“Leitura
para deficientes visuais
Os livros contribuem para
a formação intelectual e pessoal durante toda a vida, mas, de modo especial, em
relação a crianças em processo de alfabetização. O ideal é que a apresentação
da literatura ocorra de forma integral, inclusive envolvendo pessoas com
necessidades especiais.
O Brasil
ainda está longe de se tornar um país de leitores. Conforme o último estudo
Retratos da Leitura do Ibope, 44% dos brasileiros não têm o hábito de ler e 30%
nunca, sequer, compraram um livro. O que torna esse retrato ainda pior é a
falta de acessibilidade a leitores deficientes. De acordo com o IBGE, 23,9% de
brasileiros são portadores de algum tipo de deficiência, sendo que 6,6% deles
são visuais.
Uma
biblioteca acessível acolhe o maior e mais diverso público para oferecer o
mesmo serviço, independentemente de limitações físicas ou intelectuais.
Infelizmente, a falta de investimento ainda resulta na realidade de que são
poucas as bibliotecas com obras adaptadas ou aparelhos que possibilitem a
leitura e prédios planejados para receberem deficientes físicos.
À
primeira vista, parece que as mudanças para atender a democratização da
literatura são um pouco complexas. Entretanto, as alterações podem ser feitas
de forma gradativa, mesmo em caso de recursos financeiros escassos. Além do
mais, uma das barreiras mais importantes a se superar são as barreiras comportamentais,
que envolvem as reações e as relações com os usuários com deficiência. Para
romper essas barreiras, a informação e a formação dos mediadores nas
bibliotecas são as providências mais importantes, e nem sempre dependem de
algum dinheiro.
A internet
tem algumas videoaulas e contação de histórias em libras que podem auxiliar no
atendimento a pessoas com deficiência auditiva. Também existem aplicativos,
como o Eye-D, possibilitando a leitura de livros para portadores de deficiência
visual, além dos já antigos audiolivros (quem se lembra dos disquinhos
coloridos de décadas atrás?).
Os
exemplos são vários, alguns apenas paliativos que podem auxiliar na rotina da
biblioteca e não numa solução efetiva. Entretanto, já são um caminho,
considerando que o mais importante é todos entenderem a importância da
democratização do acesso à cultura escrita, buscando efetivamente minimizar o
problema, que não se limita só aos portadores de necessidades especiais, mas os
brasileiros em geral.
Os
obstáculos ainda são muitos para se ampliar o acesso ao livro e a
acessibilidade no Brasil, mas podem e devem ser superados. A leitura é
importante para a formação e orientação de qualquer cidadão, pois permite
acessar o conhecimento e contribui para uma maior evolução social e aí, sim,
secundariamente, melhorar a posição brasileira no ranking mundial de
leitores.”.
(MARÍLIA PAIVA.
Presidente do Conselho Regional de Biblioteconomia – 6ª Região (MG/ES), em
artigo publicado no jornal ESTADO DE
MINAS, edição de 5 de julho de 2019, caderno OPINIÃO, página 7).
Mais uma importante e oportuna contribuição para o
nosso trabalho de Mobilização para a
Excelência Educacional vem de artigo publicado no mesmo veículo, edição,
caderno e página, de autoria de DOM
WALMOR OLIVEIRA DE AZEVEDO, arcebispo metropolitano de Belo Horizonte e
presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), e que merece
igualmente integral transcrição:
“Diálogos
e diálogos
Tem razão quem afirma que
o diálogo não resolve tudo. É verdade, mas é incontestável que o diálogo
resolve quase tudo. Quando não se consegue resolver algo pelo diálogo,
percebe-se, facilmente, que o descompasso não envolve as dinâmicas próprias do
ato de dialogar. Certamente, ruídos e descompassos se hospedam naqueles que
protagonizam o diálogo. Ora, além de ser uma forma de expressão, o diálogo é um
instrumento de produção filosófica e científica, da indispensável clarividência
no entendimento das realidades e de seus processos determinantes para o
equilíbrio dos funcionamentos, como garantia de participação e respeito à
verdade e ao bem. Por isso, a força do diálogo pode desconstruir os dogmatismos
que impedem avanços e conquistas. Constata-se a rigidez que precisa ser tratada
com força dialogal para produzir um novo caminho de compreensão. E se valer do
que realmente importa quando se busca o bem e a prática da justiça – condições
inegociáveis para o equilíbrio da sociedade desafiada por sua pluralidade e
complexidades específicas.
