030 à culminância desse processo de barbárie e sem esperança.
         Mandela acreditava nos direitos humanos e na democracia como valores para equacionar o problema da violência entre os Estados e para uma convivência pacífica. Em sua última entrevista declarou: “Não saberia dizer como será o terceiro milênio. Minhas certezas caem e somente um enorme ponto de interrogação agita a minha cabeça: será o milênio da guerra de extermínio ou da concórdia entre os seres humanos? Não tenho condições de responder a essa indagação”.
         Face a esses cenários sombrios, Mandela responderia seguramente: sim, é possível que o ser humano se reconcilie consigo mesmo, que sobreponha sua dimensão de sapiens à aquela de demens e inaugure uma nova forma de estarem juntos na mesma Casa.
         Talvez valham as palavras de seu grande amigo, o arcebispo Desmond Tutu: “Tenho encarado a besta do passado olho no olho, tendo pedido e recebido perdão e tendo feito correções, viremos agora a página – não para esquecer esse passado, mas para não deixar que nos aprisione para sempre. Avancemos em direção a um futuro glorioso de uma nova sociedade em que as pessoas valham não em razão de irrelevâncias biológicas ou de outros estranhos atributos, mas porque são pessoas de valor infinito, criadas à imagem de Deus”.
         Essa lição de esperança nos deixa Mandela: nós ainda viveremos, se sem discriminações concretizarmos de fato o ubuntu.”

(LEONARDO BOFF. Filósofo e teólogo, em artigo publicado no jornal O TEMPO Belo Horizonte, edição de 13 de dezembro de 2013, caderno O.PINIÃO, página 20).

Mais uma importante e oportuna contribuição para o nosso trabalho de Mobilização para a Cidadania e Qualidade vem de artigo publicado no jornal ESTADO DE MINAS, mesma edição, caderno OPINIÃO, página 9, de autoria de DOM WALMOR OLIVEIRA DE AZEVEDO, que é arcebispo metropolitano de Belo Horizonte, e que merece igualmente integral transcrição:

