“Há bala de prata para as questões educacionais?
Há
20 anos, minha preocupação cotidiana está em contribuir com a construção de
caminhos que favoreçam o desenvolvimento integral das novas gerações de
brasileiros. A pandemia, que escancarou e aprofundou ainda mais os problemas
educacionais brasileiros, me fez e faz refletir ainda mais sobre esse campo que
é fundamental para nosso país.
Em
conjunto com muitos colegas educadores, invisto em aprofundar a compreensão
sobre quem são as crianças e jovens que estão em nossas escolas, identificar as
condições necessárias para que todos eles possam aprender. Queremos contribuir
com a construção de metodologias que incentivem a aprendizagem significativa
que fortaleçam as comunidades escolares. Desafios, portanto, complexos diante
do atual panorama do cenário que veio se construindo ao longo dos anos.
Nessa
longa trajetória, aprendi que, se queremos construir uma educação pública de
qualidade, é essencial ter um olhar sistêmico, amplo, profundo. Não existe bala
de prata, um único foco a ser cuidado e transformado, há um conjunto de
aspectos que precisam ser trabalhados adequadamente pelos vários “atores”
envolvidos na educação, ou melhor, por toda sociedade. Aqui, destaco a
importância do investimento para promover o desenvolvimento profissional dos
educadores.
Sim, o
professor que está na sala de aula, o coordenador pedagógico e o diretor (e os
demais educadores que atuam na comunidade escolar) realizam um trabalho de alta
complexidade, para o qual precisam mobilizar um repertorio amplo de conhecimentos,
experiências e métodos. Somos mais de 2 milhões de professores, sendo que mais
de 75% atuam na educação pública. Em tempos de pandemia, em que os processos de
ensinar e de aprender tornaram-se ainda mais desafiadores, investir tempo e
esforço em formação continuada mostra-se essencial. E os educadores brasileiros
estão fortemente comprometidos nesse sentido. “Formação continuada” é um termo
já recorrente entre nós, profissionais da educação. Temos sede aprofundar
conhecimentos, partilhar e vivenciar experiências, construir metodologias,
aprender com os colegas.
Para a
formação de educadores, vi várias organizações e empresas se unirem em um ano
difícil para todos. O Instituto iungo é um desses casos. Em seu primeiro ano de
atividade, firmou parcerias com as secretarias de Educação de Minas Gerais e de
Santa Catarina, além de universidades de ponta e outros institutos. Esse
trabalho envolveu 4.070 educadores em seus programas de formação e
disponibilizou gratuitamente inúmeros materiais pedagógicos formativos para
apoio ao trabalho docente, beneficiando indiretamente milhares de estudantes.
Além disso, as lives e webconferências formativas promovidas pelo iungo
alcançaram a marca de 170 mil visualizações. Outro que também buscou apoiar os
educadores e vale conhecer melhor é o Instituto MRV. Por meio do seu programa
Educar para Transformar – Chamada Pública de Projetos, a organização sem fins
lucrativos mantida pela MRV apoia dez projetos de Organizações da Sociedade
Civil (OSCs) que realizam ações e atividades junto aos professores de escolas
de ensino fundamental II e ensino médio em Recife (PE), São Paulo (SP), Maringá
(PR), Salvador (BA), Manaus (AM), Porto Alegre (RS), Belo Horizonte (MG) e São
José (SC).
Educação
é um direito de todos e, em tempos de pandemia, evidenciou-se ainda a
relevância da escola para que as novas gerações de brasileiros se desenvolvam
integralmente. Não há educação de qualidade sem professor qualificado.”.
(Paulo Emílio de Castro Andrade. Diretor em
educação do Instituto iungo e doutorando em educação (USP), em artigo publicado
no jornal O TEMPO Belo Horizonte, edição de 17 de março de 2021, caderno
OPINIÃO, página 21).
Mais uma importante e oportuna contribuição para o
nosso trabalho de Mobilização para a Excelência Educacional vem de
artigo publicado no site www.domtotal.com,
edição de 26 de março de 2021, de autoria de DOM WALMOR OLIVEIRA DE AZEVEDO,
arcebispo metropolitano de Belo Horizonte e presidente da Conferência Nacional
dos Bispos do Brasil (CNBB), e que merece igualmente integral transcrição:
“Saber dizer com sabor
A
sabedoria cristã inspira modos de se expressar caracterizados pelo sabor do
Evangelho de Jesus, que tem como núcleo central o amor. É um saber dizer com o
sabor do Evangelho. O amor, núcleo central da Palavra de Deus, é a grande praça
onde podem se encontrar pessoas de diferentes confissões religiosas, múltiplas
culturas. É sabor insubstituível, com força para fazer das diferenças uma
grande riqueza, inspirando as transformações necessárias para este tempo. E o
sabor do Evangelho tem uma “carta magna” consagrada, o Sermão da Montanha,
narrado com magistralidade literária pelo evangelista Mateus. A força da
palavra articula a ortodoxia do testemunho, comprovação de fidelidade
autêntica, validando a exatidão de toda formulação e compreensão conceitual. A
leitura do Sermão da Montanha, em atitude de prece, é um exercício sapiencial que
convida a cultivar sabor no saber dizer.
