“A
nova policromia social
As eleições deste ano
terão como um de seus pilares a articulação com a sociedade. Diferentemente de
pleitos passados, conduzidos pelas tradicionais lideranças políticas, a
competição deste ano deverá se valer de pactos e compromissos que candidatos e
partidos assumirão com uma sociedade mais organizada. Os grupamentos sociais
reivindicam, apontam caminhos, numa mobilização centrípeta (das margens para o
centro da política), mudando a feição centrífuga (do centro para a sociedade
organizada).
Uma
força emergente se origina nesses grupos, formando uma “nova classe” que abriga
segmentos do empresariado médio, principalmente do setor terciário, em fase de
expansão, nichos de comércio de cidades-polo, servidores públicos, correntes de
trabalho voluntário e núcleos religiosos, acenando com mensagens de esperança e
renovação. A polarização entre extremos ainda continuará com suas militâncias,
mas é visível a vontade geral de buscar o “elemento novo”, perfis e propostas
factíveis.
Em
“Assim Falou Zaratustra”, Nietzsche radiografa o estado de espírito da
disposição social emergente: “novos caminhos sigo, uma nova fala me empolga; como
todos os criadores, cansei-me das velhas línguas. Não quer mais o meu espírito
caminhar com solas gastas”. O fato é que o sapato esburacado da elite
tradicional é abandonado, junto com a linguagem de instituições que parecem
caducas, como a Fiesp e seus patinhos amarelos, as centrais sindicais sugando
as tetas do Estado, ou os partidos bolorentos dominando feudos estatais. Novas
motivações acendem a chama social.
O que
se constata é a saturação das formas de operação política e o esgotamento dos
velhos líderes. A política carece de oxigênio, o que explica a ascensão de
figuras menos identificadas com a “parede cheia de bolor”. Nova consciência se
instala. Partidos tradicionais perdem substância ante o declínio das ideologias
e a extinção das antigas clivagens partidárias. O antagonismo de classes
esmaece. A expansão econômica, a diminuição do emprego no setor secundário e
sua expansão no setor terciário estiolam a força das grandes estruturas de
mobilização sindical e negociação. A defesa corporativa ganha força na
micropolítica, nas demandas de setores, regiões e comunidades.
A
democracia representativa começa a ser praticada também pelo universo de
entidades intermediárias – associações, sindicatos, grupos, movimentos. Perfis
que chamam a atenção são os funcionais – assépticos, descomprometidos com
esquemas corrompidos. A impopularidade dos políticos combina com sua roupa
desgastada.
O povo
já não suporta a sensação de que estamos sempre recomeçando. Daí o desânimo, o
descrédito, a frustração – e ele se refugia em entidades que acolhem suas
expectativas. A mulher e o jovem querem mais destaque. Há uma nova policromia
social no cenário político. E apenas uns poucos enxergam.”.
(Gaudêncio
Torquato. Jornalista, professor (USP) e consultor, em artigo publicado no
jornal O TEMPO Belo Horizonte,
edição de 1 de abril de 2018, caderno O.PINIÃO,
página 17).
Mais uma importante e oportuna contribuição para o
nosso trabalho de Mobilização para a
Excelência Educacional vem de artigo publicado no jornal ESTADO DE MINAS, edição de 30 de março
de 2018, caderno OPINIÃO, página 7,
de autoria de DOM WALMOR OLIVEIRA DE
AZEVEDO, arcebispo metropolitano de Belo Horizonte, e que merece igualmente
integral transcrição:
“Silêncio
profundo
Sexta-feira Santa é dia
de silêncio profundo. Um silêncio especial que não se refere apenas aos
barulhos. Trata-se de uma profundidade que vem da experiência genuína de
contemplar a oferta maior, o gesto de Cristo – Filho de Deus –, imolado na cruz
para a salvação da humanidade. E esse silêncio profundo da Sexta-feira Santa
traz um convite e uma interpelação para todos: que ecoe nos corações a lição do
amor. Eis uma necessidade urgente, pois o mundo, gradativamente, se acostuma a
dar atenção prioritária para a espetacularização e ao que estimula as
polarizações. Ingredientes que geram a banalização do mal. E, assim, as
perversões vão alimentando dinâmicas que passam a presidir vidas, escolhas,
atitudes. Consequentemente, perde-se a visão humanitária e a sabedoria tão
necessárias para superar a violência, para aproveitar adequadamente as
potencialidades do desenvolvimento tecnológico e dos recursos ambientais,
adotando parâmetros de uma ecologia integral.