“Advento e solidariedade
        
         A preparação para o Natal, nascimento de Jesus Cristo, Salvador e Redentor da humanidade, é uma oportunidade singular de nova e adequada compreensão da vida. Não se pode vivê-la sem a luminosidade própria da fé que alimenta a luz da inteligência, garantindo um caminho de horizontes largos e belos. A Igreja Católica, sábia e pedagogicamente, convida  todos a viverem este tempo do Advento. Nas quatro semanas que antecedem o Natal, a Igreja cria oportunidades importantes para se cultivar, de maneira profunda, a escuta da Palavra de Deus e, assim, fomentar e sustentar os laços de fraternidade, capacitando cada um no exercício dos gestos de solidariedade. São incontáveis as possibilidades, pelo percurso desse caminho do Advento, preparatório para o Natal do Senhor.
         Para cada peregrino, homens e mulheres de boa vontade, desenham-se novos horizontes que qualificam a vida tão preciosa de cada um, razão pela qual Ele, Cristo Salvador, encarnou-se, igual a nós em tudo, exceto no pecado, para nos resgatar da condição de escravos e reconquistar o sentido mais autêntico de nossa liberdade. Trata-se, particularmente, de um caminho de vivência espiritual. Não pode esgotar-se simplesmente no que chama a atenção, e até alegra, pelos enfeites, luzes e cores, nem mesmo nas confraternizações. É preciso aproveitar o momento para refletir a própria interioridade, alargando esse alicerce que nos capacita para uma vida comprometida com a cidadania e com a autêntica fé professada.
         Pensando na verdadeira e real preparação para o Natal do Senhor, convido você para refletir sobre o relevante sentido de pertencimento à sociedade. Cada um olha a sua condição de cidadão, seus direitos e deveres, suas lutas e conquistas, empenhos para garantia de liberdades e de atendimento às necessidades fundamentais. Esse olhar para si, analisando projetos pessoais e familiares, institucionais e outros, nos obriga a enxergar, sobretudo neste tempo, os mais pobres e sofredores, nos diversos cenários da sociedade.
         Um dever especial, sem esquecer nenhum dos que reconhecidamente são sofredores e pobres, é lançar o olhar e unir o coração aos  que estão mais desconsiderados na sua dignidade. Refiro-me aos irmãos e irmãs nossos que estão nas ruas das cidades. Uma situação que não pode ser apenas tratada com lei e prescrições. Indispensáveis são o sentimento e o princípio humanístico da solidariedade, antídotos para ações abominavelmente higienistas. A Pastoral do Povo de Rua da Arquidiocese de Belo Horizonte, em parcerias e cooperação ampla, sabe que há muito a fazer. Conhece a defasagem humanística entre a abordagem desses irmãos e irmãs e a fiscalização, como também a insuficiência de infraestrutura para processos educativos respeitosos e ações de resgate. A pastoral aponta o quanto o poder público, nossas igrejas e os setores diversos da sociedade ainda precisam se mobilizar.
         Retransmito um convite-intimação do papa Francisco, na sua recente Exortação Apostólica Alegria do Evangelho: tornar realidade em nós e no nosso meio o Natal de Jesus Cristo para nos curar de indiferenças, incompetências nas respostas e incapacidade para ações prioritárias, destinadas aos mais pobres. Vamos cultivar “uma fraternidade mística e contemplativa, que sabe ver a grandeza sagrada do próximo, que sabe descobrir Deus em cada ser humano, que sabe tolerar as moléstias da convivência agarrando-se ao amor Deus, que sabe abrir o coração ao amor divino para procurar a felicidade dos outros como a procura o seu Pai bom”. Vamos tratar diferente, nos comprometer mais com o povo que está nas ruas e com os mais pobres. Só assim será verdade o voto de “feliz Natal” que desejamos uns aos outros. Que o propósito deste Natal seja especialmente a qualificação de todos na condição de integrantes da sociedade.”

Eis, pois, mais páginas contendo importantes, adequadas e oportunas abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança de nossa história – que é de ética, de moral, de princípios, de valores –, para a imperiosa e urgente necessidade de profundas transformações e nossas estruturas educacionais, governamentais, jurídicas, políticas, sociais, culturais, econômicas, financeiras e ambientais, de modo a promovermos a inserção do País no concerto das potências mundiais livres, civilizadas, soberanas, democráticas e sustentavelmente desenvolvidas...

Assim, urge ainda a efetiva problematização de questões deveras cruciais como:

     a)     a educação – universal e de qualidade, desde a educação infantil (0 a 3 anos de idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo da modernidade de matricularmos nossas crianças de 6 anos de idade na primeira série do ensino fundamental, independentemente do mês de seu nascimento –, até a pós-graduação (especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade absoluta de nossas políticas públicas;

     b)    o combate, implacável e sem trégua, aos três dos nossos maiores e mais devastadores inimigos que são: I – a inflação, a exigir permanente, competente e diuturna vigilância, de forma a manter-se em patamares civilizados, ou seja, próximos de zero; II – a corrupção, como um câncer a se espalhar por todas as esferas da vida nacional, gerando incalculáveis prejuízos e comprometimentos de variada ordem; III – o desperdício, em todas as suas modalidades, também a ocasionar inestimáveis perdas e danos, inexoravelmente irreparáveis;

     c)     a dívida pública brasileira, com projeção para 2013, segundo o Orçamento Geral da União, de exorbitante e insuportável desembolso de cerca de R$ 1 trilhão, a título de juros, encargos, amortização e refinanciamentos (apenas com esta rubrica, previsão de R$ 610 bilhões), a exigir igualmente uma imediata, abrangente, qualificada e eficaz auditoria...

