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segunda-feira, 16 de julho de 2018

A EXCELÊNCIA EDUCACIONAL, A FORÇA DAS NOVAS FONTES DE PODER E OS GRAVES DESAFIOS PARA A SUSTENTABILIDADE


“O poder bebe de novas fontes
        O poder no Brasil bebe de novas fontes. Expliquemos. Espraia-se pelo país um fenômeno que terá impacto sobre nossa modelagem democrática. Uma sociedade mais plural, a partir da organização de suas entidades de representação, com maior distribuição de poder. As pedrinhas do dominó vão se tocando. A democratização da sociedade civil adensa e amplifica a democracia. A prova mais eloquente se verifica na formidável malha de centros de poder em todos os âmbitos (associações, movimentos, grupamentos etc.).
         Isso enfraquece o poder da instituição parlamentar? De certo modo, sim, pois o sistema político padece de monumental crise de imagem. A formação desses novos centros no meio e nas margens da sociedade é motivada também pela falta de respostas adequadas do ente parlamentar. Os mais de 30 partidos políticos constituem uma massa amalgamada, incolor e sem ideologia, na esteira da debacle do socialismo clássico, da globalização e da quebra de fronteiras físicas, psicológicas e ideológicas entre países.
         As doutrinas se fundem, enquanto o desempenho menos convicto dos participantes do universo partidário impregna os ambientes. As lutas políticas e sociais do passado perderam sentido. Direita e esquerda cruzam seus ideários, enquanto o liberalismo e o socialismo procuram novos conceitos. O primeiro demonstrou saber produzir riquezas, mas não sabe distribuí-las; o segundo demonstrou saber distribuir riquezas, mas não sabe produzi-las. Aí surgem os “caçadores” da ideologia dos novos tempos.
         Oposições partidárias buscam antes a tomada do poder, depois a ideologia. Que partido político tem hoje um projeto de poder? O socialismo clássico do PT? Já era. O que os partidos de centro, a partir do PSDB? O social-liberalismo? Quais seus limites? Por isso, o oposicionismo se dá menos em função de uma visão ideológica do mundo e mais em razão de projetos de poder, centrados no pragmatismo e inspirados nas vontades e expectativas dos novos polos de pressão da sociedade.
         A ação política para a conquista do poder leva em consideração a micropolítica dos grupos de interesse, das regiões, das comunidades locais, tornando o processo político no Brasil mais distritalizado, espacial. Veja-se a guerra fiscal entre Estados. A democracia participativa ganha alento com as manifestações e decisões dos cidadãos em suas entidades.
         Os conjuntos organizados da sociedade recebem grande espaço da mídia, que descobre na investigação e na cobertura de eventos de impacto uma forma de adensar a taxa cívica da nação. Até parece que a sociedade entoa o canto de Zaratrusta (Nietzsche) para expressar o estado de espírito da força emergente: “Novos caminhos sigo, uma nova fala me empolga; como todos os criadores, cansei-me das velhas línguas. Não quer mais, o meu espírito, caminhar com solas gastas”.”.
(Gaudêncio Torquato. Jornalista, professor titular da USP e consultor, em artigo publicado no jornal O TEMPO Belo Horizonte, edição de 8 de julho de 2018, caderno O.PINIÃO, página 21).
Eis, portanto, mais páginas contendo importante e oportuna contribuição para o nosso trabalho de Mobilização para a Excelência Educacional vem de artigo publicado no jornal ESTADO DE MINAS, edição de 7 de julho de 2018, caderno OPINIÃO, página 5, de autoria de RENATO DE ARAGÃO RIBEIRO RODRIGUS, secretário de inteligência e relações estratégicas da Embrapa, e LUIS TADEU ASSAD, diretor-presidente do Instituto Brasileiro de Desenvolvimento e Sustentabilidade, e que merece igualmente integral transcrição:
“Alianças para a Agenda 2030
        Mês passado, na Espanha, realizou-se a Conferência Iberoamericana sobre os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS). Entre as paredes medievais da secular Universidade de Salamanca, que sediou o evento como parte das comemorações de seus 800 anos, especialistas em mudança do clima, meio ambiente, inovação, energia, economia circular, cultura e alianças estratégicas, entre outras áreas do conhecimento, discutiram formas de implantar a mais ambiciosa e completa agenda de desenvolvimento sustentável já produzida pela humanidade. Olhando para um passado de oito séculos, discutiu-se o que fazer para avançar com sustentabilidade nas próximas duas décadas.
         Os 17 ODS e suas 169 metas associadas lideradas pela ONU são ambiciosos, mas constituem a única maneira de construirmos um mundo possível, desejável e sustentável em 2030. Esse mundo ainda não existe, mas um grande passo foi dado na reunião: A Declaración de Salamanca, documento fundamental para essa transformação. Trata-se de um convite aberto a todos, organizações e indivíduos, de todos os países, idades e condições, para aceitar uma série de princípios gerais e forjar compromissos para o avanço do desenvolvimento sustentável.
         Um diferencial marcante da Agenda 2030 é que não é possível avançar parcialmente. Temos que pensar todos os objetivos de forma integrada. Outro importante princípio que está sendo criado é o do “não deixar ninguém para trás”. E, para isso, as pessoas e instituições precisarão aprender a viver e trabalhar de uma nova maneira.
         Não há espaço para palcos individuais. O mundo será feito de parcerias e alianças. Por isso, este texto – e as discussões da conferência – tem por objetivo destacar o ODS 17, que trata de parceria e tem a missão de “fortalecer os meios de implementação e revitalizar a parceria global para o desenvolvimento sustentável”.
         As alianças têm sido definidas como “o coração” da agenda 2030, o mecanismo mais efetivo para fazer frente aos desafios dos ODS. Porém, muitas organizações ainda não estão atuando para se adaptar a esse mecanismo. O business as usual e as estruturas do passado não parecem preparadas para essa nova era de colaboração e cocriação.
         A transformação sustentável não pode esperar, e o trabalho colaborativo em alianças permite identificar limitações e oportunidades, fomentando a criatividade e permitindo imaginar possibilidades e cenários novos. Necessitamos promover, humildemente, trocas, acordos e visões transversais que se construam sobre a base da confiança mútua, um marco das alianças multifatores, multiatores e multiculturais.
         Um grande desafio das próximas décadas será produzir alimentos para uma população crescente e em um mundo cada vez mais exigente. Novos padrões de consumo estão surgindo e países como China e Índia passarão a um novo patamar econômico. Estima-se que, em 2050, esses dois países tenham 4 bilhões de pessoas e US$ 80 trilhões em PIB. Além disso, cada vez mais pessoas estarão vivendo nas cidades. Ou seja, mais gente com maior poder de compra e hábitos alimentares mais exigentes. Para suprir essas necessidades, precisaremos de um meio rural sustentável, que adote conhecimento, conectividade, tecnologia e inovação. E isso só é possível com alianças.
         Tendo isso em vista, o governo brasileiro estabeleceu uma parceria, por meio do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) e da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), com o governo britânico (Defra), Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), setor privado (Associação Rede ILPF) e terceiro setor (Instituto Brasileiro de Desenvolvimento e Sustentabilidade/IABS) para promover a agricultura de baixo carbono e o desenvolvimento sustentável no meio rural. O objetivo é mitigar emissões de gases de efeito estufa e reduzir a pobreza no campo.
         Conforme argumenta o presidente de uma das empresas da Associação Rede ILPF, “nossa aliança permite que pessoas de bem, em instituições de bem, promovam o bem”.”.