A
civilização contemporânea, mesmo com os recursos nunca antes conquistados,
sofre justamente por falta de sabedoria e de visão humanitária. Por isso,
proliferam cenários vergonhosos de pobreza, exclusão e discriminações. E se
tornam cada vez mais comuns a incompetência, as condutas comprometedoras, as
escolhas equivocadas, a carência de líderes, a ruptura de processos necessários
para se avançar. Não é fácil reverter todas essas situações desoladoras. Mas é
certo que o cultivo da espiritualidade possibilita novos passos na direção de
um mundo melhor.
Neste
tempo da “febre” das redes sociais e dos mais variados recursos técnicos à
disposição para se comunicar, nesta época de barulho ensurdecedor que vem das
ruas e de tantos outros ambientes, há um comprometimento da capacidade de se
silenciar cultivando a espiritualidade. E quem não se silencia, não escuta. Por
isso, há incapacidade para ver o sentido que está guardado nos acontecimentos,
nas pessoas, nos desdobramentos da história. Fala-se muito, mas sem
assertividade. Emitem-se juízos eivados de parcialidades e distantes da
verdade. A falta de silêncio, que não permite às pessoas escutarem, incapacita
o ser humano para o diálogo. Hoje em dia, há muitos ataques pessoais dirigidos
aos colegas em variados ambientes, a exemplo do tribunal e do parlamento.
Também se tornaram comuns a profusão de notícias falsas e as hostilidades
motivadas por fatos irrelevantes. A ausência do silêncio está comprometendo a
qualidade do relacionamento entre as pessoas.
Por
não exercitar a escuta de si, do outro e dos acontecimentos diários, cresce a
tendência dos falatórios. O que se diz é desprovido de qualidade e a sociedade
é arremessada nos desentendimentos. Todos, gradativamente, passam a adotar os
ataques como mecanismo de defesa. Fala-se de tudo, sobre todas as coisas e
pessoas, lamentavelmente. Isso gera desentendimento, o que contribui para
acentuar indiferenças, práticas cartoriais, apequenando a condição humana. A
Sexta-feira Santa oferece à humanidade, de modo celebrativo e interpelativo, a
partir das reflexões sobre a Paixão e a Morte de Jesus, o Salvador do mundo e
Redentor da humanidade, a possibilidade de cada pessoa exercitar a competência
de se silenciar. E desse modo, qualificar-se para o exercício do diálogo. A
oferta de Jesus, de sua vida na cruz, é a fonte inesgotável do silêncio que, se
for vivido, permite a conquista da competência para se relacionar com o mundo.
Quem é capaz de viver o silêncio torna-se instrumento de transformação e
contribui para debelar situações tristes, que levam a perdas irreparáveis.
Na
Sexta-feira Santa, o convite a ser acolhido por todos é o de repetir, de
coração, contemplando o Crucificado, o que o disse o oficiel romano presente na
paixão e morte de Jesus: “Verdadeiramente, ele era o filho de Deus”. Essa é a
mais completa experiência para conquistar o silêncio necessário ao diálogo. Um
gesto que permite fazer brotar no coração as expressões que recriam, as
condutas que enobrecem, resgatando o mais autêntico sentido de humanidade. Eis
o silêncio que nos faz repetir as palavras de Santo Ambrósio: “Vós sofreis,
Senhor, não por causa de vossas feridas, mas pelas minhas; não por causa de
vossa morte, mas por causa de nossa enfermidade. E nós vos olhávamos como um
homem coberto de dores quando sofríeis não por vós, mas por nós. Pois fostes
ferido por causa de nossos pecados’ (cf. Is 53,5), porém essa enfermidade vós
não recebestes do Pai, mas assumistes por minha causa. Por que era bom para mim
que ‘a punição a ele imposta fosse o preço da nossa paz, e suas feridas, o
preço da nossa cura”’. Fecunde, no coração humano, o silêncio da Sexta-feira
Santa.”.
