quarta-feira, 4 de abril de 2018

A EXCELÊNCIA EDUCACIONAL, A URGÊNCIA DAS NOVAS LIDERANÇAS E A TRANSCENDÊNCIA DO SILÊNCIO NA SUSTENTABILIDADE


“A nova policromia social
        As eleições deste ano terão como um de seus pilares a articulação com a sociedade. Diferentemente de pleitos passados, conduzidos pelas tradicionais lideranças políticas, a competição deste ano deverá se valer de pactos e compromissos que candidatos e partidos assumirão com uma sociedade mais organizada. Os grupamentos sociais reivindicam, apontam caminhos, numa mobilização centrípeta (das margens para o centro da política), mudando a feição centrífuga (do centro para a sociedade organizada).
         Uma força emergente se origina nesses grupos, formando uma “nova classe” que abriga segmentos do empresariado médio, principalmente do setor terciário, em fase de expansão, nichos de comércio de cidades-polo, servidores públicos, correntes de trabalho voluntário e núcleos religiosos, acenando com mensagens de esperança e renovação. A polarização entre extremos ainda continuará com suas militâncias, mas é visível a vontade geral de buscar o “elemento novo”, perfis e propostas factíveis.
         Em “Assim Falou Zaratustra”, Nietzsche radiografa o estado de espírito da disposição social emergente: “novos caminhos sigo, uma nova fala me empolga; como todos os criadores, cansei-me das velhas línguas. Não quer mais o meu espírito caminhar com solas gastas”. O fato é que o sapato esburacado da elite tradicional é abandonado, junto com a linguagem de instituições que parecem caducas, como a Fiesp e seus patinhos amarelos, as centrais sindicais sugando as tetas do Estado, ou os partidos bolorentos dominando feudos estatais. Novas motivações acendem a chama social.
         O que se constata é a saturação das formas de operação política e o esgotamento dos velhos líderes. A política carece de oxigênio, o que explica a ascensão de figuras menos identificadas com a “parede cheia de bolor”. Nova consciência se instala. Partidos tradicionais perdem substância ante o declínio das ideologias e a extinção das antigas clivagens partidárias. O antagonismo de classes esmaece. A expansão econômica, a diminuição do emprego no setor secundário e sua expansão no setor terciário estiolam a força das grandes estruturas de mobilização sindical e negociação. A defesa corporativa ganha força na micropolítica, nas demandas de setores, regiões e comunidades.
         A democracia representativa começa a ser praticada também pelo universo de entidades intermediárias – associações, sindicatos, grupos, movimentos. Perfis que chamam a atenção são os funcionais – assépticos, descomprometidos com esquemas corrompidos. A impopularidade dos políticos combina com sua roupa desgastada.
         O povo já não suporta a sensação de que estamos sempre recomeçando. Daí o desânimo, o descrédito, a frustração – e ele se refugia em entidades que acolhem suas expectativas. A mulher e o jovem querem mais destaque. Há uma nova policromia social no cenário político. E apenas uns poucos enxergam.”.

(Gaudêncio Torquato. Jornalista, professor (USP) e consultor, em artigo publicado no jornal O TEMPO Belo Horizonte, edição de 1 de abril de 2018, caderno O.PINIÃO, página 17).

Mais uma importante e oportuna contribuição para o nosso trabalho de Mobilização para a Excelência Educacional vem de artigo publicado no jornal ESTADO DE MINAS, edição de 30 de março de 2018, caderno OPINIÃO, página 7, de autoria de DOM WALMOR OLIVEIRA DE AZEVEDO, arcebispo metropolitano de Belo Horizonte, e que merece igualmente integral transcrição:

“Silêncio profundo
        Sexta-feira Santa é dia de silêncio profundo. Um silêncio especial que não se refere apenas aos barulhos. Trata-se de uma profundidade que vem da experiência genuína de contemplar a oferta maior, o gesto de Cristo – Filho de Deus –, imolado na cruz para a salvação da humanidade. E esse silêncio profundo da Sexta-feira Santa traz um convite e uma interpelação para todos: que ecoe nos corações a lição do amor. Eis uma necessidade urgente, pois o mundo, gradativamente, se acostuma a dar atenção prioritária para a espetacularização e ao que estimula as polarizações. Ingredientes que geram a banalização do mal. E, assim, as perversões vão alimentando dinâmicas que passam a presidir vidas, escolhas, atitudes. Consequentemente, perde-se a visão humanitária e a sabedoria tão necessárias para superar a violência, para aproveitar adequadamente as potencialidades do desenvolvimento tecnológico e dos recursos ambientais, adotando parâmetros de uma ecologia integral.
         A civilização contemporânea, mesmo com os recursos nunca antes conquistados, sofre justamente por falta de sabedoria e de visão humanitária. Por isso, proliferam cenários vergonhosos de pobreza, exclusão e discriminações. E se tornam cada vez mais comuns a incompetência, as condutas comprometedoras, as escolhas equivocadas, a carência de líderes, a ruptura de processos necessários para se avançar. Não é fácil reverter todas essas situações desoladoras. Mas é certo que o cultivo da espiritualidade possibilita novos passos na direção de um mundo melhor.
         Neste tempo da “febre” das redes sociais e dos mais variados recursos técnicos à disposição para se comunicar, nesta época de barulho ensurdecedor que vem das ruas e de tantos outros ambientes, há um comprometimento da capacidade de se silenciar cultivando a espiritualidade. E quem não se silencia, não escuta. Por isso, há incapacidade para ver o sentido que está guardado nos acontecimentos, nas pessoas, nos desdobramentos da história. Fala-se muito, mas sem assertividade. Emitem-se juízos eivados de parcialidades e distantes da verdade. A falta de silêncio, que não permite às pessoas escutarem, incapacita o ser humano para o diálogo. Hoje em dia, há muitos ataques pessoais dirigidos aos colegas em variados ambientes, a exemplo do tribunal e do parlamento. Também se tornaram comuns a profusão de notícias falsas e as hostilidades motivadas por fatos irrelevantes. A ausência do silêncio está comprometendo a qualidade do relacionamento entre as pessoas.
         Por não exercitar a escuta de si, do outro e dos acontecimentos diários, cresce a tendência dos falatórios. O que se diz é desprovido de qualidade e a sociedade é arremessada nos desentendimentos. Todos, gradativamente, passam a adotar os ataques como mecanismo de defesa. Fala-se de tudo, sobre todas as coisas e pessoas, lamentavelmente. Isso gera desentendimento, o que contribui para acentuar indiferenças, práticas cartoriais, apequenando a condição humana. A Sexta-feira Santa oferece à humanidade, de modo celebrativo e interpelativo, a partir das reflexões sobre a Paixão e a Morte de Jesus, o Salvador do mundo e Redentor da humanidade, a possibilidade de cada pessoa exercitar a competência de se silenciar. E desse modo, qualificar-se para o exercício do diálogo. A oferta de Jesus, de sua vida na cruz, é a fonte inesgotável do silêncio que, se for vivido, permite a conquista da competência para se relacionar com o mundo. Quem é capaz de viver o silêncio torna-se instrumento de transformação e contribui para debelar situações tristes, que levam a perdas irreparáveis.
         Na Sexta-feira Santa, o convite a ser acolhido por todos é o de repetir, de coração, contemplando o Crucificado, o que o disse o oficiel romano presente na paixão e morte de Jesus: “Verdadeiramente, ele era o filho de Deus”. Essa é a mais completa experiência para conquistar o silêncio necessário ao diálogo. Um gesto que permite fazer brotar no coração as expressões que recriam, as condutas que enobrecem, resgatando o mais autêntico sentido de humanidade. Eis o silêncio que nos faz repetir as palavras de Santo Ambrósio: “Vós sofreis, Senhor, não por causa de vossas feridas, mas pelas minhas; não por causa de vossa morte, mas por causa de nossa enfermidade. E nós vos olhávamos como um homem coberto de dores quando sofríeis não por vós, mas por nós. Pois fostes ferido por causa de nossos pecados’ (cf. Is 53,5), porém essa enfermidade vós não recebestes do Pai, mas assumistes por minha causa. Por que era bom para mim que ‘a punição a ele imposta fosse o preço da nossa paz, e suas feridas, o preço da nossa cura”’. Fecunde, no coração humano, o silêncio da Sexta-feira Santa.”.