Cristalizações
emocionais-afetivas incidem muito fortemente no processo dialogal, tornando-se
determinante impeditivo para que esse processo alcance o êxito que se pressupõe
em todo diálogo. A mundividência do indivíduo também muito influencia o
processo dialogal. Obviamente que os estreitamentos no horizonte de compreensão
fecundam as limitações nesse processo, configurando dificuldades até
intransponíveis. Nesse âmbito, localizam-se tendências a polarizações em razão
da incompetência no exercício da fundamental experiência dialogal. Todo tipo de
polarização é sinal de incompetência na tarefa de se construir,
civilizadamente, os rumos da sociedade. Por isso, verifica-se o uso de recursos
indevidos e até perversos na ânsia de querer impor a própria opinião e os
parâmetros de escolha, na contramão do que se considera minimamente civilizado.
Tentar se afirmar, se construir, conquistar os postos almejados, a partir da
detratação do outro, de modo inverídico, são evidências de uma subcivilização,
consequência da ausência do diálogo.
Compreende-se
que o diálogo é um recurso forte e portador de elementos com propriedades para
criar novos rumos na política, na prática da justiça, no respeito aos direitos
humanos e no estabelecimento da paz e da conciliação na convivência humana, que
precisa sempre alcançar patamares de fraternidade. Há de se considerar, ao se
constatar a relativização do diálogo e seu consequente enfraquecimento enquanto
força de construção, o que hermeneuticamente tem peso determinante, o lugar que
se ocupa com seus contornos próprios – do lugar no qual se está assentado não
se pode ter pretensão de ver tudo. O diálogo funciona, então, como gerador do
movimento indispensável da circularidade que possibilita consequente alargamento
da compreensão. Pode-se exemplificar com referências a multíplices situações e
circunstâncias. Entre essas, a referência à escuta indispensável da dor dos
mais pobres pelos segmentos oligárquicos da sociedade ou daqueles que detêm o
poder. A ausência dessa escuta gera insensibilidade para as escolhas que
definem os processos capazes de levar a sociedade a avançar na direção almejada
do bem viver, justo e saudável – direito de todos.
A força
dinâmica do diálogo fica amortecida numa engrenagem que não funciona e não
consegue impulsionar na direção de um entendimento que cause a lucidez
necessária para se encontrar saídas e conseguir respostas adequadas de
segmentos e instituições. Por falta de competência dialogal, multiplicam-se as
mediocridades. Indivíduos precisados da força do diálogo também se emperram e
se tornam endurecidos, comprovadamente pelas afirmações muito parciais e por
considerar seu modo de pensar completo e adequado. A rigidez no exercício
dialogal explica muito do que se percebe de emperramentos. Isto inclui ilusões
a respeito de si mesmo, alimentadas pela idolatria àquilo que se elege,
aprisionando-se às bitolas de ideologias, sejam elas de que tipo for. Esses
descompassos que geram atrasos são notados em processos complexos nos governos,
em julgamentos que deformam ou estreitam decisões. Impactam até as relações
interpessoais.
As
mentalidades fechadas, a mesquinhez do coração humano, a correção urgente de
processos tortos e prejudiciais, a recuperação da convivialidade em lugar de
arbitrariedades perversas e inimizades entre grupos e pessoas, bem como o
entendimento mais cidadão do usufruto dos bens da criação na casa comum,
dependem, fundamentalmente, do diálogo. Mas a competência dialogal é quase
sempre fragilizada pela mediocridade humana e presunção social e civilizatória
de não conseguir enxergar o “outro lado”, que precisa ser considerado. É
verdade, diálogo e diálogos, entre os que logram a lucidez humanística e
civilizatória, abrem caminhos. Também renovam instituições, garantem a justiça
em favor dos indefesos e pobres, clareiam as escolhas que preservam o meio
ambiente na contramão da idolatria do dinheiro. Fazem encontrar o sentido de
viver e cultivar laços de solidariedade. O diálogo pode ser tudo: alargamento
de horizontes e caminho para entendimentos alicerçados em valores e princípios,
configurando novos passos na organização social e política da sociedade, com
incidência também na vivência da fé, enquanto relação dialogal com Deus.
O fato é
que pode não existir o diálogo por estreitamento de mentalidades, por
entendimentos pífios e por se estar enjaulado em compreensões parcializadas por
falta de formação humanística. Um paradoxo nesse tempo em que todos falam, e
falam muito, de tudo, até daquilo que não entendem nem lhes diz respeito. Tem
razão quem diz que o diálogo não é tudo, porque existem diálogos e diálogos.”.