Eis, portanto, mais páginas contendo importantes, incisivas e
oportunas abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança
de nossa história – que é de ética, de
moral, de princípios, de valores –, para
a imperiosa e urgente necessidade de profundas
mudanças em nossas estruturas educacionais,
governamentais, jurídicas, políticas, sociais, culturais, econômicas,
financeiras e ambientais, de modo a promovermos a inserção do País no
concerto das potências mundiais livres, civilizadas, soberanas, democráticas e
sustentavelmente desenvolvidas...
Assim, urge ainda a efetiva problematização de questões deveras
cruciais como:
a) a excelência educacional – pleno
desenvolvimento da pessoa, da cidadania e da qualificação profissional –, desde
a educação infantil (0 a 3 anos de
idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo
da modernidade de matricularmos nossas crianças de 6 anos de idade na primeira
série do ensino fundamental, independentemente
do mês de seu nascimento –, até a pós-graduação
(especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade absoluta de nossas políticas
públicas, gerando o pleno
desenvolvimento da pessoa, da cidadania e da qualificação profissional
(enfim, 128 anos depois, a República proclama o que esperamos seja
verdadeiramente o início de uma revolução educacional, mobilizando de maneira
incondicional todas as forças vivas do país, para a realização da nova pátria;
a pátria da educação, da ética, da justiça, da liberdade, da civilidade, da
democracia, da participação, da solidariedade, da sustentabilidade...);
b) o combate implacável, sem eufemismos e
sem tréguas, aos três dos nossos maiores e mais devastadores inimigos que são:
I – a inflação, a exigir permanente,
competente e diuturna vigilância, de forma a manter-se em patamares
civilizados, ou seja, próximos de zero (segundo dados do Banco Central, a taxa
de juros do cartão de crédito atingiu em fevereiro a ainda estratosférica marca
de 333,9% nos últimos doze meses, e a
taxa de juros do cheque especial em históricos 324,1%; e já o IPCA, também no
acumulado dos últimos doze meses, chegou a 2,84%); II – a corrupção, há séculos, na mais perversa promiscuidade –
“dinheiro público versus interesses privados” –, como um câncer a se
espalhar por todas as esferas da vida nacional, gerando incalculáveis e
irreversíveis prejuízos, perdas e comprometimentos de vária ordem (a propósito,
a lúcida observação do procurador chefe da força-tarefa da Operação Lava Jato,
Deltan Dallagnol: “A Lava Jato ela trata hoje de um tumor, de um caso
específico de corrupção, mas o problema é que o sistema é cancerígeno...” – e
que vem mostrando também o seu caráter transnacional; eis, portanto, que todos os valores que vão
sendo apresentados aos borbotões, são apenas simbólicos, pois em nossos 517
anos já se formou um verdadeiro oceano de suborno, propina, fraudes, desvios,
malversação, saque, rapina e dilapidação do nosso patrimônio... Então, a
corrupção mata, e, assim, é crime...); III – o desperdício, em todas as suas modalidades, também a ocasionar
inestimáveis perdas e danos, indubitavelmente irreparáveis (por exemplo,
segundo Lucas Massari, no artigo ‘O Desperdício na Logística Brasileira’, a
“... Desconfiança das empresas e das famílias é
grande. Todos os anos, cerca de R$ 1 trilhão, é desperdiçado no Brasil. Quase
nada está imune à perda. Uma lista sem fim de problemas tem levado esses recursos
e muito mais. De cada R$ 100 produzidos, quase R$ 25 somem em meio à
ineficiência do Estado e do setor privado, à falhas de logística e de
infraestrutura, ao excesso de burocracia, ao descaso, à corrupção e à falta de
planejamento...”;
c) a dívida pública brasileira - (interna e
externa; federal, estadual, distrital e municipal) –, com previsão para
2018, apenas segundo o Orçamento Geral da União – Anexo II – Despesa dos
Orçamentos Fiscal e da Seguridade Social – Órgão Orçamentário, de exorbitante e
insuportável desembolso de cerca de R$
1,847 trilhão (52,4%), a título de juros, encargos, amortização e
refinanciamentos (ao menos com esta rubrica, previsão de R$ 1,106 trilhão), a exigir alguns fundamentos da sabedoria grega:
- pagar,
sim, até o último centavo;
-
rigorosamente, não pagar com o pão do povo;
-
realizar uma IMEDIATA, abrangente,
qualificada, independente, competente e eficaz auditoria... (ver também www.auditoriacidada.org.br)
(e ainda
a propósito, no artigo Melancolia,
Vinicius Torres Freire, diz: “... Não será possível conter a presente
degradação econômica sem pelo menos, mínimo do mínimo, controle da ruína das
contas do governo: o aumento sem limite da dívida pública...”).