Eis, portanto, mais páginas contendo importantes, incisivas e oportunas abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança de nossa história – que é de ética, de moral, de princípios, de valores –, para a imperiosa e urgente necessidade de profundas mudanças em nossas estruturas educacionais, governamentais, jurídicas, políticas, sociais, culturais, econômicas, financeiras e ambientais, de modo a promovermos a inserção do País no concerto das potências mundiais livres, civilizadas, soberanas, democráticas e sustentavelmente desenvolvidas...

Assim, urge ainda a efetiva problematização de questões deveras cruciais como:
a)     a excelência educacional – pleno desenvolvimento da pessoa, da cidadania e da qualificação profissional –, desde a educação infantil (0 a 3 anos de idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo da modernidade de matricularmos nossas crianças de 6 anos de idade na primeira série do ensino fundamental, independentemente do mês de seu nascimento –, até a pós-graduação (especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade absoluta de nossas políticas públicas, gerando o pleno desenvolvimento da pessoa, da cidadania e da qualificação profissional (enfim, 128 anos depois, a República proclama o que esperamos seja verdadeiramente o início de uma revolução educacional, mobilizando de maneira incondicional todas as forças vivas do país, para a realização da nova pátria; a pátria da educação, da ética, da justiça, da liberdade, da civilidade, da democracia, da participação, da solidariedade, da sustentabilidade...);
b)    o combate implacável, sem eufemismos e sem tréguas, aos três dos nossos maiores e mais devastadores inimigos que são: I – a inflação, a exigir permanente, competente e diuturna vigilância, de forma a manter-se em patamares civilizados, ou seja, próximos de zero (segundo dados do Banco Central, a taxa de juros do cartão de crédito atingiu em maio a ainda estratosférica marca de 303,62% nos últimos  doze meses, e a taxa de juros do cheque especial em históricos 311,89%; e já o IPCA, em junho, também no acumulado dos últimos doze meses, chegou a 4,39%); II – a corrupção, há séculos, na mais perversa promiscuidade    “dinheiro público versus interesses privados” –, como um câncer a se espalhar por todas as esferas da vida nacional, gerando incalculáveis e irreversíveis prejuízos, perdas e comprometimentos de vária ordem (a propósito, a lúcida observação do procurador chefe da força-tarefa da Operação Lava Jato, Deltan Dallagnol: “A Lava Jato ela trata hoje de um tumor, de um caso específico de corrupção, mas o problema é que o sistema é cancerígeno...” – e que vem mostrando também o seu caráter transnacional;  eis, portanto, que todos os valores que vão sendo apresentados aos borbotões, são apenas simbólicos, pois em nossos 518 anos já se formou um verdadeiro oceano de suborno, propina, fraudes, desvios, malversação, saque, rapina e dilapidação do nosso patrimônio... Então, a corrupção mata, e, assim, é crime...); III – o desperdício, em todas as suas modalidades, também a ocasionar inestimáveis perdas e danos, indubitavelmente irreparáveis (por exemplo, segundo Lucas Massari, no artigo ‘O Desperdício na Logística Brasileira’, a “... Desconfiança das empresas e das famílias é grande. Todos os anos, cerca de R$ 1 trilhão, é desperdiçado no Brasil. Quase nada está imune à perda. Uma lista sem fim de problemas tem levado esses recursos e muito mais. De cada R$ 100 produzidos, quase R$ 25 somem em meio à ineficiência do Estado e do setor privado, à falhas de logística e de infraestrutura, ao excesso de burocracia, ao descaso, à corrupção e à falta de planejamento...”;
c)     a dívida pública brasileira - (interna e externa; federal, estadual, distrital e municipal) –, com previsão para 2018, apenas segundo o Orçamento Geral da União – Anexo II – Despesa dos Orçamentos Fiscal e da Seguridade Social – Órgão Orçamentário, de exorbitante e insuportável desembolso de cerca de R$ 1,847 trilhão (52,4%), a título de juros, encargos, amortização e refinanciamentos (ao menos com esta rubrica, previsão de R$ 1,106 trilhão), a exigir alguns fundamentos da sabedoria grega:
- pagar, sim, até o último centavo;
- rigorosamente, não pagar com o pão do povo;
- realizar uma IMEDIATA, abrangente, qualificada, independente, competente e eficaz auditoria... (ver também www.auditoriacidada.org.br)
(e ainda a propósito, no artigo Melancolia, Vinicius Torres Freire, diz: “... Não será possível conter a presente degradação econômica sem pelo menos, mínimo do mínimo, controle da ruína das contas do governo: o aumento sem limite da dívida pública...”).

