segunda-feira, 8 de março de 2021

A EXCELÊNCIA EDUCACIONAL, AS LUZES DO AUXÍLIO EMERGENCIAL E SUPERAÇÃO DAS DESIGUALDADES SOCIAIS E REGIONAIS NA TRAVESSIA DAS PANDEMIAS E A TRANSCENDÊNCIA DO DIÁLOGO, SOLIDARIEDADE E HUMANIDADE NA SUSTENTABILIDADE

“Problema não é a falta de recursos

Num dos momentos mais dramáticos de uma pandemia completamente sem controle, o Brasil atinge mais de 1.700 mortes em 24 horas e precisa dar respostas imediatas e se preparar para enfrentar uma situação que deve se prolongar e que envolve a ampliação do contingente de famílias vulnerabilizadas, sem auxílio emergencial, sem acesso à vacina e sem condições de conseguir trabalho.

         Parte expressiva da população brasileira vive intensa insegurança alimentar que se intensificou com a interrupção do auxílio emergencial. Basta lembrar que 61% do valor do auxílio foi gasto com alimentação, por pessoas com renda familiar de até dois salários mínimos, segundo pesquisa do Datafolha de 2020. E 49% da população negra tinha o auxílio como única fonte de renda, ante 38% entre os brancos. A população negra é a primeira que fica desempregada e é a que mais se encontra na informalidade.

         Também é uma população que participa expressivamente do setor de serviços, um dos mais afetados pela pandemia – não tendo vacina, esse setor não consegue se reorganizar. Assim, é fundamental assegurar uma resposta imediata – o retorno do auxílio emergencial de R$ 600 até o fim da pandemia e a vacina contra a Covid-19, principalmente para os segmentos vulneráveis, como os profissionais da saúde, os idosos, os moradores das periferias e os quilombolas, que vivenciam maior letalidade diante do coronavírus e de suas variantes.

         É nesse contexto de extrema gravidade que mais de 250 organizações da sociedade civil têm vêm se mobilizando e debatendo a renda mínima como solução a longo prazo, dentre elas o Inesc (Instituto de Estudos Socioeconômicos), a partir do qual fala José Antônio Moroni, ao Instituto Humanitas, da Unisinos:

         “O governo gastou com o auxílio emergencial R$ 390 bilhões e beneficiou diretamente mais de 68 milhões de pessoas e, indiretamente, mais de 100 milhões. E esse dinheiro retornou para a economia real. Para o sistema financeiro, o governo disponibilizou R$ 1,216 trilhão. Beneficiou quantas famílias? Não cabem na palma da mão”.

         De outro lado, Oded Grajew em artigo nesta Folha, defende, por exemplo, taxar a fortuna dos mais ricos e destinar os recursos à renda básica.

         Ele destaca que uma taxação de 0,5% a 1,5% sobre as 59 mil pessoas (apenas 0,028% da população brasileira com patrimônio superior a R$ 10 milhões renderia R$ 40 bilhões por ano, sendo que o Bolsa Família custa R$ 35 bilhões por ano! Oded se reporta a dados da Fenafisco e da Anfip, organizados pelo professor Eduardo Fagnani.

         Ou seja, diferentes estudiosos, bem como coletivos de organizações sociais, vêm discutindo o auxílio emergencial à luz das persistentes desigualdades sociais brasileiras, contemplando várias alternativas que reconhecem que nosso problema não é falta de recursos, mas a sua distribuição, como se pode observar no nosso sistema tributário, regressivo, que taxa mais consumo e menos riqueza e no qual quem tem mais paga menos.

         Assim, é preciso pressionar pelas soluções emergenciais e investir naquelas mais a longo prazo.

         Na iminência da votação da prorrogação do auxílio emergencial, os parlamentares do Congresso Nacional se encontram diante de um grande desafio: decidir se votarão contra a miséria, a fome e o desemprego do povo brasileiro e em defesa do SUS, do Suas, ou se defenderão uma política econômica que é concebida de costas para a população brasileira e que fragiliza políticas públicas distributivas, ampliando a concentração de renda, a destruição ambiental e as desigualdades sociais no país.”.

(Cida Bento. Diretora-executiva do Ceart (Centro de Estudos das Relações de Trabalho e Desigualdades), é doutora em psicologia pela USP, em artigo publicado no jornal FOLHA DE S.PAULO, edição de 4 de março de 2021, caderno mercado, página A24).