Eis, portanto, mais páginas contendo importantes, incisivas e oportunas abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança de nossa história – que é de ética, de moral, de princípios, de valores –, para a imperiosa e urgente necessidade de profundas mudanças em nossas estruturas educacionais, governamentais, jurídicas, políticas, sociais, culturais, econômicas, financeiras e ambientais, de modo a promovermos a inserção do País no concerto das potências mundiais livres, civilizadas, soberanas, democráticas e sustentavelmente desenvolvidas...

Assim, urge ainda a efetiva problematização de questões deveras cruciais como:
a)     a excelência educacional – pleno desenvolvimento da pessoa, da cidadania e da qualificação profissional –, desde a educação infantil (0 a 3 anos de idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo da modernidade de matricularmos nossas crianças de 6 anos de idade na primeira série do ensino fundamental, independentemente do mês de seu nascimento –, até a pós-graduação (especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade absoluta de nossas políticas públicas, gerando o pleno desenvolvimento da pessoa, da cidadania e da qualificação profissional (enfim, 128 anos depois, a República proclama o que esperamos seja verdadeiramente o início de uma revolução educacional, mobilizando de maneira incondicional todas as forças vivas do país, para a realização da nova pátria; a pátria da educação, da ética, da justiça, da liberdade, da civilidade, da democracia, da participação, da solidariedade, da sustentabilidade...);
b)    o combate implacável, sem eufemismos e sem tréguas, aos três dos nossos maiores e mais devastadores inimigos que são: I – a inflação, a exigir permanente, competente e diuturna vigilância, de forma a manter-se em patamares civilizados, ou seja, próximos de zero (segundo dados do Banco Central, a taxa de juros do cartão de crédito atingiu em fevereiro a ainda estratosférica marca de 333,9% nos últimos  doze meses, e a taxa de juros do cheque especial em históricos 324,1%; e já o IPCA, também no acumulado dos últimos doze meses, chegou a 2,84%); II – a corrupção, há séculos, na mais perversa promiscuidade    “dinheiro público versus interesses privados” –, como um câncer a se espalhar por todas as esferas da vida nacional, gerando incalculáveis e irreversíveis prejuízos, perdas e comprometimentos de vária ordem (a propósito, a lúcida observação do procurador chefe da força-tarefa da Operação Lava Jato, Deltan Dallagnol: “A Lava Jato ela trata hoje de um tumor, de um caso específico de corrupção, mas o problema é que o sistema é cancerígeno...” – e que vem mostrando também o seu caráter transnacional;  eis, portanto, que todos os valores que vão sendo apresentados aos borbotões, são apenas simbólicos, pois em nossos 517 anos já se formou um verdadeiro oceano de suborno, propina, fraudes, desvios, malversação, saque, rapina e dilapidação do nosso patrimônio... Então, a corrupção mata, e, assim, é crime...); III – o desperdício, em todas as suas modalidades, também a ocasionar inestimáveis perdas e danos, indubitavelmente irreparáveis (por exemplo, segundo Lucas Massari, no artigo ‘O Desperdício na Logística Brasileira’, a “... Desconfiança das empresas e das famílias é grande. Todos os anos, cerca de R$ 1 trilhão, é desperdiçado no Brasil. Quase nada está imune à perda. Uma lista sem fim de problemas tem levado esses recursos e muito mais. De cada R$ 100 produzidos, quase R$ 25 somem em meio à ineficiência do Estado e do setor privado, à falhas de logística e de infraestrutura, ao excesso de burocracia, ao descaso, à corrupção e à falta de planejamento...”;
c)     a dívida pública brasileira - (interna e externa; federal, estadual, distrital e municipal) –, com previsão para 2018, apenas segundo o Orçamento Geral da União – Anexo II – Despesa dos Orçamentos Fiscal e da Seguridade Social – Órgão Orçamentário, de exorbitante e insuportável desembolso de cerca de R$ 1,847 trilhão (52,4%), a título de juros, encargos, amortização e refinanciamentos (ao menos com esta rubrica, previsão de R$ 1,106 trilhão), a exigir alguns fundamentos da sabedoria grega:
- pagar, sim, até o último centavo;
- rigorosamente, não pagar com o pão do povo;
- realizar uma IMEDIATA, abrangente, qualificada, independente, competente e eficaz auditoria... (ver também www.auditoriacidada.org.br)
(e ainda a propósito, no artigo Melancolia, Vinicius Torres Freire, diz: “... Não será possível conter a presente degradação econômica sem pelo menos, mínimo do mínimo, controle da ruína das contas do governo: o aumento sem limite da dívida pública...”).