Isto posto, torna-se absolutamente inútil lamentarmos a falta de recursos diante de tão descomunal sangria que dilapida o nosso já combalido dinheiro público, mina a nossa capacidade de investimento e de poupança e, mais grave ainda, afeta a credibilidade de nossas instituições, negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à pátria, ao lado de abissais desigualdades sociais e regionais e de extremas e sempre crescentes necessidades de ampliação e modernização de setores como: a gestão pública; a infraestrutura (rodovias, ferrovias, hidrovias, portos, aeroportos); a educação; a saúde; o saneamento ambiental (água tratada, esgoto tratado, resíduos sólidos tratados, macrodrenagem urbana, logística reversa); meio ambiente; habitação; mobilidade urbana (trânsito, transporte, acessibilidade); minas e energia; emprego, trabalho e renda; agregação de valor às commodities; sistema financeiro nacional; assistência social; previdência social; segurança alimentar e nutricional; segurança pública; forças armadas; polícia federal; defesa civil; logística; pesquisa e desenvolvimento; ciência, tecnologia e inovação; cultura, esporte e lazer; turismo; comunicações; qualidade (planejamento – estratégico, tático e operacional –, transparência, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade – “fazer mais e melhor, com menos” –, criatividade, produtividade, competitividade); entre outros...

São, e bem o sabemos, gigantescos desafios mas que, de maneira alguma, abatem o nosso ânimo e nem arrefecem o nosso entusiasmo e otimismo nesta grande cruzada nacional pela excelência educacional, visando à construção de uma Nação verdadeiramente participativa, justa, ética, educada, civilizada, qualificada, livre, soberana, democrática, solidária e desenvolvida, que possa partilhar suas extraordinárias e generosas riquezas, oportunidades e potencialidades com todas as brasileiras e com todos os brasileiros. Ainda mais especialmente no horizonte de investimentos bilionários previstos em inadiáveis e fundamentais empreendimentos de infraestrutura, além de projetos do Pré-Sal e de novas fontes energéticas, à luz das exigências do século 21, da era da globalização, da internacionalização das organizações, da informação, do conhecimento, da inovação, das novas tecnologias, da sustentabilidade e de um possível e novo mundo do direito, da justiça, da verdade, do diálogo, da liberdade, da paz, da solidariedade, da igualdade – e com equidade –, e da fraternidade universal...

Este é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a nossa fé, a nossa esperança... e perseverança!

“VI, OUVI E VIVI: O BRASIL TEM JEITO!”
56 anos de testemunho de um servidor público (1961 – 2017)

- Estamos nos descobrindo através da Excelência Educacional ...
- ANTICORRUPÇÃO: Prevenir e vencer, usando nossas defesas democráticas ...
- Por uma Nova Política Brasileira ...
- Pela excelência na Gestão Pública ...
- Pelo fortalecimento da cultura da sustentabilidade, em suas três dimensões nucleares do desenvolvimento integral: econômico; social, com promoção humana, e, ambiental, com proteção e preservação dos nossos recursos naturais ...  

Afinal, o Brasil é uma águia pequena que já ganhou asas e, para voar, precisa tão somente de visão olímpica e de coragem! ...      

E P Í L O G O

CLAMOR E SÚPLICA DO POVO BRASILEIRO

“Oh! Deus, Criador e Legislador, fonte de infinita misericórdia!
Senhor, que não fique, e não está ficando, pedra sobre pedra
Dos impérios edificados com os ganhos espúrios,
Frutos da corrupção, do saque, da rapina e da dilapidação do
Nosso patrimônio público.
Patrimônio esse construído com o
Sangue, suor e lágrima,
Trabalho, honra e dignidade do povo brasileiro!
Senhor, que seja assim! Eternamente!”.







quarta-feira, 4 de abril de 2018

A EXCELÊNCIA EDUCACIONAL, A URGÊNCIA DAS NOVAS LIDERANÇAS E A TRANSCENDÊNCIA DO SILÊNCIO NA SUSTENTABILIDADE


“A nova policromia social
        As eleições deste ano terão como um de seus pilares a articulação com a sociedade. Diferentemente de pleitos passados, conduzidos pelas tradicionais lideranças políticas, a competição deste ano deverá se valer de pactos e compromissos que candidatos e partidos assumirão com uma sociedade mais organizada. Os grupamentos sociais reivindicam, apontam caminhos, numa mobilização centrípeta (das margens para o centro da política), mudando a feição centrífuga (do centro para a sociedade organizada).
         Uma força emergente se origina nesses grupos, formando uma “nova classe” que abriga segmentos do empresariado médio, principalmente do setor terciário, em fase de expansão, nichos de comércio de cidades-polo, servidores públicos, correntes de trabalho voluntário e núcleos religiosos, acenando com mensagens de esperança e renovação. A polarização entre extremos ainda continuará com suas militâncias, mas é visível a vontade geral de buscar o “elemento novo”, perfis e propostas factíveis.
         Em “Assim Falou Zaratustra”, Nietzsche radiografa o estado de espírito da disposição social emergente: “novos caminhos sigo, uma nova fala me empolga; como todos os criadores, cansei-me das velhas línguas. Não quer mais o meu espírito caminhar com solas gastas”. O fato é que o sapato esburacado da elite tradicional é abandonado, junto com a linguagem de instituições que parecem caducas, como a Fiesp e seus patinhos amarelos, as centrais sindicais sugando as tetas do Estado, ou os partidos bolorentos dominando feudos estatais. Novas motivações acendem a chama social.
         O que se constata é a saturação das formas de operação política e o esgotamento dos velhos líderes. A política carece de oxigênio, o que explica a ascensão de figuras menos identificadas com a “parede cheia de bolor”. Nova consciência se instala. Partidos tradicionais perdem substância ante o declínio das ideologias e a extinção das antigas clivagens partidárias. O antagonismo de classes esmaece. A expansão econômica, a diminuição do emprego no setor secundário e sua expansão no setor terciário estiolam a força das grandes estruturas de mobilização sindical e negociação. A defesa corporativa ganha força na micropolítica, nas demandas de setores, regiões e comunidades.
         A democracia representativa começa a ser praticada também pelo universo de entidades intermediárias – associações, sindicatos, grupos, movimentos. Perfis que chamam a atenção são os funcionais – assépticos, descomprometidos com esquemas corrompidos. A impopularidade dos políticos combina com sua roupa desgastada.
         O povo já não suporta a sensação de que estamos sempre recomeçando. Daí o desânimo, o descrédito, a frustração – e ele se refugia em entidades que acolhem suas expectativas. A mulher e o jovem querem mais destaque. Há uma nova policromia social no cenário político. E apenas uns poucos enxergam.”.