Isto posto, torna-se absolutamente inútil lamentarmos a falta de recursos diante de tão descomunal sangria que dilapida o nosso já combalido dinheiro público, mina a nossa capacidade de investimento e de poupança e, mais contundente ainda, afeta a credibilidade de nossas instituições, negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à pátria, ao lado de abissais desigualdades sociais e regionais e de extremas e sempre crescentes necessidades de ampliação e modernização de setores como: a gestão pública; a infraestrutura (rodovias, ferrovias, hidrovias, portos, aeroportos); a educação; a saúde; o saneamento ambiental (água tratada, esgoto tratado, resíduos sólidos tratados, macrodrenagem urbana, logística reversa); meio ambiente; habitação; mobilidade urbana (trânsito, transporte, acessibilidade); minas e energia; emprego, trabalho e renda; agregação de valor às commodities; sistema financeiro nacional; assistência social; previdência social; segurança alimentar e nutricional; segurança pública; forças armadas; polícia federal; defesa civil; logística; pesquisa e desenvolvimento; ciência, tecnologia e inovação; cultura, esporte e lazer; turismo; comunicações; qualidade (planejamento – estratégico, tático e operacional –, transparência, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade, criatividade, produtividade, competitividade); entre outros...

São, e bem o sabemos, gigantescos desafios mas que, de maneira alguma, abatem o nosso ânimo nem arrefecem o nosso entusiasmo e otimismo nesta grande cruzada nacional pela cidadania e qualidade, visando à construção de uma Nação verdadeiramente justa, ética, educada, civilizada, qualificada, livre, soberana, democrática, desenvolvida e solidária, que possa partilhar suas extraordinárias e abundantes riquezas, oportunidade e potencialidades com todas as brasileiras e com todos os brasileiros, especialmente no horizonte de investimentos bilionários previstos e que contemplam eventos como a Copa do Mundo de 2014; a Olimpíada de 2016; as obras do PAC e os projetos do pré-sal, à luz das exigências do século 21, da era da globalização, da internacionalização das organizações, da informação, do conhecimento, da inovação, das novas tecnologias, da sustentabilidade e de um possível e novo mundo da justiça, da liberdade, da paz, da igualdade e da fraternidade universal...

Este é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a nossa fé, a nossa esperança... e perseverança!...


O BRASIL TEM JEITO!...

quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

A CIDADANIA E A EVOLUÇÃO DA EDUCAÇÃO

“Educação

A educação é crucial para romper o ciclo da pobreza. Ela constitui um direito em si e prepara indivíduos para ter vidas plenas, compreender o mundo e, em última análise, desenvolver a autoconfiança necessária para se fazer ouvir. Uma educação de boa qualidade é emancipatória, um caminho para uma liberdade maior e uma gama mais ampla de opções, além de abrir as portas para uma saúde melhor e mais oportunidades de bem-estar material. Em média, cada ano adicional de educação formal aumenta o salário de um trabalhador em até 5-10% e as habilidades adquiridas podem transformar a qualidade de vida para gerações futuras.”
(DUNCAN GREEN in DA POBREZA AO PODER – Como cidadãos ativos e estados efetivos podem mudar o mundo; tradução de Luiz Vasconcelos. - São Paulo: Cortez; Oxford: Oxfam International, 2009, página 45).

Mais uma IMPORTANTE contribuição para o nosso trabalho de MOBILIZAÇÃO PARA A CIDADANIA E QUALIDADE vem de artigo publicado no Jornal ESTADO DE MINAS, edição de 13 de janeiro de 2010, Caderno OPINIÃO, página 9, de autoria de CARLOS ALBERTO CHIARELLI, Presidente da Associação da Cadeia Produtiva de Educação a Distância, ex-ministro da Educação, que merece INTEGRAL transcrição:

“Evolução da educação,

O Brasil vivencia um enorme desafio: a necessidade de educar milhões de pessoas num país gigantesco e no qual falta, muitas vezes, infraestrutura adequada e até professores. Por isso, no últimos anos, seu ensino passou por uma grande evolução, principalmente quanto à educação a distância (EAD). No país, já são mais de 2,5 milhões de estudantes matriculados em cursos que adotam essa metodologia, e o avanço tecnológico foi o responsável por esse avanço. A possibilidade de as pessoas que estão em áreas mais remotas, muitas vezes sem acesso a nada, alcançarem conhecimento teórico de qualidade, sem precisar se deslocar e sem ter maiores custos, é o grande chamariz da EAD.