Isto posto, torna-se absolutamente inútil lamentarmos a falta de recursos diante de tão descomunal sangria que dilapida o nosso já combalido dinheiro público, mina a nossa capacidade de investimento e de poupança e, mais grave ainda, afeta a credibilidade de nossas instituições, negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à pátria, ao lado de abissais desigualdades sociais e regionais e de extremas e sempre crescentes necessidades de ampliação e modernização de setores como: a gestão pública; a infraestrutura (rodovias, ferrovias, hidrovias, portos, aeroportos); a educação; a saúde; o saneamento ambiental (água tratada, esgoto tratado, resíduos sólidos tratados, macrodrenagem urbana, logística reversa); meio ambiente; habitação; mobilidade urbana (trânsito, transporte, acessibilidade); minas e energia; emprego, trabalho e renda; agregação de valor às commodities; sistema financeiro nacional; assistência social; previdência social; segurança alimentar e nutricional; segurança pública; forças armadas; polícia federal; defesa civil; logística; pesquisa e desenvolvimento; ciência, tecnologia e inovação; cultura, esporte e lazer; turismo; comunicações; qualidade (planejamento – estratégico, tático e operacional –, transparência, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade – “fazer mais e melhor, com menos” –, criatividade, produtividade, competitividade); entre outros...

São, e bem o sabemos, gigantescos desafios mas que, de maneira alguma, abatem o nosso ânimo e nem arrefecem o nosso entusiasmo e otimismo nesta grande cruzada nacional pela excelência educacional, visando à construção de uma Nação verdadeiramente participativa, justa, ética, educada, civilizada, qualificada, livre, soberana, democrática, solidária e desenvolvida, que possa partilhar suas extraordinárias e generosas riquezas, oportunidades e potencialidades com todas as brasileiras e com todos os brasileiros. Ainda mais especialmente no horizonte de investimentos bilionários previstos em inadiáveis e fundamentais empreendimentos de infraestrutura, além de projetos do Pré-Sal e de novas fontes energéticas, à luz das exigências do século 21, da era da globalização, da internacionalização das organizações, da informação, do conhecimento, da inovação, das novas tecnologias, da sustentabilidade e de um possível e novo mundo do direito, da justiça, da verdade, do diálogo, da liberdade, da paz, da solidariedade, da igualdade – e com equidade –, e da fraternidade universal...

Este é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a nossa fé, a nossa esperança... e perseverança!

“VI, OUVI E VIVI: O BRASIL TEM JEITO!”
55 anos de testemunho de um servidor público (1961 – 2016)

- Estamos nos descobrindo através da Excelência Educacional ...
- ANTICORRUPÇÃO: Prevenir e vencer, usando nossas defesas democráticas ...
- Por uma Nova Política Brasileira ...
- Pela excelência na Gestão Pública ...  

Afinal, o Brasil é uma águia pequena que já ganhou asas e, para voar, precisa tão somente de visão olímpica e de coragem! ...      

E P Í L O G O

CLAMOR E SÚPLICA DO POVO BRASILEIRO

“Oh! Deus, Criador e Legislador, fonte de infinita misericórdia!
Senhor, que não fique, e não está ficando, pedra sobre pedra
Dos impérios edificados com os ganhos espúrios,
Frutos da corrupção, do saque, da rapina e da dilapidação do
Nosso patrimônio público.
Patrimônio esse construído com o
Sangue, suor e lágrima,
Trabalho, honra e dignidade do povo brasileiro!
Senhor, que seja assim! Eternamente!”.






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