(Gaudêncio Torquato. Jornalista, professor (USP) e consultor, em artigo publicado no jornal O TEMPO Belo Horizonte, edição de 1 de abril de 2018, caderno O.PINIÃO, página 17).

Mais uma importante e oportuna contribuição para o nosso trabalho de Mobilização para a Excelência Educacional vem de artigo publicado no jornal ESTADO DE MINAS, edição de 30 de março de 2018, caderno OPINIÃO, página 7, de autoria de DOM WALMOR OLIVEIRA DE AZEVEDO, arcebispo metropolitano de Belo Horizonte, e que merece igualmente integral transcrição:

“Silêncio profundo
        Sexta-feira Santa é dia de silêncio profundo. Um silêncio especial que não se refere apenas aos barulhos. Trata-se de uma profundidade que vem da experiência genuína de contemplar a oferta maior, o gesto de Cristo – Filho de Deus –, imolado na cruz para a salvação da humanidade. E esse silêncio profundo da Sexta-feira Santa traz um convite e uma interpelação para todos: que ecoe nos corações a lição do amor. Eis uma necessidade urgente, pois o mundo, gradativamente, se acostuma a dar atenção prioritária para a espetacularização e ao que estimula as polarizações. Ingredientes que geram a banalização do mal. E, assim, as perversões vão alimentando dinâmicas que passam a presidir vidas, escolhas, atitudes. Consequentemente, perde-se a visão humanitária e a sabedoria tão necessárias para superar a violência, para aproveitar adequadamente as potencialidades do desenvolvimento tecnológico e dos recursos ambientais, adotando parâmetros de uma ecologia integral.
         A civilização contemporânea, mesmo com os recursos nunca antes conquistados, sofre justamente por falta de sabedoria e de visão humanitária. Por isso, proliferam cenários vergonhosos de pobreza, exclusão e discriminações. E se tornam cada vez mais comuns a incompetência, as condutas comprometedoras, as escolhas equivocadas, a carência de líderes, a ruptura de processos necessários para se avançar. Não é fácil reverter todas essas situações desoladoras. Mas é certo que o cultivo da espiritualidade possibilita novos passos na direção de um mundo melhor.
         Neste tempo da “febre” das redes sociais e dos mais variados recursos técnicos à disposição para se comunicar, nesta época de barulho ensurdecedor que vem das ruas e de tantos outros ambientes, há um comprometimento da capacidade de se silenciar cultivando a espiritualidade. E quem não se silencia, não escuta. Por isso, há incapacidade para ver o sentido que está guardado nos acontecimentos, nas pessoas, nos desdobramentos da história. Fala-se muito, mas sem assertividade. Emitem-se juízos eivados de parcialidades e distantes da verdade. A falta de silêncio, que não permite às pessoas escutarem, incapacita o ser humano para o diálogo. Hoje em dia, há muitos ataques pessoais dirigidos aos colegas em variados ambientes, a exemplo do tribunal e do parlamento. Também se tornaram comuns a profusão de notícias falsas e as hostilidades motivadas por fatos irrelevantes. A ausência do silêncio está comprometendo a qualidade do relacionamento entre as pessoas.
         Por não exercitar a escuta de si, do outro e dos acontecimentos diários, cresce a tendência dos falatórios. O que se diz é desprovido de qualidade e a sociedade é arremessada nos desentendimentos. Todos, gradativamente, passam a adotar os ataques como mecanismo de defesa. Fala-se de tudo, sobre todas as coisas e pessoas, lamentavelmente. Isso gera desentendimento, o que contribui para acentuar indiferenças, práticas cartoriais, apequenando a condição humana. A Sexta-feira Santa oferece à humanidade, de modo celebrativo e interpelativo, a partir das reflexões sobre a Paixão e a Morte de Jesus, o Salvador do mundo e Redentor da humanidade, a possibilidade de cada pessoa exercitar a competência de se silenciar. E desse modo, qualificar-se para o exercício do diálogo. A oferta de Jesus, de sua vida na cruz, é a fonte inesgotável do silêncio que, se for vivido, permite a conquista da competência para se relacionar com o mundo. Quem é capaz de viver o silêncio torna-se instrumento de transformação e contribui para debelar situações tristes, que levam a perdas irreparáveis.
         Na Sexta-feira Santa, o convite a ser acolhido por todos é o de repetir, de coração, contemplando o Crucificado, o que o disse o oficiel romano presente na paixão e morte de Jesus: “Verdadeiramente, ele era o filho de Deus”. Essa é a mais completa experiência para conquistar o silêncio necessário ao diálogo. Um gesto que permite fazer brotar no coração as expressões que recriam, as condutas que enobrecem, resgatando o mais autêntico sentido de humanidade. Eis o silêncio que nos faz repetir as palavras de Santo Ambrósio: “Vós sofreis, Senhor, não por causa de vossas feridas, mas pelas minhas; não por causa de vossa morte, mas por causa de nossa enfermidade. E nós vos olhávamos como um homem coberto de dores quando sofríeis não por vós, mas por nós. Pois fostes ferido por causa de nossos pecados’ (cf. Is 53,5), porém essa enfermidade vós não recebestes do Pai, mas assumistes por minha causa. Por que era bom para mim que ‘a punição a ele imposta fosse o preço da nossa paz, e suas feridas, o preço da nossa cura”’. Fecunde, no coração humano, o silêncio da Sexta-feira Santa.”.