A educação a distância surgiu no século 19, na Universidade de Londres. Na 2ª Guerra Mundial, soldados norte-americanos já estudavam a distância. Ao Brasil, a EAD chegou no fim do século 19, apresentando cursos por correspondência. Depois, aulas começaram a ser transmitidas pelo rádio. Mais tarde, a televisão revolucionou esse sistema e, hoje, a utilização das mais modernas tecnologias fomentou a evolução do ensino a distância. Para quem não se lembra, o ex-presidente da África do Sul Nelson Mandela fez o curso de direito por correspondência, na prisão. Atualmente, as grandes universidades norte-americanas trabalham com essa modalidade. Elas sentiram que há um grande e crescente interesse dos alunos, principalmente daqueles que trabalham o dia todo.

Se em diversos países desenvolvidos, como o Canadá, Estados Unidos, Austrália, Inglaterra e Espanha, a modalidade faz um enorme sucesso, seria estranho que no Brasil fosse diferente. O motivo é simples: se em países como territórios mínimos a EAD é a grande aposta, imaginem o nosso, com 8,5 milhões de quilômetros quadrados, o que dificulta o acesso às aulas presenciais àqueles que vivem em cidades mais distantes. Além disso, o preço da educação a distância é mais acessível, cerca de 50% mais em conta. Segundo dados da consultoria Hoper, especializada em educação, um curso de graduação a distância custa, em média, R$ 168 por mês, ante R$ 457 de um tradicional. Isso sem falar do fator comodidade, já que o aluno não precisa se deslocar até a universidade e tem um horário de estudo mais flexível, adquado à sua disponibilidade.

Isso prova que o conjunto desses dados, juntamente com a qualidade do material e professores contratados, supera qualquer dúvida a respeito desse método. Sem mencionar a tecnologia, grande aliada desse processo e pilar de sustentação a educação a distância. Todos esse fatores têm proporcionado a muitas pessoas a possibilidade de conquistar uma formação superior e de se tornar cidadãos conscientes e ativos na sociedade. Por essas avaliações é que se pode afirmar que a EAD está levando o ensino no país a um novo patamar.”

Tudo isso nos ajuda a COMPREENDER, cada vez mais, os mais diversificados caminhos que devemos EMPREENDER, e através da EDUCAÇÃO, na construção de uma NAÇÃO verdadeiramente JUSTA, LIVRE, ÉTICA, DESENVOLVIDA e SOLIDÁRIA, que possa PARTILHAR suas EXTRAORDINÁRIAS RIQUEZAS com TODOS os BRASILEIROS e com TODAS as BRASILEIRAS, segundo as exigências do século XXI que busca a SUSTENTABILIDADE e as NOVAS TECNOLOGIAS para um MUNDO que seja FRATERNO e FELIZ.

Este é o nosso SONHO, a nossa LUTA e a nossa ESPERANÇA...

O BRASIL TEM JEITO!...

segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

A CIDADANIA, AS VIRTUDES E OS INTERESSES

“O MUNDO DESIGUAL

A pobreza maciça e a desigualdade obscena são flagelos tão terríveis dos nossos tempos – nos quais o mundo se gaba de avanços sem precedentes nos campos da ciência, da tecnologia, da indústria e da acumulação de riqueza – que elas devem ser vistas como males sociais tão graves quanto a escravidão e o apartheid. NELSON MANDELA, Londres, 2005.