 Mais uma importante e oportuna contribuição para o nosso trabalho de Mobilização para a Excelência Educacional vem de artigo publicado no site www.domtotal.com, edição de 5 de março de 2021, de autoria de DOM WALMOR OLIVEIRA DE AZEVEDO, arcebispo metropolitano de Belo Horizonte e presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), e que merece igualmente integral transcrição:

“Profecias e rupturas

        O papa Francisco assertivamente afirma, no início do capítulo primeiro de sua carta encíclica Fratelli Tutti: “A história dá sinais de regressão. Reacendem-se conflitos anacrônicos que se consideravam superados, ressurgem nacionalismos fechados, exacerbados, ressentidos e agressivos”. Mais adiante, o papa aponta para a existência de um fenômeno, “uma espécie de desconstrucionismo, em que a liberdade humana pretende construir tudo a partir do zero”. Para isso, vale-se até mesmo do caos. Entre as vítimas desse processo estão as instituições. Perversas dinâmicas tentam enfraquecê-las, ameaçando fazê-las desaparecer. O objetivo é garantir “caminho livre” para a disseminação de absurdos.

         Trata-se de um processo suicida, com ataques que buscam convencer a população de que é possível viver sem as instituições. Esses ataques são promovidos por quem conhece as forças e fraquezas de contextos institucionais. Os resultados nefastos levam a uma espécie de anarquia e de descrédito, solapando raízes importantes e intocáveis que asseguram o Estado democrático de direito. Esses ataques também enfraquecem fundamentos bimilenares que sustentam serviços educativos e culturais decisivos para avanços da humanidade. Curiosamente, aqueles que combatem as instituições se autoproclamam avessos a ideologias nefastas e inaceitáveis, mas apenas se revestem de uma fachada para iludir, pois empunham “bandeiras” da irracionalidade.

         A força perversa do desconstrucionismo é velada, com propriedades para arrebanhar muitas pessoas – naturalmente os incautos e os pouco conscientes a respeito de um mundo fechado em suas sombras. Em razão da incapacidade para discernir, aqueles que se propõem a defender valores e princípios inegociáveis de suas instituições promovem o inverso. Prejudicam seus contextos institucionais. Servem de estopim e provocam explosões na instituição em que estão vinculados. Estão sempre nos fronts de ataques com seus posicionamentos. Em vez de defenderem seus contextos institucionais, acabam por contribuir com aqueles que desejam destruí-los. Não são bastiões da verdade, dos valores e dos princípios que anunciam defender. Ao contrário, alimentam rupturas, distanciando-se de suas instituições, fragilizando-as e, consequentemente, enfraquecendo-se.

         Nas fileiras dos que atacam as instituições estão os que abraçam radicalismos e extremismos, fortemente presentes nas redes sociais. Em nome da defesa de uma perspectiva, radicais e extremistas acham-se no direito de promover ataques e destruições. Propõem-se a demolir imagens, reputações e funcionamentos institucionais. Distanciam-se do objetivo de promover ajustes ou recomposições. Acham que suas considerações são profecias, mas, na verdade, constituem alimento para rupturas anarquistas.

         Essas pessoas têm pouco tecido humanístico e objetivam promover absurdos. Pautam suas palavras e posicionamentos para causar desmoralização, cooptando a opinião pública. Assim, ganham visibilidade pelo viés de uma perversão. Aparentam ser defensores do que é incontestável, especialmente nos ambientes religioso e político, mas suas atitudes fundamentam-se em um autoritarismo fecundado por exacerbado subjetivismo e narcisismo. Conseguem iludir muitos. Contribuem para promover a decomposição social, prejudicando a sociedade no enfrentamento de tarefas urgentes, a exemplo da busca pela superação de muitas crises, da pandemia com seus números assustadores de mortos e infectados, da desigualdade cruel que acentua a pobreza. No lugar de soluções para problemas urgentes, os que se dedicam a extremismos e radicalismos querem mesmo é ver “o circo pegar fogo”.

         As instituições devem ser fortalecidas, e não atacadas, corrigindo as suas fragilidades a partir do retorno permanente ao núcleo de suas identidades. Isto se faz a partir de diálogos com força educativa. Assim, a humanidade supera o que a aprisiona em um mundo fechado por sombras. O papa Francisco ensina na carta encíclica Fratelli Tutti sobre a tática de grupos e segmentos radicais. “Eles sabem que a melhor maneira de dominar e avançar sem entraves é semear o desânimo e despertar uma desconfiança constante, mesmo disfarçada por detrás de alguns valores”. Os cristãos, em interface ecumênica e inter-religiosa, na fidelidade ao Evangelho de Jesus Cristo, têm o dever de investir no diálogo como compromisso fraterno de amor. Fiéis a Cristo que fez do que era dividido uma unidade, os discípulos de Jesus devem superar o entendimento de que vencer é sinônimo de destruição. É hora das profecias capazes de promover restaurações substituírem as rupturas que buscam fazer prevalecer o absurdo.”.