Eis, portanto, mais páginas contendo importantes, incisivas e oportunas abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança de nossa história – que é de ética, de moral, de princípios, de valores –, para a imperiosa e urgente necessidade de profundas mudanças em nossas estruturas educacionais, governamentais, jurídicas, políticas, sociais, culturais, econômicas, financeiras e ambientais, de modo a promovermos a inserção do País no concerto das potências mundiais livres, civilizadas, soberanas, democráticas e sustentavelmente desenvolvidas...

Assim, urge ainda a efetiva problematização de questões deveras cruciais como:
a)     a excelência educacional – pleno desenvolvimento da pessoa, da cidadania e da qualificação profissional –, desde a educação infantil (0 a 3 anos de idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo da modernidade de matricularmos nossas crianças de 6 anos de idade na primeira série do ensino fundamental, independentemente do mês de seu nascimento –, até a pós-graduação (especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade absoluta de nossas políticas públicas, gerando o pleno desenvolvimento da pessoa, da cidadania e da qualificação profissional (enfim, 128 anos depois, a República proclama o que esperamos seja verdadeiramente o início de uma revolução educacional, mobilizando de maneira incondicional todas as forças vivas do país, para a realização da nova pátria; a pátria da educação, da ética, da justiça, da liberdade, da civilidade, da democracia, da participação, da solidariedade, da sustentabilidade...);
b)    o combate implacável, sem eufemismos e sem tréguas, aos três dos nossos maiores e mais devastadores inimigos que são: I – a inflação, a exigir permanente, competente e diuturna vigilância, de forma a manter-se em patamares civilizados, ou seja, próximos de zero (segundo dados do Banco Central, a taxa de juros do cartão de crédito atingiu em fevereiro a ainda estratosférica marca de 333,9% nos últimos  doze meses, e a taxa de juros do cheque especial em históricos 324,1%; e já o IPCA, também no acumulado dos últimos doze meses, chegou a 2,84%); II – a corrupção, há séculos, na mais perversa promiscuidade    “dinheiro público versus interesses privados” –, como um câncer a se espalhar por todas as esferas da vida nacional, gerando incalculáveis e irreversíveis prejuízos, perdas e comprometimentos de vária ordem (a propósito, a lúcida observação do procurador chefe da força-tarefa da Operação Lava Jato, Deltan Dallagnol: “A Lava Jato ela trata hoje de um tumor, de um caso específico de corrupção, mas o problema é que o sistema é cancerígeno...” – e que vem mostrando também o seu caráter transnacional;  eis, portanto, que todos os valores que vão sendo apresentados aos borbotões, são apenas simbólicos, pois em nossos 517 anos já se formou um verdadeiro oceano de suborno, propina, fraudes, desvios, malversação, saque, rapina e dilapidação do nosso patrimônio... Então, a corrupção mata, e, assim, é crime...); III – o desperdício, em todas as suas modalidades, também a ocasionar inestimáveis perdas e danos, indubitavelmente irreparáveis (por exemplo, segundo Lucas Massari, no artigo ‘O Desperdício na Logística Brasileira’, a “... Desconfiança das empresas e das famílias é grande. Todos os anos, cerca de R$ 1 trilhão, é desperdiçado no Brasil. Quase nada está imune à perda. Uma lista sem fim de problemas tem levado esses recursos e muito mais. De cada R$ 100 produzidos, quase R$ 25 somem em meio à ineficiência do Estado e do setor privado, à falhas de logística e de infraestrutura, ao excesso de burocracia, ao descaso, à corrupção e à falta de planejamento...”;
c)     a dívida pública brasileira - (interna e externa; federal, estadual, distrital e municipal) –, com previsão para 2018, apenas segundo o Orçamento Geral da União – Anexo II – Despesa dos Orçamentos Fiscal e da Seguridade Social – Órgão Orçamentário, de exorbitante e insuportável desembolso de cerca de R$ 1,847 trilhão (52,4%), a título de juros, encargos, amortização e refinanciamentos (ao menos com esta rubrica, previsão de R$ 1,106 trilhão), a exigir alguns fundamentos da sabedoria grega:
- pagar, sim, até o último centavo;
- rigorosamente, não pagar com o pão do povo;
- realizar uma IMEDIATA, abrangente, qualificada, independente, competente e eficaz auditoria... (ver também www.auditoriacidada.org.br)
(e ainda a propósito, no artigo Melancolia, Vinicius Torres Freire, diz: “... Não será possível conter a presente degradação econômica sem pelo menos, mínimo do mínimo, controle da ruína das contas do governo: o aumento sem limite da dívida pública...”).

Isto posto, torna-se absolutamente inútil lamentarmos a falta de recursos diante de tão descomunal sangria que dilapida o nosso já combalido dinheiro público, mina a nossa capacidade de investimento e de poupança e, mais grave ainda, afeta a credibilidade de nossas instituições, negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à pátria, ao lado de abissais desigualdades sociais e regionais e de extremas e sempre crescentes necessidades de ampliação e modernização de setores como: a gestão pública; a infraestrutura (rodovias, ferrovias, hidrovias, portos, aeroportos); a educação; a saúde; o saneamento ambiental (água tratada, esgoto tratado, resíduos sólidos tratados, macrodrenagem urbana, logística reversa); meio ambiente; habitação; mobilidade urbana (trânsito, transporte, acessibilidade); minas e energia; emprego, trabalho e renda; agregação de valor às commodities; sistema financeiro nacional; assistência social; previdência social; segurança alimentar e nutricional; segurança pública; forças armadas; polícia federal; defesa civil; logística; pesquisa e desenvolvimento; ciência, tecnologia e inovação; cultura, esporte e lazer; turismo; comunicações; qualidade (planejamento – estratégico, tático e operacional –, transparência, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade – “fazer mais e melhor, com menos” –, criatividade, produtividade, competitividade); entre outros...