Estudos
linguísticos e a vida cotidiana mostram que a palavra é instrumento
indispensável e determinante na constituição de processos culturais e
humanísticos. Todo fenômeno humano depende da palavra, que tem força própria,
em conexão com mundividências e com ordenamentos da mente. Inadequadamente
empregada, a palavra pode ficar desprovida de sua força constitutiva e
edificante. Pode ainda alimentar dissonância, sem propriedades para
possibilitar o reconhecimento de novos horizontes na vida social, política e
também religiosa. Expressar-se é atitude que exige responsabilidade – dizer com
sabor do Evangelho – para bem desempenhar as próprias responsabilidades.
Não é
difícil constatar que muitos se expressam de modo medíocre, sem conseguir gerar
o que é necessário para promover o bem. Ao contrário, semeiam o caos,
alimentado por quem não sabe falar com o sabor do Evangelho. Um descompasso
comum nos muitos espaços de convivência e nas diferentes formas de relacionamento
humano. Um pai de família que não sabe instruir seu filho, a partir de palavras
alicerçadas no Evangelho, compromete a qualidade do processo educativo no
contexto familiar. Dizer com o sabor do Evangelho precisa ser compromisso de
todos, especialmente dos cristãos. Aos que professam a fé cristã, esse modo de
dizer exige força de profecia – ser porta-voz da verdade que aponta a urgência
de se tomar rumos novos para construir um mundo melhor. Exige também palavras
de consolação, capazes de contribuir para que as pessoas encontrem sentido e
esperança na vida – modos de expressar que são bálsamo para o coração. A
palavra dos cristãos, com sabor do Evangelho, deve ser, ao mesmo tempo,
profética e consoladora, reconforto e lúcida força educativa, para ajudar a
humanidade na conquista de novas compreensões.
Há de
crescer a consciência de quanto é insubstituível e necessária a capacidade de
se comunicar com o sabor do Evangelho, para levar harmonia e qualificação a
muitos processos institucionais, inclusive nos âmbitos políticos, culturais e
religiosos. Nesses diferentes campos, estabelece-se uma confusão de
entendimentos, com a multiplicação de subjetivismos, nas estreitezas de
interesses particulares e limitada perspectiva humanística. A liberdade de se
expressar, neste tempo de muitas facilidades para fazer circular as próprias
palavras, exige, neste mundo que permanece fechado à fraternidade social, um
remédio: palavras com o sabor do Evangelho. É, a cada instante, um risco emitir
juízos e opinar sem saber dizer com esse necessário sabor. Não basta somente
usufruir-se do direito de dizer, ou valer-se dos meios tecnológicos para se
expressar. Todos têm o dever de oferecer contribuição, sem faltar com a
verdade, promovendo as urgentes correções de rumos, plantando esperanças, a
serviço de um desenvolvimento integral e inclusivo.
Sejam
mais ouvidos aqueles que sabem dizer com o sabor do Evangelho, para que o mundo
se liberte de obscurantismos e fechamentos. O Papa Francisco, na sua Carta
Encíclica Fratelli Tutti, sobre a amizade social, focaliza o mundo fechado
deste tempo, com indícios de regressão, em contradição diametral a muitos
avanços e conquistas obtidos pela humanidade, para dizer que o amor, a justiça
e a solidariedade não são alcançados de uma vez e para sempre. “Há de ser
conquistados cotidianamente”. Nesta conquista conta a palavra dos que sabem
dizer com o sabor do Evangelho, inspirando novas compreensões nos campos da
ciência e da tecnologia, da política e da espiritualidade.
Para
amalgamar tudo o que se aprende e se sabe, os recursos existenciais e
profissionais aprendidos, para ser livre de um modo néscio de falar e,
sobretudo, da incompetência na execução das próprias responsabilidades, é
preciso, com humildade, inspirar-se na literatura sapiencial de Israel, na
prece de Salomão, e suplicar: “Ó Deus, Senhor de misericórdia, que tudo fizeste
com tua Palavra... para governar o mundo com santidade e justiça e exercer o
julgamento com retidão de coração... dá-me a sabedoria... manda-a para que me
acompanhe e trabalhe comigo...”. Assim, todos possam saber dizer com o sabor do
Evangelho.”.