Eis, portanto, mais páginas contendo importantes, incisivas e
oportunas abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança
de nossa história – que é de ética, de
moral, de princípios, de valores –, para
a imperiosa e urgente necessidade de profundas
mudanças em nossas estruturas educacionais,
governamentais, jurídicas, políticas, sociais, culturais, econômicas,
financeiras e ambientais, de modo a promovermos a inserção do País no
concerto das potências mundiais livres, justas, educadas, qualificadas,
civilizadas, soberanas, democráticas, republicanas, solidárias e
sustentavelmente desenvolvidas...
Assim, urge ainda a efetiva problematização de questões deveras
cruciais como:
a) a excelência educacional – pleno
desenvolvimento da pessoa, da cidadania e da qualificação profissional –, desde
a educação infantil (0 a 3 anos de
idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo
da modernidade de matricularmos nossas crianças de 6 anos de idade na primeira
série do ensino fundamental, independentemente
do mês de seu nascimento –, até a pós-graduação
(especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade absoluta de nossas políticas
públicas, gerando o pleno
desenvolvimento da pessoa, da cidadania e da qualificação profissional
(enfim, 129 anos depois, a República proclama o que esperamos seja
verdadeiramente o início de uma revolução educacional, mobilizando de maneira
incondicional todas as forças vivas do país, para a realização da nova pátria;
a pátria da educação, da ética, da justiça, da liberdade, da civilidade, da
democracia, da participação, da solidariedade, da sustentabilidade...);
b) o combate implacável, sem eufemismos e
sem tréguas, aos três dos nossos maiores e mais devastadores inimigos que são:
I – a inflação, a exigir permanente,
competente e diuturna vigilância, de forma a manter-se em patamares
civilizados, ou seja, próximos de zero (segundo dados do Banco Central, a taxa
de juros do cartão de crédito atingiu em maio a ainda estratosférica marca de
299,78% nos últimos doze meses, e a taxa
de juros do cheque especial chegou em históricos 320,87%; e já o IPCA, também
no acumulado dos últimos doze meses, chegou a 4,66%); II – a corrupção, há séculos, na mais perversa
promiscuidade – “dinheiro público versus interesses privados”
–, como um câncer a se espalhar por todas as esferas da vida nacional, gerando
incalculáveis e irreversíveis prejuízos, perdas e comprometimentos de vária
ordem (a propósito, a lúcida observação do procurador chefe da força-tarefa da
Operação Lava Jato, Deltan Dallagnol: “A Lava Jato ela trata hoje de um tumor,
de um caso específico de corrupção, mas o problema é que o sistema é
cancerígeno...” – e que vem mostrando também o seu caráter transnacional; eis, portanto, que todos os valores que vão
sendo apresentados aos borbotões, são apenas simbólicos, pois em nossos 518
anos já se formou um verdadeiro oceano de suborno, propina, fraudes, desvios,
malversação, saque, rapina e dilapidação do nosso patrimônio... Então, a
corrupção mata, e, assim, é crime...); III – o desperdício, em todas as suas modalidades, também a ocasionar
inestimáveis perdas e danos, indubitavelmente irreparáveis (por exemplo,
segundo Lucas Massari, no artigo ‘O Desperdício na Logística Brasileira’, a
“... Desconfiança das empresas e das famílias é
grande. Todos os anos, cerca de R$ 1 trilhão, é desperdiçado no Brasil. Quase
nada está imune à perda. Uma lista sem fim de problemas tem levado esses
recursos e muito mais. De cada R$ 100 produzidos, quase R$ 25 somem em meio à
ineficiência do Estado e do setor privado, à falhas de logística e de
infraestrutura, ao excesso de burocracia, ao descaso, à corrupção e à falta de
planejamento...”;
c) a dívida pública brasileira - (interna e
externa; federal, estadual, distrital e municipal) –, com previsão para
2019, apenas segundo o Orçamento Geral da União – Anexo II – Despesa dos
Orçamentos Fiscal e da Seguridade Social – Órgão Orçamentário, de exorbitante e
insuportável desembolso de cerca de R$
1,422 trilhão (43,6%), a título de juros, encargos, amortização e
refinanciamentos (ao menos com esta rubrica, previsão de R$ 758,672 bilhões), a exigir alguns fundamentos da sabedoria
grega, do direito e da justiça:
- pagar,
sim, até o último centavo;
-
rigorosamente, não pagar com o pão do povo;
-
realizar uma IMEDIATA, abrangente,
qualificada, independente, competente e eficaz auditoria... (ver também www.auditoriacidada.org.br)
(e ainda
a propósito, no artigo Melancolia,
Vinicius Torres Freire, diz: “... Não será possível conter a presente
degradação econômica sem pelo menos, mínimo do mínimo, controle da ruína das
contas do governo: o aumento sem limite da dívida pública...”).