São, e bem o sabemos, gigantescos desafios mas que, de maneira alguma, abatem o nosso ânimo e nem arrefecem o nosso entusiasmo e otimismo nesta grande cruzada nacional pela excelência educacional, visando à construção de uma Nação verdadeiramente participativa, justa, ética, educada, civilizada, qualificada, livre, soberana, democrática, solidária e desenvolvida, que possa partilhar suas extraordinárias e generosas riquezas, oportunidades e potencialidades com todas as brasileiras e com todos os brasileiros. Ainda mais especialmente no horizonte de investimentos bilionários previstos em inadiáveis e fundamentais empreendimentos de infraestrutura, além de projetos do Pré-Sal e de novas fontes energéticas, à luz das exigências do século 21, da era da globalização, da internacionalização das organizações, da informação, do conhecimento, da inovação, das novas tecnologias, da sustentabilidade e de um possível e novo mundo do direito, da justiça, da verdade, do diálogo, da liberdade, da paz, da solidariedade, da igualdade – e com equidade –, e da fraternidade universal...

Este é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a nossa fé, a nossa esperança... e perseverança!

“VI, OUVI E VIVI: O BRASIL TEM JEITO!”
55 anos de testemunho de um servidor público (1961 – 2016)

- Estamos nos descobrindo através da Excelência Educacional ...
- ANTICORRUPÇÃO: Prevenir e vencer, usando nossas defesas democráticas ...
- Por uma Nova Política Brasileira ...
- Pela excelência na Gestão Pública ...  

Afinal, o Brasil é uma águia pequena que já ganhou asas e, para voar, precisa tão somente de visão olímpica e de coragem! ...      

E P Í L O G O

CLAMOR E SÚPLICA DO POVO BRASILEIRO

“Oh! Deus, Criador e Legislador, fonte de infinita misericórdia!
Senhor, que não fique, e não está ficando, pedra sobre pedra
Dos impérios edificados com os ganhos espúrios,
Frutos da corrupção, do saque, da rapina e da dilapidação do
Nosso patrimônio público.
Patrimônio esse construído com o
Sangue, suor e lágrima,
Trabalho, honra e dignidade do povo brasileiro!
Senhor, que seja assim! Eternamente!”.






segunda-feira, 31 de outubro de 2016

A EXCELÊNCIA EDUCACIONAL, OS DESAFIOS DO ENSINO HÍBRIDO E AS LUZES DA TOLERÂNCIA NA SUSTENTABILIDADE

“Vantagens do ensino híbrido
        A sala de aula somente com o professor falando está mudando. Tradicionalmente, a pedagogia de projetos estabelece que o estudante desenvolva habilidades sobre os temas diários. A matéria era ensinada na escola e estudada em casa para fixação e complementação. Hoje, o jovem é protagonista no processo educacional. A pedagogia de pesquisa é uma tendência e propõe o ensino híbrido, ou seja, estudantes e professores constroem conceitos sobre o assunto.
         Não se pode ignorar que a nova geração estudantil já chega à sala de aula com informações diversas. Os livros deixaram de ser a única fonte de pesquisa para cederem espaço aos e-books, portais e redes sociais. Cabe ao professor auxiliar o aluno a organizar conceitos e ideias, propiciando correlações entre as disciplinas. O mundo cresce ao redor do conhecimento e não se pode ignorar que todos aprendem e ensinam ao mesmo tempo.
         Ao contrário do que acontece na pedagogia de projetos, a pedagogia de pesquisa propõe um educador em sala de aula com temas abertos para discussão. Em um trabalho em grupo, por exemplo, cada participante tem a incumbência de estudar diferentes formas para apresentação do projeto, visando uma complementação. Cada aluno prioriza um dos aspectos sobre o tema e o grupo elabora junto a conclusão.
         Colocamos esses projetos em práticas nas aulas do 2º ano do ensino médio, com os jovens estudando o livro “Dom Casmurro”, de Machado de Assis, propondo um novo desafio: levar a história para a vida real. O desafio foi aceito com a promoção de um júri simulado para avaliar se Bentinho deveria ser punido por calúnia e difamação. O projeto começou com a disciplina de literatura e envolveu outras matérias, como português, filosofia, sociologia e matemática. A multidisplinaridade é uma das novas habilidades exigidas pelo Enem.
         Os estudantes se dividiram em três grupos: defesa de Bentinho, defesa de Capitu e jurados, além da personificação dos próprios personagens centrais. A turma analisou a obra para definir estratégias argumentativas de defesa e acusação. Desde o princípio, ficou claro que o propósito não era fazer juízo de valor sobre o comportamento de Capitu e, sim, desenvolver habilidades de escrita e oralidade com a redação de argumentos contextualizados. A atividade estimulou o estudante a praticar as habilidades de negociação e criatividade, pois, enquanto o júri ocorre, é preciso rever as estratégias e argumentações.
         As novas abordagens em sala de aula devem reunir as habilidades exigidas pela última reformulação do Enem. O estudante precisa desenvolver um pensamento crítico, correlacionando disciplinas e aprimorando o poder de argumentação. A atividade do júri simulado foi apenas uma demonstração sobre como é possível engajar os jovens num processo mais prático, extrapolando a sala de aula para o cotidiano. Com certeza, também é possível reinventar a aprendizagem, para sair do ensino médio com maior capacidade analítica e contextual.”.