 Eis, portanto, mais páginas contendo importantes, incisivas e oportunas abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança de nossa história – que é de ética, de moral, de princípios, de valores –, para a imperiosa e urgente necessidade de profundas mudanças em nossas estruturas educacionais, governamentais, jurídicas, políticas, sociais, culturais, econômicas, financeiras e ambientais, de modo a promovermos a inserção do País no concerto das potências mundiais livres, justas, educadas, qualificadas, civilizadas, soberanas, democráticas, republicanas, solidárias e sustentavelmente desenvolvidas...

 Assim, urge ainda a efetiva problematização de questões deveras cruciais como:

a)    a) A excelência educacional – pleno desenvolvimento da pessoa, da cidadania e da qualificação profissional –, desde a educação infantil (0 a 3 anos de idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo da modernidade de matricularmos nossas crianças de 6 anos de idade na primeira série do ensino fundamental, independentemente do mês de seu nascimento –, até a pós-graduação (especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade absoluta de nossas políticas públicas, gerando o pleno desenvolvimento da pessoa, da cidadania e da qualificação profissional (enfim, 131 anos depois, a República proclama o que esperamos seja verdadeiramente o início de uma revolução educacional, mobilizando de maneira incondicional todas as forças vivas do país, para a realização da nova pátria; a pátria da educação, da ética, da justiça, da liberdade, da civilidade, da democracia, da participação, da solidariedade, da sustentabilidade...);

b)    b) o combate implacável, sem eufemismos e sem tréguas, aos três dos nossos maiores e mais devastadores inimigos que são: I – a inflação, a exigir permanente, competente e diuturna vigilância, de forma a manter-se em patamares civilizados, ou seja, próximos de zero (segundo dados do Banco Central, a taxa de juros do cartão de crédito atingiu em janeiro a estratosférica marca de 329,30% nos últimos  doze meses, e a taxa de juros do cheque especial chegou ainda em históricos 119,59%; e já o IPCA, também no acumulado dos últimos doze meses, chegou a 4,56%); II – a corrupção, há séculos, na mais perversa promiscuidade    “dinheiro público versus interesses privados” –, como um câncer a se espalhar por todas as esferas da vida nacional, gerando incalculáveis e irreversíveis prejuízos, perdas e comprometimentos de vária ordem (a propósito, a lúcida observação do procurador chefe da força-tarefa da Operação Lava Jato, Deltan Dallagnol: “A Lava Jato ela trata hoje de um tumor, de um caso específico de corrupção, mas o problema é que o sistema é cancerígeno...” – e que vem mostrando também o seu caráter transnacional;  eis, portanto, que todos os valores que vão sendo apresentados aos borbotões, são apenas simbólicos, pois em nossos 520 anos já se formou um verdadeiro oceano de suborno, propina, fraudes, desvios, malversação, saque, rapina e dilapidação do nosso patrimônio... Então, a corrupção mata, e, assim, é crime...); III – o desperdício, em todas as suas modalidades, também a ocasionar inestimáveis perdas e danos, indubitavelmente irreparáveis (por exemplo, segundo Lucas Massari, no artigo ‘O Desperdício na Logística Brasileira’, a “... Desconfiança das empresas e das famílias é grande. Todos os anos, cerca de R$ 1 trilhão, é desperdiçado no Brasil. Quase nada está imune à perda. Uma lista sem fim de problemas tem levado esses recursos e muito mais. De cada R$ 100 produzidos, quase R$ 25 somem em meio à ineficiência do Estado e do setor privado, à falhas de logística e de infraestrutura, ao excesso de burocracia, ao descaso, à corrupção e à falta de planejamento...”;

c)    c) a dívida pública brasileira - (interna e externa; federal, estadual, distrital e municipal) –, com previsão para 2021, apenas segundo a proposta do Orçamento Geral da União – Anexo II – Despesa dos Orçamentos Fiscal e da Seguridade Social – Órgão Orçamentário, de exorbitante e insuportável desembolso de cerca de R$ 2,236 trilhões (53,83%), a título de juros, encargos, amortização e financiamentos (ao menos com esta última rubrica, previsão de R$ 1,603 trilhão), a exigir alguns fundamentos da sabedoria grega, do direito e da justiça:

- pagar, sim, até o último centavo;

- rigorosamente, não pagar com o pão do povo;

- realizar uma IMEDIATA, abrangente, qualificada, independente, competente e eficaz auditoria... (ver também www.auditoriacidada.org.br)

(e ainda a propósito, no artigo Melancolia, Vinicius Torres Freire, diz: “... Não será possível conter a presente degradação econômica sem pelo menos, mínimo do mínimo, controle da ruína das contas do governo: o aumento sem limite da dívida pública...”).