Isto
posto, torna-se absolutamente inútil lamentarmos
a falta de recursos diante de tão
descomunal sangria que dilapida o nosso já combalido dinheiro público, mina a
nossa capacidade de investimento e de poupança e, mais grave ainda, afeta a
credibilidade de nossas instituições, negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à pátria, ao lado de abissais desigualdades sociais e
regionais e de extremas e sempre crescentes necessidades de ampliação e modernização de setores
como: a gestão pública; a infraestrutura (rodovias, ferrovias,
hidrovias, portos, aeroportos); a educação;
a saúde; o saneamento ambiental (água tratada, esgoto tratado, resíduos
sólidos tratados, macrodrenagem urbana, logística reversa); meio ambiente; habitação; mobilidade urbana
(trânsito, transporte, acessibilidade); minas e energia; emprego, trabalho e renda; agregação de valor às
commodities; sistema financeiro nacional; assistência social; previdência
social; segurança alimentar e nutricional; segurança pública; forças armadas;
polícia federal; defesa civil; logística; pesquisa e desenvolvimento; ciência,
tecnologia e inovação; cultura, esporte e lazer; turismo; comunicações;
qualidade (planejamento – estratégico, tático e operacional –,
transparência, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade – “fazer mais e
melhor, com menos” –, criatividade, produtividade, competitividade); entre
outros...
São, e bem o sabemos, gigantescos desafios mas que, de maneira
alguma, abatem o nosso ânimo e nem
arrefecem o nosso entusiasmo e otimismo nesta
grande cruzada nacional pela excelência
educacional, visando à construção de uma Nação verdadeiramente participativa, justa, ética, educada,
civilizada, qualificada, livre, soberana, democrática, solidária e
desenvolvida, que possa partilhar suas extraordinárias e generosas
riquezas, oportunidades e potencialidades com todas as brasileiras e com todos
os brasileiros. Ainda mais especialmente no horizonte de investimentos
bilionários previstos em inadiáveis e fundamentais empreendimentos de
infraestrutura, além de projetos do Pré-Sal e de novas fontes energéticas, à
luz das exigências do século 21, da era da globalização, da internacionalização
das organizações, da informação, do conhecimento, da inovação, das novas
tecnologias, da sustentabilidade e de um possível e novo mundo do direito, da justiça, da verdade, do diálogo, da liberdade, da paz, da solidariedade, da igualdade – e com equidade –, e da fraternidade universal...
Este é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a nossa fé, a
nossa esperança... e perseverança!
“VI,
OUVI E VIVI: O BRASIL TEM JEITO!”
58 anos
de testemunho de um servidor público (1961 – 2019)
-
Estamos nos descobrindo através da Excelência Educacional ...
- ANTICORRUPÇÃO:
Prevenir e vencer, usando nossas defesas democráticas ...
- Por
uma Nova Política Brasileira ...
- Pela
excelência na Gestão Pública ...
- Pelo
fortalecimento da cultura da sustentabilidade, em suas três dimensões nucleares
do desenvolvimento integral: econômico; social, com promoção humana, e,
ambiental, com proteção e preservação dos nossos recursos naturais ...
- A
alegria da vocação ...
Afinal, o Brasil é uma águia pequena que já ganhou
asas e, para voar, precisa tão somente de visão olímpica e de coragem! ...
E
P Í L O G O
CLAMOR
E SÚPLICA DO POVO BRASILEIRO
“Oh! Deus, Criador, Legislador e Libertador, fonte de
infinita misericórdia!
Senhor, que não fique, e não está ficando, pedra sobre
pedra
Dos impérios edificados com os ganhos espúrios,
ilegais, injustos e
Frutos da corrupção, do saque, da rapina e da
dilapidação do
Nosso patrimônio público.
Patrimônio esse construído com o
Sangue, suor e lágrima,
Trabalho, honra e dignidade do povo brasileiro!
Senhor, que seja assim! Eternamente!”.
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