(CHRISTINA FABEL. Diretora de ensino do Colégio ICJ, em artigo publicado no jornal ESTADO DE MINAS, edição de 28 de outubro de 2016, caderno OPINIÃO, página 7).

Mais uma importante e oportuna contribuição para o nosso trabalho de Mobilização para a Excelência Educacional vem de artigo publicado no mesmo veículo, edição de 24 de outubro de 2016, mesmo caderno e página, de autoria de CARLOS ALBERTO DI FRANCO, jornalista, e que merece igualmente integral transcrição:

“Fundamentalismo e tolerância
        ‘O sonho da razão produz monstros’. A frase, cunhada numa célebre pintura de Goya, me veio à lembrança ao refletir sobre a febre ideológica laicista que está tomando conta de certos ambientes europeus e, infelizmente, também daqui. O laicismo, tal como hoje se apresenta e “milita”, não é apenas uma opinião, um conjunto de ideias ou uma convicção, que se defende em legítimo e respeitoso diálogo com outras opiniões e convicções, como é próprio da cultura e da praxe democrática.
         Também não se identifica com a “laicidade”, que é algo positivo e justo, e consiste em reconhecer a independência e a autonomia do Estado em relação a qualquer religião ou igreja concreta, e que inclui, como dado essencial, o respeito pela liberdade privada e pública dos cultos das diversas religiões, desde que não atentem contra as leis, a ordem e a moralidade pública,
         O laicismo militante atual, no entanto, é uma “ideologia”, ou seja, uma cosmovisão – um conjunto global de ideias, fechado em si mesmo –, que pretende ser a “única verdade” racional, a única digna de ser levada em consideração na cultura, na política, na legislação, no ensino etc. Por outras palavras, o laicismo é um dogmatismo secular, ideologicamente totalitário e fechado em sua “verdade única”.
         A humanidade, imaginam os defensores de uma cultura agnóstica e laicista, seria mais civilizada feliz num mundo liberto das amarras espirituais. Será? Penso que não. O fundamentalismo islâmico é apresentado como a comprovação definitiva dos males que a religião provoca no mundo. Sonega-se uma dado essencial: o terrorismo é um desvio covarde, uma instrumentalização cínica, uma apropriação criminosa de uma marca que não lhe pertence.
         Na verdade, a história das utopias da razão está manchada de sangue, terror e privação. Frequentemente, salienta Oscar Wilde com boa dose de argúcia, “as melhores intenções produzem as piores obras”. A Revolução Francesa, por exemplo, não gerou apenas um magnífico ideário. A utopia de 1789, em nome da “igualdade”, da “fraternidade” e da “liberdade”, desembocou no terror da guilhotina.
         A Segunda Guerra Mundial não foi acionada por gatilhos religiosos. O Holocausto do povo judeu, fruto direto da insanidade de Hitler, teve alguns de seus pré-requisitos precisamente na filosofia da morte de Deus. Nietzsche, o orgulhoso idealizador do super-homem, está na raiz imediata dos campos de concentração e de extermínio programado. E não foi a religião que desencadeou o Arquipélago Gulag do stalinismo. Feitas as contas, com isenção e honestidade intelectual, é preciso reconhecer que o sonho racionalista projetou poucas luzes e muitas sombras.
         A utopia, concebida no ambiente rarefeito dos gabinetes intelectuais, padece do mal da abstração. Perfila um homem impecável, um sistema irretocável. Depois, ao topar com o homem real, com suas grandezas e misérias, não admite a evidência das limitações teóricas. Brota, então, o delírio persecutório, a síndrome da conspiração. Radicaliza-se o sonho. A abstração quer se impor à realidade. E o humanismo inicial cede espaço ao obscurantismo.
         O autêntico fenômeno religioso, ao contrário, só pode medrar no terreno da liberdade. Na verdade, entre uma pessoa de convicções e um fanático existe uma fronteira nítida: o apreço pela liberdade. O fanático impõe, fulmina, empenha-se em aliciar. A pessoa de convicções, ao contrário, assenta serenamente em suas ideias. Por isso, suas ideias não a movem a impor, mas a estimulam a propor, a expor à livre aceitação dos outros os valores que acredita dignos de ser compartilhados. Sabe que somente uma proposta dirigida à liberdade pode obter uma resposta digna do homem.
         Precisamos, todos, promover um clima da racionalidade e de tolerância na discussão das ideias. O debate não pode ser travado em clima de Fla x Flu, marca registrada de certas manifestações nas redes sociais. Não devemos demonizar quem diverge da nossa opinião. O confronto das ideias é enriquecedor. O fechamento à discussão é tremendamente empobrecedor.”.

Eis, portanto, mais páginas contendo importantes, incisivas e oportunas abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança de nossa história – que é de ética, de moral, de princípios, de valores –, para a imperiosa e urgente necessidade de profundas mudanças em nossas estruturas educacionais, governamentais, jurídicas, políticas, sociais, culturais, econômicas, financeiras e ambientais, de modo a promovermos a inserção do País no concerto das potências mundiais livres, civilizadas, soberanas, democráticas e sustentavelmente desenvolvidas...