O mundo como um todo é bem mais desigual do que qualquer país individualmente. Essa injustiça grotesca provavelmente desencadearia uma catástrofe social e política se ocorresse apenas dentro de um único país. Umas das conseqüências da globalização é que o mundo se constitui, cada vez mais, em uma única comunidade unida por meios de transportes e de comunicações cada vez melhores. Entretanto, o preço político da continuidade da desigualdade só pode subir.”
(DUNCAN GREEN, in DA POBREZA AO PODER: Como cidadãos ativos e estados efetivos podem mudar o mundo.São Paulo – Cortez Editora, 2009.

Mais uma IMPORTANTE contribuição para o nosso trabalho de MOBILIZAÇÃO PARA A CIDADANIA E QUALIDADE vem de artigo publicado no Jornal ESTADO DE MINAS, edição de 19 de dezembro de 2009, Caderno PENSAR, página 2, de autoria de JOÃO PAULO, Editoria de Cultura, que merece INTEGRAL transcrição:

“As virtudes e os interesses

O que se vê hoje no cenário político nacional, constrangendo o cidadão brasileiro, é a troca de sinais no campo da convivência entre os homens. Entre os antigos, o que valia na política era o reino das virtudes; hoje, é o campo dos interesses. Não se trata de um descaminho, como se o trem da moralidade saísse dos trilhos. A política dos modernos não é pior, é diferente. É preciso entender essa equação para dar conta do fato de políticos pegos em flagrante roubo e corrupção não serem presos imediatamente. Não é o caso de descumprimento da lei, mas a observância de outra forma de se compreender o Estado de Direito.

Entre os antigos, o que valia era o bem comum. Não que os atores da cena pública não tivessem interesses ou motivações psicológicas condenáveis, mas elas precisavam se submeter à lógica de que o bem comum dirigia os negócios públicos. Com a política moderna, o interesse passa a ganhar sinal positivo. Para superar uma certa presunção dos antigos, o político moderno sabe que expor os interesses, numa sociedade de conflitos negociados, limpa a cena de hipocrisia e permite mais realismo. A política antiga era feita de necessidades; a moderna, de contingências.

O senso de realidade da política moderna se traduz na afirmativa de que o crescimento de cada um contribui para o crescimento do conjunto. Em outras palavras, a economia assume o lugar central da política. O grande risco começa a se concretizar quando a contabilização do interesse pessoal não passa mais pelo crivo da ética pública. Crescer, tudo bem, mas não a qualquer custo e a qualquer preço. O senso de oportunidade da lógica do interesse material é tão poderoso que torna todos os outros elementos conseqüência natural do enriquecimento. O dinheiro deixa de ser um referente de troca e passa a ser valor em si.

Quando um agente público é pego roubando, corrompendo, desviando, locupletando, no lugar da atitude direta de condenação e da execução da pena devida pelo ato criminoso se estabelece outro fórum de julgamento, tanto judicial como no imaginário social. No primeiro, por meio das instâncias de privilégios; no outro, pelo descrédito da política em si, e não dos maus políticos tomadas em sua individualidade.

Pode parecer exagero dizer que a sociedade desculpa ações tão hediondas. Mas, em outra medida, não seria o mesmo que ocorre quando um partido, para dar apoio a um governante, exige cargos em troca, não em função de participar do esforço de gestão, mas pela lógica cristalina de que algumas posições dão mais dinheiro e poder? E o jogo, considerado pragmático e realista, faz de diretorias de estatais e órgãos que usam recursos públicos os objetivos prioritários da barganha.

Dinheiro na meia é pouco perto da tomada de funções responsáveis pelo desembolso de verbas para compras e operação de obras. Não há gradação. A situação só seria cabível se os responsáveis por esses cargos fossem recrutados em razão de sua competência, e não de seu jogo de posição. É só acompanhar a trajetória política desses servidores em regime de confiança para perceber que não entendem nada do que gerenciam.