Isto posto, torna-se absolutamente inútil lamentarmos a falta
de recursos diante de tão descomunal sangria que dilapida o nosso já
combalido dinheiro público, mina a nossa capacidade de investimento e de
poupança e, mais grave ainda, afeta a credibilidade de nossas instituições,
negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à
pátria, ao lado de abissais desigualdades sociais e regionais e de extremas
e sempre crescentes necessidades de ampliação
e modernização de setores como: a gestão
pública; a infraestrutura (rodovias,
ferrovias, hidrovias, portos, aeroportos); a educação; a saúde; o saneamento ambiental (água tratada,
esgoto tratado, resíduos sólidos tratados, macrodrenagem urbana, logística
reversa); meio ambiente; habitação;
mobilidade urbana (trânsito, transporte, acessibilidade); minas e energia; emprego, trabalho e renda;
agregação de valor às commodities; sistema financeiro nacional; assistência
social; previdência social; segurança alimentar e nutricional; segurança
pública; forças armadas; polícia federal; defesa civil; logística; pesquisa e
desenvolvimento; ciência, tecnologia e inovação; cultura, esporte e lazer;
turismo; comunicações; qualidade (planejamento – estratégico, tático e
operacional –, transparência, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade
– “fazer mais e melhor, com menos” –, criatividade, produtividade,
competitividade); entre outros...
São, e bem o sabemos, gigantescos desafios mas que, de maneira
alguma, abatem o nosso ânimo e nem
arrefecem o nosso entusiasmo e otimismo nesta
grande cruzada nacional pela excelência
educacional, visando à construção de uma Nação verdadeiramente participativa, justa, ética, educada,
civilizada, qualificada, livre, soberana, democrática, solidária e
desenvolvida, que possa partilhar suas extraordinárias e generosas
riquezas, oportunidades e potencialidades com todas as brasileiras e com todos
os brasileiros. Ainda mais especialmente no horizonte de investimentos
bilionários previstos em inadiáveis e fundamentais empreendimentos de
infraestrutura, além de projetos do Pré-Sal e de novas fontes energéticas, à
luz das exigências do século 21, da era da globalização, da internacionalização
das organizações, da informação, do conhecimento, da inovação, das novas
tecnologias, da sustentabilidade e de um possível e novo mundo do direito, da justiça, da verdade, do diálogo, da liberdade, da paz, da solidariedade, da igualdade – e com equidade –, e da fraternidade universal...
Este é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a nossa fé, a
nossa esperança... e perseverança!
“VI,
OUVI E VIVI: O BRASIL TEM JEITO!”
55 anos
de testemunho de um servidor público (1961 – 2016)
-
Estamos nos descobrindo através da Excelência Educacional ...
-
ANTICORRUPÇÃO: Prevenir e vencer, usando nossas defesas democráticas ...
- Por
uma Nova Política Brasileira ...
- Pela
excelência na Gestão Pública ...
Afinal, o Brasil é uma águia pequena que já ganhou
asas e, para voar, precisa tão somente de visão olímpica e de coragem! ...
E
P Í L O G O
CLAMOR
E SÚPLICA DO POVO BRASILEIRO
“Oh! Deus, Criador e Legislador, fonte de infinita
misericórdia!
Senhor, que não fique, e não está ficando, pedra
sobre pedra
Dos impérios edificados com os ganhos espúrios,
Frutos da corrupção, do saque, da rapina e da
dilapidação do
Nosso patrimônio público.
Patrimônio esse construído com o
Sangue, suor e lágrima,
Trabalho, honra e dignidade do povo brasileiro!
Senhor, que seja assim! Eternamente!”.