 

Isto posto, torna-se absolutamente inútil lamentarmos a falta de recursos diante de tão descomunal sangria que dilapida o nosso já combalido dinheiro público, mina a nossa capacidade de investimento e de poupança e, mais grave ainda, afeta a credibilidade de nossas instituições, negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à pátria, ao lado de abissais desigualdades sociais e regionais e de extremas e sempre crescentes necessidades de ampliação e modernização de setores como: a gestão pública; a infraestrutura (rodovias, ferrovias, hidrovias, portos, aeroportos); a educação; a saúde; o saneamento ambiental (água tratada, esgoto tratado, resíduos sólidos tratados, macrodrenagem urbana, logística reversa); meio ambiente; habitação; mobilidade urbana (trânsito, transporte, acessibilidade); minas e energia; emprego, trabalho e renda; agregação de valor às commodities; sistema financeiro nacional; assistência social; previdência social; segurança alimentar e nutricional; segurança pública; forças armadas; polícia federal; defesa civil; logística; pesquisa e desenvolvimento; ciência, tecnologia e inovação; cultura, esporte e lazer; turismo; comunicações; qualidade (planejamento – estratégico, tático e operacional –, transparência, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade – “fazer mais e melhor, com menos” –, criatividade, produtividade, competitividade); entre outros...

 São, e bem o sabemos, gigantescos desafios mas que, de maneira alguma, abatem o nosso ânimo e nem arrefecem o nosso entusiasmo e otimismo nesta grande cruzada nacional pela excelência educacional, visando à construção de uma Nação verdadeiramente participativa, justa, ética, educada, civilizada, qualificada, livre, soberana, democrática, solidária e desenvolvida, que possa partilhar suas extraordinárias e generosas riquezas, oportunidades e potencialidades com todas as brasileiras e com todos os brasileiros. Ainda mais especialmente no horizonte de investimentos bilionários previstos em inadiáveis e fundamentais empreendimentos de infraestrutura, além de projetos do Pré-Sal e de novas fontes energéticas, à luz das exigências do século 21, da era da globalização, da internacionalização das organizações, da informação, do conhecimento, da inovação, das novas tecnologias, da sustentabilidade e de um possível e novo mundo do direito, da justiça, da verdade, do diálogo, da liberdade, da paz, da solidariedade, da igualdade – e com equidade –, e da fraternidade universal...

 Este é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a nossa fé, a nossa esperança... e perseverança!

 “VI, OUVI E VIVI: O BRASIL TEM JEITO!”

59 anos de testemunho de um servidor público (1961 – 2020)

 - Estamos nos descobrindo através da Excelência Educacional ...

- ANTICORRUPÇÃO: Prevenir e vencer, usando nossas defesas democráticas ...

- Por uma Nova Política Brasileira ...

- Pela excelência na Gestão Pública ...

- Pelo fortalecimento da cultura da sustentabilidade, em suas três dimensões nucleares do desenvolvimento integral: econômico; social, com promoção humana, e, ambiental, com proteção e preservação dos nossos recursos naturais ...

- A alegria da vocação ...  

 Afinal, o Brasil é uma águia pequena que já ganhou asas e, para voar, precisa tão somente de visão olímpica e de coragem! ...        

 

E P Í L O G O

 CLAMOR E SÚPLICA DO POVO BRASILEIR


“Oh! Deus, Criador, Legislador e Libertador, fonte de infinita misericórdia!

Senhor, que não fique, e não está ficando, pedra sobre pedra

Dos impérios edificados com os ganhos espúrios, ilegais, injustos e

Frutos da corrupção, do saque, da rapina e da dilapidação do

Nosso patrimônio público.

Patrimônio esse construído com o

Sangue, suor e lágrima,

Trabalho, honra e dignidade do povo brasileiro!

Senhor, que seja assim! Eternamente!”.

 

 

 

 

 

        

        

       

 

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