Assim, urge ainda a efetiva problematização de questões deveras cruciais como:
a)     a excelência educacional – pleno desenvolvimento da pessoa, da cidadania e da qualificação profissional –, desde a educação infantil (0 a 3 anos de idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo da modernidade de matricularmos nossas crianças de 6 anos de idade na primeira série do ensino fundamental, independentemente do mês de seu nascimento –, até a pós-graduação (especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade absoluta de nossas políticas públicas, gerando o pleno desenvolvimento da pessoa, da cidadania e da qualificação profissional (enfim, 125 anos depois, a República proclama o que esperamos seja verdadeiramente o início de uma revolução educacional, mobilizando de maneira incondicional todas as forças vivas do país, para a realização da nova pátria; a pátria da educação, da ética, da justiça, da civilidade, da democracia, da participação, da sustentabilidade...);
b)    o combate implacável, sem eufemismos e sem tréguas, aos três dos nossos maiores e mais devastadores inimigos que são: I – a inflação, a exigir permanente, competente e diuturna vigilância, de forma a manter-se em patamares civilizados, ou seja, próximos de zero (segundo dados do Banco Central, a taxa de juros do cartão de crédito atingiu em setembro a ainda estratosférica marca de 480,28% para um período de doze meses; e também em setembro, o IPCA acumulado nos doze meses chegou a 8,48% e a taxa de juros do cheque especial  registrou históricos 324,90%...); II – a corrupção, há séculos, na mais perversa promiscuidade  –  “dinheiro público versus interesses privados” –, como um câncer a se espalhar por todas as esferas da vida nacional, gerando incalculáveis prejuízos e comprometimentos de vária ordem (a propósito, a lúcida observação do procurador chefe da força-tarefa da Operação Lava Jato, Deltan Dallagnol: “A Lava Jato ela trata hoje de um tumor, de um caso específico de corrupção, mas o problema é que o sistema é cancerígeno...” – e que vem mostrando também o seu caráter transnacional;  eis, portanto, que todos os valores que vão sendo apresentados aos borbotões, são apenas simbólicos, pois em nossos 516 anos já se formou um verdadeiro oceano de suborno, propina, fraudes, desvios, malversação, saque, rapina e dilapidação do nosso patrimônio... Então, a corrupção mata, e, assim, é crime...); III – o desperdício, em todas as suas modalidades, também a ocasionar inestimáveis perdas e danos, indubitavelmente irreparáveis (por exemplo, segundo Lucas Massari, no artigo ‘O Desperdício na Logística Brasileira’, a “... Desconfiança das empresas e das famílias é grande. Todos os anos, cerca de R$ 1 trilhão, é desperdiçado no Brasil. Quase nada está imune à perda. Uma lista sem fim de problemas tem levado esses recursos e muito mais. De cada R$ 100 produzidos, quase R$ 25 somem em meio à ineficiência do Estado e do setor privado, a falhas de logística e de infraestrutura, ao excesso de burocracia, ao descaso, à corrupção e à falta de planejamento...”;
c)     a dívida pública brasileira - (interna e externa; federal, estadual, distrital e municipal) –, com projeção para 2016, apenas segundo a proposta do Orçamento Geral da União, de exorbitante e insuportável desembolso de cerca de R$ 1,348 trilhão, a título de juros, encargos, amortização e refinanciamentos (ao menos com esta rubrica, previsão de R$ 1,044 trilhão), a exigir alguns fundamentos da sabedoria grega:
- pagar, sim, até o último centavo;
- rigorosamente, não pagar com o pão do povo;
- realizar uma IMEDIATA, abrangente, qualificada, independente e eficaz auditoria... (ver também www.auditoriacidada.org.br)
(e ainda a propósito, no artigo Melancolia, Vinicius Torres Freire, diz: “... Não será possível conter a presente degradação econômica sem pelo menos, mínimo do mínimo, controle da ruína das contas do governo: o aumento sem limite da dívida pública...”);

Isto posto, torna-se absolutamente inútil lamentarmos a falta de recursos diante de tão descomunal sangria que dilapida o nosso já combalido dinheiro público, mina a nossa capacidade de investimento e de poupança e, mais grave ainda, afeta a credibilidade de nossas instituições, negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à pátria, ao lado de abissais desigualdades sociais e regionais e de extremas e sempre crescentes necessidades de ampliação e modernização de setores como: a gestão pública; a infraestrutura (rodovias, ferrovias, hidrovias, portos, aeroportos); a educação; a saúde; o saneamento ambiental (água tratada, esgoto tratado, resíduos sólidos tratados, macrodrenagem urbana, logística reversa); meio ambiente; habitação; mobilidade urbana (trânsito, transporte, acessibilidade); minas e energia; emprego, trabalho e renda; agregação de valor às commodities; sistema financeiro nacional; assistência social; previdência social; segurança alimentar e nutricional; segurança pública; forças armadas; polícia federal; defesa civil; logística; pesquisa e desenvolvimento; ciência, tecnologia e inovação; cultura, esporte e lazer; turismo; comunicações; qualidade (planejamento – estratégico, tático e operacional –, transparência, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade – “fazer mais e melhor, com menos” –, criatividade, produtividade, competitividade); entre outros...

São, e bem o sabemos, gigantescos desafios mas que, de maneira alguma, abatem o nosso ânimo e nem arrefecem o nosso entusiasmo e otimismo nesta grande cruzada nacional pela excelência educacional, visando à construção de uma Nação verdadeiramente participativa, justa, ética, educada, civilizada, qualificada, livre, soberana, democrática e desenvolvida, que possa partilhar suas extraordinárias e generosas riquezas, oportunidades e potencialidades com todas as brasileiras e com todos os brasileiros. Ainda mais especialmente no horizonte de investimentos bilionários previstos em inadiáveis e fundamentais empreendimentos de infraestrutura, além de projetos do Pré-Sal e de novas fontes energéticas, à luz das exigências do século 21, da era da globalização, da internacionalização das organizações, da informação, do conhecimento, da inovação, das novas tecnologias, da sustentabilidade e de um possível e novo mundo da justiça, da liberdade, da paz, da igualdade – e com equidade –, e da fraternidade universal...

Este é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a nossa fé, a nossa esperança... e perseverança!

“VI, OUVI E VIVI: O BRASIL TEM JEITO!”

- 55 anos de testemunho de um servidor público (1961 – 2016) ...

- Estamos nos descobrindo através da Excelência Educacional ...
- ANTICORRUPÇÃO: Prevenir e vencer, usando nossas defesas democráticas...
- Por uma Nova Política Brasileira...