O realismo chama esse jogo de democracia de coalizão. No entanto, não se trata originalmente de democracia (mas de tecnocracia enviesada) e muito menos de coalizão. O arranjo de cooptação, no entanto, não sofre o mesmo constrangimento público que as cenas patéticas de desvio de recursos por agentes privados. A conseqüência é, ao mesmo tempo que se instaura um clima de desmando, a criação de uma cultura de desprestígio da política.

ALTERNATIVAS Ficar só na acusação e no diagnóstico é algo que alimenta o sentimento de desânimo que fortalece ainda mais a alienação. Quem conhece os militantes apaixonados (eles ainda existem, e são muitos) sabe que o risco contrário é a perda da comunicação entre iguais, como se os politizados coubesse a centelha da racionalidade. Geralmente, no entanto, pode ocorrer o inverso. A política, de tão marginal, se torna estilo de vida, forma de estar no mundo, assinatura existencial. São pessoas que se julgam alimentadas por uma missão, mesmo que os outros não o percebam. Geralmente, trombam com a realidade.

A saída está, mais uma vez, numa forma de equilíbrio entre a virtude e o interesse. Não se vence a sociedade de consumo sem entender que a vontade de ter e de progredir materialmente é manifestação da natureza humana, valorizada por elementos contextuais. Esse caminho deu nas práticas de direito do consumidor, que passou de estratégia pré-política a exercício que se avizinha em alguns casos da cidadania. No entanto, gerou um comportamento odioso de competição no terreno onde deveriam ser norma as práticas da solidariedade e cooperação.

As alternativas existem – e no interior do próprio sistema político. Um exemplo vem sendo dado pelo movimento ecológico. Além de perceber o potencial universal, que extrapola a política interna dos países, descobriu que a defesa do meio ambiente só é possível com ataque ao coração do modo de vida que gerou a situação que hoje combatem. Algumas bandeiras, como a diminuição da jornada de trabalho, por exemplo, passam a responder ao mesmo tempo pela lógica da melhoria das condições de vida, do reordenamento da produção e da abertura de novos postos de trabalho.

Há uma corrente de ganhos em cascata que começa e ser considerada com seriedade. Uma sociedade com mais empregados distribui melhor a renda, com isso melhora a educação e saúde, diminui gastos com segurança e proteção social. Mesmo a perda relativa de ganho com a redução da jornada tende a ser compensada com nova relação de consumo. No lugar de objetos suntuosos e desnecessários, as pessoas aumentariam, com a disponibilidade de tempo, os investimentos em cultura, informação e lazer. Assim, uma bandeira aparentemente anticapitalista se torna instrumento de dinamização da sociedade como um todo.

Outro campo onde se percebe a possibilidade de nova cultura pública está na abertura de espaços para o exercício da política. Quem trabalha na área da cultura tem acompanhado um movimento poderoso de criação de centros culturais. Mais que necessários, muitas vezes, no entanto, eles descumprem sua função primordial de duas formas: com a ausência de política de ocupação do espaço social (concentrando-se nas regiões melhor equipadas) e com o desmantelamento de estruturas de poder político. Precisamos tanto de centros de cultura como de centros de cidadania. Esvaziar os espaços públicos em favor de uma lógica meramente administrativa (e, portanto, sem a marca do conflito) não engrandece a cultura nem favorece a boa política.

São alguns exemplos alternativos que podem ganhar o coração da vida pública. Dos interesses para as virtudes.”

Estamos, pois, diante de páginas que, sem dúvida alguma, enriquecem a idéia da grande CRUZADA NACIONAL e nos FORTALECEM e nos MOTIVAM na construção de um PAÍS verdadeiramente JUSTO, ÉTICO, LIVRE, DESENVOLVIDO e SOLIDÁRIO com a PARTILHA de suas RIQUEZAS, quer NATURAIS, ECONÔMICAS e CULTURAIS, a TODOS os BRASILEIROS e a TODAS as BRASILEIRAS...

O BRASIL TEM JEITO!...