Eis,
portanto, mais páginas contendo importantes, incisivas e oportunas abordagens e
reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança de nossa história –
que é de ética, de moral, de princípios, de valores –, para
a imperiosa e urgente necessidade de profundas
mudanças em nossas estruturas educacionais,
governamentais, jurídicas, políticas, sociais, culturais, econômicas,
financeiras e ambientais, de modo a promovermos a inserção do País no
concerto das potências mundiais livres, justas, educadas, qualificadas,
civilizadas, soberanas, democráticas, republicanas, solidárias e
sustentavelmente desenvolvidas...
b) o combate
implacável, sem eufemismos e sem tréguas, aos três dos nossos maiores e
mais devastadores inimigos que são:
c) a dívida pública brasileira - (interna e externa; federal, estadual, distrital e municipal) –, com previsão para 2021, apenas segundo a proposta do Orçamento Geral da União – Anexo II – Despesa dos Orçamentos Fiscal e da Seguridade Social – Órgão Orçamentário, de exorbitante e insuportável desembolso de cerca de R$ 2,236 trilhões (53,83%), a título de juros, encargos, amortização e financiamentos (ao menos com esta última rubrica, previsão de R$ 1,603 trilhão), a exigir alguns fundamentos da sabedoria grega, do direito e da justiça:
- pagar, sim, até o último centavo;
- rigorosamente, não pagar com o pão do povo;
- realizar uma IMEDIATA, abrangente, qualificada, independente, competente e
eficaz auditoria... (ver também www.auditoriacidada.org.br)
(e ainda a propósito, no artigo Melancolia, Vinicius Torres Freire, diz:
“... Não será possível conter a presente degradação econômica sem pelo menos,
mínimo do mínimo, controle da ruína das contas do governo: o aumento sem limite
da dívida pública...”).
Destarte, torna-se absolutamente inútil lamentarmos a falta de recursos diante de tão
descomunal sangria que dilapida o nosso já combalido dinheiro público, mina a
nossa capacidade de investimento e de poupança e, mais grave ainda, afeta a
credibilidade de nossas instituições, negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à pátria, ao lado de abissais desigualdades sociais e
regionais e de extremas e sempre crescentes necessidades de ampliação e modernização de setores
como: a gestão pública; a infraestrutura (rodovias, ferrovias,
hidrovias, portos, aeroportos); a educação;
a saúde; o saneamento ambiental (água tratada, esgoto tratado, resíduos
sólidos tratados, macrodrenagem urbana, logística reversa); meio ambiente; habitação; mobilidade urbana
(trânsito, transporte, acessibilidade); minas e energia; emprego, trabalho e renda; agregação de valor às
commodities; sistema financeiro nacional; assistência social; previdência
social; segurança alimentar e nutricional; segurança pública; forças armadas;
polícia federal; defesa civil; logística; pesquisa e desenvolvimento; ciência,
tecnologia e inovação; cultura, esporte e lazer; turismo; comunicações;
qualidade (planejamento – estratégico, tático e operacional –,
transparência, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade – “fazer mais e
melhor, com menos” –, criatividade, produtividade, competitividade); entre
outros...
“VI,
OUVI E VIVI: O BRASIL TEM JEITO!”
59
anos de testemunho de um servidor público (1961 – 2020)
- Estamos nos descobrindo através da Excelência
Educacional ...
- ANTICORRUPÇÃO: Prevenir e vencer, usando
nossas defesas democráticas ...
- Por uma Nova Política Brasileira ...
- Pela excelência na Gestão Pública ...
- Pelo fortalecimento da cultura da
sustentabilidade, em suas três dimensões nucleares do desenvolvimento integral:
econômico; social, com promoção humana, e, ambiental, com proteção e
preservação dos nossos recursos naturais ...
- A alegria da vocação ...
Afinal, o Brasil é uma
águia pequena que já ganhou asas e, para voar, precisa tão somente de visão
olímpica e de coragem! ...
E P Í L O G O
CLAMOR E SÚPLICA DO POVO BRASILEIRO
“Oh! Deus, Criador,
Legislador e Libertador, fonte de infinita misericórdia!
Senhor, que não fique, e
não está ficando, pedra sobre pedra
Dos impérios edificados
com os ganhos espúrios, ilegais, injustos e
Frutos da corrupção, do
saque, da rapina e da dilapidação do
Nosso patrimônio público.
Patrimônio esse construído
com o
Sangue, suor e lágrima,
Trabalho, honra e
dignidade do povo brasileiro!
Senhor, que seja assim!
Eternamente!”.
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